De volta à Hogwarts



5. De volta à Hogwarts


TRAGÉDIA ENVOLVE BRUXOS E TROUXAS


O Ministério da Magia capturou há poucas horas Sirius Black, acusado de matar doze trouxas e um bruxo, Pedro Pettigrew, seu ex-companheiro de escola. Testemunhas trouxas, que já tiveram suas memórias alteradas, declararam que Black denunciara o paradeiro dos Potter para “Você-Sabe-Quem”, um dia antes.

“Ele citou nomes, Lílian e Tiago Potter, e acusou o tal Black de tê-los traído e os entregue, algo assim”, disse uma das testemunhas oculares. “Tudo aconteceu muito rápido. Houve uma explosão e o rapaz gordinho tinha desaparecido. Só restara o cabeludo rindo muito alto e diversos corpos caídos à sua volta”. O Ministério chegou somente no momento citado, pegando Black em flagrante. Ele não esboçou qualquer reação. Tudo o que restou de Pedro Pettigrew foram suas roupas ensangüentadas e um dedo. Somente um dedo.

Sirius Black é considerado hoje o maior partidário de “Você-Sabe-Quem” e fora condenado à prisão perpétua em Azkaban, não só pela morte de seu colega e doze trouxas, mas por ser responsável pela morte dos Potter.

“Black já foi capturado e está em Azkaban”, disse o Ministro Júnior da Magia, Cornélio Fudge, ouvido esta manhã. “E pedimos à comunidade mágica que não se preocupe com boatos, pois “Você-Sabe-Quem” foi realmente destruído. Mesmo assim, o Ministério da Magia continuará na busca pelos seus seguidores, que serão julgados em tribunal especial”.

O Ministério também continua aceitando pistas de seus possíveis paradeiros. Os interessados devem enviar suas corujas para...




- Professor Dumbledore, isso significa que...

- Sim, profa. McGonagall – lamentou Dumbledore, pousando seu exemplar de O Profeta Diário sobre sua mesa – Há algum tempo imaginava que havia um espião entre nós, mas confesso que jamais tive qualquer suspeita sobre... Sirius.

- Ele era tão amigo do Tiago, ah, Alvo, que horror! – disse angustiada a profa. Minerva McGonagall – Não sei o que dizer ou fazer...

- Infelizmente não há nada que possamos fazer, Minerva. Sirius Black está em Azkaban.

- Devemos confiar nas ações do Ministério então, Alvo? – perguntou ironicamente a professora.

- Creio que sim.

E foi a única resposta que ela teve. Olhou mais uma vez para o professor, que a olhava sobre seus oclinhos meia-lua e levantou as sobrancelhas, apertando a testa com os dedos em sinal de extrema preocupação. Podia-se ver claramente todo seu corpo tremendo. Dumbledore permaneceu em silêncio, sabendo que em poucos instantes diria qual o motivo de sua aflição – apesar de que, é claro, àquela altura ele já tinha quase certeza.

Os primeiro raios de sol da manhã já estavam fortes, iluminando a sala do diretor em intensos tons de amarelo. Fawkes, a fênix, levantava suavemente o bico em direção às janelas, apreciando o despertar. A ave soltou um pio e a profa. Minerva caiu em si, como se tivesse sido acordada de um sono muito profundo. Ela se precipitou sobre a mesa e encarou os olhos azuis do diretor.

- E quanto a Severo Snape? – perguntou finalmente, com uma voz tão baixa que mais parecia um sussurro de rouquidão.

- Recebi há pouco uma coruja do Ministério – respondeu Dumbledore, empurrando um envelope amarelado em direção à professora, que o pegou e abriu rapidamente, passando os olhos pelo conteúdo.

- Uma audiência? – ela disse – Mas Alvo, Snape é um Comensal da Morte, o que o Ministério dirá se você disser que tem protegido em Hogwarts um...

- Acalme-se, Minerva – disse Dumbledore, alterando o tom de sua voz e mostrando autoridade – Severo Snape não mais é um Comensal da Morte. Está a serviço de Hogwarts e, se necessário for, irei até o tribunal defendê-lo.

- Você acha que a audiência será levada ao tribunal, Alvo? – perguntou aflita.

- É possível, mas diria que pouco provável – disse o professor – Com meu testemunho, digo sem modéstia que o Ministério não ousará insistir. Severo Snape estará a salvo sem precisar ir ao tribunal.

- Professor Dumbledore! – disse a professora tremulando sua voz, visivelmente nervosa – Severo Snape é realmente confiável? Por que o senhor confia tanto assim em um homem que servia a... Você-Sabe-Quem?

Dumbledore parou por um instante. Olhou para a professora, que o encarava firmemente. Lembrou-se da cena alguns dias antes, quando Snape caiu de joelhos aos seus pés, desesperado pela morte dos Potter. Lembrou do que viu em seu olhar, e não era ódio, não era raiva, não era rancor... Era desespero. Desespero pela vida que até ali tinha sido dura, mas então parecia acabada. Lembrou-se do pequeno Severo chegando a Hogwarts há cerca de dez anos, correndo pelos corredores com seus livros agarrados ao corpo, agüentando gozações dos colegas. Lembrou-se do passeio em Hogsmeade no Dia dos Namorados, quando tentou falar com Lílian Evans e esta lhe retribuiu com um abraço fraternal. Viu em seu rosto a decepção por ser quem ele era, e alguns anos mais tarde, quando se tornou Comensal, ele sabia que Snape não era como os outros... Ele sequer sentia-se igual. Parecia fazer o que parecia ser sempre a única solução em sua vida – seguir adiante, não importa o caminho, porque qualquer sinal de progresso já era melhor do que ficar e afundar em sua própria solidão...

E então agora ele voltava à Hogwarts, possivelmente na pior fase de sua vida, e ele, Alvo Dumbledore, considerado por muitos o maior bruxo do mundo, não pôde ajudá-lo a salvar a vida de quem ele amava... Ele poderia viver de favores e ainda assim não chegaria perto da perda que o outro sofrera. Nunca havia amado, porém conhecia o amor quando o via dentro de alguém. E sabia, sem sombra de dúvidas, que uma pessoa que tivesse aquilo – amor – jamais poderia ser jogada fora, como quem não valesse nada. Pelo contrário, deveria ser valorizada por isso, porque é a maior garantia de que seria uma pessoa especial, grande, viva.

A professora Minerva percebeu que o diretor tinha seu olhar vago e que demorara a responder sua pergunta. Então, quebrando o silêncio, ela o chamou.

- Alvo?

Dumbledore olhou novamente para a professora e foi em sua direção. Suas vestes dançavam aos seus pés, mas ele caminhava lentamente. Ele parou à frente de Minerva tampando o sol com seu rosto. Já devia estar quase no horário do café-da-manhã. Tirou seus óculos e olhou bem fundo nos seus olhos da professora.

- Minerva, eu confio plenamente em Severo Snape.

E, com um aceno de varinha, saiu pela porta levando consigo alguns pergaminhos para o novo professor de Poções.




O Prof. Snape estava em seus aposentos, preparando-se para o seu primeiro dia como professor de Hogwarts. Pensara muito sobre aquela ocasião e resolveu que o melhor seria dar o melhor de si, incentivando os alunos a pensarem.

“E é uma turma do segundo ano, apenas”, disse para si mesmo, enquanto vestia um casaco preto de veludo. As botas ainda estavam sujas de terra – não as tinha limpado desde que chegou. Queria a todo custo evitar ser quem ele era e abominava. Com um rápido aceno de varinha, removeu a sujeira e sentou-se na poltrona, a fim de calçá-las.

No final das contas, estava tentando se esforçar para recomeçar. O quarto era amplo, mas não exagerado. Havia uma cama com dossel coberta por uma colcha verde-escuro, que ele particularmente apreciava. As paredes estavam cheias de candelabros e esta era a única luz quando caía a noite. Havia também um espelho ao lado do armário velho, que agora ele o mantinha coberto. Não queria olhar.

Irritou-se com a quantidade de botões na manga de seu casaco e xingou baixinho durante alguns segundos, enquanto procurava na estante os livros que usaria durante a aula da manhã. “O que os alunos pensarão de ter um Comensal da Morte como professor?” – não conseguia pensar em outra coisa. Tentava se lembrar das palavras de Dumbledore, quando disse que eram apenas crianças.

“Apenas crianças”, disse torcendo os lábios. “Me lembro das crianças quando estudei aqui”. Colocou sobre a mesa meia dúzia de livros, alguns bem empoeirados, e olhou para a lareira. “Onde está Dumbledore?” – pensou – “Se ele pensa que irei me atrasar em meu primeiro dia como...”

PLEC!

“O que foi isso?”, pensou, olhando em direção à janela dentro do quarto. Algo bateu ali – o que poderia ser, àquele horário.

“Ah, uma coruja”, disse, observando uma pequena e delicada ave em tons de cinza voando em frente à janela. Abriu o vidro lentamente – estava emperrado – e a colocou para dentro. A coruja colocou o envelope sobre o parapeito e aguardou. Snape olhou para a ave e, levantando as sobrancelhas, abriu o envelope. “O que poderia ser desta vez...”



Severo,


Já sei que está em Hogwarts. Queria lhe dar os parabéns por ser aceito como professor.

Além disso, tenho algo a lhe falar. Se não se importa, estarei nos portões do castelo às oito em ponto. Espero que possa me receber.


Narcisa




“Mas o quê...” – ele começou a sussurrar, mas foi interrompido por um baque vindo da sala.

- Como está no seu primeiro dia de aula, Severo? – perguntou o professor Dumbledore, com um sorriso mostrando empolgação. Snape dobrou a carta e a colocou dentro do bolso do casaco, sem ligar para o fato de Dumbledore ter percebido.

- Notícias? – ele perguntou, olhando para onde Snape colocara a carta.

- Não, não – respondeu o novo professor de Poções – Apenas um recado de... Narcisa Malfoy.

- Tem idéia do que possa ser?

- Não realmente – disse Snape, abrindo a janela para a coruja ir embora – Disse apenas que virá ao castelo conversar comigo.

Dumbledore fez um sinal engraçado com os olhos e virou as costas, pedindo que Snape o acompanhasse. Severo deu de ombros e saiu do quarto atrás de Dumbledore, parecendo bastante ansioso para a sua estréia como professor.

- Veja, Alvo, aqui estão os livros – disse, mostrando a pilha ensebada de exemplares que estava sobre sua mesa – Como o senhor disse, ensinarei a Solução para Fazer Inchar, que está descrita da maneira mais didática possível em Práticas Simples no Aprendizado de Poções, e neste aqui, ah, veja...

- Severo, Severo – interrompeu Dumbledore sorrindo bondosamente – Você se sairá bem. Não conheço ninguém no mundo que saiba preparar poções tão bem quanto você.

Snape ficou parado como uma estátua, de repente muito constrangido e sentindo-se um adolescente tolo, ansioso pela sua aula. Acompanhou o diretor com os olhos enquanto este caminhava até a lareira, trazendo consigo alguns pergaminhos que até agora não explicara o que eram.

- Ah! – ele disse, percebendo que estava se esquecendo de algo, finalmente – Estes são os últimos trabalhos corrigidos pelo Prof. Slughorn. Você poderia entregar aos alunos hoje, Severo?

Snape esticou os braços e os pegou. Com a varinha, trouxe para si os livros que usaria em sala de aula. Dumbledore, ainda sorrindo, pegou um pouco de pó de flú com as mãos e se despediu, voltando à sua sala. Eles se encontrariam somente na mesa dos professores durante o café-da-manhã, mas Snape preferia levar seu material para a sala grande das masmorras antes e deixar tudo arrumado.

Passou pela porta pesada – que finalmente Filch tinha consertado, depois de um episódio com os alunos do quinto ano – e, atravessando o corredor da sala, deixou os rolos de pergaminho sobre sua mesa. Olhou ao redor e só então pode respirar. Estava de volta. Como se sairia? Os alunos iriam gostar dele? Como deveria reagir às perguntas?

Levantou as sobrancelhas e tentou esvaziar a mente de tais pensamentos. Daria sua aula e só. Olhou mais uma vez para o lugar em que passaria a maior parte do seu tempo de agora em diante e saiu, indo em direção ao Salão Principal. Já havia tomado muitos cafés-da-manhã em Hogwarts. Momentos dolorosos, quando era obrigado a socializar com pessoas que odiava. No entanto, agora era diferente. Ele estava tomando café-da-manhã em Hogwarts sim, mas agora era professor. E pode-se ver em seu rosto um tímido sorriso como há muito não aparecia ali.



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Oi pessoal! Queria pedir desculpas pela demora homéééérica em atualizar isto aqui! Estou no último ano da faculdade e o trabalho de conclusão do curso está tomando todo o meu tempo livre. Esse capítulo ficou hiper curto, porque escrevi p/ colocar logo aqui, coisa que não gosto de fazer, mas enfim... Eu gosto de escrever tudo bonitinho etc, mas eu amo tanto essa fic que depois vou reescrevê-la até achar que ela está *perfeita*.

E eu estou com MUITAS dificuldades p/ caracterizar o Snape jovem, vocês devem ter percebido! Nós sabemos como ele é todo ranzinza e *ooonn* adulto, mas eu queria desenvolver nessa fic COMO ele se tornou assim, com o passar dos anos. Eu o imagino menos fechado nesse início, pronto p/ recomeçar etc, mas logo ele verá que não adianta e voltará a ser ele mesmo, hehe.

E ah, claro, a Narcisa entrou na história. Espero conseguir algo suficientemente convincente p/ o desvio de olhar no capt. 2 do sexto livro e... que mais? Ah sim, a primeira aula dele como professor. No próximo capítulo vocês verão que ele terá alguns alunos conhecidos... rs

Comentem, please! Adoro críticas construtivas! E obrigada por lerem até aqui! :)

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