O verdadeiro herdeiro



Eles voltaram imediatamente para o castelo, torcendo para que ainda houvesse bruxos acordados. Encontraram muito poucos.
Foram para a torre da Grifinória e chamaram por Rony e Hermione. Logo, um grupo de 30 bruxos, incluindo Lupin, Tonks, Minerva, Hagrid e os 6 jovens, partiam em direção ao vilarejo vizinho de Hogwarts.
A ida foi cheia de tensão. A todo instante as varinhas eram puxadas para morcegos e outros animais noturnos.
Quando chegaram ao povoado, muitos moradores estavam nas ruas, assustados com o que havia acontecido. Alguns choravam e outros juravam fazer justiça.
A diretora de Hogwarts perguntou a um dos moradores o que havia acontecido de tão terrível assim, para que as pessoas saíssem de suas casas.
_ Eu não sei. Não quis ir ver. Ouvi as pessoas gritando, chorando de dor, implorando para serem mortas. Foi horrível só de ouvir. Imagina ver alguma coisa!
_ E de onde vinham os gritos? – perguntou Tonks, que usava um cabelo ruivo intenso e liso.
_ Dali – disse o homem apontando para o Três Vassouras.
Os membros da Ordem seguiram para o bar. Mas nada do que eles esperavam os prepararia para o que viram no local.
Mais de 12 pessoas mortas, incluindo Madame Rosmerta. Todas com requintes de crueldade. Nenhum sinal de Avada Kedavra. Ninguém foi poupado de sofrimento naquele lugar. Os corpos estavam estraçalhados, virados pelo avesso cheios de marcas de cortes.
Foi Luna quem percebeu um detalhe mais mórbido ainda. Quatro mãos, separadas de seus respectivos corpos apontavam para uma inscrição na parede, feita com sangue humano.
Isso é só um aviso: devolvam o herdeiro antes que o Lorde decida buscá-lo pessoalmente.
Não fazia sentido. Ninguém sabia de nenhum herdeiro. Eles saíram do bar desanimados. O dia que começara com uma vitória tão significativa perdera sentido com a grande quantidade de mortos.
_ É uma retaliação – sugeriu Lupin – pelo que aconteceu hoje de manhã.
_ Tudo bem – concordou Tonks – mas essa história de herdeiro não encaixa.
_ Vocês não resgataram ninguém de lá, não é mesmo? – perguntou para um dos bruxos que participou do ataque ao laboratório.
_ Não, só havia dois trouxas que morreram assassinados por comensais. Se fossem herdeiros de alguma coisa não seriam torturados até a morte. – respondeu o bruxo.
_ E se for algum dos prisioneiros? – arriscou Minerva.
_ Pode ser! Amanhã daremos veritasserum para eles e depois os interrogaremos. – disse Tonks.
_ Os prisioneiros continuam em Hogwarts? – perguntou Lupin incrédulo.
_ Continuam. E estão bem presos onde nós os colocamos – respondeu Minerva – Amanhã mostro nossa “penitenciária” a você. Agora vamos todos descansar.
Os jovens voltaram para a torre, mas eles não queriam dormir. Tinham um palpite bem diferente do da diretora. E iriam discuti-lo antes de dormir.
_ Vocês pensam o mesmo que eu? – perguntou Mione.
_ Que o herdeiro foi salvo por nós? Ou seja, que o herdeiro é o Draco? – completou Gina.
_ É, pelo visto pensamos igual! – respondeu Harry.
_ Mas se fosse Draco, Aquele-que-não-deve-ser-nomeado já teria vindo atrás. A gente resgatou Draco há um bom tempo. – argumentou Rony.
_ Não se ele estivesse ocupado – comentou Luna, como quem comenta sobre o tempo de uma tarde de domingo.
Eles se olharam. Sim, poderia ser aquilo. Draco estava muito bem guardado. Ninguém descobriu a primeira invasão ao laboratório, nem a morte do dementador, que era guarda exclusivo de Draco. E eles ainda contaram com a ajuda de Krum.
_ Então, temos que procurar Lucius. Draco corre perigo! – falou Harry, decidido.
_ E descobrir o que ele vai herdar – somou Luna.
Aquela noite a jovem loira estava inspirada e só fez comentários úteis. Harry, ao ouvir isso, lembrou-se do sonho em que Voldemort contava para Snape que já tinha um herdeiro. Mas que ele não herdaria o poder, nem o lugar dele.
Harry pensou o quanto era incrível que essa história de herdeiro aparecia constantemente nos últimos dias. Primeiro a profecia de Rony. Depois a lembrança de sua mãe. E agora, o recado deixado pelos comensais.
Estava quase amanhecendo quando eles finalmente foram vencidos pelo cansaço e adormeceram ali mesmo, aos pés da lareira do salão comunal.
Todos acordaram com o corpo dolorido e com frio, a lareira estava quase apagada. Eles se arrumaram e voltaram para o salão principal. Com certeza um chá bem quente os deixaria animados de novo.
Já sentados tomando o chá servido com bolinhos de baunilha, ninguém quis falar nada sobre a noite anterior. A imagem das doze pessoas totalmente dilaceradas no Três Vassouras não saía da mente deles.
Ficaram em silêncio por um bom tempo. Gina percebeu que seu chá havia esfriado e foi aquecê-lo com a varinha. Antes que pudesse voltar a bebê-lo, a porta do castelo se abriu e um bruxo de roupa preta, usando uma capa da mesma cor, com um capuz que lhe cobria mais da metade do rosto entrou.
Vários bruxos vinham atrás tentando impedi-lo. O bruxo só virava sua varinha e impedia os feitiços como se lesse a mente dos conjuradores.
Ele caminhava direto para os garotos, e eles se levantaram com as varinhas já em mãos. Assim que chegou perto o suficiente, o bruxo tirou o capuz.
_ Lucius! – exclamou Mione – O que faz aqui???
_ Preciso falar com o Harry, é urgente e gravíssimo! – respondeu o ex-comensal da morte.
Harry teve que gritar a todos que estava tudo bem e a diretora teve que intervir para que acreditassem que Lucius Malfoy não era mais um comensal da morte.
Os dois foram para a sala da diretora junto com ela, onde poderiam conversar mais tranqüilos. Lucius não aceitou a cadeira que Minerva ofereceu. Seu nervosismo era tão grande que ele andava de um lado a outro da sala sem parar.
_ Agora pode dizer, Lucius, qual o problema? – falou Harry.
_ Eu vi, Potter, naquele espelho que você me deu. Vi a Belatriz conversando com o Lorde. E eles falavam sobre o Draco.
Harry olhou preocupado para a diretora.
_ O que falavam sobre ele exatamente? – perguntou McGonagal.
_ Falavam que ele não poderia ter sumido. Que Belatriz deveria encontrá-lo o mais rápido possível. E que se fosse preciso, era para matar Narcisa caso ela soubesse o paradeiro do filho.
_ Ele não disse o porquê de tanto interesse assim? – perguntou Harry.
_ Não, não disse. Mas tenho quase certeza que Narcisa sabe. Ela está sendo muito bem tratada na Fortaleza. E você sabe que Voldemort não dispensa bons tratos com qualquer um.
_ Mas ela sabe que o Draco está com você? – quis saber o jovem bruxo.
_ Não, eu não tive coragem de conversar com ela. Primeiro porque Bela vive ao seu lado, como se a vigiasse. E segundo, bem, ela não entenderia tudo o que eu fiz por ele.
As últimas palavras saíram quase que sussurradas. Pelo visto, Narcisa daria a vida do filho, mas não aceitaria que ele mudasse de lado ou que recebesse ajuda dos inimigos de Voldemort.
_ Eu sei – continuou Malfoy – que elas desconfiam de mim. Eu fiquei muito tempo afastado. Mas tive medo de que algum dos meus antigos companheiros usasse legilimência em mim. Eu nunca fui bom oclumente.
Finalmente, Malfoy parara de andar e se jogara em uma cadeira. Parecia exausto, aflito, indefeso até.
_ Sinto que mesmo naquela casa, Harry, Draco corre perigo. Afinal, ele não consegue se defender. Nem sabe para que serve uma varinha.
Aquilo não era mais uma informação. Era uma súplica para que alguém ajudasse a proteger seu filho. Malfoy mudara muito e se não fossem as condições em que eles encontraram Draco, qualquer um poderia jurar que estava fingindo.
_ Diretora – disse Harry depois de um tempo – o professor Slughorn ainda está no castelo, não é mesmo?
_ Está, Potter. Mas não vejo em que o professor possa ajudar! – respondeu-lhe Minerva.
_ Se não se importar de me esperar aqui Lucius, eu volto num instante com a solução dos seus e dos nossos problemas. – disse o jovem, que saiu assim que Lucius fez um sinal com a cabeça.
Mais de 20 minutos haviam se passado quando Harry retornou com o ex-professor de Poções. Este se mostrou admirado com a presença de Lucius Malfoy, mas logo todas as explicações foram dadas.
_ Agora é sua vez de explicar o que quer do professor, Potter – pediu McGonagal.
_ É muito simples, nós vamos trazer Draco aqui para o castelo. As condições são melhores aqui para cuidar da saúde dele. E depois Lucius vai para a Fortaleza, na esperança de encontrar Draco.
_ Harry, isso é loucura. O Lorde saberia assim que eu pisasse na Fortaleza que eu estou mentindo. – contestou Lucius.
_ É para isso que o professor Slughorn está aqui. Lembra, diretora, do que ele fez na memória da Umbridge? Pode repetir na do Lucius e ele vai manter Draco e ele mesmo em segurança. Além de descobrir o que querem com ele.
_ É uma idéia interessante, Harry. Mas tem um pequeno inconveniente – argumentou o professor.
_ Qual? – perguntaram os outros três ao mesmo tempo.
_ Lucius pode não se lembrar de nada. Inclusive que vocês o estão ajudando. E isso será perigoso, até para Draco.
_ Não há nada que possa resolver isso? – perguntou Harry aflito.
_ Só se existir algum laço mais profundo entre vocês. O que eu imagino não ser possível – disse Slughorn.
_ Um laço? Precisa ser um laço de afinidade? Ou pode ser um laço mágico?
_ Laço mágico? Como um...
_ Um juramento inquebrável?
_ Bom, um juramento inquebrável resolveria a questão. Mas Malfoy, você faria um juramento desses?
_ Não faria – respondeu o homem – eu já fiz, Slughorn. Agora faça a sua parte o mais rápido possível!
_ Primeiro precisamos tirar o Draco da casa e trazê-lo para cá. Assim, modificamos a memória uma vez só!
Harry deixou os três conversando e foi informar aos amigos sobre a vinda de Draco para o castelo.
_ O combinado – disse Harry – foi de Lupin e Tonks buscarem Draco no Largo Grimmauld e o levarem em segurança para o castelo. Para não haver problemas caso ele se recuse a acompanhar os dois, Lucius vai junto e vai fazê-lo adormecer com uma poção. Depois, eles vão aparatar em Hogsmeade. Mais precisamente na Casa dos Gritos e vir para o castelo.
_ É um plano e tanto – comentou Gina – acho que não tem possibilidade de falhas.
Eles partiram antes mesmo do almoço, com a previsão de regressarem em no máximo duas horas.
_ Mais um período de tensão e ansiedade – reclamou Mione.
_ Tem sido assim todos os dias este ano – completou Rony.
_ É, mas o que irrita é que é uma tensão que não resolve nada. Todo dia alguma coisa acontece e atrasa nossos planos. Parece até de propósito – desabafou a namorada de Ron.
_ Sei como você se sente, Mione. Aliás, acho que sinto até mais que você. Por mim, acabava com essa história de uma vez. Ia lá naquela fortaleza e dava um fim nisso tudo. – extravasou Harry.
_ Mas agora isso vai acabar, não é mesmo? Assim que alterarem a memória do Lucius a gente vai com ele para a Fortaleza – argumentou Gina.
_ Não sei, não sei se deveríamos sair antes de descobrir essa história do herdeiro e do que Voldemort quer com Draco. – assomou Harry.
Eles continuaram conversando, quando um garoto de uns 12 anos chegou e entregou um bilhete a Harry. Era da diretora e o chamava imediatamente a sua sala.
Ele obedeceu ao chamado e foi até a sala da diretora. Chegou e antes que pudesse bater a porta se abriu e McGonagal o convidou para entrar.
Havia mais uma pessoa na sala, mas estava sentada no escuro e Harry não pode ver quem era.
_ Bem, Potter, o chamei aqui para lhe informar que a sua prima já está completamente curada – disse a diretora.
_ Prima? – estranhou Harry.
A pessoa ao fundo da sala se levantou e veio para a claridade.
_ Já se esqueceu de mim, Harry?
Então o jovem finalmente viu quem era. Ada Goldrisch estava ali, de volta ao castelo.
Ela foi até o jovem e o abraçou. Eram os únicos parentes bruxos que ambos possuíam.
_ Agora, pode me contar tudo o que aconteceu! Não tinha como vir para cá antes por causa dos ferimentos. Tinha uma dieta rigorosa e umas poções horríveis para beber. Só agora consegui autorização do meu medibruxo – falou Ada.
Harry e Minerva contaram a professora de História da Magia Avançada tudo o que havia se passado. Ada se mostrou muito interessada na batalha do laboratório e na presença de elfos e anões no mesmo ambiente.
_ Vou deixá-los conversando, preciso verificar se Lupin e Tonks deram alguma notícia – disse McGonagal enquanto saía.
Assim que a diretora saiu, Harry pode perguntar o que o estava incomodando tanto.
_ Ada, você sabe alguma coisa sobre o herdeiro dos olhos de Thor?
_ Sei – disse um pouco surpreendida – é uma profecia muito antiga, Harry.
_ Eu sei disso, mas queria entender o que são os olhos de Thor. É alguma jóia, assim como a Andriax, ou um objeto mágico?
Ada se levantou e começou a andar pela sala. Parecia bastante compenetrada, como se escolhesse bem cada palavra que ia usar. Por fim, ela disse:
_ Harry, a profecia dos olhos de Thor é a mais antiga não cumprida até hoje. Ela existe há pelo menos 600 anos! Onde você ouviu isso?
_ O Rony disse que as estrelas falaram com ele sobre essa profecia – respondeu o rapaz em voz baixa.
_ Então, a profecia veio à tona outra vez?
_ Não só a profecia. Nós temos uma pista muito forte sobre quem é esse herdeiro.
Rapidamente ele contou os últimos acontecimentos à professora.
_ Faz sentido, Harry. A profecia diz que o herdeiro dos olhos de Thor vai possuir uma arma incomum, a única arma capaz de expulsar os mortos.
_ Como assim? Que mortos?
_ A verdade é que a parte sobre essa profecia se encaixa em uma longa história. Uma história que diz que quando o mal se levantar todo aquele que pertenceu ao mal em vida irá se levantar e engrossar as fileiras dos seguidores do tormento.
_ Inferis, mortos-vivos! É isso, não é? E eles são fortes e nojentos, fariam uma grande diferença, com certeza! – exclamou Harry, lembrando do Inferi que o segurou na caverna.
_ Isso mesmo! E a única arma que pode fazê-los voltar para os seus lugares é a luz que sairá dos olhos de Thor.
_ Então, se Malfoy for mesmo o herdeiro, por que Voldemort o quer? Ele sabe que a família de draco sempre foi fiel a ele. – argumentou Harry.
_ Talvez eu possa lhe responder. Pelo que sei, esse é o rapaz que quase assassinou Dumbledore ano passado. Uma tarefa bem difícil para um comensal daquela idade.
Harry abaixou a cabeça e continuou a ouvir os argumentos da professora.
_ Voldemort não daria uma tarefa desse porte a Draco por puro capricho. Ainda mais tendo Snape dentro do castelo. Então, raciocine comigo, Harry: por que Draco Malfoy? Para se vingar de Lucius? Se fosse uma simples vingança ele teria matado o homem ou alguém de sua família.
_ E – completou Harry – ele não teria castigado Draco depois. Afinal, ele conseguiu o que queria. Dumbledore está morto.
_ Perfeito! – exclamou Ada.
_ Tá, mas ainda não consigo entender! – disse Harry um pouco sem paciência.
_ Os olhos de Thor são uma herança divina. Um presente dado por uma entidade boa, benéfica. Mas o herdeiro pode ser destituído desse presente se cometer um crime. Então...
_ Se Draco assassinasse Dumbledore, deixaria de ter os olhos e não ofereceria mais perigo ao exército de Inferis de Voldemort – concluiu o rapaz.
Eles continuaram discutindo as implicações da profecia e como Draco poderia ajudar estando ainda doente. O jovem bruxo chamou a professora para almoçar junto com os amigos, ao que ela aceitou de bom grado.
Voltaram para o salão principal e encontraram todos discutindo se o plano sobre Draco e Lucius daria certo.
O almoço foi servido e eles mal tocaram na comida, tamanha era a expectativa. Estavam no final da sobremesa, quando Lucius entrou, indicando caminho ao filho e seguido de perto por Lupin e Tonks.
_ Tudo certo – avisou a auror, que usava um cabelo crespo, curto e loiro.
_ Muito bem, Draco – disse Lucius ao filho – você vai ficar aqui para ser cuidado pelos melhores medibruxos do mundo.
_ Ah, está bem – falou o garoto que aparentava ter emagrecido uns 5 quilos e tinha o olhar abobalhado – Onde é o meu quarto?
Draco ocupou um quarto conjugado ao da diretora de Hogwarts que achou mais prudente do que deixá-los com os outros da sua idade.
_ Agora – disse Lucius determinado – onde está Slughorn. Eu preciso “esquecer” muitas coisas!

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