Presentes de Natal



— CAPÍTULO OITO —
Presentes De Natal




Durante todo o resto do mês de novembro e o início de dezembro, como Hagrid não quisesse dar mais detalhes sobre quem era Nicolau Flamel, Hermione, Rony e Harry iam todos os dias à biblioteca pra pesquisar, a cada intervalo que tinham. Haviam decidido não perguntar a Madame Pince, a bibliotecária, pois embora acreditassem que ela saberia informar-lhes onde procurar, não queriam arriscar que ninguém soubesse o que andavam tramando; principalmente Snape.
Cada um dos três procurava a seu critério. Hermione, com seu profundo conhecimento da biblioteca e das mais importantes obras contidas nela, obedecia a uma ordem de probabilidade que formara em sua cabeça. Devido a sua importância, Nicolau Flamel deveria estar em Grandes feitos mágicos do século XX, por exemplo. Mas não estava. Era aterrador para ela imaginar que, pela primeira vez na vida, os livros não a ajudariam.
Rony escolhia a cada dia uma prateleira diferente e punha-se a procurar aleatoriamente pelos livros. Harry, por sua vez, procurava em enciclopédias de bruxos famosos do último século, mas tinha quase certeza de que a resposta estaria em outro lugar.
— A seção reservada — disse ele, certo dia, durante o café da manhã. — Deve haver algo sobre ele lá.
— Mas não adianta, Harry — disse Hermione, suspirando em frustração. — O aluno precisa de uma autorização por escrito de algum professor para visitar a seção reservada. Parece que os livros desta seção falam sobre magia negra avançada.
Rony suspirou, e Hermione irritou-se ao imaginar que ele deveria estar se sentindo imensamente entediado com tantas visitas à biblioteca. Não devia ter noção da importância do que estavam fazendo, o insensível.

As férias de final de ano chegaram, e os alunos poderiam ir para suas casas passar o Natal. Harry ficaria na escola, pois conforme contara, vivia com os tios e um primo, todos trouxas, que o tratavam muito mal.
— Eles me diziam que meus pais tinham morrido em um acidente de carro — contou certa vez, amargurado. — Quando na verdade eles foram brutalmente assassinados por Voldemort!
Os outros dois estremeceram ao som daquele nome. Os olhos de Hermione pousaram sem querer na cicatriz em forma de raio na testa de Harry.
Rony e seus irmãos também não iriam para casa, pois seus pais tinham ido à Romênia visitar Carlinhos, outro irmão deles que estava lá estudando e trabalhando com dragões.
— Vocês irão continuar procurando enquanto eu estiver fora, não é? — perguntou Hermione a Harry e Rony, em seu último café da manhã junto com eles antes da partida para sua casa, poucas horas depois.
— Claro — disse Rony, no que Hermione julgou ser um tom muito dissimulado.
Antes de terminar de arrumar seu malão, ela ainda passou na biblioteca para pegar alguns livros. Aproveitaria a falta de deveres para ler um pouco.
— Os livros não podem ser levados para fora da escola, hein? — debochou Harry. — O que Snape faria se soubesse que você está levando esses livros não apenas para fora da escola, mas para o mundo dos trouxas?
— Já disse a você que ele inventou essa regra. — respondeu Hermione. Os três saíram da biblioteca e se dirigiram à torre da Grifinória. Rony permaneceu anormalmente quieto durante o trajeto. Disseram a senha ao retrato da Mulher Gorda e entraram na sala comunal. — Me esperem aqui, vou guardar esses livros no meu malão e trazê-lo aqui para baixo. — E subiu as escadas para o dormitório feminino. Terminou de guardar todas as coisas no malão, num misto de saudade dos pais e de tristeza em deixar Hogwarts, que aprendera a amar como se fosse sua casa. Desceu em seguida e Rony e Harry a acompanharam até o saguão de entrada, onde todos os alunos que sairiam para as férias se encontrariam para irem juntos pegar o trem para Londres.
— Tenha um feliz Natal, Hermione — disse Harry, com a mão no ombro da amiga.
— Vocês também.
Como Rony continuasse quieto, com o olhar perdido, ela se virou para seguir em frente. Ouviu a voz dele chamá-la, no entanto.
— Hermione!
Ela virou-se, e ele olhava-a meio confuso, sem saber o que dizer. — Bom Natal — disse, por fim. Ela sorriu, e deixou-os para trás.

Hermione viajou em uma cabine vazia e dormiu a maior parte do percurso. Antes de adormecer, chorou um pouco, já com saudades da escola. Quando acordou, o trem já estava parado, e ela ouviu o movimento das pessoas desembarcando. Levantou-se, arrastando o malão, e ao sair da cabine acabou esbarrando em alguém.
— Que nojo! — exclamou Draco Malfoy, batendo as mãos nas vestes como que para limpá-las. — Olhe por onde anda, Granger! — e saiu, furioso.
Hermione não se importou, mas isso a lembrou do episódio em que Malfoy a chamara de “sangue-ruim”, provocando a fúria de Rony. Continuava a ignorar o sentido daquilo que Rony dissera ser um xingamento. A lógica a levava a acreditar que era provavelmente algo relacionado com o fato de ser filha de trouxas, mas ainda não entendia por que isso era tão ofensivo.
Ao descer do trem, Hermione viu Draco e seu pai, que parecia tão asqueroso quanto o filho. Porém, tão logo viu seus pais, os Malfoy desapareceram de seus pensamentos.


Na manhã de Natal, Hermione acordou com o barulho de algo que batia em sua janela. Levantou-se e afastou a cortina, podendo ver então uma coruja muito branca com dois pacotes pendurados às patas, dando bicadas no vidro. Reconheceu imediatamente a coruja de Harry, e além dela havia uma outra coruja, parda, atrás dela.
— Edwiges! — disse ela, levantando o vidro para que as corujas pudessem entrar. Na noite anterior, ela mandara doces a Harry, Rony e Hagrid de presente, e imaginou que eles deviam ter mandado-lhe algo também. Ela pegou os dois de Edwiges, que deu umas bicadas no dedo dela em sinal de carinho e saiu a voar novamente. Em seguida pegou o terceiro pacote, pendurado à perna da coruja parda, que voou atrás de Edwiges.
Hermione fechou novamente a janela, pois fazia muito frio, e sentou-se na cama para abrir os pacotes. No maior deles ela achou um pergaminho, que dizia:

“Mione

Não sabia exatamente o que lhe dar, mas lembrei daquela nossa longa conversa sobre o
Dicionário das Criaturas Mágicas, que é um assunto que como você sabe me interessa muito, e lembrei de você ter me dito que tinha lido um exemplar da biblioteca e que gostaria de comprar um. Resolvi dar um a você de Natal então, espero que goste.

Hagrid”


Completamente enternecida e quase chorando de emoção, Hermione desembrulhou o livro. Em pensar que no início ela sentira medo de Hagrid! Não poderia haver no mundo uma criatura mais doce do que ele... Ela partiu então para o segundo pacote. Havia dentro dele um estojo com uma pena branca e um frasco de tinta encantada, que cintilava. Havia um pergaminho junto.

“Para você caprichar ainda mais nos trabalhos... Um feliz Natal, Hermione. De seu amigo Harry.”

Ela sorriu, encantada. Pegou por último o terceiro pacote, ansiosa pelo pergaminho. O que Rony escreveria para ela no Natal? Era dificílimo imaginar.

“Mione
Não tinha a menor idéia do que lhe dar no Natal, então como já ia pedir a minha mãe que fizesse um suéter extra para o Harry (ela dá um suéter de Natal a todos os filhos, com as iniciais de seus nomes, todos os anos), pedi também que fizesse um para você. Não sei se você vai gostar, pois eu nunca gosto dos meus, mas saiba que a intenção era boa... Feliz Natal.
Rony”


Hermione releu antes de procurar o suéter no pacote. “Mione”? Será que ele tinha se enganado? Puxou então o suéter e desdobrou-o; achou lindo. Era de um tom muito bonito de rosa e a inicial era um “M”. “M” de Mione, pensou, abraçando o suéter, e se lembrando subitamente da senhora que encontrara na Estação de Londres, no dia em que pegou o trem para Hogwarts. Era uma senhora muito bondosa e levava consigo uma garotinha de cabelos muito vermelhos. Seriam a mãe e a irmã de Rony?
Depois de guardar os presentes, Hermione desceu saltitante e alegre para o café da manhã, antes de abrir os presentes da família, postos embaixo da árvore de Natal. Ela olhou com carinho para a árvore decorada pelos pais, cheia de luzinhas e bolas coloridas como ela gostava. Acho que consegue ser mais linda que as doze árvores encantadas que a profa. McGonagall pôs no salão principal”, pensou.


Hermione retornou a Hogwarts um dia antes do último dia de férias. Fora doloroso despedir-se novamente dos pais, mas também mal podia esperar para retornar À escola. Obviamente contara aos pais sobre todos os feitiços que já aprendera, mas para sua infelicidade não podia mostrar nada a eles; havia uma lei do Ministério da Magia que proibia menores de idade de praticarem mágica fora da escola.
Ao entrar no saguão, Hermione suspirou, maravilhada pela visão do castelo. Foi o mais rápido que pôde para a torre da Grifinória, e encontrou Rony e Harry na sala comunal.
— Mione, você precisa ver uma coisa! — disse Harry, antes mesmo de dizer “olá”.
Ela deixou o malão ali mesmo ao lado das poltronas e subiu com os amigos até o dormitório deles, que estava vazio. Era uma manhã de sábado, e o sol adentrava as janelas embora ainda fizesse muito frio.
— Veja o que eu ganhei — disse Harry, entusiasmado, tirando do fundo de seu malão um pedaço de tecido prateado bem grande. Assim que terminou de desenterrá-lo, colocou-o ao redor do corpo, e sumiu.
— Harry? — perguntou Hermione, em pânico, procurando o amigo por todos os lados.
— É uma capa de invisibilidade! — disse Rony, sorrindo. — Era do pai dele, achamos que foi Dumbledore quem mandou.

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