Férias na Mansão Potter I



Capítulo quatro: Férias na Mansão Potter – 1ª parte


Agora é oficial. Acabou. Eu nunca mais vou ver Hogwarts (leia-se: eu nunca mais vou ver o Tiago).

No trem, geralmente é tudo muito animado, mas dessa vez parecia muito mais um velório do que uma daquelas viagens de trem. Nem os marotos aprontaram. Eu nunca achei que os marotos passariam uma viagem de trem sem aprontar.

“Vocês vão sentir falta?” a voz da Carol ecoou, logo depois de partirmos. “De Hogwarts?”

“Mas é claro!” respondeu Sirius. “Eu vou sentir saudade de tudo o que a gente fazia.”

“É” disse Lene.

“Se arrependem de alguma coisa?” perguntou Remo.

“Não” respondeu Tiago.

“Nós precisamos nos arrepender só do que não fizemos” disse Lene, olhando de esguelha pra mim.

Eu estava quietinha. Não queria falar nada e não falaria.

“Lily?” perguntou Tiago a uma certa altura da viagem. “Você está bem?”

Ele tinha notado que eu não estava falando.

“Sim” respondi. “Só não quero falar muito.”

Carol e Lene se entreolharam, como se soubessem do que eu estava falando.

Passamos o resto da viagem sem nem nos olharmos. Eu estava pensando o que seria agora. Claro, eu trabalharia como auror, tentaria esquecer o Tiago, encontraria o grande amor da minha vida, casaria com ele e teria um casal de filhos.

Quando chegamos à estação, os pais de todo mundo já estavam ali. Carol e Lene se despediram de mim dizendo que iríamos nos encontrar de novo. Remo me disse que não poderia encontrar comigo tão cedo, porque estava indo pra França fazer um curso de Defesa Contra as Artes das Trevas. Sirius só disse tchau mesmo (pra mim, porque ele tentou dar um beijo na Lene e bateu a cabeça no pilar da plataforma). Tiago me abraçou.

“A gente se encontra logo”, ele me disse.

“É, quem sabe.”

“Se você quiser, pode ir passar as férias lá em casa. A Carol, a Lene e o Sirius vão estar lá depois da metade das férias.”

“Eu vou pensar”, disse sorrindo e falei tchau. Então fui ver a minha mãe. Os cabelos dela estavam mais brancos do que antes. Ela parecia muito abatida. Mas é lógico que ela parecia abatida. Merlin, meu pai morreu, como eu queria que ela parecesse?

Ela me deu um beijo na testa quando me encontrou e nós seguimos para o carro. Não falamos nada durante o caminho. Foi pior que o trem. Quando chegamos em casa, ela abriu a porta e, quando eu entrei com o malão, já estava pronta pra ouvir “oi anormal”, quando senti falta da voz esganiçada da Petúnia.

“Mãe, cadê a Petúnia?”

“Ah, filha, eu me esqueci, ela foi morar com o namorado dela, o Dursley” minha mãe não gosta do Dursley. Bom, pra mim ele se parece mais com um porco. Meu pai também acha isso. Esse Dursley sabe que eu faço magia e também abomina isso. Ele e minha irmã se merecem. “Eles vão casar ano que vem.”

“Casar?” perguntei. Como assim? A Petúnia vai se casar? Ela nunca deixou nem uma mosca chegar perto dela. Imagino como será a lua-de-mel daqueles dois. Não, pára. É melhor eu não imaginar não.

“É, filha, casar.”

“Ah” não acredito. Petúnia casada? Não imagino Petúnia casada! “Vou subir, mãe.”

Ela assentiu e eu fui pro meu quarto, pensando. Eu não queria deixar minha mãe sozinha em casa, mas eu queria ir passar as férias com os meus amigos (tá, tá, eu queria passar as férias na casa do Tiago, mas e daí?).

Olhei pro meu criado-mudo e vi uma foto bem antiga. Eu, bem pequenininha, no colo do papai, e minha mãe do lado. Foi então que eu senti meus olhos arderem. Não dá. Eu só vou chorar se ficar aqui. Tem muito do meu pai em casa.

Desci as escadas, pensando. E se minha mãe não quisesse que eu fosse? Ela podia mandar eu ficar, oras, papai morreu anteontem.

“Mãe”, comecei, meio incerta, “quando eu fui me despedir de um amigo meu na estação ele me convidou pra ir na casa dele e...”

“Já sei, você quer ir, não é?”

“É... mas se você quiser que eu fique pra te fazer companhia eu fico, mãe.”

“Não, filha. Pode ir. Você já passou muito tempo aqui. E nunca passou as férias fora de casa.”

Eu sorri pra minha mãe e subi as escadas correndo. Cheguei lá e encontrei a Sianna, minha coruja, na janela.

“Oi Sianna” falei. Eu falo com a minha coruja, devo ser meio louca. Mas acho que todo mundo fala com sua coruja, não fala? Despertei dos meus pensamentos com a Sianna passando na minha frente e indo se empoleirar em cima da gaiola dela.

Eu me sentei na minha mesinha que eu tenho desde os sete anos pra escrever e peguei uma folha de papel trouxa. Eu sempre tive o cuidado de deixar folhas trouxas lá, Petúnia não iria gostar de ver um rolo de pergaminho em cima da mesa.

Peguei uma caneta e comecei a escrever duas cartas. A primeira era pro Tiago (ora, ele tinha que saber que eu ia pra casa dele!) e a segunda era pra Carol e pra Lene. Elas sempre ficam uma na casa da outra antes de ir pra casa do Tiago.

Tiago,

Falei com a minha mãe hoje e ela deixou eu ir pra sua casa. Quando as meninas me responderem eu te aviso quando chego.

Abraços,

Lily



Carol e Lene,

Tudo bem com vocês? Eu já estou com saudade (e olha que não faz nem uma hora que a gente se despediu...)!

Quero saber quando vocês vão pra casa do Tiago. Minha mãe deixou eu passar as férias lá. Eu queria ficar aqui com ela, pra fazer companhia. Petúnia se mudou, foi morar com o Dursley. Mamãe fica sozinha nessas férias. Mas eu não ia conseguir ficar aqui sem secar minhas glândulas lacrimais e tirar toda a água do meu corpo lembrando do meu pai. Ai, eu já quero chorar de novo.

Me escrevam de volta, ou a Sianna vai bicar vocês até que resolvam escrever (eu sou má, não sou?)

Da sua amiga,

Lily


“Sianna, leve essa pro Tiago e essa pra Carol e pra Lene” eu disse, mostrando as cartas. Sianna é uma coruja inteligente, ela consegue distinguir tudo direitinho. Então ela levantou vôo e eu deitei na cama, pensando. Em tudo.




Faz uma semana que eu estou em casa já. Hoje é domingo e minha mãe fez lasanha, minha comida preferida. A Petúnia veio almoçar aqui hoje. Bem que ela podia ter ficado com o Dursley, não?

A campainha tocou perto da hora do almoço e minha mãe me mandou atender. Abri a porta e dei de cara com a Petúnia e com o Dursley.

“Ah... boa tarde” cumprimentei. Petúnia e Dursley sorriram sem graça.

“Onde está mamãe?” perguntou Petúnia.

“Lá dentro” respondi.

“Quem é, filha?” a voz da mamãe veio abafada.

“Petúnia e Dursley” gritei de volta.

Então mamãe apareceu na sala.

“Petúnia! Válter!” ela se fez de feliz pelo Dursley estar lá. Que droga é ser mãe e não gostar do genro, né?

“Oi mamãe” cumprimentou Petúnia, entrando.

“Olá senhora Evans” disse Dursley.

“Entrem, entrem” eles já tinham entrado, mas mamãe fez questão de convidar.

Os dois sentaram-se e eu e mamãe servimos a lasanha. Então fomos comer com eles e depois eles dois se sentaram na sala com mamãe. Eu subi. Não queria ficar lá. Se eu ficasse, seria como se eu tivesse subido.

Cheguei no meu quarto e vi Sianna em cima da gaiola, com dois pergaminhos na pata.

“Responderam, né, Sianna? Eu sabia que você faria um ótimo trabalho.”

Peguei as cartas e li:

Lily!

Nós também estamos com saudades. Desculpa não ter respondido antes, estávamos vendo com nossos pais e com os pais do Tiago quando poderíamos ir pra casa dele. Estamos indo amanhã.

Fique tranqüila, vamos salvar sua glândulas lacrimais.

Muitos beijos!

Carol e Lene



Oi Lily,

Que folha estranha foi essa que você me mandou? É muito grossa e branquinha. E ainda tem uns desenhos cor-de-rosa meio suspeitos pra se mandar pra um garoto, não?

Folhas (que eu imagino serem trouxas) à parte, as meninas ficaram de te avisar quando elas chegam e vão passar aí na sua casa. O Sirius já está aqui (mas é lógico, se ele mora aqui...).

Estou esperando vocês.

Abraços,

Tiago


As meninas vêm amanhã! Ah, que ótimo. Minhas glândulas lacrimais estão com cãibra de tanto que eu choro.




Hoje eu vou sair da minha casa pela primeira vez nas férias.

Já tá tudo pronto; meu malão já está em cima da cama e as garotas já estão para chegar.

“Lily!” eu só vi uma mancha preta e no minuto seguinte a Lene estava pendurada no meu pescoço.

“Você quer quebrar a minha coluna?” perguntei quando ela me soltou.

“Não seja exagerada” ela reclamou, e só então eu vi a Carol.

“Oi Carol” cumprimentei, e ela sorriu.

“Oi Lils.”

“E então? Prontas para uma temporada de férias na mui grande Mansão Potter?”

“Não exagera Lene” reclamei.

“Não estou exagerando, Lily! A mansão é enorme!”

“É, mas precisa dessa pompa toda pra falar da mansão... do Potter?”

“Ah, Lily... convenhamos, você gosta.”

Eu abri a boca, escandalizada. Onde já se viu, falar assim de mim dentro da minha própria casa? Tá, eu sei que é verdade, mas precisa ficar falando? A minha mãe não sabe, tá bom?

“Não vamos brigar agora” disse Carol, tirando as malas da minha mão descendo as escadas.

“Então vocês vão hoje mesmo”, perguntou mamãe. Eu entendia ela, porque ela ia ficar sozinha em casa. Mas eu queria muito ir. (ei! Não é porque eu ia ver o Tiago! Humpf!)

“É” foi a única coisa que eu consegui falar.

“Boas férias, filha” disse mamãe, me abraçando.

“Tchau, mãe. Eu volto antes de começar o curso.”

“Me desculpem atrapalhar, mas a lareira de vocês foi conectada só por uma hora”, a Lene disse.

“Conectada? Vocês vão de flu?” perguntou mamãe. Eu expliquei isso pra ela, mas ela não entendeu direito.

“Vamos, dona Kelly”, disse Carol. “Meu pai trabalha no Ministério, o convenci de deixar a lareira de vocês conectada por uma hora hoje. Mas temos que ir logo, o tempo está acabando.”

“Tchau, mãe” falei, enquanto a Lene e a Carol jogavam o flu na lareira e gritavam “Mansão Potter!”.

“Tchau filha” ela disse, e então eu peguei o flu que a Carol tinha deixado. Joguei ele na lareira e gritei “Mansão Potter!”

Eu senti o mundo rodar. Cenas passaram à minha frente. Pessoas, animais. Outras lareiras. Até que eu senti um baque e percebi que estava caindo.

“Ai!” gritei, quando caí sentada no chão da sala da Mansão Potter. “Uau” foi a única palavra que eu consegui articular. Todo mundo tem razão quando fala da mansão. É enorme. Muito maior do que eu imaginava. Se tiverem uns trinta... não, dez quartos aí eu não vou me espantar.

“Bom dia Lils!” ouvi uma voz me chamar. Era Sirius.

“Oi, Sirius” falei, me levantando.

“Foi tudo bem na viagem?” perguntou Carol, preocupada.

“Foi” eu respondi. “Apesar de ser horrível. As pessoas vão passando à sua frente, é tudo muito rápido...”

Aí eu senti alguém me abraçar. Pelas pernas, então deduzi que fosse alguém pequeno. E era. Olhei pra baixo e vi uma micro pessoa olhando pra mim. Pela cor dos olhos e dos cabelos, deduzi que fosse um mini Potter.

“Tia, me protege?” ele perguntou, sua vozinha falhando. Eu o peguei no colo.

“Do que?” perguntei. A resposta veio quando ele se encolheu contra mim, e na sala entrava... Tiago.

“Lils!” ele gritou, vindo na minha direção, e eu senti o mini Potter se apertar ainda mais contra mim.

“Ei, não chega perto” eu pedi. “Ele está com medo de você.”

“Fica calmo, Jason” ele disse. “Eu não vou pegar você. Que tal você ir brincar com a Belle e com a Wendy?”

O mini Potter olhou pra ele e depois pra mim. Eu o coloquei no chão.

“Você não vai me pegar mesmo, Tiago?”

“Não, não vou.”

O mini Potter, que agora eu sabia que se chamava Jason, sorriu e saiu correndo.

“Esse é o Jason, meu primo. Ele está aqui com mais duas primas minhas, a Belle e a Wendy”, ele me explicou.

“A casa sempre fica cheia nesse período” disse um homem extremamente parecido com Tiago; o pai dele, qualquer um deduziria. “E você deve ser a Lílian.”

Eu assenti, enquanto ele apertava a minha mão.

“Sou Jack Potter, o pai desse aqui” ele disse, apontando pro Tiago.

“Ei, eu não sou ‘esse aqui’.”

“Não comecem”, sugeriu uma mulher. “Ah, Lílian, é bom te conhecer. Eu sou Susan Potter, a mãe do Tiago e mulher dele.”

“Ei, eu não sou ‘ele’.”

“Ah, então você é ‘ela’?”

“Eles são sempre assim, não se preocupe” sussurrou Tiago pra mim.

“Não, eu não sou ‘ela’. Mas também não sou ‘ele’ desse jeito. Custa falar meu nome?”

“Não, mas achei que você já tivesse se apresentado.”

“Vamos cair fora” disse Sirius. “Tia Susan não vai se incomodar se a gente sair de fininho.”

Todos saímos sem que eles percebessem, enquanto a discussão continuava.

“Vamos lá pra fora. Você tem que conhecer o lugar que eu mais gosto, Lils.”

“Deixa eu adivinhar... seria um campo de quadribol?” embora eu duvidasse muito de que caberia um campo de quadribol...

“Não. São os jardins.”




Passávamos os dias assim. Acordávamos (bem tarde), tomávamos café, passávamos o dia na piscina (além de tudo tem piscina!) e o entardecer no jardim. Era lindo ver o sol se pôr do jardim. Dava pra ver os jardims de flores que tinha lá embaixo.

“Olha Lils, lírios”, disse Carol apontando para o jardim de flores que era o último em nosso campo de visão.

“São lindos” eu suspirei. Adoro lírios. Lene diz que quando eu falo em lírios meus olhos chegam a brilhar. “Eu queria poder pegar um.”

“Se você voasse, pegaria” disse Lene, pra provocar.

“Mas como eu não vôo, eu não pego, ok?”

Lene revirou os olhos. Ela esperava que eu colocasse a mão na cintura e ficasse vermelha, como eu fazia. Mas não. Aprendi a agüentar mais as coisas. E isso é bom. É ótimo.

Nossa estada na Mansão Potter estava só começando. E eu esperava que fossem as melhores férias da minha vida.




N/A: Sem resposta de comments hoje. Com muita dor de cabeça. Leiam e comentem, e obrigada a todos que leram.

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