Ameaças e Avisos



Obrigada Mione_Malfoy! Agradeço também aos meus leitores tímidos, pelos votos e pelas visitas!










Capítulo 3 – Ameaças e Avisos






“Comendo os livros Malfoy?” Brena comentou com desdém. “Esta foi a sua brilhante idéia para me superar?”



Ele pestanejou para responder, a idéia era mesmo comer livros... “Garota, eu sou superior a você.” Ele falou com uma voz altiva.



“Não é o que parece...” ela olhou para as sua unhas.



“Eu sou de uma família nobre, meu sangue é puro. Sou admirado ou temido por esta escola inteira. O que você pensa que tem que eu não tenho?”



Brena riu. “Admiração? Temor? Todos aqui me admiram, me temem e, principalmente, a maioria me inveja, não é Malfoy?”



“Você acha que eu te invejo?” Draco riu. “E o que eu invejaria em você?”



“A admiração deles, de toda a escola, a atenção que você tinha... e não tem mais...” ela sentou em cima da mesa dele, afastando alguns livros. “...porque eu roubei de você.”



“Você devia ter mais cuidado garota... você está irritando muito gente...”



“É mesmo?” Ela falou como uma voz infantil.



Draco agarrou o pulso dela e falou com severidade. “Você vai se arrepender.”



“Isso é uma ameaça?” Ela riu.



“Não. É um aviso.” Ele soltou o pulso dela e recolheu os livros que eram seus e alguns pergaminhos.



Brena saiu de cima da mesa. Ele guardou tudo em sua mochila.



Ela pestanejou para falar. “E qual é a diferença?”



“De quê?” Draco colocou sua mochila nas costas.



“A diferença entre ameaça e aviso.”



Ele pensou. “Bom, ameaça implica que eu vou fazer algum mal a você e aviso implica que muita gente vai fazer mal a você, não somente eu.”



“Então se você estivesse me ameaçando seria melhor?” Ela riu.



“Não. Você não gostaria que eu te ameaçasse.” Ele suspirou em seu ouvido e virou-se costas. “Tchau.” Ele acenou com as mãos antes de sair pela porta.



Enquanto ia para o jantar, andando pelos corredores vazios, ele percebeu que não tinha nenhum plano. Ele simplesmente não sabia o que fazer com a garota, e ir à biblioteca ler um bando de livros foi de fato uma medida desesperada.



Viu o grande salão lotado. Sentou-se no seu lugar e Pansy não demorou a começar a falar:



“O próximo jogo vai ser a gente contra a lufa-lufa.”



“Daqui duas semanas, não é?”



“É.” Pansy respirou fundo. “Eu não queria te pressionar Draco, mas...”



“Nós precisamos ganhar, eu sei.” Ele pegou um pão no prato.



“Não precisa se preocupar tanto, porém.” Ela olhou ao seu redor e falou no ouvido dele. “Nós temos um plano.”



“É mesmo?” Ele respondeu não muito interessado.



“Nós estamos pensando em desfalcar a Blair. O que aqueles fracassados farão sem ela?”



“Não.” Ele respondeu gravemente.



“Não?” Pansy falou confusa.



“Não.”



Pansy esperou que ele desse uma explicação, mas ele só continuou comendo, dando o assunto por encerrado.



“Por que não?” Ela finalmente perguntou. “Você não vai conseguir...”



“Quieta!” ele a interrompeu e Pansy não ousou continuar. “Vocês não vão fazer nada com a garota.”



“E por que não?” Ela perguntou com raiva. “Parece até que você se importa com ela!”



“Não seja ridícula.” Ele respondeu a única coisa que poderia responder.



“Pois saiba que os garotos estão planejando algumas coisas para ela...”



“Que coisas?” Draco olhou para Pansy pela primeira vez na noite.



“Não vou te contar...”



“Vai sim.”



Pansy desviou os seus olhos do dele. “Pergunte para o Theodore Nott... é idéia dele...”



“Nott?”



“É...”



Draco rolou os olhos. “Que seja! Agora suma.”



“Você não vai levar os meninos do primeiro ano de novo?”



“Não.” Ele respondeu com simplicidade.



“Mas você é um monitor! Porque eu tenho que fazer isso enquanto você fica sentado aí?”



“Se não quiser levar os meninos é só não levar...”



“Não é tão simples assim Malfoy. Algum monitor tem que levá-los. E já que eu sou a única que se habilita...”



“Já que você é a única que se habilita o problema é seu.”



“Não vou levar eles esta noite.” Ela cruzou os braços.



“Ótimo.” Draco levou o copo de suco a boca. “Não é muito complexo de qualquer forma. Nosso dormitório é subterrâneo é só descer, descer, até não dar mais para descer... é tão óbvio.”



Pansy riu sarcasticamente. “Diga isso a eles então...”



“Que seja.” Draco levantou-se e foi ao extremo da mesa. Os alunos do primeiro ano comiam entusiasticamente. Quando notaram a presença de Draco, ficaram calados, sentados eretos em suas cadeiras.



Draco deu um sorriso interior, ele ainda era respeitado. “Vocês vão para o dormitório sozinhos hoje. É só descer até não dar mais para descer, virem a primeira a esquerda quando chegarem lá embaixo.”



Todos os meninos consentiram um pouco confusos.



“Ah! E cuidado para não virarem a segunda a direita, porque se não vocês vão parar no dormitório da lufa-lufa.”



As crianças consentiram mais uma vez. “Ótimo.” Draco virou-se e ouviu o murmúrio dos meninos nas suas costas. Olhou para trás e todos se calaram novamente. Voltou para o seu lugar rindo interiormente.



“Problema resolvido.” Draco falou para Pansy sem olhá-la.



“E o jogo?”



“O jogo é problema meu.”



“E a Blair?”



“Ela também é problema meu.”



Draco olhou para frente procurando por Blair. Viu que ela conversava com um garoto da lufa-lufa, Ernie... ele tinha cabelos castanhos e usava óculos... ‘ele é feio!’ foi a primeira coisa que lhe veio a mente. ‘Porque ela estava falando com um cara feio?’. Observou mais um tempo e viu um garoto de cabelos pretos sentar-se ao lado dela. ‘Droga... este não é tão feio assim.’. Draco fazia força para tentar lembrar o nome do garoto moreno.



“Porque você tanto olha para ela?” Era a voz extremamente aguda de Pansy.



Draco piscou os olhos devagar, pesadamente. Odiava, muito, ter seus pensamentos interrompidos. “Não te interessa.”



“Ótimo!” Pansy se levantou e saiu. Draco ficou sinceramente feliz, dado que não seria interrompido novamente.



Olhou para Blair e ela não estava mais sentada. Estava de pé e o garoto estava do lado dela. ‘Espera aí...’ Draco olhou atentamente, frisando os olhos. ‘Aquilo é uma mão?’ Draco inclinou-se um pouco mais na mesa. ‘O sujeito está com a mão no ombro dela? O que raios a mão dele está fazendo no ombro dela?’



Draco sentou-se pesadamente em sua cadeira e cruzou os braços. Olhando de canto de olho para os dois. Agora eles estavam saindo da mesa e era visível, a mão dele estava lá, no ombro dela, envolvendo-a. Draco praticamente bufou.



“Esta garota já atrapalhou demais não é?” Nott sentou-se ao lado de Draco, onde Pansy estava sentada.



“É.” Draco respondeu com simplicidade.



“Soube que ela esta fazendo sucesso com os garotos da lufa-lufa.”



“Mesmo?” Draco rangeu os dentes.



“É. E que eu saiba tem uns da corvinal que também gostam dela, sem contar os da grifinória. Por exemplo, aquele...”



Draco o interrompeu grossamente. “Eu já entendi Nott.”



“Você está estranho...” Nott comentou.



Draco só gruniu em resposta.



“Bem... vim aqui para te contar os planos que tenho para a tal Blair...”



“Prossiga...” Draco falou sem desviar o olhar de Blair e do braço do garoto moreno.



“A Pansy teve esta idéia horrível de lesar a garota antes do jogo, mas... convenhamos é uma péssima idéia, todos vão saber que fomos nós... Daí vamos ficar com uma imagem de covardes.”



“Nós somos covardes.”



“É, eu sei, mas... ninguém precisa ficar sabendo.”



“Todos já sabem Nott...”



“Que seja. Nós não precisamos reforçar a idéia!” Nott respondeu impacientemente. Estabilizou a respiração e continuou, “Você também acha que é uma idéia ruim?”



“Com certeza é uma péssima idéia.”



“Então... pensamos então em enfeitiçar alguns balaços para perseguí-la durante o jogo... no mínimo vai ajudar. Concorda?”



“Acho que...” Draco olhou o garoto moreno abraçando Blair. Olhou para baixo. “Não sei.”



“É só um detalhe de qualquer forma. Nós chegamos a conclusão que o dano psicológico seria a pior parte. Quando ela entrar todos da sonserina vão vaiar e nós jogaremos ovos nela.”



“Ovos?” Draco riu. “Eles vão cancelar o jogo.”



“Eu não tinha pensado nisso...” Nott colocou a mão no queixo.



Draco rolou os olhos.



“Mas... não é uma má idéia cancelar o jogo. Além do que vale a pena... a garota vai ser humilhada, no próximo jogo vai ser mais fácil afinal ela vai estar moralmente abalada...” Nott falou para dentro. Antes que Draco pudesse responder Nott se levantou, deixando-o no vácuo.



Draco não sabia o que pensar da idéia de Nott. Tinha a sua mente vidrada em Blair. Ela mexia os cabelos para trás e dava muitos sorrisos, não particularmente animada. A mão do garoto se aproximava do pescoço dela e Draco acompanhava a mão dele com os olhos em cada centímetro.



Quando a mão finalmente alcançou o pescoço da garota, ela olhou para trás, diretamente para Draco, deu uma mexida de ombros e a mão do garoto soltou o seu pescoço. Draco deu um ligeiro suspiro, aliviando a tensão.



Ele olhou para a mesa e viu o seu prato embaçar. Ele se levantou e quase tonteou. Quase, os Malfoys não ficavam tontos. Ele saiu com a cabeça erguida da mesa, olhando de relance para Blair que continuava indevidamente próxima do garoto moreno.



Foi para o dormitório e deitou direto na cama. Concluiu que estudar não era saudável e que a Granger era completamente louca de fazer aquilo todo dia.



‘Dois olhos azuis... perto... mais perto. Rindo... ela estava rindo... indo... a mão do garoto moreno escorregava da cintura dela para o seu pescoço e descia, subia, voltava... e ela ria, os seus olhos cintilavam humor, desprezo... por ele...



Tudo escureceu e ele estava em sua casa... escura, fria, vazia... Sussurros, conspirações... Bellatrix com os seus olhos profundos de defunto o puxou pelo braço e disse: Você vai estar a salvo comigo...



Outra mão o puxou e disse: É comigo que ele vai ficar. O garoto precisa de uma mãe! Bellatrix respondeu. Mãe... Draco pensou... Mais mãos o puxavam e sussurravam: ele é meu... meu. Mãe! ... ele gritou. Desvencilhou-se das mãos e correndo pela mansão, sabendo que todas aquelas pessoas e cadáveres o seguiam.



Ele viu sua mãe escovando o cabelo no quarto dela. Ela o olhou com os olhos cinzas e tristes, como se uma tempestade sem fim corresse pela sua alma... Draco foi até ela, apresando o passo. O chão começou a se desfazer em seus pés... e ele caiu... viu... uma mão, pálida, translúcida, um sorriso calmo e olhos azuis o encararam e ela disse com uma voz suave: você vai estar a salvo comigo.



Draco estendeu a mão, mas não conseguiu pegar na mão dela. A garota de cabelos longos e negros, olhos azuis e profundos pulou... Não!... ele gritou.’



Draco levantou suado. “Não...” sussurrou para si. “Não.”



Sua cabeça doía. Muito. Ele olhou pela janela e viu que estava quase amanhecendo. Trocou de uniforme, pois o outro em que havia dormido estava amassado. Arrumou o cabelo e molhou o rosto.



Não queria levantar, ao mesmo tempo que não queria dormir. Draco saiu do salão comunal da Sonserina e foi ver se o café já tinha sido servido. Olhou para o hall e viu que ainda não. Resolveu dar uma volta. Aos poucos o sol se mostrava presente naquele dia. A luz entrava por diversas frestas.



Ele viu uma figura no corredor, embaçada por causa da luz. Draco quase se beliscou, pois teve a nítida sensação de estar sonhando.



“Não consegue dormir?” Brena perguntou.



“Não... E você?”



“Também não.”



“Então... eu acho que a gente se vê por aí...”



“É...” ele respondeu. Brena seguiu reto passando por ele... quando então ele falou a primeira coisa que lhe veio a mente. “Porque você não esta conseguindo dormir?”



Draco virou-se para ela. Porém, Brena não virou para trás, ficando parada no corredor. “Pesadelos...” ela respondeu genericamente. “Você?”



“Pesadelos.” Ele foi até ela. “Sobre o que são os seus pesadelos?”



“Pesadelos... normais... agora... eu... estou com pressa. Depois a gente se vê Malfoy!” Ela acenou e sumiu no corredor.



‘Normais...’ Draco riu internamente. O olhar de Blair indicava qualquer coisa menos que seus pesadelos eram normais.



Ele a observou sumindo no corredor. Os raios da manhã não mais ofuscavam sua visão. Blair aparentemente percebeu os olhos de Draco fixos nela:



“O quê?” Ela parou e virou o rosto.



“Nada.” Ele chacoalhou a cabeça devagar, sem desviar o olhar.



“Não parece que é nada...”



“Nem tudo é o que parece...” Draco acenou como de costume e foi na outra direção do corredor.



Quando percebeu que tinha saído do campo de visão de Blair. Ele começou a resmungar. ‘Nem tudo é o que parece’ falou imitando a sua própria voz. ‘Ridículo...’



“Vocês parecem até amigos...” ele ouviu a voz de Pansy vindo de trás de uma pilastra. “Parece que você realmente se importa com o que ela pensa de você...”



“Pansy...” ele falou impacientemente.

“E o que vai acontecer se todos ficarem sabendo que você agora fica...fica...” Pansy começou a falar com uma voz de choro.



Draco rolou os olhos. “Você não vai chorar, não é mesmo?”



“Eu vou chorar, gritar e fazer tudo o que eu bem entender!” Ela gritou, deixando as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. “Agora me diga Draco! O que você vai fazer se todos ficarem sabendo que você gosta da sangue-ruim?”



“Para de gritar.” Ele falou rangendo os dentes.



“Eu não vou parar! Eu vou gritar o tanto que...”



“Silencio!” Draco falou o feitiço calmamente e a voz da garota sumiu. “Vamos ser civilizados...”



Draco se aproximou dela e lhe deu um lenço, ela o pegou, soluçando silenciosamente.



“Finite Incantatem.” Draco desfez o feitiço e escutou o choro fraco de Pansy. Ele simplesmente odiava ver gente chorando. Aproximou-se de Pansy de novo, erguendo o queixo dela. “Chega não é mesmo?” A voz dele era suave e cansada. Em resposta Pansy acenou a cabeça positivamente, engolindo o choro.



“O que você vê nela?” Pansy falou com a voz baixa em meio a soluços mudos.



“Do que você esta falando?”



“Eu te conheço Draco...”



Draco deu um sorriso triste, “Não... não conhece...” disse e virou de costas.



“Draco eu...” a voz de Pansy continuava miúda.



“E chega deste seu drama... Cansei, sinceramente.” Ele rolou os olhos.



Pansy resmungou mais alguma coisa, mas ele definitivamente não estava disposto a ficar servindo de ombro amigo naquele momento, afinal, este não era o seu forte de qualquer forma.



‘A mão...’ Draco pensou quando viu Brena abraçada pelo desconhecido garoto da lufa-lufa. Diversos estudantes caminhavam para o café da manhã. Porém, ele nem notou o movimento. Draco só via a mão e ela começava a descer no momento. “Pare de olhar!” Draco se criticou em voz alta.



Brena o olhou neste momento e ele abaixou a cabeça passando por desentendido e foi se sentar à mesa da Sonserina.



“Draco eu tive uma outra idéia sobre o que a gente faz com a Blair no próximo jogo!”



“Mesmo...?” Draco respondeu indiferente sem nem observar com quem estava falando.



“Parece até que você não se importa com o jogo... parece que nem é...” Pansy começou a falar com uma voz tímida.



“Você me irrita...” Draco suspirou como se falasse consigo mesmo.



Pansy ficou calada e paralisada. “É só isso que eu faço?” Ela falou coma voz chorosa. “Te irrito? Só isso...”



Draco passou a mão pelos cabelos platinados com força. “Eu vou ir...”



“Aonde?” Pansy perguntou enquanto ele se levantava da cadeira.



Draco soltou o ar lentamente e a olhou fulminantemente. “Não pergunte.”



Ela chegou a abrir a boca para falar, mas ele a interrompeu imediatamente. “Foi um aviso.”



Draco saiu da mesa muito aliviado. Olhou para Blair com o olhar evasivo ‘O que aquela garota queria dele afinal...’. Atualmente o seu passatempo preferido era decifrar aquela garota. Ele estava impressionado com a sua incapacidade de articular uma revanche que prestasse, de arrumar algo que a impressionasse como ela o impressionou. Ela merecia ser provocada como tanto clamava.



Draco foi até o dormitório da sonserina para pegar sua vassoura. Em seguida foi para a lagoa, sentou-se na sua árvore. ‘Vazio...’ Draco pensou, constatando mais uma vez a sua total incapacidade de pensar em uma revanche.



“Eu tenho que começar a voar em pé na vassoura...” ele pensou em voz alta. “Se ela consegue eu também consigo... não é possível...”



Draco montou na vassoura, “Afinal ela é só uma...” . Voou alguns centímetros do chão e começou a tentar estabilizar a vassoura enquanto a inclinava horizontalmente. “Uma...sangue...ruim...” A vassoura balançava bastante, ele não conseguia mantê-la equilibrada. “E eu sou...” Draco pronunciava estas palavras enquanto tombava da vassoura.



“O grande Malfoy.” Blair parou ao seu lado.



Draco respirou nervosamente e Brena se divertiu ainda mais com a situação. “Que no momento esta sujo e no chão, mas... não... isso não tira a sua grandeza... ele continua sendo o Grande e Magnífico Draco Malfoy.”

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