Nova Tentativa



Os olhos cinzentos de Lúcio estavam presos a figura de Andrômeda. Mais especificamente, a sua mão tremida que rabiscava freneticamente o pergaminho.
Ele estava quase arrancando a pena da mão dela e escrevendo ele mesmo, pois apesar de ter explicado cuidadosamente o que ela deveria dizer, escolhendo cada palavra por seu peso e seu impacto, ela estava suavizando tudo de maneira irritante.
- Raptada, Andrômeda. Narcisa foi raptada. Não minta sobre isso, seus pais devem saber.
- Vocês nem têm certeza. – ela argumentou. –
- Eu ouvi Dumbledore dizendo. Narcisa está correndo perigo.
Ela escreveu o que ele queria. Assim que ela assinou, ele arrancou a carta das mãos dela e correu para o corujal. Severo tinha sido encarregado de distrair Madame Pomfrey enquanto ele fazia Andrômeda escrever a carta.
Era madrugada e ele sabia que se o encontrassem andando pelo colégio, principalmente depois do sumisso de Narcisa, ele seria expulso. Mas não estava se importando. Desta vez, ele mesmo cuidaria de cada detalhe para que nada saísse errado.
Correu pela neve, escorregando e enviou a carta aos pais de Narcisa. Quando voltou, encontrou Severo e professor Slughorn no saguão de entrada.
- O que você estava fazendo lá fora, Lúcio? Você quer ser expulso? Estragar o seu futuro brilhante?
- Eu não me importo com meu futuro. Eu só me importo com Narcisa. Ela pode estar lá fora, machucada e com frio. Eu tinha que ir procurá-la. Ninguém está fazendo nada.
- Nós estamos procurando. Nós iremos lá fora e entraremos na floresta e não sairemos até acharmos Narcisa. Mas vocês dois têm que voltar a sala comunal. São duas horas da manhã.
Os dois obedeceram. Como nenhum dos dois conseguiu pregar os olhos, discutiram a noite inteira planos para procurar Narcisa quando amanhecesse. Ao menor sinal de luz solar, os dois saíram correndo, dispostos a colocar seus planos em prática.
Mas encontraram todos os professores no saguão de entrada, cochichando. Lúcio obviamente brigou com eles e fez o maior escândalo. Nenhum professor reagiu. Embora soubessem que não podiam fazer nada, Lúcio não sabia o que estava acontecendo. Ele amava Narcisa e estava preocupado. Isso era normal, apesar do gênio do garoto ser ruim.
Alheio a confusão, Severo foi o único a perceber um manto dourado reluzindo ao Sol. Sem pensar duas vezes e incapaz de conter seu alívio, correu para amiga, derrapando na neve e a abraçou com força.
- Você está bem? – ele perguntou enquanto a analisava de cima a baixo. –
- Estou.
- O quê aconteceu?
- Eu te conto depois. – ela respondeu. –
Ela estava olhando através dele, para a escada. Todos os professores e Lúcio vinham em disparada. Lúcio a abraçou e beijou e todos a cercaram e começaram a fazer perguntas.
Ela se aninhou nos braços de Lúcio e virou o rosto, desviando do olhar deles.
- Eu estou bem. Vou me trocar pra ir aula.
- O que aconteceu, Narcisa? – McGonagall perguntou angustiada. –
- Eu não me lembro. Eu só lembro de estar voltando da ala hospitalar e ver uma sombra vindo na minha direção, então não me lembro de mais nada, a não ser acordar hoje de manhã no Cabeça de Javali.
- Você não precisa assistir as aulas, Narcisa. Vá descansar por hoje.
- Do que você está falando? Eu dormi a noite toda. Eu não estou cansada. Eu vou para as masmorras me trocar, com licença.
Ela andou mais rápido que pôde para as masmorras acompanhada dos amigos. A sala comunal ainda estava vazia, então eles se sentaram em uma mesa quadrada e Narcisa começou a contar toda a verdade. Toda a sua conversa com Voldemort.
- E depois? – perguntou Lúcio boquiaberto. –
- Eu dormi. Ele partiu. Deixou uma carta. – ela tirou do bolso um pedaço de pergaminho. – Diz que ele enviou uma carta a Dumbledore, dizendo que estava comigo, só para preocupá-lo. Me mandou mentir, ou eu estaria encrencada e me disse para não olhar nos olhos de Dumbledore, ou ele usaria legilimência para descobrir a verdade, para fechar a mente, essas coisas.
Lúcio e Severo, boquiabertos, não falavam nada.
- Você aceitou a proposta dele?
- Ainda não. Eu tenho dois anos pra me decidir, não quis dar uma resposta precipitada. Eu queria consultar vocês primeiro.
- Nós?
- Claro, Lúcio. Você, a pessoa que eu amo, ao lado de quem eu pretendo passar o resto da minha vida. A sua opinião é mais importante que tudo. E a do Severo também, ele é meu melhor amigo.
Eles ouviram um barulho na escada e viraram-se imediatamente. Era Abigail. Ao ver os três com as cabeças juntas, cochichando, ela ficara furiosa.
Narcisa encarou a menina e seu olhar cortante. Com seu ar arrogante e um olhar que dizia pra ela não se meter onde não fora chamada, ela deixou Abigail ainda mais furiosa e garota deixou as masmorras soltando fogo pelas narinas.
- O que aconteceu com ela? – Narcisa perguntou a Severo. –
- Bom, eu estava tentando me entender com ela ontem a noite. Explicar que nossa relação não passa de amizade. Então Lúcio chegou dizendo que você não tinha voltado da ala hospitalar. Eu fiquei preocupado e pedi a ela que desse uma olhada no dormitório. Ela ficou com raiva, mas fez o favor. Só que quando voltou dizendo que você não estava, provavelmente esperava que eu continuasse a conversa, o que não faz o mínimo sentido. Eu fiquei louco de preocupação. Eu e Lúcio deixamos a sala na velocidade de um furacão para ir atrás de você, e ela não ficou nada feliz.
- Eu sinto muito.
- Tudo bem. Ela é só uma garota. Você é minha melhor amiga, quase uma irmã. Eu não me afastaria de você por causa dela.
Naquele dia, Narcisa ouviu vários comentários maldosos, que ela sabia muito bem quem era o provável autor, ou melhor, autora. Mas não se importou. Criou uma fina barreira entre ela e todos o outros, se isolando em seu mundo exclusivo com seus amigos, as únicas pessoas em que ela amava e confiava.
Os três estavam sentados em um banco, no pátio, fingindo que estudavam, enquanto conversavam baixo. Tentavam planejar o conteúdo de seus próximos treinos e duelos.
Narcisa estava com sua agenda, já que ela sabia mais precisamente quais eram os compromissos dos amigos do que eles próprios.
- Você tem quadribol Sexta a tarde, Lúcio. E eu anotei aqui que você ainda não fez seu dever de Trato de Criaturas Mágicas, Severo.
- E você não tem também?
- Não. Amos Diggory vai fazer o meu.
Lúcio ficou vermelho de ciúmes e olhou para Narcisa, incisivo. Ela corou, mas não perdeu a convicção.
- Ele se ofereceu.
- Você não está aprendendo nada. – Lúcio argumentou. –
- Eu já não me importo mais com a quantidade de N.O.M.s. Não quando minhas duas opções não requerem altas realizações acadêmicas. Bom, eu tenho uma dissertação para Aritmancia, e uma tradução de Runas. Nós resolvemos tudo isso na Sexta, e teremos o Sábado livre.
Os dois concordaram. Nesse momento, Amos Diggory veio andando na direção deles. Lúcio ficou furioso.
- Oi, Narcisa.
- Oi, Amos. – ela respondeu simpática ao rapaz apaixonado. – Como vai?
- Bem. O seu dever já está pronto.- ele acrescentou rapidamente. - Mas não foi por isso que eu vim falar com você. Pediram pra você ir a sala do diretor.
- Obrigada.
Narcisa olhou para os dois amigos, aflita, enquanto enfiava suas coisas na mochila apressadamente.
- Seus pais. – Lúcio falou quando Amos se afastou. – Eu pedi que Andrômeda escrevesse.
Narcisa arregalou os olhos, furiosa.
- Não se preocupe. Eu vou com você. Não vou deixar que eles te mandem para Beauxbatons.
Ela se tranqüilizou um pouco.
- Severo, você vem também?
- Eu não sei..
- Por favor. Eu preciso de você.
- Claro. – ele respondeu, sem graça. –
Quando os três alcançaram as gárgulas, a professora McGonagall estava esperando.
- Me desculpem, garotos. Mas essa é uma conversa particular com Narcisa.
- Não tem nada que meus amigos não devam ouvir também. Sem eles eu não entro nesse escritório.
Ela agarrou a mão de Severo e Lúcio passou o braço pelo ombro da namorada. McGonagall soltou um suspiro cansado e deixou que eles subissem também.
Dumbledore estava sentado calmamente atrás de sua escrivaninha. Slughorn estava de pé no canto da sala e seus pais estavam sentados. Como da última vez, eles a abraçaram aflitos.
- Agora é definitivo, Narcisa. Você vai embora desse colégio. – o Sr. Black bradou. –
- Eu estava explicando aos seus pais, Narcisa, que você não tem recordações e tudo o que nós sabemos, é que Lord Voldemort a raptou para nos pregar uma peça, o que não deixa de ser nossa responsabilidade. Então eles decidiram mandá-la a Beauxbatons.
- Sr. e Sr.ª Black. – Lúcio se aproximou, pomposo e apertou a mão do pai de Narcisa. Em seguida, beijou a mão da mãe dela e sorriu. – É um prazer revê-la Milady, uma pena que seja em tal circunstâncias. Como vocês dois me deram permissão para namorar Narcisa e até mesmo confiaram em min para levá-la a Paris, eu sinto que posso me intrometer, me desculpem. Mas, Narcisa é a mulher que eu amo. Eu prometo que eu cuidarei dela e a protegerei. Daqui para frente, eu e Severo, que vocês já devem conhecer, ele salvou a vida dela semestre passado, cuidaremos da sua filha com todo nosso esforço, nem que custe nossas vidas.
Ele passou o braço em torno do ombro dela novamente.
- Eu sou feliz aqui, papai. Eu tenho as pessoas que eu amo e que me amam. Não me mandem para um lugar estranho e longe. Estamos passando por tempo difíceis. E ficar longe de casa e das pessoas que se importam comigo só me fará me sentir mais insegura. Eu estarei mais vulnerável. Por favor.
O Sr. e a Sr.ª Black não puderam resistir a filha e cederam. Depois de uma longa conversa em que eles discutiram as medidas de segurança, eles deixaram o escritório, seguidos pelo trio.
- Sr e Sr.ª Black? – Lúcio os chamou. – Me desculpem, mas realmente estão satisfeitos com essas medidas de segurança? Quer dizer, mesmo com tudo isso, o Lord das Trevas entrou aqui e levou Narcisa.
- Eu ouvi os professores dizendo que ele veio aqui falar com Dumbledore. O próprio Dumbledore abriu os portões de Hogwarts para o homem mais perigoso da comunidade bruxa. – Narcisa mentiu. –
Os pais de Narcisa ficaram olhando, sem entender.
- Está na hora de alguém fazer alguma coisa contra a negligência dele. Ou todos os alunos que quiserem se sentir protegidos tem que deixar o colégio, porquê Dumbledore comanda um colégio para aqueles que acreditam em sua capacidade de protegê-los? Eu acho que vocês deveriam entrar com uma medida no ministério pedindo o afastamento do diretor.
- Você tem razão, garoto. Eu farei isso.
- Procure meu pai, senhor. Com os seus contatos e os contatos dele, será quase impossível falharem.
Os pais de Narcisa se despediram e foram embora. Narcisa ficava observando o namorado, orgulhosa.
- Parabéns. – ela sussurrou no ouvido dele. – Foi uma exibição perfeita do seu poder de manipulação. Não o use contra min.
Ela riu, ele sorriu de volta. Os três foram para suas aulas do período da tarde.
Estavam jantando quando Rabastan parou ao lado deles. Narcisa mordeu os lábios de nervoso e depois deu a Rabastan um sorriso amarelo e forçado.
- Sente-se conosco. – ela pediu, sem graça. –
- Não, obrigado. Eu só queria me certificar de que você está bem, depois do seqüestro.
- Eu estou ótima. – ela respondeu de maneira grosseira. – Você saberia se falasse conosco.
Ele virou as costas e saiu andando. Ela percebeu que suas maneiras não tinham sido as melhores. Os olhares dos amigos eram de incredulidade. Ela tentou comer mais um pouco, enquanto se remexia, incomodada.
- Eu vou atrás dele. – ela acrescentou com um suspiro. – Não vou descansar enquanto não pedir desculpas.
Ela procurou Rabastan por todo o castelo. Ele não estava nas masmorras, nem na biblioteca, nem na ala hospitalar.
Um bando de alunos do segundo ano passou por ela e ela os seguiu. Seu instinto nunca falhava. Eles tentaram soltar bombas de bosta em um corredor do sexto andar, mas acabaram sendo anotados e provavelmente levariam uma detenção.
Quando descia, ela encontrou Rabastan no quarto andar. Sem se preocupar em perguntar o que ele fazia lá, ela correu até ele.
- Me desculpe. Eu não queria ser rude. Eu sinto sua falta. – ela segurou os ombros dele e o parou, obrigando-o a olha-la nos olhos. -
- Lúcio te deu permissão pra falar comigo?
- Lúcio é meu namorado, não meu dono. Eu faço o eu bem entendo. Aquele beijo foi culpa minha, mais que dele. Era eu quem estava comprometida com você.
- Nós podemos não falar sobre isso? Ainda machuca.
Ela parou e o observou por um tempo. Ele ficou parado, olhando-a, sua expressão ilegível. Então ela o abraçou. Por alguns minutos eles ficaram abraçados. Então ela deu um beijo na bochecha dele e correu para as masmorras.
Quando entrou na sala comunal, encontrou Lúcio, sozinho e se juntou a ele. Ele estava lendo.
- Onde está Severo?
- Ele foi para o dormitório.
- Tão cedo?
- Eu acho que ele brigou com o pateta do Potter no corredor.
Ela deitou no colo do namorado, que afagou seus cabelos e acabou dormindo.

N/A:
Nohara Tonks - Muito obrigada. Eu pretendo continuar atualizando porquê eu amo essa fic, ela é o meu bebê, mas tem tão poucos comentários que eu desanimo.

Miss Robsons - Muito obrigada, eu espero que continue gostando. Eu com certeza darei uma lida na sua fic, eu adoro tudo que tem a ver com a Narcisa.

Nati - Muito orbigada também, eu pretendo ler sua fic também. Não sei quando vou ter tempo, mas pode ter certeza de que eu vou ler.

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