Um Novo Amigo?



Capítulo 22 – Um Novo Amigo?


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“I’d take the stars right out of the sky for you

-- Eu pegaria as estrelas do céu para você --
I’d end the world give you the sun, the moon
-- Eu acabaria o mundo para dar a você o sol, a lua --”
(The Calling)



- Olha, aquela ali é a mais brilhosa, Ash! – exclamou o rapaz, apontando para um pontinho reluzente no céu.

Ele estava recostado em uma parede de pedra, sentado no chão de uma das mais altas torres daquele castelo, com uma bela morena recostada em seu peitoral, envolvida em seus braços, enquanto uma fria brisa invadia os territórios de Hogwarts e eles apenas contemplavam o céu.

- Claro que não, aquela outra estrela brilha muito mais! – disse a garota, entre risos, dando em seguida um beliscão no braço do rapaz, na intenção de fazê-lo concordar.

- ‘Tá bom, ‘tá bom. – ele disse sorrindo, por fim.

Passou uma das mãos delicadamente pelos longos cabelos castanhos de Ashley, e deu um beijo em seu pescoço em seguida, fazendo-a arrepiar-se como em todas as vezes que ele fazia aquilo. Ela, por sua vez, aninhou-se ainda mais ao corpo do rapaz, e começou a afagar as mãos dele, como que brincando com seus dedos.

- Essas semanas têm sido tão boas, Six... – comentou a morena, de um jeito distraído.

Sirius sorriu novamente e assentiu. Fazia quase um mês e meio que eles estavam saindo juntos, e o maroto seria capaz de afirmar com toda a sua certeza que cada dia estava sendo muito melhor do que o outro. Era como se sua vida estivesse com uma cor diferente, com um brilho diferente. Agora, toda vez que a noite recaía pelos extensos territórios de Hogwarts, Sirius não conseguia mais evitar levantar seu olhar para o alto e contemplar as estrelas por uns instantes, assim como Ashley sempre fazia. Os dois grifinórios se davam muito bem, eram muito parecidos na personalidade, e agora seus trejeitos misturavam-se ainda mais, graças à maior convivência. Tudo estava sendo maravilhoso, e só o que eles desejavam era que continuasse assim, para sempre.

- Vamos voltar? – Ashley pediu, desencostando do corpo do garoto e fazendo menção de levantar. – Já está ficando tarde.

- Ai, ai... – suspirou Sirius, jogando para trás os poucos fios negros que lhe caíam displicente pelos olhos. – Mulheres e o problema com horários... Você tem que aprender a relaxar, Ash!

A garota revirou os olhos, risonha, enquanto segurava o braço do maroto e puxava-o para cima, na intenção de ajudá-lo a levantar-se.

- Podemos muito bem relaxar no salão comunal... – ela disse, entrelaçando sua mão à de Sirius, enquanto os dois começavam a deixar a torre de Astronomia.

Sirius, então, passou um de seus braços pelos ombros da menina, trazendo-a novamente para mais perto dele, e os dois foram caminhando distraidamente pelos extensos, e agora escuros, corredores do enorme castelo. Vários outros alunos passavam por eles, provavelmente também voltando para os seus respectivos salões comunais, até que Sirius e Ashley resolveram dar uma passada da biblioteca antes, para ver se algum de seus amigos estava lá.

O maroto colocou apenas a cabeça para dentro do enorme aposento, passando rapidamente o olhar pelos poucos alunos que ainda estavam estudando, mas não identificou ninguém que procurava. Voltou-se, então, para Ashley, e sacudiu a cabeça negativamente. Mas, quando os dois retomaram o caminho para a torre da Grifinória, alguém fez com que parassem novamente.

- Ash! – eles ouviram uma voz masculina exclamar um pouco mais atrás, no que Sirius e Ashley logo pararam de andar.

A menina virou-se para trás, e sorriu ao ver um corvinal, aparentemente do sétimo ano, sorrindo e acenando para ela. Ashley soltou sua mão da de Sirius e foi na direção do outro rapaz, o abraçando em seguida, no que o maroto não pôde deixar de torcer o nariz, mesmo que quase inconscientemente. Os dois ficaram conversando por alguns minutos, e Sirius estava apenas um pouco afastado, observando cada detalhe, até que Ashley despediu-se do setimanista e caminhou novamente até ele, dando-lhe um selinho em seguida.

- Deixei você aqui esperando, não foi? – ela disse, enquanto os dois começavam a andar para longe dali. – Desculpe! – completou, sorrindo de um jeito travesso, aquele sorriso que ninguém mais era capaz de exibir.

- Quem era aquele cara? – Sirius logo perguntou, com a expressão um pouco emburrada. Olhou de soslaio para a menina, e percebeu que ela passava a sorrir mais ainda.

- Um velho amigo meu. – falou Ashley, colocando algumas mechas de seu cabelo para trás.

- Não gostei dele. – disse o maroto, dando de ombros, como que na intenção de parecer displicente.

Ashley soltou uma alta gargalhada, enquanto Sirius apenas dizia irritado a senha para a Mulher Gorda. Eles, então, adentraram o salão comunal da Grifinória com Ash ainda rindo e o maroto sem entender o motivo.

- Não acredito, você está com ciúme! – ela exclamou, no que Sirius imediatamente fez uma careta.

- Claro que não! – o rapaz logo rebateu, bufando em seguida.

- É claro que está! – repetiu Ash, entre várias risadas.

- Não, não estou! – Sirius insistiu, deixando agora que a momentânea expressão irritada se afastasse dele.

Ashley espreguiçou-se por alguns instantes, ao mesmo tempo em que bocejava, e aproximou seu rosto ao do maroto.

- Estou morrendo de sono, vou para o quarto. – falou ela, com a voz manhosa.

- E enquanto ao “podemos muito bem relaxar no salão comunal”? – lembrou Sirius, fazendo uma voz fina e irritante, para imitar a morena.

Ashley simplesmente deu ombros, de um jeito displicente, enquanto mandava uma piscadela, acompanhada de um sorriso maroto.

- Boa noite! – ela disse, dando um beijo em Sirius em seguida. – Ah, e sonhe comigo.

- Não vou nem dizer o mesmo para você, porque sei que você já sonha comigo todas as noites. – falou o maroto, sorrindo de um jeito charmoso para ela.

Observou-a sumir pelas escadas que levariam ao dormitório feminino, e depois começou a percorrer os olhos pelo salão comunal, até achar seus amigos. Assim que os avistou, nas tradicionais poltronas próximas à lareira, foi em direção aos três marotos, juntando-se a eles em seguida.

- Olá, pessoal! – exclamou, largando-se em uma poltrona vazia ao lado de Remo. – Ei, vocês conhecem um moreno estranho, setimanista da Corvinal?

- Existem vários, Almofadinhas... – Pedro disse, como se falasse com uma criancinha. – Por que o súbito interesse?

- Acho que a Ash não está dando conta do recado e o Almofadinhas está procurando outra pessoa, Rabicho! – exclamou Tiago, gargalhando alto em seguida.

- Esse corvinal é um amigo dela... Ficaram se abraçando hoje, muito suspeito. – Sirius explicou, ignorando o comentário engraçadinho do amigo.

-Ih, errei então: é o Almofadinhas que não está dando conta do recado! – corrigiu Tiago, arrancando risadas dos outros dois marotos, no que Sirius fuzilou-o com o olhar, mas não pôde deixar de rir fracamente logo depois. – Ficando com ciúme, pulguento?

- Sei lá, Pontas... – ele respondeu, deixando que sua cabeça pendesse levemente para trás, enquanto alguns pensamentos percorriam sua mente.

- Você não gostaria que a Ashley ficasse com outro, não é?! – Remo disse, no que seu amigo logo confirmou, assentindo.

Enquanto Remo preparava-se para sua próxima colocação, a porta de entrada do salão comunal abriu-se esgueira, e por ela passou uma ruiva um tanto sonolenta. Ela trazia alguns livros escorados em seus braços, e não pôde evitar um bocejo enquanto caminhava tranqüilamente pelo salão. Avistou seus amigos, os marotos, nos tradicionais lugares próximos à lareira, e logo passou a andar na direção onde eles estavam, apesar de nenhum dos quatro ter notado ainda sua presença.

- Já pensou na hipótese de namorar com ela, Almofadinhas? – continuou Remo, olhando seriamente para o amigo.

Lílian, assim que ouviu aquelas palavras, parou imediatamente de andar e sentou em uma poltrona meio que escondida, atrás de um grande sofá. Apurou os ouvidos, e ali ficou, totalmente em silêncio.

Sirius, por sua vez, contrariando os pensamentos de seus amigos, que certamente esperavam reclamações e caretas da parte do maroto, simplesmente apoiou o cotovelo no braço de sua poltrona e apoiou o rosto em uma das mãos, como se estivesse pensando.

- Não sei. – respondeu, simplesmente. – A sensação de ficar preso a alguém não me é muito agradável.

- Almofadinhas, você já está preso a ela. – Pedro disse, no que o garoto olhou-o um pouco confuso. – Você não quer vê-la com nenhum outro cara, têm gostado de passar a maior parte do tempo com a Ashley e não ficou com nenhuma outra garota desde Hogsmead. Só precisa mesmo oficializar, para se tornar um namoro.

Sirius encarou o amigo por uns instantes, e pôde ouvir um murmúrio de concordância vindo de Tiago e Remo. O garoto pôs-se a pensar mais um pouco, e acabou gesticulando, meio impaciente, meio risonho; um riso bobo, maroto.

- Tudo bem. – disse, por fim. – Vou pensar um pouco mais sobre isso durante esta noite e amanhã decido de uma vez.

E, com a sentença do maroto, Lílian levantou-se discretamente e rumou ainda em silêncio para as escadas que a levariam ao dormitório feminino. Assim que adentrou seu quarto, largou euforicamente seus livros no chão e correu para a cama de Melissa, onde Ashley estava com a cabeça no colo da loura.

- Lily, onde você estava?! – Mel logo perguntou, enquanto ainda afagava os cabelos longos e castanhos de sua amiga.

- Na biblioteca! – respondeu a ruiva, preparando-se para repassar o que tinha ouvido momentos antes, mas foi interrompida.

- Na biblioteca?! – Ash disse, com a expressão intrigada. – Sirius e eu passamos lá, mas não vimos você!

- Ah, eu estava em uma mesa mais ao fundo e com uma pilha de livros na minha frente... – explicou Lílian, gesticulando impacientemente. – Meninas, vocês não sabem o que acabei de ouvir no salão comunal!

- O quê? – Mel perguntou, arregalando os olhos de curiosidade. – Conta logo, Lily!

- Acho que o Sirius vai pedir a Ash em namoro! – exclamou a ruiva, com os olhos faiscando de excitação.

Melissa soltou um grito de comemoração e começou a abraçar Ashley, no que Lílian rapidamente fez o mesmo. Mas a morena, contrariando totalmente as expectativas de suas amigas, não parecia tão feliz quanto elas esperavam. Ashley retribui o abraço das duas, é claro, mas não conseguiu demonstrar tão bem sua animação quanto pretendia.

- Você não está feliz, Ash? – perguntou Mel, que com seu jeito observador, logo reparou na aflição da amiga.

- Ahn?! – ela disse, meio área, perdida em seus próprios pensamentos. – Estou sim, claro. Mas não tenho certeza de que vou aceitar.

- Como não? – gritou Lílian, totalmente surpresa. – Ashley, você foi a única garota deste castelo que conseguiu encoleirar Sirius Black! Isso não é para qualquer um não, amiga.

- Eu sei, Lils. – Ash respondeu, em meio a uma fraca risada. – Só não sei se estou pronta para outro relacionamento sério... – completou, com a expressão um pouco mais entristecida. – Amanhã conversamos mais sobre isso, boa noite, meninas.

E, como que dando o assunto por encerrado, a morena foi para a sua cama e cobriu-se com um grosso edredom. Fechou os olhos em seguida, apenas para disfarçar, porque ela ainda passaria muito tempo acordada naquela noite, apesar de sua decisão já estar definida.


[...]


O dia seguinte amanheceu bastante nublado, com finas brechas azul-claras riscando o céu acinzentado, e uma fraca chuva caindo pelos arredores do castelo vez ou outra. Ashley, que passara a noite anterior praticamente em claro, não ficou surpresa quando seus olhos abriram-se pelo início da manhã, quando quase todos ainda dormiam. Ela acabou indo tomar um longo banho, na tentativa de esfriar seus pensamentos, e desceu depois para o salão comunal.

Levou um pedaço de pergaminho consigo, e uma pena também, pois escreveria uma carta a seu pai, que deveria chegar até ele o mais rápido possível. Largou-se em uma poltrona próxima a lareira, que tinha suas chamas bem fracas, e pôs-se a escrever o breve recado.

Quando já começava a enrolar o pedaço de pergaminho, selando-o com um feitiço, ouviu passos lentos ressonarem pelos degraus da escada do dormitório masculino. Levantou o olhar para ver quem era, mais como um reflexo, e seus olhos azul-claros recaíram sobre a silhueta inconfundível de Sirius Black. Os dois se encaram por uns instantes, sem dizer absolutamente nada, até que o maroto abriu um sorriso pelo canto dos lábios e começou a caminhar até Ashley. Ele tinha os primeiros botões de sua camisa desabotoados e a gravata em um nó bem frouxo, quase malfeito, mas conseguia incrivelmente sustentar um ar despojado, distraído e charmoso; havia acordado cedo naquele dia também, pois seus pensamentos sobre pedir ou não para namorar Ashley resolveram não deixá-lo em paz.

Quando Sirius chegou até a garota, deu um rápido selinho nela e largou-se na poltrona a sua frente, afrouxando ainda mais o nó de sua gravata em seguida.

- Dormiu bem esta noite? – ele perguntou, reparando na expressão aflita e atípica que se apoderava de Ashley.

- Não muito. – a morena respondeu, simplesmente, enquanto baixava seu olhar para o chão.

- Sabe, Ash... – começou Sirius, no que ela apertou ligeiramente os olhos, como que prevendo e lamentando o que viria a seguir. – Eu pensei muito em nós dois essa noite, em como estamos nos dando realmente bem e em como eu gosto demais de estar com você. E, bom, você é uma garota incrível e... eu gostaria muito que nós namorássemos. – desembuchou, de uma vez só, para não se arrepender depois. – Se você quiser também, é claro.

Ashley, então, teve que voltar a encarar o maroto nos olhos. Colocou uma fina mecha de seus cabelos castanhos e brilhosos para trás de sua orelha e suspirou bem fundo, como que se preparando para o que diria a seguir.

- Eu gosto de você, Sirius, de verdade. – ela começou, tentando disfarçar o marejar insistente de seus olhos. – Mas passei uns sete meses namorando sério e não gostaria de me envolver assim de novo, pelo menos por agora. Aliás, acho que a nossa história já deu o que tinha que dar; melhor pararmos por aqui, assim teremos apenas lembranças boas do que vivemos. – finalizou, sem mais conseguir encará-lo.

Ashley levantou-se rapidamente, sem dar chances de Sirius responder qualquer coisa. Ela recolheu o pergaminho e sua pena, que até então estavam largados sobre a mesa do salão comunal, e retirou-se do aposento. Sirius, por sua vez, engoliu em seco e observou-a se afastar. Não sabia se o sentimento que o dominava agora era raiva ou mágoa, mas com certeza aquelas palavras não pareciam nem um pouco típicas de Ashley; não a Ashley que ele conhecia e gostava. Confuso, o maroto acabou levantando-se e rumando de volta ao dormitório masculino, a fim de desabafar com seus amigos, enquanto a morena começava a andar sozinha pelos corredores gélidos do imenso castelo.




(Untitled, Simples Plan)

Ela estava cabisbaixa, tentando lembrar-se do caminho ao corujal, em meio a tantos pensamentos estranhos que a invadiam. Encarava o chão distraidamente quando virou o terceiro corredor, e só despertou de seus devaneios quando sentiu seu corpo encontrar um outro bem maior, fazendo-a se assustar. Ergueu o olhar para ver em que havia batido, quando viu uma silhueta masculina a sua frente, com o uniforme perfeitamente passado e ajeitado da Lufa-Lufa reluzindo no rapaz. Ele era bastante alto, até mais do que todos os quatro marotos, e parecia ser magro, com o tipo de corpo semelhante ao de Remo. Tinha os cabelos lisos e louros, mas não naquele tom amarelo; parecia mais um dourado, com mechas claras colorindo com perfeição aqueles fios bem lisos e arrumadinhos. Seus olhos eram castanhos, mas só se observados com atenção, pois vistos de relance assemelhavam-se mais a um verde-escuro. O rapaz tinha a pele pálida, os lábios um pouco finos e o rosto com feições delicadas, que agora exibiam um sorriso tímido.

- Eu... me desculpe! – disse Ashley, enfim, depois de reparar nos vários livros do garoto que agora estavam espalhados pelo chão.

Os dois jovens abaixaram-se quase ao mesmo tempo, encostando os joelhos no chão gélido, e o rapaz começou a juntar seus livros novamente, sendo ajudado por Ash.

- Tudo bem, eu estava andando um pouco distraído mesmo. – ele falou, enquanto ficava novamente de pé e estendia sua mão para a garota. – Parker, Brad Parker.

- Ashley Carter. – a morena respondeu, com um fraco sorriso, enquanto apertava a mão do rapaz.

- Sim, eu sei quem você é. – falou Brad, gaguejando um pouco. – Afinal, quem neste castelo não sabe?

Ash riu novamente, mas dessa vez com um pouco mais de sinceridade. Contudo, não conseguiu disfarçar a expressão entristecida que se apoderava dela – o que, aliás, não passou desapercebido por Brad, que parecia observá-la com atenção, mesmo que timidamente.

- Está tudo bem? – o rapaz perguntou, pousando uma de suas mãos no ombro de Ashley.

- Mais ou menos. – ela respondeu, com um sorriso um pouco sem graça. – Tenho que entregar uma carta para o meu pai... – continuou, indicando o pergaminho em sua mão. – Mais uma vez, desculpe pelo esbarrão!

- Tudo bem. – Brad disse, observando-a passar por ele e distanciar-se. – Se precisar de alguma coisa, pode me procurar! – exclamou, em um tom um pouco mais alto, para a garota ainda conseguir ouvi-lo.

Ashley assentiu brevemente e virou-se, voltando sua atenção para o corujal.


[...]


A sexta-feira havia terminado naquele instante, com a décima segunda badalada do relógio preso em uma das paredes do salão comunal grifinório, e agora Ashley já poderia se considerar na madrugada de sábado. O fresco clima da primavera rodeava o castelo, mas a morena permanecia em frente à lareira, imóvel e silenciosa. Tinha seu par de olhos azul-claros fixos nas fracas chamas, enquanto ouvia os passos do último grifinório que estava no salão comunal perderem-se pelas escadas do dormitório masculino. Foi então que, não para o seu espanto, o rosto de um homem surgiu em meio às chamas da lareira. Ele tinha os cabelos já ligeiramente grisalhos e usava um par de óculos com uma fina armação, mas que não conseguiam encobrir o brilho de seus olhos extremamente azuis. Os olhos de Ashley. O pai de Ashley.

- Achei que esses meninos não fossem sair nunca! – exclamou o homem, cujo nome era Olívio, enquanto abria um doce sorriso.

Ash riu fracamente e colocou algumas de suas mechas para trás da orelha, em um gesto nervoso, e essa atitude não passou desapercebida pelo seu pai, que a conhecia tão bem.

- O que houve, minha filha? – ele perguntou, franzindo ligeiramente a testa.

- Lembra daquele garoto que te contei que eu estava saindo? – começou Ashley, no que Olívio assentiu. – Ele me pediu em namoro hoje e eu disse não.

- Mas... eu pensei que estivesse gostando dele, filha! – rebateu o homem, começando a entender o que estava acontecendo.

- Eu gosto. – ela murmurou, com sua voz quase inaudível. – Mas tenho medo de colocá-lo em perigo, e você sabe porque.

- Quando você namorava aquele rapaz, o Johnny, você não tinha esse medo todo. – Olívio constatou, encarando firmemente a morena – O que mudou agora?

- O sentimento, pai! – disse Ashley, sem conseguir impedir que seus olhos começassem a marejar. – Eu gostava do Johnny, mas acho que o que eu sinto pelo Sirius é diferente, é muito mais forte, e eu nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse com ele! Nós não podemos ficar juntos, você sabe que é perigoso.

- E você não acha que deve a ele essa decisão? – perguntou Olívio, observando sua filha ajoelhar-se diante da lareira para aproximar-se um pouco mais dele.

- Mas, para isso, eu teria que contar tudo para ele, e não posso fazer isso! – a garota exclamou, com a voz um pouco trêmula, sem entender o que seu pai lhe aconselhava.

- Você não precisa contar para saber a resposta, Ash. – disse ele, sorrindo carinhosamente para a expressão confusa de sua filha. – É só pensar: se este rapaz soubesse de toda a verdade, você realmente acha que ele não ficaria com você por medo de se machucar?

Ashley abriu um tímido sorriso, enquanto seus olhos paravam lentamente de marejar. Ela passou a mão por eles, como que para secá-los, enquanto uma sensação um pouco mais feliz passava por ela. Realmente, aquela pergunta não era difícil de responder: Sirius Black não tinha medo de nada, nunca – ou pelo menos, era essa a impressão que ele passava.

Quando a morena já abria a boca novamente para falar, e dessa vez apenas para agradecer os conselhos de seu pai, ambos ouviram passos ressonarem pelas escadas do dormitório masculino. A silhueta que se aproximava saiu da parte mal iluminada da escada e adentrou o salão, no que a cabeça de Olívio rapidamente desapareceu nas chamas da lareira.

- Ashley, com quem você estava conversando? – o rapaz perguntou, com a voz surpresa, enquanto observava confuso a morena ajoelhada em frente à lareira.

Ela levantou-se em um pulo, virando-se de frente para o tal garoto, quando seus olhos azul-claros encontraram o azul-escuro tempestuoso de Sirius, e ela sentiu suas pernas tremerem incessantemente.




N/A: Credo, não acredito que eu realmente parei nessa cena, mhuaahu (6) ! Bom, antes de mais nada, quem não conseguiu ver o vídeo pode tentar também por aqui: http://www.youtube.com/watch?v=P0dI-zbraT4
Esse capítulo, como vocês devem ter reparado, girou mais em torno de Sirius & Ashley, mas a história precisava disso, e capítulo que vem as cenas se distribuirão melhor. ;)

Ahhh, tem personagem novo na fic, não é?! E aí, gostaram? Não? Dêem opiniões, já que esse tal de Brad ficará conosco até, pelo menos, o meio do sétimo ano. Não terá resposta aos comentários dessa vez porque a atualização está meio corrida, mas no 23 volto a responder o de todo mundo.

Espero que vocês tenham gostado do capítulo, e se quiserem saber o que acontece nessa próxima cena, é só comentarem :)

Beijos para todos!

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