Redenção
4. Redenção
Severo Snape olhou para trás. O rosto do gigante se sobressaía da casa em ruínas, olhando-o assustado. Virou o rosto novamente, mirando as montanhas. Seus olhos se apertaram. Ter aquele menino ali, vivo, e o Lorde das Trevas derrotado eram fatos que contrastavam com a tristeza que sua alma sentia pela perda de Lílian, no mesmo lugar. Ele estivera ali antes – tentou alertar Tiago. Maldito Potter, pensou. Poderia estar vivo… assim como Lilian.
Na mesma proporção do crescimento da raiva por Tiago em seu coração, crescia também o desespero por ter deixado morrer a única pessoa que um dia lhe amou, que um dia lhe deu uma chance... Não chegara a tempo, de nada adiantara tentar avisar Dumbledore. Devia ter vindo direto pra cá... quem liga para os Longbottom... eles que deveriam ter morrido, não...
- Snape! – o grito de Hagrid despertou Severo de seus mais profundos pensamentos – Entre, homem, ou vai acabar congelando aí fora!
Como se a neve pudesse congelar o que a morte já levou embora há tempos, pensou, enquanto chacoalhava sua capa e tirava toda a pesada neve que estava sobre ela. Pulou novamente as pedras que dificultavam a entrada e olhou para o bebê minúsculo no colo do gigante. Havia uma cicatriz em sua testa, uma cicatriz em forma de raio. Snape tirou os cabelos do garoto com os dedos para ver melhor, e lá ela estava, em um vermelho púrpura, fruto de uma maldição que não deu certo.
- Co-como... você acha que... – sussurrou Hagrid, quebrando o silêncio que assolava o lugar, já assombrado pela morte.
- Não sei – respondeu Snape, fitando o garoto. Ele abriu os olhos. Verdes, como os de Lílian, pensou, e com um gesto brusco se afastou. De certo, aqueles olhos lhe traziam profundas lembranças. Afinal, era o filho dela ali. E sobreviveu.
Hagrid olhou confuso para Snape, mas logo sua atenção voltou-se para a porta, quando Dumbledore entrou.
- Ah! – ele disse, erguendo os braços para segurar o menino – Aqui está ele!
Snape estava encostado na parede, os braços cruzados e uma profunda expressão fechada no rosto.
- Ãhn, pro-professor Dumbledore? – disse Hagrid, entregando o bebê – Mas como...
- Shhhh, não é o momento, Hagrid – respondeu Dumbledore, sorrindo para o bebê, que cochilava novamente – Temos assuntos mais importantes para nos preocuparmos no momento. Escute – disse, abaixando a voz, com medo de despertar o bebê – Você pode levar o bebê até você sabe onde?
Hagrid arregalou os olhos.
- O senhor está se referindo a...
- Exatamente.
- Bom, sim, sim! Sim, senhor, levarei o mais rápido possível! Mas o senhor...
- Eu acompanharei Severo até Hogwarts, Hagrid. Isto é – ele disse, virando para a figura negra que pairava no canto da sala – Se ele quiser ir comigo.
Ambos encararamm Snape, que continuava confuso, sem tirar os olhos do garoto. Demorou alguns segundos para se dar conta de que a conversa estava voltada para ele.
- Perdão? – ele disse, caminhando em direção às figuras à sua frente – O senhor falou comigo?
- Sim, Severo. Eu gostaria de saber se é de seu desejo me acompanhar até Hogwarts.
- E por que eu deveria? – perguntou Snape desconfiado.
- Por que não deveria? – respondeu Dumbledore, no que Snape apertou os olhos, entendendo que Dumbledore estava tentando ler a sua mente.
Dumbledore sorriu e abaixou os olhos, voltando rapidamente a encará-lo.
- Eu não farei isso, Severo – disse, olhando bem dentro de seus olhos – Eu não sou Voldemort.
Snape continuou encarando o diretor, esperando algum outro argumento que o fizesse baixar suas guardas. Deveria confiar nele? Mais do que isso, Dumbledore deveria confiar?
- Creio ter alguns assuntos mais importantes para resolver – completou, finalmente.
- Entendo... – disse Dumbledore, entregando o bebê a Hagrid – E poderia me dar a honra de conhecer os seus planos?
Snape olhou novamente para os olhos azuis do diretor, esperando que ele dissesse que estava brincando, porque ele realmente não esperava que ele respondesse, não é verdade? Mas Dumbledore continuou fitando os seus olhos sem piscar, então ele, desarmado, balbuciou uma resposta.
- Eu... vou... ao encontro dos Malfoy.
- Aham – disse Dumbledore, esperando mais.
- Temos... assuntos a serem resolvidos, como o senhor deve imaginar.
Dumbledore encarou por mais alguns segundos os olhos do Comensal da Morte à sua frente. Ficaram durante tanto tempo assim que Hagrid já estava ficando aflito de observar os dois.
- Severo – disse Dumbledore, colocando a mão sobre o ombro de Snape – Você é diferente, criança. Foi o fato de ser diferente que o trouxe aqui esta noite. Foi o fato de ser diferente que o levou até Hogwarts buscar minha ajuda. E o que te faz ser diferente, Severo, é ter dentro de você um poder que o Lorde das Trevas nunca teve. É ter dentro de você o poder de amar alguém. E isso derrotou Voldemort: o amor. Ele não contava com isso, assim como você.
- Amor? – disse Snape, rindo nervoso – O amor é uma fraqueza.
- Isso é o que ele dizia, Severo – continuou Dumbledore – Mas você não pensa assim. Se o amor é uma fraqueza, o que lhe trouxe aqui hoje?
Snape suspirou profundamente e olhou para o bebê.
- O que será do garoto? – perguntou a Dumbledore, ouvindo o suave ronronar vindo do colo de Hagrid.
- Ele estará protegido até que chegue a sua hora. Até lá, no entanto – ele disse, encarando-o novamente – Há um longo caminho. E eu gostaria que você me ajudasse nele, Severo.
Snape riu sarcasticamente e deu de ombros.
- E o que posso fazer por você, velho? O que mais posso fazer na vida além de estragar a dos outros?
- Está sendo severo demais consigo mesmo.
- Sério? E o que o senhor sugere?
- Eu sugiro, Severo – disse Dumbledore, tirando um pergaminho do bolso – Que você leia isto aqui.
Snape pegou o pedaço de pergaminho enrolado e amarrado com um fio verde, o abriu e passou os olhos rapidamente sobre aquela caligrafia fina.
- O que diabos isso quer dizer? – ele disse, depois de ler tudo.
- Esse é o contrato de demissão do professor Horácio Slughorn – Dumbledore respondeu, enrolando o pergaminho no ar com um toque de sua varinha. O papel voou e caiu de novo dentro do seu bolso – Ele se aposentou recentamente. Precisaremos de um novo professor de Poções em Hogwarts o mais rápido possível.
- Está sugerindo que...
- Sim. Se você aceitar, gostaria que fosse o novo professor de Poções na Escola. Sempre foi um ótimo preparador e soube que recentemente conseguiu o título de Mestre de...
- Eu poderia fazer algo mais útil, de qualquer forma – interrompeu Snape, de repente mostrando-se muito prestativo – Eu poderia ensinar Defesa Contras as Artes das Trevas. É o que sei melhor e seria uma grande honra poder...
- Não, Severo – disse Dumbledore com um tom de voz mais definitivo – Tenho certeza de que seria um excelente professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, no entanto... Por motivos que não posso lhe confessar no momento, eu prefiro que você fique com o cargo de professor de Poções. Posso aceitar essa sua contraproposta como um sim?
Snape pensou e, ainda relutante, perguntou:
- Mas... e os alunos? Aceitarão como professor um Comensal da Morte? E seus pais? O que eles pensarão se souberem que...
- Eu me encarrego dessa questão.
- E a comunidade bruxa? Todos se voltarão contra o senhor quando souberem que me nomeou como...
- Não se preocupe com isso, Severo – disse Dumbledore – Tenho certeza que meu testemunho em tribunal será o suficiente.
Snape mordeu os lábios.
- Em tribunal?
- Sim – respondeu Dumbledore – O Ministério se encarregará de capturar os Comensais da Morte um a um, em pouco tempo. Sem Voldemort, o que lhes resta, senão a prisão de Azkaban?
Snape suspirou profundamente e olhou para Hagrid, que carregava sem jeito o pequeno Harry Potter.
- E, se você realmente quiser o cargo – continuou Dumbledore – Seria uma honra tê-lo também como diretor da Sonserina.
Os olhos de Snape brilharam. O que fiz, afinal, para merecer tudo isso?
Como se tivesse adivinhado seus pensamentos, Dumbledore respondeu:
- Eu confio em você, Severo, assim como você confiou em mim esta noite. Sinto muito por não tê-lo conseguido ajudar, então acho que isso é o mínimo que posso fazer por você. Nada trará o que perdemos de volta, mas podemos ajudar uns aos outros a construirmos nossas vidas daqui em diante.
O bebê continuava dormindo. Dumbledore virou em direção a Hagrid, olhando para o garoto e, depois, para a sua cicatriz.
- Hagrid, vá. Mas tenha consciência de que terá uma viagem longa e difícil, sem magia.
- Sim senhor, sim senhor! Eu encontrarei uma maneira!
- Severo – disse Dumbledore, voltando-se para a porta – Venha! Tenho que levá-lo a Hogwarts. Eu logo estarei lá, Hagrid – disse, desta vez piscando para o gigante, que sorriu nervosamente.
Snape olhou para Hagrid e para o garoto, partindo em seguida atrás de Dumbledore. Os dois passaram pelas pedras e, depois, aparataram juntos em Hogsmeade. O silêncio de Godric’s Hollow contrastava com o alto ruído de festividades na cidade bruxa próxima a Hogwarts. Dumbledore notou como Snape observava tudo atentamente.
- A capa, Severo – e Snape rapidamente se escondeu sob a capa de invisibilidade de Tiago Potter. Certamente um Comensal da Morte não seria muito bem-vindo ali.
Ele seguiu ao lado de Dumbledore. Não estava nevando em Hogsmeade, mas fazia uma noite muito fria e o céu estava limpíssimo, iluminado pelas estrelas. À medida que iam se aproximando da movimentação, o barulho ia ficando maior. Eram pessoas rindo, comemorando, batendo copos. Voldemort havia sido derrotado. Não se sabe como, mas ele não conseguiu matar o menino Harry Potter. Era uma vitória comemorada por todos.
- Como se sente, Severo? – perguntou o diretor em voz baixa, mas em um volume alto o suficiente para que fosse ouvido em meio a todas aquelas vozes.
Snape demorou para responder. Lembrou de Lílian, mas também pensava, pela primeira vez em muitos anos, que estava livre. E essa era uma das melhores sensações que já havia sentido em toda a sua vida. Era, então, um contraste de emoções. Dumbledore entendeu.
- Você vai se acostumar, Severo. Veja só! – disse, alegrando a voz – Madame Rosmerta!
O diretor deu um forte abraço na dona do Três Vassouras, no qual ela abriu um largo sorriso. Snape tinha dificuldades para não pisar no pé de ninguém, agora que estavam em meio à multidão. Rapidamente eles passaram por todos, o que irritara Snape levemente, visto que Dumbledore parava a cada dois metros para cumprimentar algum bruxo excepcionalmente feliz pela queda de Voldemort.
Fora um alívio chegar em Hogwarts. Mesmo estando frio, a capa já o estava sufocando. Os dois entraram silenciosamente e Dumbledore levou Snape direto para as masmorras, onde ele já tinha estado antes, há alguns meses.
- Descanse, Severo – disse o diretor, pegando um pouco de pó de flu com uma das mãos – E seja bem-vindo.
Com um sorriso e uma explosão, Dumbledore desapareceu na lareira. Snape apreciou o silêncio e olhou atentamente cada detalhe do lugar. Era uma sala bastante grande, com uma entrada para os aposentos. Ainda não acreditava que estava ali.
Sentou-se na poltrona. Deixou cair o próprio corpo, na verdade. Estava tão cansado que apenas naquele momento percebeu que não dormia há dias. E tanto, mas tanto havia acontecido...
Deixou-se levar pelo conforto e logo pegou no sono, ali mesmo na sala. Um sono que duraria dias, mas desta vez sem preocupação em acordar. Porém, lá no fundo sabia que, quando acordasse, sua vida seria drasticamente diferente.
Em um lugar muito longe dali, na Rua dos Alfeneiros, nº4, os Dursley já tinham se recolhido. Um homem apareceu tão súbita e silenciosamente que se poderia pensar que tivesse saído do chão. Um gato que estava próximo mexeu ligeiramente o rabo e seus olhos se estreitaram.
Alvo Dumbledore não parecia ter consciência de que acabara de pisar numa rua onde tudo, desde o seu nome às suas botas era malvisto. Estava ocupado apalpando a capa, procurando alguma coisa. Mas parecia ter consciência de que estava sendo vigiado, porque ergueu a cabeça de repente para o gato, que continuava a fixá-lo da outra ponta da rua. Por algum motivo, a visão do gato pareceu diverti-lo. Deu uma risadinha e murmurou Eu devia ter imaginado.
Encontrou o que procurava no bolso interior da capa. Parecia um isqueiro de prata, mas com ele erguido no ar, fez com que todos os postes se apagassem. Dumbledore tornou a guardar o “apagueiro” na capa e saiu caminhando pela rua na direção do número quatro, onde se sentou no muro ao lado do gato. Não olhou para o bicho, mas, passado algum tempo, dirigiu-se a ele.
- Imaginei encontrar a senhora aqui, profa. Minerva McGonagall.
E virou-se para sorrir para o gato, mas no lugar deste estava uma mulher de aspecto severo. Ela também usava uma capa, de cor esmeralda. Trazia os cabelos presos num coque apertado e parecia decididamente irritada.
- Como soube que era eu? – perguntou.
- Minha cara professora, nunca vi um gato se sentar tão duro.
- O senhor estaria duro se estivesse sentado o dia todo em um muro de pedra – respondeu a profa. Minerva.
- O dia todo? Quando poderia estar comemorando? Devo ter passado por mais de dez festas e banquetes a caminho daqui.
A professora fungou aborrecida.
- Ah sim, vi que todos estão comemorando – disse impaciente – Era de se esperar que fossem um pouco mais cautelosos. Eu ouvi... bandos de corujas... estrelas cadentes... Ora, os trouxas não são completamente idiotas. Não podiam deixar de notar alguma coisa.
- Você não pode culpá-los – ponderou Dumbledore educadamente – Temos tido muito pouco o que comemorar nos últimos onze anos.
- Sei disso – retrucou a professora mal-humorada – Mas não é razão para perdermos a cabeça. Ia ser uma graça se, no próprio dia em que Você-Sabe-Quem parece finalmente ter ido embora, os trouxas descobrissem a nossa existência. Suponho que ele realmente tenha ido embora, não é, Dumbledore?
- Parece que não há dúvida. Temos muito o que agradecer. Aceita um sorvete de limão?
- Um o quê?
- Um sorvete de limão. É uma espécie de doce dos trouxas de que sempre gostei muito.
- Não, obrigada – disse a profa. Minerva com frieza, como se não achasse que o momento pedia sorvetes de limão – Mesmo que Você-Sabe-Quem tenha ido embora.
- Minha cara professora, com certeza uma pessoa sensata como a senhora pode chamá-lo pelo nome que recebeu: Voldemort - a professora franziu a cara, mas Dumbledore, que estava separando dois sorvetes de limão, pareceu não reparar – Tudo fica tão confuso quando todos não param de dizer “Você-Sabe-Quem”. Nunca vi nenhuma razão para ter medo de dizer o nome de Voldemort.
- Sei que não vê – disse a professora – Mas você é diferente. Todo o mundo sabe que é o único de quem... ah, está bem, Voldemort tem medo.
- Isto é um elogio – disse Dumbledore calmamente – Voldemort tinha poderes que nunca tive.
- Só porque você é muito... bem... nobre para usá-los. Sabe o que estão dizendo? Por que ele foi embora? Que foi que finalmente o deteve? O que estão dizendo – continuou ela – É que a noite passada Voldemort apareceu em Godric’s Hollow. Foi procurar os Potter. O boato é que Lílian e Tiago estão... estão... mortos.
Dumbledore fez que sim com a cabeça. A profa. Minerva perdeu o fôlego.
- Lílian e Tiago... Não posso acreditar... Não quero acreditar… Ah, Alvo. Estão dizendo que ele tentou matar o filho dos Potter, Harry, mas... não conseguiu. Não conseguiu matar o garotinho. Ninguém sabe o porquê nem o como, mas estão dizendo que na hora que não pôde matar Harry Potter, por alguma razão, o poder de Voldemort desapareceu, e é por isso que ele foi embora.
Dumbledore concordou com a cabeça, sério.
- É... é verdade? Depois de tudo o que ele fez… todas as pessoas que matou… não conseguiu matar um garotinho? É simplesmente espantoso... Mas, por Deus, como foi que Harry sobreviveu?
- Só podemos imaginar – disse Dumbledore – Talvez nunca cheguemos a saber.
Em outro lugar, a quilômetros dali, um jovem de cabelos longos e negros agarrava-se a Rúbeo Hagrid em profundo desespero, lamentando a noite que acabara de acontecer. Ele trazia em seu peito uma espécie de amuleto que parecia ser o dente de um cão. Segurava o braço de Hagrid com tanta força que o gigante por pouco não o jogou longe, ao se desvencilhar.
- Calma, homem! – disse Hagrid, segurando o pequeno Harry Potter em seus braços – Veja, é o garoto.
O rapaz enxugou as lágrimas do rosto e esboçou um sorriso esperançoso ao ver o pequeno pacote no colo do gigante.
- Harry, o pequeno Harry... – disse Sirius Black – O que será dele agora, Hagrid?
- Eu... preciso levá-lo o mais rápido possível a Dumbledore. Pensei que talvez você pudesse... levá-lo em uma vassoura, não sei. Eu não posso voar em uma vassoura, ainda mais com um bebê nos braços! O meu tamanho, sabe...
- Não! – disse Sirius, de repente tendo uma idéia – Você pode ir com a minha moto! Ela é velha, mas funciona bem. Tenho certeza que agüentará o seu peso... mas... por que o Harry não pode ficar aqui? Eu sou o padrinho dele, não? Eu tenho o direito de ficar com ele! E...
- Está bem, homem, tenho certeza de que Dumbledore fará o que for mais correto. Veja só, o coitadinho tem uma cicatriz... Acho que Dumbledore vai tirá-la ou algo assim... Ver se não sofreu algo com os feitiços...
- É, então é melhor levá-lo o mais rápido possível... Espere, eu vou pegar a moto...
Hagrid segurou no colo o pequeno Harry Potter enquanto aguardava a volta de Sirius. O Largo Grimmauld estava deserto mas, mesmo assim, não queria arriscar-se dessa forma. Temia pelo bebê, e Dumbledore já deveria estar lá há tempos. Precisava ir o mais rápido possível – havia uma longa jornada pela frente.
- Tome, aqui está – disse Sirius, trazendo a moto de dentro da mansão e conjurando um pequeno compartimento junto ao corpo de Hagrid – E com isso você pode levar o pequeno Harry em segurança.
Hagrid sentou-se na moto, causando-lhe uma pequena ondulação, enquanto colocava Harry Potter no pacote conjurado por Sirius.
- É, está seguro – ele disse, sorrindo – Obrigado, Sirius.
- Deixe-me... – disse Sirius, chegando mais perto – Vê-lo somente mais uma vez, Hagrid.
O gigante sorriu e abaixou-se para que o jovem Sirius pudesse passar a mão pelos cabelos do bebê e desse um outro sorriso.
- Até mais, Harry – ele disse, dando um tchauzinho com as mãos.
Hagrid deu partida na moto e voou, sumindo nas nuvens. Sirius ficou pequeno lá embaixo, tão pequeno que Hagrid nem pôde ver que, ao invés de entrar novamente em sua casa, ele montou em sua vassoura e foi voando em outra direção, como se precisasse resolver ainda naquela noite algo que estava lhe incomodando bastante. Algo que, muito em breve, mudaria o seu destino para sempre...
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