O baile



Capítulo três: O baile


Acabou. Está tudo acabado. Eu vou me matar. Alguém aí tem um copo de veneno? Ou quer me dar uma Avada?

Eu não acredito! Como eu pude ser tão burra? Como eu não pensei que isso pudesse acontecer? Eles são marotos! Marotos! Eles têm diversas táticas! Mas não, nem pra me trancar no dormitório e fazer um feitiço de isolamento acústico em volta da minha cama.

Eu tinha acabado de voltar da ronda dos monitores. Geralmente a ronda acaba numa hora em que não é fácil ver alguém nos corredores – nem o Filch! – e eu achava que essa pequena “regra” valia para os marotos também, mesmo que eles não sejam de respeitar regras. Mas, de qualquer maneira, eu não os vi…

Como eu disse, tinha acabado de voltar da ronda e a Lene queria saber se eu já tinha me declarado para o Tiago – ela vem me perguntando isso desde o dia em que ficou sabendo que eu gostava dele – então me veio com a pergunta.

“E aí, já se declarou pra ele?”

“Marlene McKinnon, cale a boca! Não sei se você percebeu, mas estamos em plena Sala Comunal da Grifinória, e se alguém te ouvir?”

“Tem alguém aqui, Lily?” realmente, não parecia ter alguém ali.

“Ok” eu concordei. “Mas não.”

“Lily, você sabe que dia é hoje? Faltam dez dias para as aulas acabarem! Você nunca mais vai voltar para essa escola! E talvez nunca mais encontre o Tiago também!”

“NÃO DIGA ISSO!”

“POR QUE? EU SÓ ESTOU DIZENDO A VERDADE! TALVEZ VOCÊ NUNCA MAIS VEJA O TIAGO, NEM A MIM, NEM AO SIRIUS, NEM AO REMO, E NEM A CAROL! VOCÊ NÃO SABE O QUE VAI ACONTECER AMANHÃ OU DEPOIS NEM A VOCÊ NEM A QUALQUER UM DE NÓS! SE VOCÊ PERDER ESSES DEZ DIAS QUE VOCÊ TEM E NUNCA MAIS CHEGAR A VER O TIAGO, VOCÊ PODE ESTAR PERDENDO A ÚNICA CHANCE DE SER FELIZ QUE VOCÊ PODE TER! OU SERÁ QUE EU VOU TER QUE CHEGAR NELE E FALAR QUE VOCÊ ESTÁ APAIXONADA POR ELE?”

Meus olhos já estavam marejados de lágrimas. Falar daquela forma me fazia mal. Eu nunca mais voltaria a Hogwarts. Nunca mais. E talvez eu nunca mais os visse mais. Por mais que eu contestasse, a Lene sempre estaria certa. Então eu fiquei calada. Mergulhada naquele silêncio perturbador, pensando. Só pensando. O que seria a minha vida sem as loucuras da Lene? Sem as ponderações do Remo? Sem (mais) loucuras do Sirius? Sem a fofura da Carol? Sem os sorrisos de derreter geleira do Tiago?

Foi então que eu ouvi um barulho.

“Tem alguém aí?” a Lene perguntou. “APAREÇA!”

Eu só estava pensando uma coisa: se tem alguém aí, pelo amor de Merlin, não tenha ouvido nossa conversa (foi quase impossível essa conversa passar batida, por causa dos nossos berros, mas eu espero mesmo que não tenha ouvido).

“APAREÇA LOGO, SE FOR HOMEM!”

“Lene, não apele assim! E se for uma mulher?”

“Dane-se, Lily! VAMOS, APAREÇA! OU ESTÁ COM MEDO DE ENCARAR DUAS GAROTAS INDEFESAS?” indefesas? Depois dos tapas que eu e a Lene dávamos no Tiago e no Sirius, acho que toda a escola sabe que nós não somos nem um pouco indefesas.

Então eu ouvi passos.

“Está indo para o dormitório masculino” eu disse à Lene.

“Consegue ouvir precisamente onde está?” eu disse que sim com a cabeça. “Ótimo. Siga o barulho pra mim e me avise quando estiver na beirada da escada, Lily.”

Como combinado, eu disse à Lene quando os passos alcançaram a beirada da escada e pararam. Ela chegou por trás e empurrou o nada – ou o que eu pelo menos achava que fosse o nada.

“Oi Lene… Oi Lily.”

“SIRIUS BLACK!” nós duas gritamos, em uníssono. Não sei como ainda ninguém acordou com nossos gritos! “O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?”

“Pelo amor de Merlin, não gritem!” ele sussurrou.

“O QUE VOCÊ OUVIU?” eu gritei, sem me importar com o que ele tinha dito.

“Ah… vocês querem saber o que eu ouvi…”

Eu assenti.

“Saiba que eu ouvi o bastante pra saber que você gosta do Tiago, Lily.”

“SEU CACHORRO DE UMA FIGA!” ele estava caído na escada, e eu pulei em cima dele, pronta pra dar um soco nele. Eu estava com instintos assassinos.

“Calma, Lily!” a Lene me segurou. Eu fiquei MUITO, mas MUITO mais brava quando vi que ele sorria marotamente. Senti o meu rosto esquentar – eu não estava com vergonha. Era raiva mesmo.

Eu respirei fundo, me segurando pra não pular no pescoço do Sirius.

“O que é isso?” eu perguntei, olhando para o tecido prata que tinha escorregado do Sirius quando a Lene empurrou ele.

“Isso?” ele pegou o pano e, se levantando, abriu a boca pra explicar, quando ouvimos um grito na parte de cima da escada.

“MINHA CAPA DA INVISIBILIDADE! SIRIUS BLACK, QUEM TE DEU PERMISSÃO PRA PEGAR ELA?” eu sabia que alguém iria acordar.

Mas não imaginava que fosse ele.

“Tiago?” a Lene se assustou.

“Pontas?” até o Sirius!

“TIAGO POTTER!” mas ninguém foi tão escandaloso quanto eu.

“Parece que ninguém esperava que eu acordasse” ele disse “, mesmo que vocês estejam fazendo tanto barulho aqui embaixo.”

Eu senti o meu rosto esquentar. O QUE SERÁ QUE ELE OUVIU?

“Quando você acordou?” eu tentei não gritar. Tentei fazer a voz mais doce e amigável do mundo.

“Quando ouvi você chamar o Sirius de ‘cachorro de uma figa’. Quando ouvi achei que fosse a Marlene, mas seus gritos são inesquecíveis.” Ele riu. “Mas… Almofadinhas, quem deixou você pegar a capa?”

“Achei que fosse propriedade dos marotos, Pontas, e não sua.”

“Sim, ela é minha, e acho que só você não percebeu” disse Tiago, arrancando aquela capa das mãos do Sirius.

“O que é isso?” eu perguntei de novo.

“Isso” o Tiago começou a explicar “é uma Capa da Invisibilidade. Serve pra deixar invisível, acho que isso está claro no nome.” Ele vestiu aquela coisa até o pescoço e só a cabeça dele foi vista flutuando sobre o nada.

“Espere aí!” eu disse, e todos se sobressaltaram. “Lene, você sabia dessa capa?” ela deveria saber, pois deduziu que alguém estava lá, debaixo dessa capa.

“Ah… sim.”

“POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU?”

“Eles me contaram” a Marlene começou, “com a condição de que eu não contasse a ninguém. Nem a você.”

“O que está havendo aí?” uma voz sonolenta foi ouvida na porta do dormitório masculino. “Ouvi gritos.”

“Não é nada, Aluado” o Tiago explicou. “As garotas queriam pegar o Sirius não sei porque.”

“Ah, nada grave” disse o Remo, e voltou pro dormitório.

Agora só falta…

“O que está acontecendo aqui? Srs. Black e Potter e Srtas. McKinnon e Evans, podem me explicar o que significam esses gritos?” não era bem o que eu imaginava, mas é muito pior.

“Não é nada, professora McGonagall” foi a Lene quem disse, eu estava muito vermelha e estática, não conseguia pronunciar nada.

“Espero que não seja mesmo nada” ela disse, olhando desconfiada para Tiago e Sirius, que sorriram amarelo. “Agora vão dormir. Mais um grito que eu ouvir e vão estar todos em detenção. Entendido?”

Todos assentimos.

“Certo. Agora subam.”




Eu e as meninas colamos um calendário trouxa encantado no nosso dormitório. Nem sei como não tivemos essa idéia antes – apesar de só me trazer mais agonia. Ao invés de o calendário marcar os dias normalmente, ele conta os dias que faltam para o fim das aulas.

Agora o calendário está exibindo um lindo e vermelho número oito, ou seja, faltam sete dias pro baile. Sim, hoje é sábado! Nossa última visita a Hogsmeade, por isso, só o sétimo ano vai poder ir. Hoje é a última chance para as garotas comprarem os vestidos.

Mas, para um dia de Hogsmeade, eu acordei bem tarde.

“Vamos, Lily, acorde!” eu ouvia alguém dizer, mas estava bem longe…

“Sua dorminhoca, você vai perder a visita a Hogsmeade!”

Quando eu ouvi essa última frase, dei um pulo e acordei. Acho que assustei bastante a Lene, porque ela estava com os olhos arregalados.

“Você é louca?” ela perguntou.

“Por que?”

“Você pulou da cama de repente!” a Carol começou a explicar. “Assim, sem mais nem menos!”

“Ah, nada não” realmente, eu não sabia porque eu tinha dado aquele pulo.

“Ok, mas vamos logo, senão você vai se atrasar pra visita a Hogsmeade” a Lene disse. “E é a última chance de comprarmos as roupas pro baile.”

“Você vai, não vai?” a Carol perguntou, receosa. Ela ainda lembra do baile no quinto ano, no qual eu não fui porque não tinha par.

“Vou, nem que seja sozinha” eu a tranqüilizei. Eu estava querendo ir mesmo, nem que fosse sozinha.

“Eu também” a Lene sorriu. “Ninguém me convidou ainda, e se for aquele cachorro do Sirius, eu prefiro ir sozinha…”

“Sim, nós sabemos” a Carol começou a rir depois de ter falado. Será que eu adormeci por meses? O que aconteceu?

“O que houve?” a pergunta saiu assim, sem eu nem perceber.

“A Lene ficou a noite tod…” a Carol não conseguiu continuar porque a Lene tampou a boca dela e lançou um olhar “Avada kedavra” pra ela.

“O que a Lene ficou a noite toda?” eu perguntei, com um sorriso no canto dos lábios.

“Nada, né Carol?”

“Ela ficou a noite toda repetindo o nome do Sirius” eu nunca achei que ela faria isso. “Eu acordei no meio da noite pra ir no banheiro e ouvi ela murmurar: ‘Sirius… Sirius…’” nessa hora a Lene jogou um travesseiro na Carol e fechou a cara pra nós duas, que ríamos muito.

“Eu vou me arrumar” a Lene disse, e saiu pisando duro para o banheiro.




“O que acha desse, Lily?”

Uma dica: nunca compre vestido com Caroline Marrie Martell e Marlene McKinnon. Elas adoram dar palpites.

“Decotado demais” eu disse, pela 184355343548676454 vez.

“O QUÊ?” a Lene faz escândalo por cada coisa…

“É isso aí que você ouviu, decotado demais. Não gostei. Vocês podiam me fazer um favor?”

“Sim” a Carol disse.

“Parem de palpitar e me deixem escolher?”

“Ok, estamos te esperando lá fora” a Carol disse, antes que a Lene começasse a fazer escândalo e dissesse que não sairia nem que Merlin a levasse.

Foi então que eu corri os olhos pela loja e achei um muito lindo! Experimentei e, sem ninguém pra me dar palpite, finalmente eu não encontrei defeitos. Paguei e saí. Então encontrei as meninas lá fora.

“Já escolheu?” a Carol perguntou.

“Já” eu respondi.

“Deixa eu ver?”

“Não, Carol, vocês só vão ver no dia do baile” haha! Eu adoro dar uma de má.




Eu quero ficar sozinha.

Acho que vou me trancar no banheiro da Murta-Que-Geme e passar o resto da minha existência lá, chorando. E quando eu morrer eu posso pedir pra Murta pra ficar lá, pelo menos ela iria ter companhia… Essa idéia é boa.

Vocês não devem estar entendendo nada, né? Tá bom, eu vou explicar…

No início desse ano, Dumbledore criou o Daily Hogwarts, um jornal comum de escola, com coluna de fofocas, Quadribol, estudos, monitoria e etc. Adivinhem quem faz a coluna de Quadribol? É isso aí, o Tiago. Uma vez por semana, todos os colunistas se reúnem numa sala vazia para entregar as matérias e montar o jornal. A garota que faz a coluna das fofocas é uma corvinal metida que se chama Lizzie. Mas, apesar de ser muito metida³, ela é bonita. Loira, cabelos lisos, alta (tipo modelo internacional), olhos azuis, etc, etc, etc.

E agora vocês se perguntam: “o que tem de mais nisso tudo?”. Tem que ela e o Tiago estão namorando. É isso aí, namorando. Eu descobri hoje de manhã, quando eles entraram de mãos dadas no Salão Principal, se beijaram e cada um foi para um lado – ou seja, ele pra mesa da Grifinória, com os marotos (nem uma namorada o separa deles!) e ela com as amigas dela (que também são metidas³) pra Corvinal. E eu? Bem, eu enterrei a cabeça nas mãos e tive uma vontade enorme de chorar.

“Lily?” perguntou a Lene, quando viu que eu já estava há muito tempo assim. “Aconteceu alguma coisa?”

“Fique quieta” a Carol sussurrou pra Lene.

“Não, Carol, deixa” eu falei, a minha voz abafada pelas minhas mãos. “Acho que eu vou embora daqui.”

“Não sem antes me explicar o que aconteceu” a Lene disse.

“Depois ela explica, Marlene” quando a Carol chama uma de nós pelo nome completo – ou seja, sem ser o apelido, ela está repreendendo. A Lene então ficou quietinha. Carol me pegou pelos ombros e me tirou dali rapidinho, com a Lene nos seguindo.

Chegamos ao dormitório, que àquela hora estava vazio, e a Carol me colocou sentada na cama e se sentou ao meu lado.

Então eu comecei a chorar.

“Lily, não chore. É só um namoro, não vai durar pra sempre. E eu duvido muito que ele tenha te esquecido.”

Então caiu a ficha da Lene.

“Eu não acredito” ela começou. “Safado! Como ele pôde?”

“Ele… não sabe… que eu… que eu gosto dele!” eu disse entre soluços.

“Porque você não contou.”

“Não comece, Marlene!”

Então o relógio da Lene apitou.

“Vão… pra aula.”

“Não, nós vamos ficar aqui com você, Lily” eu adoro quando a Carol faz isso.

“Se nossa amiga sofre, automaticamente nós sofremos também!” como a Lene ainda se lembra do nosso pacto da amizade que fizemos no primeiro ano?

“É… diferente” eu disse. Se eu estou sofrendo pelo Tiago, elas sofrem também? Agora eu vejo que esse pacto é muito injusto. “Eu estou… chorando… sofrendo… porque ele está… com outra e… tudo por minha culpa!”

“Não, não foi culpa sua, Lily.”

“Não adianta, Carol! É claro que foi culpa minha! Quem o esnobava? Quem o dava tapas? Quem sempre recusava os convites dele? Quem o afastou? Quem? Tenho certeza de que não foi a tal da Lizzie! Fui eu! Eu!”

“Como eu já disse, Lily, eu duvido que ele já tenha te esquecido.”

Então ouvimos vozes vindas de lá de baixo.

“Os marotos estão aí” reconheceu Carol.

“Desça pra ir ver seu namorado” eu disse. “Não quero encarar o Tiago.”

“Não, eu não vou descer.”

“Vai sim! Eu não admito que você fique sem namorar por minha causa!”

Ela se levantou, foi até a porta, abriu-a e verificou quem estava lá. Ela fez um sinal com a mão e logo depois Remo entrava no dormitório.

“Lily?” perguntou ele. “Não fique triste.”

“Como, Remo?” eu perguntei.

“Nós queremos falar com você” ele disse, e eu o encarei no meu estado deplorável; rosto e olhos vermelhos e inchados, lágrimas saindo dos olhos, lábios inchados, nariz vermelho…

“Não quero ver o Tiago.”

“Ele não está aí.”

“Duvido. Ele só anda com vocês.”

“Lily, por incrível que pareça, brigamos. Agora há pouco. Nenhum de nós aprova o que ele está fazendo.”

Eu o encarei por alguns segundos, examinando a situação.

“Ok, podem me levar lá pra baixo.”

Lá embaixo, dois marotos nos esperavam: Sirius e Pedro.

“Oi Lily” o Sirius cumprimentou.

“Olá” o Pedro disse.

Eu apenas dei um sorriso triste.

“Vocês queriam conversar comigo?” perguntei.

“Sim” o Sirius afirmou. “Já sabe que nós brigamos, não sabe?”

Eu assenti.

“O que o Tiago está fazendo é muito errado. Sei que você tem sua parcela de culpa nisso, mas…”

“Parcela? A culpa é inteiramente minha, Sirius. Eu o esnobei durante anos. Nunca aceitei um convite pra sair com ele. Ele cansou, sabe. E resolveu me esquecer pra sempre. Se ele conseguiu, eu também consigo.”

“Aí está o erro dele, Lily. Ele não conseguiu.”

Eu encarei o Sirius pela primeira vez desde que cheguei ali, espantada, e sem me importar com meu estado deplorável.

“C-como assim?”

“Foi o que você ouviu” Pedro falou. “Ele não te esqueceu.”

“Eu não entendo…”

“Acontece, Lily” agora é o Remo que está explicando, “que ele está namorando a Lizzie justamente pra tentar te esquecer. Esse é o grande erro dele.”

“Ele ainda te ama, Lily!” a Carol exclamou.

“Eu tenho minhas dúvidas.”

“Não acredito!” até agora a Lene não tinha se pronunciado, e seria melhor se não o tivesse feito. “Não acredito que você ainda não acredita no amor dele! Ah, Lily, me poupe! Você acha que Tiago Potter iria correr atrás de uma garota por quatro anos consecutivos e não estar no mínimo apaixonado por ela?”

“E ele vive falando de você” disse Pedro. “É muito chato. Ele acorda falando em você, toma café falando em você, assiste a todas as aulas falando em você, almoça e janta falando em você, e vai dormir falando em você!”

“Ah, mas não é só isso” disse Sirius, com um sorriso maroto nos lábios. “Ele te chama durante o sono.”

Eu não estava acreditando naquilo.

“E-ele está namorando há quanto tempo?”

“Já há dois dias” respondeu Remo. “Achávamos que ele fosse deixar a Lizzie hoje, mas ele insistiu nessa brincadeira estúpida. Foi por isso que brigamos com ele.”

“E mesmo depois de começar a namorar ele sonha com você” completou Sirius.

“Se depois de tudo isso ele ainda não te ama, Lily, eu não sei o que ele quer.”

Então ele me amava mesmo? E a Lizzie era só uma “brincadeira” pra tentar me esquecer?

“Lily, o melhor que você faz é não sofrer por ele” o Sirius disse. “Ele sabe que está te fazendo sofrer, e é isso que ele quer. Quer te fazer sofrer como você sempre fez com ele. Mostre a ele que não está por baixo. Dê a volta por cima e procure não chorar mais por isso. Ele ainda te ama muito, não ama aquela Lizzie. E eu tenho plena certeza de que ela não o ama.”

Esse lado “conselheiro amoroso” do Sirius eu não conhecia.

“Ela namorava o Amos Diggory” disse Remo. “Ela gosta dele. Ambos, Tiago e Lizzie, estão namorando pra esquecer alguém que amam.”

“Obrigada, gente” foi a única coisa que eu consegui pensar.

“Que nada, estamos aqui pra isso, Lily!” riu Carol.

“Nós dissemos a ele que não vamos mais falar com ele até ele não acabar com essa infantilidade” disse Pedro.

“E vamos cumprir nossa promessa” confirmou Sirius.

Eu sorri. Acho que já não estava mais em estado deplorável.

“Vocês estão perdendo aula” lembrei.

“Precisava lembrar, né?” indagou Sirius.

“Nós não vamos” disse Carol. “Pelo menos eu e a Lene não.”

“Nem eu” disse Pedro.

“Eu também não vou” aderiu Remo.

“Até você, Remo?” perguntei.

“Não queremos que você fique aqui sozinha.”

“Mas eu preciso das anotações! Você tem que ir!”

“Mas se algum de nós for agora perderá pontos e terá detenção” observou a Lene.

Os marotos sorriram triunfantes.

“Ok, ok” eu cedi. “Vocês podem ficar aqui. O que vamos fazer?”

“Que tal uma partida de Xadrez de Bruxo?” sugeriu Remo.

“Eu não jogo bem essa coisa” disse Sirius.

“Pode…” naquela hora, eu percebi os olhares de Carol e Remo sobre mim. “Pode deixar, a Lene te ensina.”

“Eu?” perguntou Lene, arregalando os olhos.

“Sim, você” confirmou Carol. “Eu vou jogar com o Remo e a Lily com o Pedro, não é Lily?”

“É” confirmei.

“Tá bom, eu jogo com você, Black” concordou Lene. “Mas nada de trapaças.”

“Eu nem sei jogar, quanto mais trapacear” sorriu Sirius.

“Sei” disse Lene, descrente.

Nos sentamos um de frente pro outro nas mesinhas e começamos a jogar.

“Ganhei!” gritou Carol, numa altura capaz de acordar até a Lene quando está em sono profundo (e olha que não é a coisa mais fácil), quando o jogo dela e de Remo acabou. “Ganhei, Remo, ganhei!”

“Quero revanche!” disse Remo, rindo.

“Quer perder de novo, Remo?” caçoou Carol.

“Há-há” ironizou Remo.

Eles se sentaram novamente e começaram a jogar de novo. Mais um tempo passou e foi a minha vez de gritar.

“Ganhei!”

“Parabéns” disse Pedro, simplesmente. “Não quero jogar mais.”

Então nos sentamos de frente para os outros. Logo depois Carol sorriu para Remo e disse:

“Ganhei de novo.”

Remo riu e a puxou para o sofá onde estávamos eu e Pedro.

“Eles não terminam esse jogo nunca, não?” perguntou Carol, quando Pedro saiu para a cozinha.

“Parece que estão se divertindo” eu disse, piscando para ela.

“Mexa sua torre, Black!” indicou Lene. “Não está vendo? Minha torre quer comer a sua!”

“Ela só vai comer se você mandar” ele protestou.

“E eu vou mandar! Preste mais atenção da próxima vez. Torre na E3.”

A torre da Lene andou até onde ela mandou e quebrou a do Sirius ao meio.

“Ei!”

“Ei, nada! Preste atenção, Black!”

Sirius fechou a cara e jogou com sua rainha. Lene sorriu e jogou também, comendo a rainha de Sirius. E assim foi, até que Lene fechou o cerco para Sirius.

“Xeque-mate.”

O rei de Sirius jogou a coroa no tabuleiro e esta se quebrou.

“Da próxima vez, Black, preste mais atenção e seja mais rápido” recomendou Lene.




Hoje é terça-feira. Faltam quatro dias pro baile. Hoje chegou um convite!

Lily,

Fiquei sabendo que ainda está sozinha para o baile. Quer ir comigo?

Fábio Prewett


“Aceito ou não?” perguntei pra Carol e pra Lene, quando mostrei o convite.

“Aceita” a Lene disse.

“Aceita” a Carol também concordou.

“Eu não quero ir” eu disse. “Tiago vai estar lá com a Lizzie.

“Você tem que passar por cima disso, Lílian!” a Carol repreendeu. “Ou não se lembra mais do que Sirius disse?”

Eu examinei o convite do Fábio e resolvi reconsiderar.

“Certo. Eu vou com ele.”

Fábio,

Sim, eu aceito o seu convite. Me espere na porta de carvalho, sábado, às 20:30.

Lílian Evans


“E vocês?” perguntei. “Ou melhor, e você, Lene? A Carol vai com o Remo, com certeza.”

Carol riu e corou.

“Eu?” perguntou Lene. “Ninguém me convidou ainda.”

“Ainda” disse Carol. “Mas logo, logo te convidam.”




Quinta-feira. Dois dias pro baile.

Hoje chegou o convite da Lene e… digamos que ela não gostou muito.

“EU NÃO VOU COM O BLACK!” ela gritou, quando rimos dela. “Ele não merece.”

“Então você quer ir?” perguntei.

“Não!” ela exclamou. “Eu vou com o Gideão.”

“Ele não te convidou!” disse Carol.

“Mas vai convidar, eu sei.”

“Vai nada” eu disse. “Não ficou sabendo? Ele convidou a Lucy Chang.”

“A Chang? Ah, me poupe!”

“Aceite o convite do Sirius!” insistimos.

“Tudo bem! Mas ele não vai tocar em mim durante o baile!”

Nós rimos e ela jogou almofadas na gente.




Sábado. Baile hoje.

Hoje a fila pro banheiro foi terrível. Principalmente depois das sete da noite. Mas eu enfrentei!

A primeira a usar o banheiro foi a Carol. Ela tomou banho e saiu logo pro dormitório. As duas últimas a tomar banho foram eu e a Lene. Imagine que, quando entramos no nosso dormitório, a Carol ainda estava se arrumando.

“Você está demorando muito, Carol” eu disse.

“Não sou eu que demoro” ela retrucou. “Você é que é rápida demais.”

Realmente, às vezes eu sou.

Eu revirei os olhos e fui até o meu guarda-roupa, peguei meu vestido e fui até o banheiro me trocar. Quando voltei, as duas já estavam se maquiando.

Lene estava com um vestido de alças verde-esmeralda, que ia até o joelho, e tinha muito brilho (ela adora isso) e um sapato de salto verde. Ela deixou o cabelo solto e passou só brilho nos lábios.

Já Carol estava com um vestido tomara-que-caia com “mangas” cor-de-rosa bem clarinho e sandálias cor-de-rosa. Ela tinha deixado o cabelo solto e passado um batom rosa.

O meu vestido era creme, tomara-que-caia (mas sem aquelas manguinhas), e ia até o tornozelo. Meu sapato era de salto também, um pouco mais escuro que o vestido. Eu prendi meu cabelo num coque e passei brilho também.

“Esse é seu vestido?” perguntou Lene quando me viu.

“Sim, por que? Tem algum problema com ele?” eu perguntei, já aflita.

“Não, não tem não” ela riu.

Eu me maquiei também e saímos as três juntas para o Salão Comunal. E lá estavam Remo e Sirius, esperando por elas. Remo ofereceu o braço para Carol e ela aceitou. Quando o Sirius foi fazer isso com a Lene, ela revirou os olhos, bufou e aceitou. Acho que ela só finge que não gosta do Sirius. Ela deve ser perdidamente apaixonada por ele desde o quarto ano e… Tudo bem, eu exagerei.

Então eu fui pra porta de carvalho esperar o Fábio. Não demorou muito e ele apareceu, trajando um daqueles smokings bruxos.

“Demorei?” ele perguntou.

“Não, eu que fui rápida demais.”

“Você está linda.”

“Obrigada.”

Então ele me ofereceu o braço e eu peguei. Fomos para o Salão Principal, o baile estava começando. Logo eu vi a Carol e o Remo numa mesa, e Sirius e Lene em outra. Indiquei eles dois com a cabeça para o Fábio e fomos lá nos sentar com eles.

“Graças a Merlin você chegou” Lene sussurrou no meu ouvido quando eu me sentei ao lado dela.

“Por que? Se eu não chegasse você não iria conseguir resistir e agarrar o Sirius aqui mesmo?” ah, eu adoro tirar uma da cara das minhas amigas.

“Há, há. Eu não quero ficar sozinha com ele, Lily!”

“Ele não vai fazer nada com você, Lene.”

“Duvido muito.”

“Não tenha medo dele, o Sirius não morde.”

Ela ficou calada.

“Você gosta dele, não gosta?” perguntei.

“Por que?”

Eu sorri.

“Está tão na cara assim?” ela perguntou.

“Não, mas eu te conheço bem demais pra dizer que você não gosta dele.”

“É nisso que dá ter amigas por sete anos consecutivos!”

“Ele já não dá em cima de você há algum tempo.”

“É, e isso é ótimo. Mesmo eu gostando dele, isso é ótimo.”

“Você não é do tipo que se apaixona, Lene.”

“Sim, é a primeira vez que isso acontece. Oh, Merlin, por que comigo? Justo da primeira vez que me apaixono tem que ser por Sirius Black?”

“Não é tão ruim assim, Lene! Veja pelo lado bom: ele também gosta de você.”

Nessa hora ela me encarou com ar de descrença no rosto.

“Eu não vou acreditar em você” ela disse. “Vou fazer como você fazia quando eu dizia isso pra você.”

Aí eu abaixei a cabeça e comecei a fitar os meus pés, triste. Por que ela tinha que falar no Tiago logo agora?

“Desculpe, Lily. Eu não queria ter tocado no assunto.”

“Tudo bem, Lene.”

Então o Fábio chegou perto.

“Quer dançar?”

Eu sorri e ele me levou pra pista.

Começamos a dançar a música lenta que tocava. Logo eu vi Tiago dançando com a tal da Lizzie.


You light me up and then I fall for you

Você me anima e eu me apaixono por você

You lay me down and then I call for you

Você me faz sofrer e eu chamo por você

Stumbling on reasons that are far and few

Tropeçando em razões que são poucas e distantes

I let it all come down and then some for you

Eu deixaria tudo desabar, mas sobraria algo pra você


Tiago nos olhou e, quando o meu olhar cruzou com o dele, ele logo desviou. Para o Fábio não perceber, eu também desviei o olhar dele logo.

Eu ia chorar. Eu precisava sair dali naquele minuto.

Por sorte, Lene dançava ao meu lado, e percebeu tudo aquilo.

“Fábio?” ela chegou perto da gente.

“Ah, olá, Marlene” ele respondeu, parando de dançar.

“Será que posso pegar sua dama emprestada um pouquinho? Precisamos conversar a sós.”

“Ah, claro.”

Fábio me largou e Lene me pegou pela mão, me conduzindo para uma mesa bem afastada.

“Você estava quase chorando lá.”

“Eu sei, Lene, eu sei.”

“Você viu o Tiago, não foi?”

Eu assenti.

“Não fique assim” ela disse, com voz reconfortante. “Sei que eu não sou a sensível do grupo, mas a Carol não está aqui agora, então eu sirvo. Você se esqueceu do que o Sirius disse aquele dia? ‘O melhor que você faz é não sofrer por ele’. Não sofra, Lily. Será pior.”

“Eu quero chorar!” eu disse, colocando meus braços sobre a mesa e minha cabeça no meio dos braços.

“Chore” ela disse. “Chore, mas não aqui, nem agora. Controle-se. Tente se controlar.”

“Essa música não ajuda” eu disse, começando a reparar na letra da música que tocava.


Pretty Baby, don’t you leave me, I have been saving smiles for you

Querido, não me deixe, eu tenho guardado sorrisos pra você

Pretty Baby, why can’t you see, you’re the one that I belong to

Querido, por que você não pode enxergar, eu pertenço somente a você

I’ll be the embrace that keeps you warm

Eu serei o abraço que te aquece

For you’re the sun that breaks the storm

Pra você serei o sol que rompe a tempestade

I’ll be alright and I’ll sleep sound as long as you keep coming round

Eu ficarei bem e dormirei tranqüilamente,contando que você esteja por perto

Oh pretty baby

Oh, querido


“Tente não prestar atenção na música,” Lene tentou.

“Impossível, Lene! Impossível!”

Eu queria poder tampar os ouvidos e fazer essa música parar. Queria mesmo. A música é linda, sim, mas só me faz ficar mais triste ainda.

“Eu vou chorar, Lene.”

“Não vai não. Eu não deixo. Iria dar muita polêmica.”

“Polêmica?”

“É! Fábio iria querer saber por que você estava chorando. Ele não admitiria você estar pensando no Tiago enquanto estiver com ele!”

“Mas eu não aceitei namorar com ele quando aceitei o convite!”

“Mas eu não deixo você chorar. Não quero te ver chorando, Lily.”


And I know things can’t last forever

Eu sei que nada dura pra sempre

But there are lessons that you’ll never learn

Mas há lições que você nunca aprenderá

Oh just the scent of you it makes me hurt

Apenas o seu cheiro já me aquece

So how’s it you that makes me better?

Mas o que eu posso fazer, se isso me faz sentir melhor?


“Sabe qual é o problema?” a Lene perguntou.

“Problema?”

“É, o problema de vocês.”

“Qual?”

“Vocês são muito cabeça-duras. Você por nunca ter admitido que gosta dele e ele… bem, por fazer o que está fazendo agora.”

“Acha que ele ainda pode voltar atrás, Lene?”

“Não sei. Mas nada dura pra sempre, Lily…”


Pretty Baby, don’t you leave me, I have been saving smiles for you

Querido, não me deixe, eu tenho guardado sorrisos pra você

Pretty Baby, why can’t you see, you’re the one that I belong to

Querido, por que você não pode enxergar, eu pertenço somente a você

I’ll be the embrace that keeps you warm

Eu serei o abraço que te aquece

For you’re the sun that breaks the storm

Pra você serei o sol que rompe a tempestade

I’ll be alright and I’ll sleep sound as long as you keep coming round

Eu ficarei bem e dormirei tranqüilamente,contando que você esteja por perto

Can’t you hold me and never let go?

Você não pode me abraçar e nunca mais ir embora?

When you touch me it is me that you won

Quando você me toca, é a mim que você ganha

Pretty baby, oh the place that you hold in my heart would you break in a part again?

Querido, o lugar que você conquistou em meu coração você partirá em pedaços de novo?

Oh pretty baby

Oh querido


“Lily, eu até cheguei a acreditar que ele não gostava de você de verdade quando ele dizia que você era só um desafio. Mas estava escrito na testa dele que ele gostava de você.”

Eu mantinha meu olhar parado.

“Lily, se você chorar eu juro que bato no Tiago até ele ficar um mês no hospital!”

“Não faça isso, Lene! Pelo amor de Merlin!”

Ela começou a rir!

“Não ria!”

“É muito difícil não rir, Lily. Você está à beira do choro e fez uma cara preocupada hilária.”

“Eu quero que esse baile acabe, Lene… Pelo menos amanhã estaremos indo embora e eu não chegarei a ver o Tiago casar com a Lizzie e ter uma penca de filhos com ela.”

“Você acha mesmo que ele vai fazer isso?”

“Casar com ela?

“É.”

“Acho.”

“Lily, você se esqueceu de tudo o que nós te falamos aquele dia, não é? O Sirius te disse que ele não ama aquela Lizzie, ele ama você! Você, e não a Lizzie!”

“Você acha mesmo?”

“Não só eu, como todos nós, temos plena certeza disso, Lily.”


Pretty Baby, don’t you leave me, I have been saving smiles for you

Querido, não me deixe, eu tenho guardado sorrisos pra você

Pretty Baby, why can’t you see, you’re the one that I belong to

Querido, por que você não pode enxergar, eu pertenço somente a você

I’ll be the embrace that keeps you warm

Eu serei o abraço que te aquece

For you’re the sun that breaks the storm

Pra você serei o sol que rompe a tempestade

I’ll be alright and I’ll sleep sound as long as you keep coming round

Eu ficarei bem e dormirei tranqüilamente,contando que você esteja por perto

Pretty baby, why can’t you see

Querido, por que você não consegue ver?

Pretty baby, don’t you leave me

Querido, não me deixe

My pretty baby, my pretty baby

Meu querido, meu querido


Finalmente a música acabou.

“Agora você não chora mais?” a Lene perguntou.

“Não, não choro” eu tranqüilizei ela.

Naquela hora, começou a tocar uma música agitada e vários casais sentaram-se. Então uma coruja entrou pela janela do Salão que estava aberta e deixou uma carta no meu colo.

Eu abri a carta com todo o cuidado e li. Então desatei a chorar.

“Lily!” a Lene tentou me acalmar. “Lily, o que está escrito aí?”

Eu dei a carta pra ela, que leu e ficou chocada.

“Venha, Lily, vamos sair daqui.”

Eu a acompanhei até a Torre de Astronomia que, por incrível que pareça, estava vazia (em noite de baile sempre um ou outro casal está lá), e me sentei no chão, com a Lene do meu lado.

“Não fique assim, Lily. Isso ia acontecer de qualquer jeito.”

“Mas por que hoje, Lene? Por que justo hoje?”

“Coisas assim não escolhem dia pra acontecer, Lily. Acalme-se.”

“Eu vou sentir muita falta.”

“Eu sei, Lily. Eu também sentiria. Mas acalme-se. Sirius, traga água pra ela, por favor.”

Eu nem tinha percebido que o Sirius estava lá. Ele saiu e voltou logo com um copo d’água, que a Lene fez questão de que eu bebesse. Já mais calma, eu levantei os olhos e vi Sirius, Carol e Remo me fitando.

“Que houve, Lily?” perguntou Carol.

“Leia você mesma” eu peguei a carta e dei pra ela, no que ela leu em voz alta.

“Querida Lily, eu não queria te informar sobre isso hoje, queria esperar porque amanhã você vem pra cá, mas achei melhor te dar a notícia o mais rápido possível. Seu pai sofreu um acidente de carro hoje, indo para o trabalho, e morreu à tarde. Por favor, não se desespere. Se Deus quiser, vamos superar juntas mais esse desafio. Infelizmente, você não vai poder se despedir dele, quando você chegar ele já vai ter sido enterrado. Beijos de sua mãe.”

Quando a Carol terminou de ler, se agachou do meu lado.

“Ah, Lily, nós sentimos muito.”

Eu dei um sorriso triste e ela me abraçou. Foi então que eu reparei.

“Cadê o Fábio?”

“Ah, Lily” o Sirius começou, “enquanto você estava com a Marlene na mesa, ele começou a beber como um louco e ficou bêbado. Está no dormitório, dormindo.”

“Você tinha que embebedar o coitado, né, Sirius?” repreendeu Lene.

“Ele começou a beber por livre e espontânea vontade, Lene!”

Lene revirou os olhos.

“Vamos te deixar sozinha com os seus pensamentos, ok, Lily?” a Carol me avisou. “Chore, tá? Chorar é bom pra desfazer esse nó na garganta.”

Eu assenti levemente com a cabeça e eles saíram. Então eu me encolhi e fechei os olhos, deixando as lágrimas rolarem. Merlin, por que eu?

Então eu senti uma mão quente sobre o meu ombro.

“Lily?”

Levantei o olhar e me deparei com aqueles olhos castanho-esverdeados que eu conheço tão bem me fitando.

“Tiago?” eu já estava em estado deplorável pós-choro. Ei, espera aí! O que ele estava fazendo ali?

“Lily, acalme-se. Chorar não vai trazê-lo de volta.”

“Como você soube?”

“Sirius me contou quando eu perguntei onde você estava. Sabe, eu me sentei pra conversar com eles e não te vi.”

“Mas… e a sua namorada? Você e os marotos não tinham brigado? Eles não iam mais conversar com você até você não largar dela, não era isso?” coitadinho, fiz perguntas demais.

“Ela armou um escândalo em pleno Salão Principal. Agora há pouco. Eu ia terminar com ela e quando disse que não estava mais dando certo ela começou a gritar. Então nós terminamos”

“Que namoro duradouro”, ironizei.

“Sim. Foi muito longo mesmo.”

Eu tentei sorrir, mas uma lágrima caiu.

“Não chore! Eu sei como é terrível, mas não chore assim. Você acaba me deixando triste.”

“Você já perdeu seu pai?”

“Não exatamente meu pai, mas como ele era muito ausente, eu tinha um tio que cuidava de mim” ele começou a explicar, seus olhos brilhando, ele queria chorar. “Eu adorava meu tio Richard. Ele me contava histórias pra dormir toda noite quando meus pais estavam fora. Mas ele morreu quando eu tinha oito anos.”

“Morreu de quê?” cada pergunta eu faço, não?

“Ele vivia como um trouxa. Tinha uma lojinha no centro de Londres e tudo mais. Um dia roubaram a loja dele e acabaram atirando nele. Ele morreu com uma bala trouxa.”

“Eu… eu sinto muito.”

“Mas não chore assim, não vai trazê-lo de volta.”

“Tudo bem” eu disse, limpando as minhas lágrimas.




“Nos conte tudo!

Tudo? Tudo o quê?”

“Lily, descobrir que você gosta do cara que mais odiou na vida te deixou lerda?”

“Tudo o que aconteceu ontem, na torre!”

“Ah, Merlin! Eu não mereço isso logo depois de acordar, mereço?”

“Merece, sim! E conta logo pra fazermos as malas!”

“Não aconteceu nada de mais. Ele só me pediu pra não chorar e me contou sobre um tio dele que ele adora e que morreu. Então ele me convidou pra ir pra casa dele nas férias e eu disse que ia pedir pra minha mãe.”

“Só isso?”

“Só isso, o que esperavam? Ah, não, é melhor eu não saber.”

Nós rimos e fomos começar a arrumar nossas malas. Pela última vez. Nosso último dia em Hogwarts. Merlin sabe o quanto eu vou sentir falta desse lugar.




N/A: *ouvindo os "Avada Kedavra!"* Vocês devem estar se perguntando: COMO ELA FAZ A LILY IR PRO BAILE COM OUTRO E FICAR CHORANDO PELO JAMES? Simples, ela ama ele, né? Então...

Faltam 2 capítulos pra fic acabar. Por favor, comentem e me motivem.

Agradecimentos a lokinha_black (viu, não demorei de novo); Thuty (concordo. E a continuação sai no Natal, eu acho...); e _juju_ (não encontrei suas fics, pode passar o link?).

Obrigada por comentar gente, e façam propaganda (hehe...)

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