A falha de Severo


Era sábado, e amanhecia um lindo dia de primavera em Hogwarts. Todos os alunos ainda estavam em suas camas, dormindo em sono profundo; exceto por um menino de cabelos muito negros e rebeldes: Tiago Potter. Estava sentado na cama de colunas, e parecia bastante concentrado, escrevendo algo em um pedaço de pergaminho.


Passada mais ou menos meia hora, outro garoto, magro, com cabelos também negros e feições muito bonitas estava se levantando de sua cama de colunas. Ele foi andando em direção a Tiago, que logo sorriu para o amigo e comentou: 


-Hum! Para quem ia acordar às seis para me ajudar com isso, você até que está bem atrasado, não acha, Sirius?


Sirius riu e respondeu:


-Me desculpe, Tiago. Mas, sabe, Remo roncou a noite toda e não me deixou dormir... Só fui adormecer pela madrugada. Precisamos lançar outro feitiço anti-roncos nele, parece que aquele que lançamos ontem não funcionou muito bem. Na verdade, ele parece até roncar mais. - disse, apontando para outro menino que dormia na cama de colunas, e que realmente roncava.  


Tiago riu e fez sinal para Sirius, pedindo silêncio: queria terminar seu trabalho o quanto antes. Alguns minutos depois, Tiago concluiu o que queria concluir, e voltou a falar com Sirius: 


-Você acha que ela vai gostar? 


Sirius olhou para Tiago de um jeito que parecia misturar severidade com vontade de rir.   


-Ah. Deixa ver isso logo!


Quando terminou de ler o pedaço de pergaminho, que estava com uma letra particularmente caprichada – algo que não era próprio de Tiago –, disse:


 -Tiago Potter escreveu isso? Está falando sério? Nossa, nem parece...


Tiago riu, parecendo aliviado, e comentou:


 -Vou encarar o que você disse como um "sim, ela vai gostar". 


E, dizendo isso, saltou da cama pela primeira vez na manhã e foi se vestir. O quarto ainda estava silencioso, pois só Tiago e Sirius estavam fora da cama. Embora naturalmente fossem demasiado barulhentos, eles estavam estranhamente calmos para uma manhã, naquele dia– ambos costumavam ficar bastante agitados quando acordavam –; pareciam realmente dispostos. Sirius, que também se vestia, pegou sua varinha e a guardou no bolso interno da capa. 


Depois de vestido, Tiago falou com Sirius.


 -Bem, acho que já podemos ir. 


A sala comunal da grifinória estava praticamente vazia, havia apenas um grupo de menininhas do primeiro ano, que pareciam realmente preocupadas com alguma coisa. Tiago e Sirius ignoraram as meninas quando elas olharam para ambos, completamente encantadas, com olhares vidrados, o que deu a Sirius certa vontade de rir, mas Tiago nem havia visto aquelas meninas por ali. Ele só tinha uma coisa em mente. 


Quando Tiago e Sirius passaram pelo buraco do retrato, não avistaram ninguém nas escadarias, então se encararam e sorriram, saindo correndo para ver quem chegava mais rapidamente ao Salão Principal. 


-Ah, Tiago! Desista! Você sabe que nunca será tão rápido quanto eu! - disse Sirius.


-É o que você pensa! Sou muito mais rápido do que você, Sirius! Você é quem não encara os fatos! - falou Tiago, rindo-se. 


Eles estavam de divertindo muito apostando aquela corrida, quando de repente, em um corredor, eles avistaram um menino estranho, com vestes da sonserina, cabelos negros e oleosos, com um rosto macilento e magro: Severo Snape. 


Tiago e Sirius pararam repentinamente a corrida, encarando Snape, que também os encarava, e tinha uma expressão de completo desgosto na face. 


-Ora, ora, ora... Se não são os senhores encrenca. - disse Severo, com um olhar de gelo. 


Tiago e Sirius se encararam, mas nada responderam, apenas voltaram a encarar Severo. 


-Suponho que estejam procurando a Lílian... Estou certo? - continuou ele, com um sorriso maldoso. - Ah, é claro que estão. Sabe, Tiago, não sei por que você ainda insiste na Lílian. Você ainda não entendeu que ela não sente absolutamente nada por você? 


Tiago estava com muita raiva de Severo naquele momento; muita raiva mesmo. Partiria para cima dele na mesma hora, mas não podia: ele era o melhor amigo de Lílian Evans. Sirius estava rosnando de raiva também, e parecia querer avançar para cima de Severo, mas Tiago disse: 


-Não, Sirius. Não vale a pena. Ele é realmente um completo estúpido, mas não vamos dar a ele esse gosto. 


Sirius concordou e eles passaram por Snape, que ao ver que a provocação não funcionou, gritou para Tiago, que já estava um pouco distante: 


-Você não ouviu, Tiago? Ela não quer nada com você! Deixe a Lílian em paz! Deixe ela em paz! 


Tiago nem chegou a olhar para trás, persistente no seu caminho, ao lado de Sirius, que chegou a tremer um pouco, mas logo continuou.


Quando eles já estavam nos corredores do Salão Principal, Sirius disse a Tiago:


-Sabe, um dia nós vamos nos vingar de tudo que esse babaca fez para nós. Ah, nós vamos sim... 


-Esqueça, Sirius. Nada vai me abalar hoje. Estou com um bom humor especial hoje, e não quero que ele seja interrompido por ninguém... Principalmente por alguém da sonserina. 




Sirius parecia um pouco assustado com a atitude de Tiago; se ele estivesse “normal” naquele dia, ele nunca teria dito aquilo: teria lançado um feitiço trava língua permanente em Severo, para que ele ficasse o dia todo sem falar uma única palavra. Mas ele parecia achar graça nisso de alguma forma, pois não falou nada com Tiago.


Quando terminaram de tomar café da manhã, Sirius acompanhou Tiago até a sala comunal da grifinória novamente. Tiago estava disposto a esperar Lílian sair do dormitório das garotas, mesmo se demorasse mais umas duas horas.


Tiago e Sirius ficaram sentados, jogando uma partida de xadrez de bruxo, quando um menino, que parecia com muito sono e tinha olheiras, passou pela porta do dormitório dos garotos. Ele foi caminhando em direção a Tiago e Sirius, e se sentou em uma poltrona próxima.


-Bom dia... – disse Remo, em um tom ainda mais sonolento – Por que vocês não me acordaram na hora que pedi que me acordassem?  


-Você precisa mesmo de uma resposta? – disse Sirius, rindo.


Remo o encarou com cara de quem comeu e não gostou, mas acabou cedendo a um riso.


-Obrigada, Sirius, você é muito gentil. – respondeu Remo.


Sirius riu, abobadamente, mas, de repente, sua mente saiu dali: saiu daquela partida de xadrez, saiu da conversa com Remo. Uma menina, muito bonita, de cabelos castanhos e longos, acabava de sair do dormitório das garotas, e acabava de passar por eles, sem nem reparar nele. Era Marlene McKinnon. Ela passou pelo buraco do retrato sem olhar para absolutamente nada; totalmente dispersada, fria, decisiva e esnobe.


-Sirius? Sirius! É sua vez, cara! Onde você estava? – perguntou Tiago, um tanto irritado.


Sirius parecia ter sido acordado por um balde de água fria, e olhou para Tiago com a cara mais retardada do mundo – uma cara que ele não era acostumado a fazer –, o que fez Tiago compreender, ao ver a menina saindo do local.


-Ah, fala sério Sirius. A McKinnon de novo?  


-Por que ela me ignora? Poxa, todas as meninas são loucas por mim! Ela não me olha nem por uma fração de segundo! Por que com ela é diferente? Se fosse com qualquer um de vocês dois, eu entenderia totalmente, mas é comigo: Sirius Black! Eu não entendo o que ela não vê em mim...


-Modéstia. – respondeu Remo em tom de riso.


Sirius fechou a cara para Remo e olhou para Tiago, em busca de ajuda, mas ele também ria, então ele percebeu que estava sendo realmente tosco e cedeu a uma risada.


Eles continuaram a jogar xadrez e conversar, quando finalmente, uma menina ruiva, também muito bonita, saiu do dormitório das garotas acompanhada de duas amigas; ela parecia estar muito bem humorada também, parecia feliz, e ficou continuou conversando com as amigas quando passou por Tiago e os outros, ignorando-os – mesmo que suas outras amigas tenham demorado bastante o olhar sobre cada um deles – e foi em direção ao buraco do retrato, quase passando por ele, quando Tiago disse:


-Ei! Lílian! Lílian Evans! Espere, preciso falar com você!


Lílian olhou para trás, assustada; mas, ao perceber que a pessoa que tanto lhe gritava era Tiago Potter, virou a cara, e tornou a andar. Tiago não desistiu facilmente. Foi atrás de Lílian, sua carta em mãos.


-Evans! Espere, Evans! Olha, eu tenho algo para você comigo!


Lílian parou de andar, respirou fundo e pediu um momento para suas amigas para falar com Tiago.  


-O que é dessa vez, Potter? Por favor, será que você não me deixa em paz?


-Calma, Evans. Só queria conversar com você. E te dar isso, se me for permitido. – disse, apontando para a carta.


-Ah, Potter. Isso é o que mais me irrita em você. Você me trata como se eu fosse algo que precisasse ser permitido...


-Oras, essa é a impressão que você me dá, Evans – disse Tiago, rindo, mas ao ver que Lílian estava começando a se enfezar, disse em seguida: - Mas isto não vem ao caso; preciso realmente falar com você. De preferência em um local mais reservado, como nos jardins. Posso?


Lílian encarou Tiago com uma expressão que parecia dizer “se não tem jeito mesmo”, e perguntou:


-Se eu falar com você, você promete parar com essa obsessão?


-Ah, isso vai depender da sua resposta, Evans.


Lílian sentiu que se arrependeria plenamente de fazer aquilo, se sentiu idiota por aceitar, mas algo lhe dizia que daquela vez seria diferente. Talvez Potter não saísse como o pleno ridículo que aparentava ser. Quem sabe como um colega, ou até mesmo como um amigo.


Àquela hora, já havia bastante gente tanto nos jardins como no castelo todo, pois já passavam das dez.


-Ahn... Tudo bem, Potter, mas não podemos demorar.


Tiago deu o sorriso mais alegre que ele poderia ter dado naquela manhã quando Lílian lhe respondeu.


-Muito obrigado, Evans! – respondeu Tiago com um sorriso ainda maior,  levando Lílian em direção aos jardins.


O caminho em direção aos jardins foi silencioso, mas cheio de trocas de olhares – os olhares tímidos de Lílian e os olhares confiantes de Tiago. Chegando lá, Tiago ficou encarando Lílian como se ela fosse uma obra de arte, o que deixou a menina realmente sem graça e a fez corar. Ela então disse:


-Então, Evans...


-Ah, quando é que você vai parar de me chamar de Evans, hein?


-Assim que você parar de me chamar de Potter. – disse Tiago, com simplicidade.


Lílian respirou fundo, e disse:


-Tudo bem... Tiago. Então, o que você queria tanto me dizer?


-Ah, Lilizinha...


-Ah, dá para parar com essa palhaçada? Por Merlin, se for para me chamar de Lilizinha, prefiro que me chame de Evans, mesmo. Por que você não me chama simplesmente de Lílian?


-Lílian? Tem certeza?


-O que você acha? – perguntou Lílian, começando a se irritar, algo que Tiago percebeu, e o fez parar, então.


-Tudo bem, Lílian. Bem, na verdade, eu não queria te falar nada, pois não sei explicar com palavras. Mas ficaria feliz se você ao menos lesse isto – disse Tiago, dando-lhe a carta.


-Por acaso esta carta é mais uma daquelas que você me escreve, me convidando para sair, destacando suas qualidades, falando sobre suas conquistas no quadribol e falando dos ciúmes que eu causaria nas outras meninas se eu saísse com você?


-Depende do seu ponto vista, Lílian – disse Tiago com um sorriso um pouco malicioso – Mas eu imploro que você leia. Prometo que dessa vez vai ser diferente. E, se não for, eu faço ser.


-E como você pode me provar isso? – perguntou Lílian, desconfiadamente.


-Poxa, Lílian, será que você vai ser difícil assim para sempre? Dê-me uma chance. Veja, nós já estamos aqui. Tem coisas que nem sempre tem como se provar, mas como se sentir. – disse Tiago, em um tom que não parecia seu.


Lílian pareceu parar para pensar. Ela parecia achar que, de Tiago Potter, não poderia se esperar algo melhor. Então ela decidiu considerar dar uma chance a ele; afinal de contas, talvez daquela vez fosse realmente diferente.


-Ah – Lílian suspirou –, tudo bem, Tiago. Mas se for mais uma das suas, juro que nunca mais olharei nos seus olhos. Vou ler sua carta, mas agora não posso, porque estou ocupada, preciso ler alguns livros na biblioteca. Mas assim que puder, lerei, e venho falar com você.


Tiago sorriu, parecia realmente exultado, e disse:


-Muito obrigado, Lílian Evans! Prometo que dessa vez você não vai se arrepender, não mesmo.


-Hum... Espero. – disse Lílian, um pouco sem graça, e saiu andando, passando pelas pessoas, em direção à biblioteca.


Agora que ela estava se afastando, Tiago sentiu um perfume muito agradável de rosas – o perfume de Lílian. Tiago realmente gostava daquele perfume.


Tiago ficou observando Lílian andando em direção ao castelo, sem desviar o olhar por nem um segundo, até que ela desapareceu na multidão. Ele não parava de sorrir. Nada poderia acabar com sua felicidade, mesmo.


Depois de algum tempo parado com o rosto um pouco retardado nos jardins, ele decidiu subir para a sala comunal da grifinória e falar com Remo e Sirius o que acontecera. Eles precisavam saber. 


Chegando lá, ambos estavam sentados em poltronas perto da lareira, quase dormindo.


-Até que enfim, Tiago... E aí? Como foi? – perguntou Sirius – Não, não precisa dizer: sua cara terrível já diz tudo.


 -Não precisa dizer mesmo – disse Remo – mas pelo menos nos conte os detalhes.


-Detalhes? – perguntou Tiago, sorrindo – Vejamos... Bem, descobri que adoro o perfume da Lílian... Só isso! Ah, você queria mesmo que eu reparasse em detalhes com uma Lílian Evans na minha frente, Remo? Ah, não conseguiria... Mas posso dizer que foi realmente melhor do que eu esperava, sabe. Ela pareceu me compreender.


Sirius e Remo se olharam e riram, eles achavam aquela situação realmente engraçada. Tiago nem reparou que eles estavam rindo dele, mas continuou sorrindo e ficou encarando a janela, e parecia alucinado, o que fez Remo e Sirius rirem mais alto ainda.


Tiago passou a tarde inteira pensando em Lílian, e Sirius e Remo passaram a tarde toda rindo as caras e bocas que Tiago fazia enquanto pensava nela, e jogando xadrez de bruxo. Até que, quando estava quase anoitecendo, Tiago parou um pouco de viajar: Lílian ainda não tinha vindo lhe procurar. Então, sentido-se um pouco sonolento e desligado, perguntou a Sirius e Remo, sentado na poltrona, com uma cara totalmente abobada:


-Isso foi um sonho?


Novamente, Sirius e Remo se encararam e tiveram um ataque de risos.


-Ei! Não riam de mim! Estou perguntando se não foi um sonho! Por Merlin, me respondam! – implorou ao ver que Sirius e Remo riam mais ainda.


-Não, Tiago. – falou Remo, dando mais uma longa gargalhada com Sirius – Não foi um sonho...


-O quê? Então é verdade que Lílian Evans, provavelmente dentro de poucos minutos, vai vir me procurar? Eu não acredito! Por que vocês não me acordaram antes? – perguntou Tiago, irritado, subindo para o dormitório dos garotos para se arrumar. 


 -Oras, porque você estava dormindo um “sono” tão profundo que dava até pena de acordar... Não é, Remo? – falou Sirius recomeçando a rir.


Passados alguns minutos, quando já eram quase sete horas, Tiago tinha acabado de se arrumar, e decidiu esperar por Lílian na sala comunal; ele ficava olhando para todos os lados, na esperança de vê-la logo, pois estava realmente ansioso. Nem se sentou; ficou de pé, para apurar a visão para qualquer fio de cabelo ruivo que pudesse enxergar.


Sirius e Remo tinham subido para tomar um banho e mudar a roupa, mas depois desceriam para jantar – graças a Deus, pensou Tiago; ele não entendia o motivo daquele ataque de riso dos dois.


Quando já eram sete e meia, Tiago começou a ficar preocupado: Lílian ainda não havia aparecido. Será que ela teria desistido de encontrá-lo? Não, ela não faria isso... Talvez ela estivesse com vergonha de aparecer. Mas depois, Tiago pensou: “E se não for nada disso? Será que aconteceu alguma coisa com ela?”; não, ele deveria estar imaginando coisas. Ela estava bem. Será mesmo?


Essa mescla de insegurança com medo foi tomando conta de Tiago, até que ele decidiu ir atrás dela. Ia procurá-la na biblioteca, que essa hora, já estava quase fechando, mas talvez ela estivesse realmente ocupada estudando. “Ela é tão estudiosa e inteligente...”, Tiago pensou, retardadamente.


Ao chegar na biblioteca, Tiago procurou Lílian, mas não a encontrou; na verdade, a biblioteca estava quase vazia. Então, ao dar uma última olhada, encontrou Marlene McKinnon – por quem Sirius era obcecado – que era amiga de Lílian. Decidiu, então, perguntar por ela:


-Oi, McKinnon. Você viu a Lílian?


-Ah, olá, Potter. – disse Marlene, um pouco esnobe. – A Lílian? Ela não estava com você?


-Estava, mas já faz tempo... Ela disse que viria à biblioteca e depois me encontraria.


-Hum... Na biblioteca ela não estava, Potter. Passei o dia todo lendo, e, se ela me visse, com certeza viria sentar comigo. Mas, como ninguém veio sentar comigo e eu também não a vi aqui por perto, então provavelmente ela não estava aqui. – disse Marlene como se estivesse se gabando.


-É sério? Por favor, McKinnon, me diga a verdade, preciso realmente falar com ela.


-Quem disse que eu estou mentindo? – perguntou Marlene, parecendo ofendida – Só falei verdades agora. Mas isso não quer dizer que eu não tenha omitido alguns detalhes...


Tiago demorou alguns segundos para entender a última frase de Marlene.


-Detalhes? Que detalhes, McKinnon?


-Ah, você acha mesmo que vou te entregar assim de bandeja? Claro que não, Potter, tudo tem um preço. Eu conto se você fizer algo em troca por mim.


-Eu faço qualquer coisa, te prometo, mas, por favor, me conte, e tente não demorar, eu tenho um encontro marcado.


-Só conto se você me prometer não aprontar mais nenhuma das suas nem com o Severo e nem com ninguém. Eu e a Lílian achamos você um completo idiota quando você faz isso, a propósito...


-Só isso?


-...e, se você me prometer fazer a Lílian feliz, caso ela caia no seu papo. Você sabe, ela é uma das minhas melhores amigas e eu não ia gostar nada de vê-la sendo magoada por você...


-Ela será muito feliz, te prometo. Mas agora, conte!


-...e...Como assim, você acha que é só isso? Isso que disse agora não é um pedido, Potter, é uma ordem. Mas, o que quero realmente te pedir, é que... – pela primeira vez na vida, Marlene parecia sem graça – você peça para aquele seu amigo, Black, vir falar comigo hoje, depois do jantar, no saguão de entrada, se vir ele. Mas não pense que é um encontro, nem diga nada para ele. Quero conversar civilizadamente sobre certas coisas, que você não vai saber quais são, nem vai rir, nem vai espalhar, nem nada, senão trato desfeito, ouviu?  – disse, ao ver que Tiago começou a dar um riso malicioso, que cessou quando Marlene disse aquilo.


-Ah... – disse Tiago, parecendo desapontado – Tudo bem, só digo para ele. Mas se ele espalhar, aí já não é problema meu...


-Ele não vai ser doido de espalhar. – disse Marlene, secamente – Mas, agora, vamos direto ao ponto. Você quer saber onde está Lílian?


-Sim, por favor, me diga.


-Bem...  Não sei exatamente onde ela está... Mas sei com quem ela está.


-Com quem? – perguntou Tiago, desesperado.


-Ah, você precisa realmente que eu te diga, Tiago? Não dá nem para imaginar com quem ela esteja? – perguntou McKinnon com um tom de certa incredibilidade na voz.


Tiago imaginou com quem ela estivesse. Não precisou de muito tempo para entender quem era a pessoa a quem Marlene estava se referindo – algo raro para aquele dia, pois Tiago estava com certa lerdeza nos atos e nos pensamentos.


-Ah, não. Não mesmo. Você quer dizer que ela está...


-Com o Severo? Com certeza. Quem mais poderia ser? O que mais você poderia esperar? É o melhor amigo dela, Tiago. Se eu fosse você, eu ficava mais atento sabe... Ou deixava a Lílian em paz.


-Deixar a Lílian em paz? Você está louca? Isso só quando ela me deixar em paz. Ela nunca vai me deixar em paz.


-O que a Lílian te faz que não te “deixa em paz”? Sou muito amiga dela e não a vejo hora nenhuma te perturbando.


-Depende do que você entende por “deixar em paz”. – disse Tiago, com uma voz um pouco fraca.


Marlene abriu a boca para falar, mas, quando se deu conta, Tiago não estava mais ali; estava correndo em direção ao dormitório dos garotos. Precisava pegar uma coisa em seu quarto.


-Já chegou, Tiago? – perguntou Sirius, sem rir dessa vez.


Tiago não respondeu, apenas pegou seu malão, abriu-o e tirou dele um pedaço de pergaminho sem nada escrito, que parecia realmente velho: o mapa do maroto.


-Juro solenemente que não fazer nada de bom. – ele disse, e, em um piscar de olhos, o papel, que antes não tinha nada, se transformou em um mapa de Hogwarts.


Ele procurou os nomes Lílian Evans e Severo Snape no mapa. Depois de alguns segundos, que pareceram eternidades para Tiago, ele localizou os pontos, no mesmo local: na torre de astronomia. Por que eles estavam lá e como conseguiram entrar àquela hora, Tiago não fazia a mínima idéia, mas aquilo não importava agora: ele precisava ir lá, sem ser pego.


Portanto, pegou seu malão novamente, e tirou a capa da invisibilidade. Vestiu-a e foi saindo em direção à torre. Antes de sair, Sirius disse, dessa vez um pouco risonho:


-Depois quero saber de tudo.


 Tiago ia saindo, mas se lembrou do convite de Marlene e rapidamente falou com Sirius:


-Encontre Marlene McKinnon no saguão de entrada agora. Parece que ela tem algo realmente importante para falar com você agora. Sem perguntas; preciso ir. Boa sorte.


Quando Tiago saiu, Sirius e Remo ficaram se entreolhando, como se fossem dois estranhos um para o outro, e, quando se deram conta do que Tiago disse, Sirius comentou:


-É, parece que a Lílian lançou um feitiço de retardamento permanente no Tiago.


-Não sei... Mas se eu fosse você, eu iria ao saguão de entrada.


Sirius encarou Remo como se ele fosse uma criança que não conseguia somar dois mais dois.


-Sério? – perguntou Sirius, com ironia.


-É verdade Sirius. Tudo bem que Tiago está, digamos... um pouco estranho com essa coisa toda, mas ele não brincaria com uma coisa dessas. Ele é seu melhor amigo, e, francamente, a McKinnon fala mais com ele do que com você.


Sirius pareceu refletir. Depois de algum tempo, perguntou:


-Você acha mesmo?


-Bem... Só há um jeito de descobrir, não é? – disse Remo, sorrindo.


Sirius também sorriu, mas não disse nada; ficou pensado: se ela estivesse realmente no saguão, esperando por ele, o que ele faria depois? O que ela queria com ele? O que ele diria? Foi ficando nervoso à medida que pensava nisso, mas, pensou Sirius, é melhor ir do que não ir.


-Quer saber, Remo? Você tem razão. Vou para o saguão de entrada agora mesmo. Afinal de contas, parece que a McKinnon está esperando por mim, não é?


Remo sorriu e disse:


-Ah, eu sabia que você iria; com uma Marlene McKinnon te esperando lá embaixo, você acha mesmo que era de se esperar que você ficasse?


-Ah, cala essa boca, Remo – disse Sirius rindo – Eu nem tenho certeza se ela está lá... mas não vou deixar de ter esperanças, não é?


-Vai logo atrás dela! – disse Remo, rindo – Ela não vai te esperar a noite toda.


Sirius deu um último sorriso e foi atrás de Marlene, feito um desesperado. 



 


 


 


 


 

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Comentários (2)

  • Chrys

    Posta mais!!!!!!!!!!!!!!!! 

    2011-12-17
  • Chrys

    Posta mais pelo amoooor de Deus!!!!!! To amando sua fic e mal posso esperar pela continuação! Please posta mais! Por Merlin!

    2011-12-07
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