O ataque da Ordem
A manhã de 25 de dezembro chegou com um bom presságio. Não havia nuvens no céu e apesar do frio, a neve parara de cair. O sol frio do inverno dava um brilho especial aos galhos das árvores, molhados pela neve derretida.
Os anões já estavam a postos com inúmeras espadas reluzindo à claridade daquele dia especial. Eles esperavam o batalhão que deveria sair dentro de pouco tempo.
Antes que todos acordassem, um anão já de idade bem avançada pediu que as espadas fossem postas lado a lado no chão do acampamento. Depois, retirou um saco de veludo negro de sua bolsa de viagem e caminhou ao lado das espadas. Ele espalhava sobre elas um pó púrpura enquanto pronunciava frases em uma língua muito antiga, que nem mesmo os outros anões conheciam.
Quando terminou cada espada emanava um brilho etéreo, as lâminas pareciam ainda mais afiadas e o peso havia diminuído pela metade.
Os bruxos, escolhidos a dedo para formar o batalhão, começaram a sair do castelo. O anão mais velho entregou a cada um deles uma espada. E assim que eles as seguravam, o nome do “guerreiro” aparecia gravado no cabo.
Harry, Ron, Gina e Mione observavam tudo a um canto do jardim. Queriam ir junto com eles, mas acharam melhor esperar o resultado desse primeiro confronto. Se fosse positivo, eles procurariam Malfoy, que tinha ficado na casa que fora de Sirius. E partiriam para a fortaleza de Voldemort.
O exército rumou para o centro de Londres, seguindo as instruções dadas pela diretora McGonagal. Eles aparataram de Hogsmeade direto para o parque, que ficava próximo ao barracão utilizado como laboratório.
Não havia mais necessidade de esconder coisa alguma dos trouxas, afinal, a maioria deles já tinha se mudado da Inglaterra.
Um bruxo armeno conjurou uma magia difícil, para encontrar a porta do laboratório. Assim que a identificaram, dividiram o grupo em 3 frentes de combate. A primeira, de reconhecimento, entraria estuporando e paralisando quem estivesse na primeira sala. A segunda, entraria para dar reforços e eliminar as magias anti-invasão e a terceira, ficaria encarregada de cuidar dos feridos e dos reféns, caso houvesse algum.
A primeira frente encontrou poucos problemas. Haviam poucos guardas na entrada e logo eles foram estuporados e amarrados. Quatro bruxos voltaram para o parque levando consigo os guardas aprisionados. Estes eram novamente enfeitiçados por três bruxos chineses, que conheciam magias diferentes. Os guardas foram transformados em pequenos camundongos. Assim, poderiam ser aprisionados em uma gaiola mágica especial.
O segundo grupo entrou e os problemas começaram a aumentar. Eles se dirigiram para a sala de torturas e encontraram um grupo razoavelmente grande de comensais se divertindo com dois trouxas presos a camas de pregos.
_ Olhem, invasores! – berrou um dos comensais.
Os membros da Ordem estuporaram alguns comensais antes que pudessem se virar, mas os comensais usavam feitiços perigosos e logo começaram a ganhar vantagem.
Uma decisão precisava ser tomada, e eles teriam que fazer isso em um segundo: usar ou não usar feitiços mais agressivos. A decisão foi tomada por um jovem bruxo, que usava uma capa com um capuz.
Gui Weasley puxou sua varinha e gritou Crucius com tanta força que fez o comensal mais próximo bater de encontro a parede e desmaiar de dor. Depois disso, Gui se virou para o resto e falou:
_ São inimigos e merecem ser tratados como tal. Usem o que for preciso, mas hoje este laboratório não ficará inteiro!
Era a inspiração que faltava. Se alguém da família Weasley, que sempre foi conhecida por sua bondade e lealdade, usava uma magia tão forte assim, os outros bruxos também usariam.
A luta ficou em pé de igualdade em relação aos feitiços, mas o número de membros da ordem era bem maior que os comensais. Por mais que estes gritassem, convocassem aliados ou qualquer outra coisa, sempre ficavam em desvantagem numérica.
Os bruxos de outras nacionalidades começaram a usar os feitiços próprios de seus países. Um dos feitiços mais usados (e ensinados posteriormente) foi o Apicus, lançado por um bruxo mexicano. Um enxame de abelhas mágicas atacava o rosto do adversário e este, se tivesse sorte, ficaria sem enxergar e falar por pelo menos umas duas semanas.
Outro feitiço ensinado por um grupo de feiticeiros africanos provocava uma grave insolação nos comensais. Eles apenas murmuravam, quase que sem gesto algum, a palavra Igneasolis e um sol ofuscante dominava a cabeça do inimigo e minava suas forças gradativamente.
A batalha na sala de torturas durou um bom tempo. E os membros da ordem avançaram para as salas seguintes.
O que aconteceu não foi diferente. Um a um os comensais eram derrubados e transformados em ratos. Uma equipe se ofereceu para fazer a faxina – que era retirar os comensais derrotados e levar para a gaiola do lado de fora.
Quando os membros da ordem entraram no setor de testes de poções e feitiços novos, a situação se complicou um pouco. O setor estava cheio com nada menos que 12 dementadores mestiços, que agora possuíam um corpo físico muito resistente e varinhas.
Sem os capuzes usuais, eles revelavam uma face putrefata, sem olhos, com uma enorme boca, cheia de dentes pontiagudos e escuros. As mãos possuíam garras afiadas e eles exibiam, com orgulho, enormes berrugas e bolhas cheias de pus por toda pele. Quando essas bolhas estouravam, o líquido que saía queimava a pele de quem estivesse por perto.
A tristeza emanada pelos dementadores era cada vez mais forte e chegava a pesar no ar. Mas nada, nem ninguém, conseguiria impedir a ordem de realizar sua missão. Os bruxos conjuravam feitiços para os outros comensais e tentavam manter afastados os dementadores.
A luta prosseguia cada vez mais violenta, até que a porta de trás do enorme salão se abriu e entraram um troll das cavernas e um lobisomem bem feroz.
Gui reconheceu imediatamente Fenrir e partiu para cima dele, enquanto os outros tentavam deter o troll.
O jovem Weasley ia lançar um feitiço, mas foi impedido enquanto Fenrir caçoava dele:
_ Então veio me pedir para terminar o serviço? Não me admira, é muito melhor ser um lobisomem do que um humano fraco – grunhiu.
_ Engano seu, Lobo. Vim apenas para terminar o que eu devia ter terminado aquela noite no castelo. Minha natureza humana é muito mais forte que o seu instinto animalesco e nada do que fizer agora poderá mudar isso em mim.
_ Você não sabe o que está falando, menino idiota – retrucou Fenrir com uma mistura de grunhido e risada – agora eu tenho a força de 5 da minha espécie. Sou um lobisomem em tempo integral e posso estraçalhar você a hora que eu quiser.
Gui tinha a visão muito mais aguçada agora. Reparou nas feições do lobisomem e viu uma gota de suor brotar entre seus pelos. Aquilo só podia significar que Fenrir Greyback não estava em suas melhores condições. Aproveitando-se disso, Gui provocou:
_ Então, se faz tanta questão de terminar o serviço, vem me pegar Totó – e frisou bem a última palavra.
Greyback sentiu o sangue subir e correu atrás de Gui. Mas o rapaz revelava uma agilidade invejável até mesmo para um lobisomem. Corria entre os outros bruxos, desviava de feitiços, que invariavelmente acertavam Fenrir, subia em cadeira, mesas, armários, derrubava biombos.
O lobisomem ia ficando cada vez mais para trás. Arfava cansado, mas não desistia. Continuava a correr atrás do bruxo.
Gui parecia que tinha tomado Felix felicis tamanha era sua sorte. Nada o atingiu, ele não parecia nada cansado. Muito pelo contrário, seu ânimo melhorava sempre que via o que estava acontecendo ao seu agressor. Até seus cabelos pareciam não sair do lugar.
Ele olhou para trás mais uma vez e viu o que estava torcendo para acontecer, Greyback havia caído de joelhos e arquejava com as mãos (ou patas) sobre o abdômen.
Gui Weasley se aproximou com cuidado e sentiu no ar o cheiro de medo. Deu um sorriso vitorioso e falou:
_ Então o Totó já cansou? Que pena! Agora que eu ia buscar uma coleira pra gente passear...
A provocação foi demais para Fenrir. Ele saltou para cima do rapaz e tentou abocanhá-lo. Não conseguiu, os reflexos de Gui estavam perfeitos, mas ainda assim acertou as garras na altura do peito do rapaz. O ferimento começou a sangrar e arder e Gui urrou de dor.
_ Vou mostrar a você quem precisa usar coleira – ameaçou Fenrir indo novamente para cima do garoto.
Mas Gui já estava a postos e, no lugar da varinha, empunhava a espada dada pelos anões. O corpo de Fenrir Greyback veio de encontro a espada e a lâmina fria e reluzente entrou em suas carnes.
Ele berrou de dor. Uma dor muito profunda, jamais sentida antes. Sentia como se a maldição Cruciatos se concentrasse naquele pedaço de sua carne. Berrou a todos os que ainda estavam de pé que fugissem, que fossem para a fortaleza.
Will, o troll das cavernas, não apresentava nenhum ferimento e pegou Fenrir no colo antes de sair do laboratório, deixando Gui sem terminar o que havia começado. A espada cravara bem na cintura do lobisomem, mas o jovem bruxo ainda não sabia se seria o suficiente para matá-lo.
Os membros da ordem checaram o resto das instalações. Recolheram todas as informações que julgaram importantes e destruíram o resto das coisas. O saldo da batalha tinha sido o seguinte: duas perdas para ordem (dois jovens bruxos ingleses), 9 comensais mortos por picadas de abelhas, 4 por insolação e mais 24 detidos na gaiola.
Infelizmente os trouxas não resistiram aos ferimentos. No entanto seus corpos foram retirados do local para serem enviados a um hospital próprio para que fossem devolvidos às famílias.
Antes de começarem a aparatar em Hogsmeade, um dos bruxos do grupo virou para a trás e conjurou a marca da ordem. A enorme Fênix pairou sobre o local que tinha abrigado o laboratório do Lorde das Trevas.
O relógio marcava quatro horas e o sol já ia se pondo. O clima em Hogwarts era tenso. Ninguém tinha notícias do que estava acontecendo em Londres e a aflição já tomava conta das pessoas.
Muitos andavam sem parar, outros tentavam se distrair com livros, jogos ou qualquer atividade. Mas qualquer barulho vindo da porta tirava a atenção de todo mundo.
A porta finalmente se abriu e uma pessoa entrou. Mas não era ninguém que fazia parte do batalhão enviado a Londres. Era Remo Lupin que chegava de uma viagem muito especial.
Ele esperava que sua notícia fosse alegrar a todos. Mas esqueceu-se do que ia dizer quando soube da empreitada. Falaria com eles mais tarde. Agora queria notícias de todos.
Pouco depois que Lupin chegou, ouviu-se uma balburdia no jardim. Os anões gritavam coisas incompreensíveis. Logo uma flauta começou a tocar, seguida de tambores e outros instrumentos estranhos. Era uma música alegre e todos entenderam do que ela falava.
Falava de vitória! – imaginou Harry olhando ansioso para a porta e alegre para os amigos.
Todos correram para a porta. O batalhão voltava quase que completo e aquilo era um bom sinal. Logo cada bruxo procurou seus amigos e familiares para contar o que havia acontecido.
Gui veio ao encontro de Fleur que estava sentada numa cadeira. Na última semana a meio-veela recebeu a notícia de que sua mãe havia sido morta por um comensal. Desde então sua saúde ficava cada vez mais frágil.
Ele aproximou-se da mulher, ainda com os cortes a mostra e deu-lhe um beijo na testa, um beijo cheio de amor e ternura, que fizeram as cores voltarem a face pálida da jovem.
_ Vou até a ala hospitalar cuidar disso aqui – disse baixinho – você quer vir comigo?
_ Querro sim! Estava prreocupada.
_ Mas agora já pode se acalmar. Não aconteceu nada sério e nós ganhamos.
Eles caminharam para a ala hospitalar e quando Gui passou por Lupin, que conversava com Tonks em uma mesa, lançou sobre ele um tufo de pelos ensangüentados.
_ Nosso amigo Fenrir mandou lembranças – brincou Gui.
Lupin pegou o tufo, olhou para o rapaz e perguntou, um tanto incrédulo:
_ Você fez isso?
_ Só isso não, fiz muito mais. Deixei nele a minha marca. Não sei por quê, mas tenho a sensação de que ela também não vai cicatrizar muito bem. Como as minhas feridas. – respondeu passando a mão sobre as marcas deixadas pelo lobisomem – Depois eu lhe explico direito.
A noite foi de comemoração em Hogwarts. Havia música, dança e até os fantasmas brindavam com os vivos. Todos estavam felizes. Só Harry ainda permanecia tenso. Dentro de mais dois dias ele partiria rumo a Fortaleza.
Estava sentado com os amigos, tentando prestar atenção na conversa, quando sentiu uma mão enorme em seu ombro. Virou-se e deu de cara com Hagrid.
_ Ah, oi Harry. Preciso falar com você. A sós, se for possível!
Harry lançou um olhar para os amigos e se levantou para acompanhar o gigante.
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