Apaixonados



– Não, não posso... Que coisa mais ridícula. - Rony pensava sozinho no escuro de seu quarto. Não conseguia dormir, pois toda vez que fechava os olhos a lembrança daqueles olhos castanhos amendoados vinha a sua cabeça.


Mais cedo ele quase beijara uma das pessoas mais importantes da cidade, se não a mais importante.


Revirava-se em sua cama tentando encontrar uma posição confortável.


– Acho que estou ficando maluco.


– Maluco de amor, só se for. - disse uma voz em sua cabeça.


– Eu não estou apaixonado. De onde tirou isso? - era como se estivesse conversando com uma pessoa de carne e osso.


– Ora, se vê em seus olhos. A maneira como a olha, desde o primeiro instante que se encontraram. – rebateu a voz.


– O que você sabe sobre estar gostando de alguém? Até onde eu sei você é uma voz na minha cabeça. Voz que está me deixando doido.


– Diga o que quiser, mas eu tenho razão!


E dai que Hermione tinha os olhos mais bonitos que ele já vira? E dai que seus cabelos eram sedosos, embora nunca os tivesse tocado? E dai que tinha um rosto perfeitamente desenhado, feito sob medida? E dai que tinha uma pele legal? E dai? E dai?


Não poderia estar gostando dela por n motivos. Primeiro: Ela é uma princesa. Segundo: Ela é um princesa. Terceiro: Ele? Um simples camponês. Mas... Pensando bem... Se havia motivos para não gostar dela, seria um indício de que estava gostando? Ninguém poderia o impedir de se apaixonar, o da questão era ser correspondido.


Quem sabe ele apenas tinha receio. Uma vez se apaixonara por uma moça de apelido Lilá. Lavender era o que chamavam de bonita confusão. Loira ao natural atraia olhares por onde passava. Cobiçada e invejada por muitos. As mulheres a odiavam por natureza, apenas pelo simples fato de existir e encantar. Os homens, por outro lado, caiam aos seus pés com o mínimo charme. Por mais que fosse bela, causava diversas confusões. Causara brigas e até separações em todos os lugares. Para sorte de Rony (ou não), ela nunca se interessara nele, em sua família em especial. O fato de não terem muito dinheiro - e de todos saberem - talvez tivesse influenciado. Essa fora a única experiência amorosa do ruivo, e desde então, nunca se interessara por outra mulher.


Até agora...


Mas ele se questionava: o que uma princesa, bela, rica, inteligente, de casamento marcado, iria querer com ele? Pobre, aparentemente feio (porém não) e sem muita inteligência, sobre determinados assuntos? Claro que sua mãe sempre dizia que era lindo, não importasse o que as pessoas dissessem. Completara, pelo menos, o ensino básico, e dominava algum assunto. Mas Hermione, ela deveria ser a pessoa mais inteligente que tivera o prazer de conhecer.


E por quanto tempo ela ficaria ali? Por quanto tempo esta farsa duraria? Estavam a sua procura, e quando a encontrassem... Bem, as coisas não ficariam da mesma forma.


Perdido em pensamentos acabou adormecendo. Ao acordar, pela manhã, uma força estranha o atraiu até a janela. O sol nascia ao horizonte, as gramas cresciam verdes e... Hermione andava por entre as árvores de frutas no pomar. Naquele momento ele tinha duas certezas: além de ser a pessoa mais inteligente que tivera o prazer de conhecer, Hermione tinha o sorriso mais bonito que ele já vira, e faria o que estivesse ao seu alcance para ver aquele sorriso todos os dias.


...


Hermione encarou o céu. Ainda estava cedo. Quando morava no castelo não despertava antes das 9h:30min. Agora tudo era diferente. Dependendo do dia, acordava com o canto dos galos.


Estava adorando aquela vida. Como se fizesse parte da família. O pomar era seu lugar preferido. Tinhas as mais diversas frutas, e todas as suas preferidas. Desde maças à jambos. Cajus, laranjas, amoras, acerolas, todo o tipo de fruta que se imaginar. O mais estranho? Todas elas lhe lembravam dum ser de cabelos vermelhos, pois a cor das frutas ou era vermelha ou laranja.


Ora, mas a família Weasley tinha oito membros ruivos. Por que ela se lembrara justamente de Rony?


– Que besteira!


– Ah, você sabe por quê! - uma voz em sua cabeça falou.


– Isso é doideira!


– Não há nada de doido em falar com sua voz interior, querida! Estou aqui apenas para lhe ajudar!


– Certo, hum... Eu não preciso de ajuda!


– Se não precisasse eu não estaria aqui!


– Se você está dizendo... - ela começou a colher carambolas para que Molly fizesse suco.


– Vamos menina, desabafe, é para isto que estamos conversando.


– Bem, está certo então... Eu... O que devo falar?


– Sobre como se sente por estar apaixonada!


– Mas não estou apaixonada.


– Negará? As pistas são óbvias! Você sente algo estranho quando estão pertos?


– Bom... Às vezes, talvez... Mas isto não quer dizer que estou apaixonada!


Será que não? Certo, Rony tinha os mais bonitos olhos azuis que ela vira, ela adorava seu cabelo ruivo e suas sardas. Mas isto nada significava.


Além do mais, motivos impediam a união dos dois, exemplo: diferentes classes sociais, embora ela não se importasse. Ela era uma princesa, e ele um camponês. Sua mãe surtaria. Para ela essas coisas não definia caráter. Desde que fosse um bom e amoroso homem, estes seriam apenas consequências.


Desde quando ligava para a opinião de sua mãe?


– Mas então isto quer dizer que você nutre algum sentimento por ele...


Por falar nele... Rony rompia pela porta, pronto para mais um dia de trabalho. Cumprimentaram-se brevemente e logo Rony adentrou a floresta.


– Certo, você venceu. Acho que... Acho que gosto dele de uma forma diferente, e isto me assusta.


Afinal, como uma princesa teria um felizes para sempre, digno de toda história de príncipes e princesas, ao lado de alguém que a mãe não consideraria bom o suficiente para ela?


Sem contar que às vezes seu estômago se revirava em sua barriga, tanta a ansiedade. As famosas borboletas estaria fazendo a festa? Tinha medo... Sabia o que era amar, mas não o amar homem e mulher. Como ela saberia que este sentimento realmente existia? E se Rony não sentisse o mesmo? Um sentimento não correspondido? Ela aguentaria?


Estava tão absorta em pensamentos que não notou a aproximação de uma figura loira, com semblante sonhador.


– Olá! - ela quase pulou ao escutar aquela voz tão infantil. - Sou Luna Lovegood, moro aqui perto.


– Ah... Olá Luna, eu sou He... Mione! - cumprimentaram-se. - Já ouvi falar de você.


– Engraçado, nunca ouvi falar de você. - falou tão sonhadoramente que Hermione não sabia ao certo se ela realmente escutara. Estaria em seu subconsciente?


– Bom, Luna, prazer em conhecê-la, mas preciso levar esta cesta à senhora Weasley.


– Molly? A conheço. A caso vim vê-la. Você é da família? Com a quantidade de filhos não me admiraria.


– Não exatamente. - Não ainda, sua voz interior tornou a falar. - Então me acompanhe.


E assim Hermione e Luna se tornaram amigas e confidentes. Luna lhe contara que as pessoas, especialmente as garotas, não queriam ser suas amigas. Sabe-se lá por que...


Hermione tinha uma teoria, e muita excentricidade se encaixava.

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Comentários (1)

  • Beatriz Granger

    AMEI, AMEI, AMEI. Gosto muito da Luna, adotei o nome Luna no meu note assim que ele chegou. Eu também tenho essa voizinha interior, deu o nome a ela de Binca e ela tem uma forte personalidade, somos grandes confidentes, sei o que esta pensando, não se preocupe eu não sou louca. Posta logo o outro capítulo. Ansionamente, Beatriz Granger.

    2013-02-03
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