A Vingança do Lorde das Trevas



Lord Voldemort estava sentado em uma poltrona confortavelmente, com as mãos entrelaçadas na sua cobra Nagini, acariciando-a.
- Minha preciosa Nagini, minha única leal e fiel amiga – sibilava Voldemort, em língua de cobra – Querida Nagini, você não sabe o quão importante é para mim. Você é minha vida.
- Meu Lorde – disse uma vozinha esganiçada. Rabicho estava encolhido à um canto da sala – Meu Lorde das Trevas. O nosso Primeiro Ministro... O dos trouxas
- Não quero perder meu tempo Rabicho – disse Voldemort, impaciente. Seus olhos avermelhados parecidos com olhos de cobra fitavam Rabicho de cima a baixo. Voldemort estava usando um capuz como o de um Comensal. Seus dedos longos e brancos continuavam a acariciar Nagini – O que você quer seu verme?
- O Lorde me perdoe... – disse Rabicho, o medo instalado em cada palavra – Mas... Mas aparece que o Ministro dos Trouxas foi levado para o St. Mungus. Parece que o Ministro da Magia descobriu que ele estava sendo controlado.
- O quê? – gritou Voldemort, pela primeira vez alterando o tom de voz – Seu imprestável! Crucio!
Voldemort apontou a varinha para Rabicho, que se contorceu de dor. Ele caiu no chão e começou a abraçar o próprio tórax, na esperança de que a dor passasse. Seus órgãos internos estavam queimando, como se o tivessem feito engolir carvão em brasa. Seus olhos estavam marejados em lágrimas. Rabicho gritava de dor
- Tirem esse incompetente da minha frente agora! – disse Voldemort, com fúria em cada palavra. Foi pelo Primeiro Ministro que ele descobrira onde estava Kinglsley Shacklebolt, foi pelo Primeiro Ministro que pudera matar ele. Mas agora não podia mais se preocupar com isso. Ele só pensava em como Alvo Dumbledore fora morto. Agora ele poderia chegar até Harry Potter. Voldemort não se sentia tão feliz desde o dia em que aniquilou seu pai trouxa. Finalmente, depois de tantos anos, não havia mais nada que Dumbledore pudesse fazer para impedi-lo. Não havia mais nada que o impedisse de acabar com Harry Potter.
- Mi Lorde – disse um dos Comensais, que usava uma máscara em forma de caveira e uma longa capa. Seus cabelos loiros estavam escondidos por um capuz – Meu filho chegou.
- Sim, Lúcio. Mande-o entrar.
Lúcio fez um gesto do lado de fora da porta. Alguns segundos depois uma figura alta e branca apareceu na frente de Voldemort. Usava uma capa como todos, mas estava sem capuz. Seus cabelos, jogados para trás e amarelos como os do seu pai contrastavam com seus olhos cinzentos:
- Mi Lorde, o serviço foi cumprido – disse Draco Malfoy, fazendo uma reverência desajeitada.
- Graças a Severo, não é? Você é inútil como seus pais, como toda sua família. Se o Voto Perpétuo não tivesse sido feito, você estaria naquele túmulo no lugar de Dumbledore.
- Mas Lorde das Trevas...
- Sem mais! – disse Voldemort, calmamente – Apesar da sua incompetência, Snape conseguiu o seu objetivo. Ele se mostrou mais fiel do que já fora a vida toda. Diferente de você, é claro.
- Mas eu sempre fui fiel ao senhor, Mi Lorde. Quase morri para concluir minha tarefa.
- Se tivesse morrido, teria sido melhor.
Draco estava ficando cada vez mais branco do que já era. Era a primeira vez que tinha uma conversa cara-a-cara com Voldemort. Suas pernas estavam bambas.
- Uhn, estou vendo que você tem medo de mim... Bom... Ótimo. – disse Voldemort – Crucio!
Um feixe de luz saiu da varinha de Voldemort. Mais não acertou Draco. Lúcio Malfoy estava encolhido humilhantemente como Rabicho estivera havia pouco tempo. Seus olhos estavam vermelhos e lacrimejando. Lúcio segurava seus pés na tentativa de fazer a dor parar. Voldemort ria, uma risada sádica.
- Não! – Draco correu para abraçar seu pai
- Petrificus Totalus! – Malfoy congelou. Não ficou desacordado. Podia ouvir e ver tudo. Lúcio continuava urrando de dor:
- Meu caro Draco, compaixão é uma coisa que um seguidor meu não pode ter. Esse é o primeiro passo que um Comensal deve seguir. Os que tiveram compaixão estão mortos ou em Azkaban. Reverso!
Ao dizer essas palavras, Draco caiu no chão, descongelado.
- Sim, Mi Lorde – disse, a raiva instalada nele.
- Assim está bom – disse Voldemort, entre os gritos de dor de Lúcio, que continuava amaldiçoado.
- Reverso! – disse Voldemort de novo. Lúcio parou de gritar. – Agora eu tenho um outro serviço para vocês.
Os dois Malfoy, pai e filho, concordaram com a cabeça levemente. Voldemort continuou a falar:
- Como todos vocês sabem, o diretor daquela escola de sangues-ruins finalmente morreu. Agora não há mais nada que me impeça de colocar minhas mãos em Harry Potter. – dizia ele, com sua cobra Nagini entrelaçada nas mãos – Esse jovemzinho precisa morrer. Mas eu quero ter esse prazer. Façam de tudo para capturá-lo e o tragam vivo até mim.
- Mas Mi Lorde, por que você o quer vivo? – perguntou Draco Malfoy. Lúcio olhou para Draco, querendo dizer para ele se calar.
- Fique quieto! Você não quer ter a mesma experiência que seu pai e o verme imprestável do Rabicho tiveram, não é?
Malfoy se calou. Voldemort continuou, seus olhos fendados olhando para os presentes. Eles estavam em uma salinha mal-iluminada, com apenas uma lareira apagada. Todos estavam ajoelhados, exceto ele, que estava sentado em sua poltrona com Nagini em seus braços. Uma vez ou outra Voldemort sibilava algo, olhando para Nagini, como se ela fosse a coisa mais preciosa naquele lugar.
- Como eu falava, procurem o Potter e o tragam até mim vivo. Eu quero ter o prazer de acabar com ele pessoalmente. Quero ter o mesmo prazer que tive quando acabei com Régulo, aquele traidor do sangue.
- Quem foi Régulo? – deixou escapar Draco Malfoy. Antes que pudesse terminar a frase, ele colocou a mão na própria boca e fechou os olhos, desejando não ter abrido a boca. Mas nada lhe aconteceu. Voldemort disse:
- Régulo Augustus Black. Irmão do já famoso e também morto Sirius Black. Ele foi um dos meus melhores Comensais. Sim, ele foi. Um dos meus confidentes, posso até dizer meu único confidente. Confiei a ele um dos meus bens mais preciosos. Mas a alma do ser humano é fraca. Régulo me traiu. Me apunhalou pelas costas. Eu o matei como nunca matei nenhum outro. Foi um prazer inigualável.
- Mas o que... – começou Malfoy, já se sentindo mais a vontade. Antes que ele pudesse terminar a frase, Voldemort disse:
- Cale a boca seu inútil! O que lhe faz pensar que pode falar como e quando quiser comigo. Parece que seu pai não lhe ensinou os princípios de um Comensal. Só fale quando for solicitado. Ou terei que colar sua boca.
Voldemort fez um gesto com a varinha, apontando para Draco. Os lábios de Draco ficaram colados. O único som que ele conseguiu produzir foi um grunhido que ninguém pode traduzir:
- Assim está melhor – disse Voldemort. Rabicho começou a rir – Parece que alguém se divertiu não é? Rabicho, volte para a cozinha, que é o lugar onde um verme imprestável deve estar.
Rabicho parou de rir na hora. Levantou-se, o que não fez muita diferença, já que ele media menos de um metro e meio. Rabicho pôs-se de frente à poltrona de Voldemort e disse:
- Sim, Mi Lorde. A palavra do Lorde das Travas é lei. Mas o que você quer que eu traga da cozinha?
- Nada. Apenas quero que fique lá. Sua companhia não é mais solicitada.
Rabicho xingou baixinho e saiu para a cozinha. Voldemort fez um movimento com a varinha que fez todas as portas se fecharem e outro movimento, que fez os lábios de Draco se descolarem.
- Pronto, agora que estamos sozinhos, quero lembrar ao seu pai uma coisinha que ele provocou a cinco anos atrás. Pode entrar.
Draco franziu a testa. De dentro da sala, em um local escuro, apareceu Belatriz Lestrange. Seus cabelos pretos e oleosos brilhavam à luz da lua que se projetava pela janela.
- Belatriz foi a Avalista do Voto Perpétuo entre Severo e Narcisa. Depois da morte de Dumbledore, Belatriz me lembrou o que aconteceu há cinco anos atrás, acrescentando detalhes extras que eu desconhecia. Belatriz, há muito tempo atrás, era a guardiã do Diário que continha minhas lembranças. Do diário que você roubou Lúcio. Mas aquele diário não continha apenas minhas lembranças. Continha minha alma. Você não podia dá-lo para qualquer aluna de Hogwarts.
- Mas Mi Lorde. Tudo saiu como eu esperava. Você precisava de alguém que pudesse sugar a vida para conseguir seu corpo. Eu lhe fiz um bem.
- Você realmente não entende, não é mesmo Lúcio? Aquilo que estava conversando com Gina Weasley não era eu. Era minha lembrança. Se eu conseguisse meu corpo novamente, não seria o Lord Voldemort que você vê hoje, mas sim o patético Tom Riddle, com dezesseis anos. Belatriz me contou sobre os seus planos. O que o Lorde das Trevas acharia se um antigo Comensal que o faz recuperar seu corpo e deixar de ser uma lembrança. Você acha que eu ficaria grato e faria de você meu melhor amigo?
Lúcio nada respondeu. Continuava ajoelhado com a cabeça baixa.
- Responda! – gritou Voldemort. Ele fez um gesto com a varinha, que fez Lúcio levitar uns três metros acima do chão. Lúcio segurava seu pescoço, como se algo o estivesse sufocando.
- Não... Eu não... Queria nada... Nada em troca – disse Lúcio, sufocando.
- MENTIRA! – gritou Voldemort. A sua têmpora estava latejando. Ele estava enfurecido – VOCÊ NÃO É TÃO BOM OCLUMENTE COMO EU – sibilava Voldemort – EU POSSO VER QUE VOCÊ QUERIA SER GRANDE. MAS PARECE QUE SEU PLANO FRACASSOU, NÃO É MESMO?
Voldemort fez outro movimento com a varinha. Lúcio caiu com o rosto no chão, tossindo. Ainda segurava seu pescoço. Estava ofegante. Tentava pegar o máximo de ar que conseguia com a boca e o nariz ao mesmo tempo.
- Quando Harry Potter cravejou aquele dente de Basilisco no meu diário, uma parte da minha alma foi perdida.
- Mi Lorde quer dizer que havia uma... Havia uma horcrux no diário? – disse Lúcio, ajeitando-se.
- Me admiro que você saiba o que é uma horcrux. Mas sim, havia uma parte da minha alma no diário. Que graças a você foi destruída. Não preciso mais de incompetentes ao meu redor. Avada Kedavra!
Um jorro de raio verde saiu da varinha de Voldemort e atingiu Lúcio em cheio. Seu corpo voou até bater na parede do fundo da sala. Draco deu um grito, mas antes que pudesse chegar ao corpo do pai, Voldemort ordenou novamente:
- Petrificus Totalus! – Draco caiu estatelado no chão, com as mãos e os pés juntos ao corpo:
- Jovem Malfoy, eu já lhe disse. Sem compaixão. Você quer ser um bom Comensal, não quer? Era só seu pai, nada mais. Você ainda tem a sua mãezinha. Mas se não trabalhar direito, ela será a próxima.
Malfoy ouvia a tudo sem nem poder reagir. Mesmo congelado, uma lágrima quente descia do seu nariz. Belatriz tinha um sorriso aberto, que fez questão de mostrar a Draco. Voldemort também. Ele estava feliz, feliz como nunca estivera fazia muito tempo.
- Reverso!
Malfoy descongelou. Havia uma expressão indescritível no seu rosto. Uma mistura e ódio e dor.
- Seque essa lágrima. Você agora é um Comensal da Morte. E terá que agir como tal.

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