Estrela Cadente
To know you're never really far
-- Saber que você jamais estará realmente distante --
It's just enough to see a shooting star
-- Só isso é suficiente para ver uma estrela cadente --
(Mindy Smith)
Os raios de sol irradiavam-se pelos extensos jardins de Hogwarts, quando três belas meninas já terminavam de se arrumar para o tão esperado passeio a Hogsmead. A manhã estava mais linda do que em qualquer outro dia daquele ano, como que para empolgar ainda mais os estudantes, e corresponder à altura à grande expectativa que pairava sobre todo o castelo.
Lílian usava um vestido verde-musgo, que caía rente ao seu corpo até a cintura, e alargava na altura dos quadris, como se fosse uma saia rodada, e um casaco curto de linho jogado por cima. Usava um par de sandálias rasteiras numa tonalidade bege, pequenos brincos verde-cintilantes, e uma presilha prateada toda trabalhada que prendia com perfeição o alto rabo-de-cavalo da garota. Melissa, por sua vez, vestia uma calça jeans escura e um pouco larga, uma blusa rosa com umas figuras abstratas muito bonitas misturadas, e outra branca, de manga comprida, por baixo. Ashley usava uma calça jeans bem justa ao corpo, em um tom de azul-celeste muito bonito, combinando com a blusa de tecido preta que caía soltinha, apenas com um laço atrás amarrado em suas costas quase nuas, e um pequeno decote na frente que deixava o colar de estrela que Sirius havia lhe dado de aniversário brilhar mais do que nunca. A morena estava encostada na janela do quarto, com os cabelos castanho-escuros ainda molhados jogados em apenas um lado de seu ombro, enquanto ela observava o sol brilhar livre de nuvens no céu e segurava com aflição o pingente de estrela de seu colar.
- Há algum problema, Ash? – perguntou Melissa, percebendo o jeito aéreo e atípico que pairava sobre a garota.
Ashley, então, meneou ligeiramente a cabeça, fechou a janela e sentou-se em sua cama.
- Pode se abrir com a gente. – Lílian disse, sentando ao lado da amiga e colocando carinhosamente a mão sobre o seu ombro.
- É o Sirius, meninas... – começou Ashley, em um suspiro aflito. – No fundo, eu hesitei um pouco em aceitar o seu convite porque não faço idéia de onde estou me metendo. E se nós só sairmos essa noite, e acabar?! Sabem, não sei mais se é apenas isso o que eu quero... Mas não faça idéia do que passa na cabeça dele!
- Fique calma, Ash. – pediu Lily, aproveitando para refletir rapidamente sobre o assunto. – Sou bastante amiga do Sirius, ele é uma pessoa muito mais complexa do que todas nós podemos imaginar. Apesar de ter aquele jeito brincalhão e cafajeste, muitas vezes usa isso para manter as pessoas afastadas dele, porque foi assim que lhe ensinaram, entende? – Lílian começou, tentando escolher corretamente suas palavras. – Não podemos esquecer que ele é um Black, e que no fundo, Sirius tenta evitar se afeiçoar à maioria das pessoas. Acredito que ele deva travar uma batalha em cada mínima atitude, sobre como Sirius aprendeu que deveria fazer, e sobre o que realmente acha o mais certo a ser feito.
- E como você acha que ele se sente em relação a mim? – perguntou Ashley, mordendo fracamente o canto de seus lábios.
- Acho que ele quer tentar confiar em você, Ash. – a ruiva disse, sabiamente. – Sirius já percebeu que você é muito especial e, na minha opinião, quer dar uma chance a ele mesmo para sentir algo mais.
- Você acha mesmo? – insistiu ela, sem evitar que um sorriso contente se formasse em seu rosto.
- É claro que ela acha, e eu também! – Melissa exclamou, puxando as duas pelas mãos e fazendo-as se levantar. – Agora vamos descer logo, que Hogsmead nos espera!
As três, então, encaminharam-se para a porta do quarto, e foram descendo animadas as escadas que as levariam ao salão comunal. Quando adentraram-no, passaram o olho rapidamente pelo salão e não avistaram os marotos, então foram tomar o café da manhã, deduzindo que os quatro já deviam se encontrar no Salão Principal.
As meninas foram logo ocupar seus tradicionais lugares na grande mesa da Grifinória, e lá estavam os quatro amigos, conversando mais eufóricos do que nunca. Todos se cumprimentaram quando as três chegaram, e a manhã transcorreu com tranqüilidade, assim como o começo da tarde, até a hora em que todos partiriam do castelo para Hogsmead.
[...]
Hogsmead estava muito cheia, com os estudantes e outros visitantes tendo que se espremerem para andar pelas ruas, e todas as lojas do pequeno vilarejo, sem exceção, estavam lotadas. Os sete amigos da Grifinória esgueiravam-se pelo caminho, tentando permanecer juntos, até que os marotos finalmente chegaram aonde tanto pretendiam: a Zonko’s.
- Ah, nada como um bom cheiro de travessura! – Tiago exclamou, parando em frente à tão esperada loja, enquanto todos os outros seis foram parando, um a um, de andar também.
O maroto já ia colocando a mão na maçaneta da porta, com um largo sorriso estampado no rosto, quando foi subitamente interrompido.
- De jeito nenhum! – exclamou Lílian, emburrando a cara e cruzando os braços na altura do peito. – Não vou entrar nessa loja, está lotada, e tudo aí dentro é inútil!
- Jamais repita essa atrocidade novamente, ruivinha. – Sirius disse, piscando zombeteiro para a amiga. – É rápido, nós prometemos! – ele continuou, juntando uma palma da mão à outra, como que jurando, enquanto adquiria um falso ar de anjinho.
- Conhecemos esse “rápido” de vocês. – comentou Melissa, torcendo o nariz, sem acreditar na promessa feita pelo maroto.
- Podemos fazemos o seguinte: as meninas vão indo para o Três Vassouras arranjar uma mesa para todos, já que lá também deve estar lotado, enquanto nós entramos na Zonko’s, assim elas não precisam ficar aqui fora esperando. – Remo disse, com seu típico jeito de resolver tudo à base da razão e da tranqüilidade.
Todos acabaram concordando com a boa idéia do garoto, no que as meninas trataram logo de ir para o mais freqüentado bar do vilarejo, e os marotos puderam fazer as suas tão esperadas compras na Zonko’s em paz e sem pressa.
Mas, não chegou a passar muito tempo, e lá estavam os quatro rapazes mais populares do sexto ano adentrando animados o Três Vassouras e chamando a atenção de todos. Demoraram um pouco até avistarem suas amigas, mas assim que o fizeram, foram logo se juntar a elas na mesa que ocupavam. Quatro canecas de cervejas amanteigadas já esperavam-nos sobre a mesa circular, enquanto eles se sentavam nas cadeiras que estavam vazias. Os sete ficaram, então, um bom tempo conversando, quase sem sentir a tarde passar, até que Tiago bateu com uma colher de metal em sua caneca, como que para fazer graça e chamar a atenção de todos na mesa.
- Gostaria de fazer um brinde! – ele exclamou, abrindo o seu costumeiro e largo sorriso.
- A quê? – perguntou Pedro, voltando seu olhar para o maroto, assim como os outros.
- A nossa amizade! – Tiago disse, erguendo alegremente sua caneca de cerveja amanteigada no ar. – Passamos por muitas coisas juntos, boas e ruins, e me orgulho de estar com vocês agora, aproveitando esse momento tranqüilo. Um brinde ao que nós fomos, ao que somos agora, e ao que ainda seremos. Juntos e amigos, sempre!
Seus amigos sorriram, alguns até emocionando-se, e todos brindarem de uma só vez, deixando que algumas gotas de cerveja escorressem pelas canecas. Em seguida, Melissa consultou o grande e velho relógio bruxo pregado na parede do fundo do Três Vassouras, e percebeu que já estava quase na hora de encontrar seu pai, que combinara de ficar esperando-a em uma mesa no final do Cabeça de Javali.
- Vou encontrar o meu pai. – Melissa avisou para os amigos, ansiosa e empolgada, enquanto levantava-se sorrindo. – Remo, você vem comigo?
- Ah, Mel, mas é um encontro entre pai e filha! – disse o maroto, afagando carinhosamente a mão da namorada. – Não seria melhor você conversar a sós com ele?
- Mas eu queria que fosse comigo... – ela pediu, com a voz manhosa. – Para me dar força e para eu te apresentar ao meu pai!
Remo acabou concordando, levantando-se logo em seguida, e os dois rumaram para a porta do Três Vassouras, depois de despedirem-se dos amigos.
- Acho que poderíamos aproveitar a deixa, e começar o nosso encontro, que tal, Ash?! – sugeriu Sirius, passando um dos braços pelos ombros da garota.
Ashley sorriu, assentindo, no que o maroto prontamente levantou-se e arrastou a cadeira dela para trás, estendendo a mão para ajudá-la a levantar. Ash soltou uma fraca risada com as demonstrações cavalheirescas de Sirius, e os dois foram saindo conversando animados do bar, assim como o outro casal havia feito momentos antes.
Restava na mesa, então, apenas Pedro, Lílian e Tiago. Pedro, por sua vez, percebendo a situação extremamente constrangedora que se instalou, deu o último gole em sua cerveja amanteigada e levantou-se em um pulo, como que para não voltar atrás.
- Aonde você vai? – Lílian perguntou, prontamente, enquanto mordia o canto dos lábios com aflição.
- Lembra daquela sonserina com quem eu tentei dançar no baile de Halloween, a Samantha?! – disse o maroto, com o olhar fixo em uma mesa um pouco atrás deles, no que Lily e Tiago assentiram. – Ela está bem ali, vou tentar puxar algum assunto! Depois encontro vocês de novo. – completou, começando a andar em direção à mesa da tal menina, mas não sem antes piscar discretamente para Tiago.
Lílian observou Pedro se afastar, até alcançar a mesa da sonserina cuja o maroto não conseguia mais esquecer. A ruiva mordeu novamente os lábios, pensando em porque ela tinha aquele carma insuportável de sempre se ver em um algum tipo de enrascada com Tiago Potter.
- É, minha cara Lily. – disse o maroto, balançando ligeiramente o conteúdo dentro de seu copo e sorrindo de um jeito malicioso pelo canto dos lábios. – Parece que agora somos só você e eu.
- Não vou ficar nessa mesa com um trasgo. – ela falou, começando a se levantar, no que Tiago rapidamente a impediu, segurando-a pelo braço. – Me solta, Potter.
- Ah, vamos Lily, fique aqui só um pouquinho! – o garoto pediu, alargando cada vez mais seu insistente sorriso.
- Troque o “Lily” por “Evans”, e começo a pensar no assunto. – respondeu Lílian, com a cara emburrada para não dar o braço a torcer.
- Tudo bem, Evans. – Tiago disse, passando as mãos pelos cabelos e despenteando-os ainda mais, se é que isso era possível. – E aí, quando vai tentar me beijar de novo?
Lily, que até então batucava discretamente na mesa com suas unhas, olhou-o indignada, como se não acreditasse naquele absurdo.
- O quê?! – ela exclamou, com a expressão irritada. – Não seja ridículo, eu não fiz nada disso, você que me beijou naquela manhã!
- E você não me impediu. – respondeu Tiago, dando de ombros com displicência.
Os dois, então, engataram em mais uma de suas homéricas discussões, enquanto Remo e Melissa já percorriam os olhos pelo Cabeça de Javali, atrás do pai da loura. Melissa segurava fortemente a mão do namorado, e ele podia senti-la suando muito. A loura possuía um olhar muito ansioso, quando viu um homem corpulento levantar de uma mesa mais ao fundo, acenando para ela. Um sorriso formou-se naquele rosto delicado, e Mel puxou Remo pela mão, andando com ele até a mesa que seu pai ocupava, cuja só tinha uma cadeira sobrando.
- Oi, pai! – ela exclamou, com os olhos brilhando de um jeito encantador.
- Filha! – falou o homem, abraçando-a. Edward tinha os cabelos louros iguais aos de Melissa, só que bem mais curtos, e seus olhos eram em um negro bastante intenso. Era alto, com um porte bonito, a postura perfeitamente reta e um certo ar superior. – Ah, você trouxa companhia. – continuou, olhando de soslaio para o garoto ao lado de sua filha. – Achei que ficaríamos sozinhos!
- Pai, esse é Remo Lupin, meu namorado. – apresentou Mel, com um sorriso ligeiramente aflito, ignorando a pequena grosseria de Edward.
Remo deu um passo à frente, apesar da expressão não muito simpática que passou a apoderar-se do rosto do pai da garota.
- É um prazer conhecê-lo, Senhor Bones. – Remo disse, estendendo a mão para um cordial cumprimento.
Mas o pai de Mel não apertou sua mão, e tampouco se deu ao trabalho de encará-lo por muito tempo. Os Bones eram uma família muito conhecida e respeitada em toda a sociedade bruxa, e todos os seus ancestrais tinham o sangue minuciosamente puro – tradição que, aliás, Edward gostaria muito de preservar.
- Melissa, não acredito que você está se envolvendo com um mestiço! – ele esbravejou, chamando a atenção de outras pessoas que estavam no bar.
Mel arregalou os olhos, sem jamais esperar aquele tipo de reação vinda de seu pai. Ela sempre soube da preferência dele por sangues-puros, mas não sabia que agora isso havia se tornado uma obrigação, e muito que menos que seu pai seria capaz de se exaltar assim em um lugar público.
- O quê?! – a menina disse, ainda muito surpresa. – Pai, ele é o garoto que eu gosto, no que isso interfere?
- Em tudo! Não te criei todos esses anos para você acabar com um mestiço de família humilde! – gritou Edward, batendo com força as mãos na mesa de madeira.
Remo meneou a cabeça, enfiou as mãos agora muito suadas em seus bolsos, e abaixou o olhar, muito constrangido, no que Melissa ficou em sua frente, como que para defendê-lo.
- Pára com isso, olha as besteiras que o senhor está dizendo! – pediu ela, sentindo o tão esperado encontro com seu pai esvair-se da pior maneira possível.
- Mel, eu te espero lá fora, ok?! – Remo disse, querendo sair logo dali para não ouvir mais nenhum tipo de insulto e evitar perder a cabeça com o pai de sua namorada.
- Não, Remo, me desculpe, eu... – a garota começou a dizer, os olhos marejando, a voz trêmula e desesperada.
- Está tudo bem, eu juro. – ele falou, de um jeito firme. – Acho melhor eu não atrapalhar mais vocês.
Após isso, o maroto deu um beijo na bochecha de Mel e rumou para as portas do bar, sem mais olhar para trás. Assim que saiu do Cabeça de Javali, suspirou fracamente e sentou nos pequenos degraus da escada que ficava do lado de fora do bar.
- Viu o que você fez? – esbravejou Melissa, voltando seu olhar, agora furioso, para Edward.
- Filha, esse garoto não é para você. – respondeu o homem, como se não desse muita importância para todo o embaraço que havia causado.
- Você nem se preocupa comigo, pai! – disse ela, com o tom de voz ainda alto e irritado. – Não tem mais o direito de saber o que é certo ou errado para mim!
- É claro que eu tenho, e o certo para você é um garoto sangue-puro, como o jovem Black, por exemplo! – Edward falou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Em seguida, uma expressão mais séria tomou conta de seu rosto, e ele segurou um das mãos de Melissa. – Só quero o melhor para você, minha filha. Sou o seu pai, não o seu inimigo.
- Eu nunca percebi a diferença. – Mel respondeu, com a voz especialmente fria e cortante, fuzilando-o com o olhar.
A loura, então, virou-se de costas para Edward e rumou decidida para fora do Cabeça de Javali, logo encontrando Remo, para seu alívio. Ele levantou assim que a viu, e Melissa largou-se em seus braços, abraçando-o com força. Os dois ficaram assim por um bom tempo, apenas com Remo afagando carinhosamente os fios louros de sua namorada, até que eles começaram a caminhar tranqüilamente pelas ruas de Hogsmead, que agora já haviam esvaziado um pouco, para não correrem o risco de ainda estarem na porta do bar quando o pai de Melissa saísse de lá.
- Desculpe, Remo, fiz você passar uma péssima situação. – disse a menina, entrelaçando seus dedos aos do namorado, fazendo-os, com isso, passarem a andar de mãos dadas.
- Está tudo bem, não foi culpa sua. E, aliás, eu já nem lembro mais do que aconteceu! – exclamou Remo, mentindo para a agradá-la e sorrindo de um jeito reconfortante.
- Sabe, acho que eu não conversava com o meu pai há tanto tempo, que até tinha esquecido o quão idiota ele é. – Melissa falou, em um suspiro triste. Apoiou a cabeça no ombro do garoto e envolveu a cintura dele com seus braços, fazendo com que o casal caminhasse abraçado.
- Não fale assim, Mel, ele é seu pai. – disse Remo, passando também um de seus braços pelos ombros da menina, começando a afagá-los.
Melissa sorriu fracamente ao perceber que, mesmo com o senhor Bones tratando-o daquele jeito, Remo não deixava de mostrar a pessoa maravilhosa que era. Ela, então, parou subitamente de andar e virou-se para o garoto, para encará-lo de frente.
- Acho que eu namoro, literalmente, um príncipe encantado. – Mel falou, com um sorriso sincero e encantador brilhando em seus lábios.
- Então esse príncipe deve ser o cara mais sortudo do mundo, porque namora a princesa mais linda que eu já conheci. – ele respondeu, sorrindo de volta, mas de um jeito maroto.
Remo deu um beijo em sua namorada, e os dois começaram a andar de volta para o Três Vassouras, a fim de juntarem-se aos amigos. Assim que adentraram novamente o bar, encontraram Tiago falando provavelmente alguma besteira, e rindo abertamente em seguida, no que Lílian retrucou com a expressão irritada e bufou. Remo e Melissa não puderam deixar de rir daquela cena, e alcançaram a mesa dos amigos logo depois.
[...]
Sirius e Ashley caminharam por um bom tempo pelas ruas de Hogsmead, apenas conversando animadamente, até que chegaram próximo ao fim do vilarejo, e tiveram que parar de andar.
- Aonde você quer ir? – Sirius perguntou, olhando diretamente para Ashley com aqueles olhos azul-escuros estonteantes.
- Casa de Chá da Madame Pudifoot! – exclamou a garota, ironicamente, já que ambos achavam aquele estabelecimento que só casais freqüentavam o auge do brega. Sirius fez uma careta engraçada, no que Ash soltou uma fraca risada. – Brincadeira, Six. Por mim tanto faz, pode escolher.
O maroto coçou o queixo por uns instantes, tentando pensar em um bom lugar, até que uma idéia passou pela sua mente esperta e marota. Ele pegou Ashley pelo braço e foi guiando-a até o final da rua, onde o vilarejo já terminava. A garota avistou uma grande cerca que envolvia um espaçoso terreno, coberto por uma grama extremamente verde, e com alguns animais mágicos soltos por ele, correndo de um lado para o outro. Ela aproximou-se um pouco mais da cerca, para observar melhor os animais sendo tratados, no que Sirius abaixou-se ao seu lado, passando o braço por um pequeno espaço entre uma tábua de madeira e outra, e puxando uma flor que crescia com exuberância pela tão bem cuidada grama do terreno. O garoto ofereceu a violeta para Ashley, no que a menina sorriu e pegou, sentindo o seu perfume doce em seguida.
- Por que você escolheu esse lugar? – ela perguntou, rodando o caule da flor em sua mão e cheirando-a mais uma vez.
- Porque daqui dá para ver melhor o céu. – Sirius disse, sorrindo e apontando para cima.
Sabia da grande admiração que a garota tinha pelo céu e, apesar de não fazer idéia da razão para aquilo, ele queria agradá-la. Ashley, então, sorriu fracamente com a resposta do maroto, e percebeu que a noite já havia recaído por Hogsmead. Levantou aqueles olhos azul-claros, passando a olhar para cima, e pensou por alguns instantes.
- A lua não é fascinante? – ela disse, com o ar um tanto sonhador, enquanto apoiava-se no cercado. – Quer dizer... Aconteça o que acontecer, quando a noite chega, mesmo o seu dia tendo sido maravilhoso ou péssimo, a lua está lá, brilhando, para lembrar que o dia pode sempre terminar um pouco melhor.
Sirius sorriu, daquele jeito irresistível que só ele sabia fazer, e apoiou-se no cercado também, junto de Ashley.
- Ash, por que você é tão fascinada pelo céu? – ele perguntou, passando a contemplar as estrelas por uns instantes.
- Não sei... – a garota respondeu, em um suspiro. – Acho que é porque ele faz com que eu me sinta mais próxima da minha mãe. – completou, por fim, com sinceridade.
(You And Me, Lifehouse)
Os dois se encararam por uns instantes, e Sirius pôde observar de perto o rosto praticamente desenhado à mão de Ashley. Seus cabelos castanhos balançavam ligeiramente por conta da brisa que passava, deixando-a mais bonita do que nunca.
- Olha, uma estrela cadente! – Ash exclamou, apontando para o céu, para quebrar o silêncio. Após isso, fechou os olhos e desejou algo, como de costume, no que Sirius apenas enfiou as mãos no bolso e voltou a contemplar a perfeição do rosto da garota.
Ela tinha um tipo de beleza exótica, diferente, com os olhos expressivos em uma tonalidade encantadora. Tinha as feições do rosto marcantes e ao mesmo tempo delicadas e os lábios grossos em um vermelho vibrante. Fazia um tempo já que Sirius sentia-se atraído por Ashley, mas agora ele admirava-a de um jeito diferente, observando muito mais do que a sua beleza e sentindo algo despertar dentro dele, algo muito mais sincero e intenso do que ele já sentira por qualquer outra.
Quando a morena abriu os olhos novamente, depois de ter feito seu pedido, olhou de soslaio para o maroto e percebeu que ele não havia feito menção de desejar nada.
– Faça um pedido, Six! – Ashley disse, sorrindo daquele jeito travesso que só ela conseguia.
- Eu não preciso. – falou Sirius, dando de ombros, enquanto virava-se para ela. – O que eu quero está bem aqui, na minha frente.
O maroto tirou então as mãos do bolso e segurou as de Ashley, que agora tremiam ligeiramente. Ela exibia um pequeno sorriso no canto dos lábios, enquanto seu olhar, que agora encontrava o dele, adquiria um certo brilho. Uma fina mecha do seu cabelo caiu pelo rosto, no que Sirius colocou-a carinhosamente para trás da orelha da menina, e foi aproximando o seu rosto ao dela aos poucos. Por fim, roçou ligeiramente sua boca na de Ashley, selando em seguida seus lábios nos da garota. Aquela confusa e deliciosa mistura de várias emoções entrelaçadas voltou a invadi-los, enquanto os dois corpos iam colando cada vez mais um ao outro. Porém, dessa vez, o beijo foi diferente do que os anteriores. Não foi mais aquela sensação de urgência, foi algo muito mais delicado, como se ambos estivessem embarcando em uma nova jornada, até então desconhecida, e tivessem medo de atropelar tudo.
Sirius, então, passou os braços pela fina cintura de Ashley, no que ela segurou fracamente a nuca do garoto, afagando seus cabelos em alguns momentos. As coisas foram começando a esquentar, e Sirius encostou a menina no grande cercado, acelerando o ritmo do beijo, e assim eles ficaram durante um bom tempo.
Quando enfim separaram-se, com as respirações já ofegantes, Ashley sorriu de um jeito maroto pelo canto dos lábios, e deu um rápido selinho em Sirius, como que para não tornar aquela situação constrangedora. O garoto apontou para um animal bastante diferente que corria no terreno atrás dos dois, no que Ash virou-se para vê-lo, e o dois engataram em uma conversa descontraída.
A noite foi passando, e a cada segundo ela tornava-se mais especial, intercalada entre beijos para pessoa nenhuma colocar defeito e boas risadas vindas de Sirius e Ashley. Mas, em uma determinada hora, eles tiveram que voltar para o castelo, pois realmente já começava a ficar tarde. O maroto, então, entrelaçou sua mão à de Ashley, e os dois começaram a caminhar pelas quase vazias ruas de Hogsmead. Foram conversando animados até finalmente alcançarem Hogwarts e, quando começaram a caminhar pelos jardins, em direção ao castelo, Sirius percebeu que o encontro deles estava para acabar, e algumas dúvidas começaram a invadir sua mente. Havia sido tudo tão especial e sincero, que ele certamente gostaria de repetir muitas outras vezes. Uma sensação de querer passar mais tempo com Ashley passou por ele, mas Sirius simplesmente não se sentia ainda pronto para namorar, e não era o que ele tinha vontade naquela hora. Mas, por outro lado, também não gostaria que o que aconteceu entre os dois acabasse naquela noite. Queria, apenas, que tudo caminhasse com calma, para que ele pudesse aproveitar cada momento, e deixar rolar, para ver no que daria.
- Hey, Ash. – Sirius disse, de repente, no que a morena virou o rosto em sua direção. – O que você acha de continuarmos a sair?
Ashley adquiriu uma expressão séria, como que avaliando a pergunta. Mas, não demorou muito, e chegou à conclusão de que aquela era a solução perfeita. Seria muito precipitado se eles simplesmente começassem a namorar, mas também não seria agradável os dois não saírem mais, e perderem a chance de repetir aquele encontro tão perfeito. Por que, então, não continuar a sair com ele, mas sem nenhum compromisso sério, e deixar as coisas acontecerem como tiverem que acontecer?!
- Eu acho ótimo. – Ash disse, por fim, sorrindo para Sirius.
Foi nessa hora que os dois chegaram aos portões do castelo, e o maroto parou de andar. Virou-se para Ashley e aproximou-a dele, puxando a garota pela cintura, e beijou-a em seguida.
- Ei, na hora da estrela cadente, o que você tinha desejado? – Sirius perguntou, quando seus lábios se afastaram ligeiramente.
- Ah, já se concretizou. – respondeu Ashley, piscando para o garoto e rindo logo em seguida.
Ela beijou Sirius mais uma vez, mordendo fracamente seus lábios, e os dois adentraram o castelo abraçados.
N/A: Capítulo postado às pressas, então perdoem os erros que tiverem, depois volto aqui para revisar! E o tão esperado encontro Sirius/Ash está aí! Tomara que vocês tenham gostado, e seria ótimo se me disserem o que acharam (Y)
Quanto ao vídeo, quem não conseguiu ver pode tentar por aqui: http://www.youtube.com/watch?v=NlPnFjOK4DY
Bom, devo dar a chata informação de que as mega-atualizações vão diminuir sutilmente a partir de agora. Claro que não vou largar a fic nem nada parecido, mas é que essa segunda-feira começa a minha nova escola, que é bem mais puxada do que a que eu estudava antes, por causa do meu vestibular ano que vem, além de começar um curso de inglês e voltar para academia, então meu tempo vai ficar um pouco reduzido, mas nada desesperador ;)
Gostaria de agradecer MUITO a todo mundo que comentou, estou realmente muito feliz, e só posso pedir que continue assim, haha! Valeu mesmo, gente, e até o capítulo 22!
Beijos, e comentem ;D
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