A poção



- Este capítulo será narrado na perspectiva de Draco Malfoy –


Olhou-se no espelho novamente. Suas vestes eram completamente escuras, exceto pelos detalhes de prata da capa que pertencera ao último rei inglês bruxo, Henry Philip. Seus cabelos prateados estavam penteados para trás, como habitualmente, mas estavam um pouco mais curtos, e sua barba estava perfeitamente feita.


Fora uma noite longa, porque teve que decorar o discurso que Hermione Granger preparara para ele. Era um bom discurso, obviamente, porque, apesar de ser uma sangue ruim completamente desinteressante, era uma mulher inteligente.


Potter pediu para que esperasse ali, naquele quarto, mas era muito desaforo ter que obedecer as regras da pessoa que mais se odeia em sua própria casa, então rumou para os corredores, o que descobriu ter sido uma ideia excelente assim que viu uma linda mulher de cabelos escuros e lisos com uma bandeja de prata nas mãos.


- Boa tarde!


- Senhor Malfoy – a mulher fez uma reverência, o que proporcionou uma excelente visão de seu decote - Como posso servi-lo?


 Centenas de frases indecentes passaram pela cabeça de Draco, mas sabia que não poderia dizer nenhuma delas, porque quando Potter lhe perguntara se preferia viver ou se subordinar a ele, foi covarde. Aliás, covarde uma ova! Ninguém responderia diferente se estivesse sentindo o hálito de dementadores todos os dias, sozinho em uma cela completamente escura, por três longos meses.


Sorriu para as lembranças da época em que levava três mulheres diferentes por semana para a cama, e falou, tentando distrair-se:


- O que você tem aí?


- Biscoitos de mel e aveia e suco de maçã, que são os favoritos da senhorita Weasley.


- Sério? Eu pensei que, como uma Weasley, a refeição de que ela mais gostasse fossem asinhas de frango e cerveja – ele riu da própria piada, mas a mulher respondeu, sem entender:


- O senhor deve ter razão! É o noivo dela! Talvez eu deva avisar para Potter. Ele pediu que eu trouxesse a bandeja para o quarto dele, porque ele mesmo queria levá-la para senhorita Weasley.


- Ele te disse por quê?!


- Não, senhor.


Draco achou aquilo um pouco suspeito, então como não tinha muita coisa para fazer, decidiu que seria divertido espioná-lo. Com certeza eles fariam uma grande despedida de solteiro, já que todo mundo sabia que a ruiva era perdidamente apaixonada por ele.


Se bem que, conhecendo Potter, o máximo que eles fariam era uma guerrinha de travesseiros.


Escondeu-se na “esquina” do próximo corredor e esperou por uns dez minutos, até que ouviu os passos de alguém que se aproximava. Colocou a cabeça o mínimo que precisava pôr para enxergar o corredor e viu que era realmente o Potter, com a bandeja. Escondeu-se novamente e esperou ouvir as batidas na porta do quarto da ruiva, mas, ao invés disso, ouviu o barulho de metal chocando-se de leve contra a madeira.


O Cicatriz tinha descansado a bandeja sobre o aparador, e agora revirava os bolsos. Pouco depois, examinou uma poção cor de rosa borbulhante e a despejou dentro do suco da Weasley-fêmea, que perdeu a coloração pálida da maçã por alguns instantes e aderiu à cor da poção. Então Potter pegou a colher e misturou tudo, fazendo com que uma fumacinha cor de rosa emanasse do suco, até que ele voltasse a sua cor original.


Draco finalmente reconheceu aquela poção rosa como uma poção do amor muito fácil de fazer e muito vagabunda. Se sua memória não estivesse lhe enganando, o efeito da poção durava, no máximo, cinco horas.


O loiro voltou para o seu quarto rindo. Potter não era tão bonzinho, afinal, porque estava deliberadamente enganando Gina, mas tinha que admitir que a ideia era perfeita. O único jeito de fazer com que aquela mula empacada não estragasse o anúncio de noivado era se estivesse realmente apaixonada por Malfoy, porque ela mentia muito mal. A poção traria, sem dúvida, a credibilidade de que precisavam.


De volta ao tédio, olhou para a janela do quarto e viu uma multidão de máscaras brancas reunidas atrás dos portões. Essa tinha sido outra ideia da Sangue Ruim para preservar a identidade de todos que comparecessem ao anúncio, já que não correriam o risco de ser perseguidos pelo Ministério, caso algum dos comensais tivesse se infiltrado – o que era improvável, porque a chave de portal não funcionava para qualquer um que tivesse a tatuagem, como ele mesmo atestou. Além do mais, a máscara adquiriria uma coloração avermelhada se as intenções da pessoa fossem más, mas essa parte era segredo.


Isso sem contar os infindáveis feitiços de proteção e o verdadeiro exército de ‘amigos’ do Potter, que estavam atentos e armados para quaisquer contratempos. Em suma, eles estavam, verdadeiramente, bem preparados.     


 Tirando-o de seus devaneios, ouviu alguém batendo em sua porta, o que só poderia indicar que a hora tinha chegado.


- Está tudo pronto, eu espero.


- Não se preocupe, Potter.


- Tome isto – Cicatriz ofereceu um cálice de vinho que com certeza estava batizado também. Draco quase morreu de vontade de rir. – Vai ajudá-lo com os nervos.


- Não, estou bem. Mas obrigado pelo carinho e atenção.


- Eu não estou brincando. Beba logo. Você sabe o que acontece se colocar tudo a perder, não sabe?


Malfoy hesitou, mas percebeu que não teria como não beber. Resolveu não pensar demais e bebeu o vinho de uma vez só.


- Pronto, agora vá, porque estão te esperando.  


Draco pensou que, quando fosse verdadeiramente rei, arranjaria um jeito de fazer com que Potter parasse de dar tantas ordens, porque isso era irritante. Subiu as escadas até chegar ao último andar do castelo, onde havia a sacada, e então a viu.


Seu cabelo ruivo, de repente, não parecia mais ser vulgar e não estava com habitual liso tedioso, colado ao seu rosto. Ele tinha volume e movimento fascinantes e contrastavam perfeitamente com o vestido verde esmeralda que ela usava. Percebeu que seus olhos castanhos eram lindos, verdadeiros, desafiadores.


Assustado, percebeu que seu coração se afundou no peito, então deu um passo para trás, com medo. Nunca tinha sentido nada assim. “Maldita poção” – disse para si mesmo.


- Draco – Gina sorriu abertamente ao vê-lo, e, sem conseguir esperar que ele terminasse de subir as escadas, foi ao seu encontro. A ruiva o puxou pelo pescoço e encaixou seus lábios nos dele, trazendo-o para mais perto de si, com urgência. O loiro não sabia bem como reagir, mas sentindo seu perfume floral e a maciez de sua pele contra a dele, achou que o mais apropriado fosse encaixar sua mão na cintura fina de Gina. “Culpa da poção” insistia.


Percebeu que ela sorriu contra seus lábios, e, por algum motivo, isso o tirou de si. Empurrou-a contra a parede, tomando cuidado com os degraus, querendo desesperadamente sentir um pouco mais do seu corpo. Separou seus lábios e buscou sua língua, sentindo os batimentos cardíacos acelerados dela contra seu próprio peito. Percebeu que ela retribuía o beijo com intensidade, luxúria... mas, de algum jeito, carinho.


- Hey, vocês dois, agora não é hora disso – Ouviu a voz de Madame Klinghoffer acima dos dois, parecendo estar realmente constrangida. Aliás, não tinha reparado nisso antes, mas tinha sete pessoas os observando, todos parecendo muito incomodados. Gina riu, soltando o pescoço de Draco para, ao invés disso, segurar a sua mão.


- Vamos?        


 Antes de abrir a porta da sacada, Draco olhou para Gina e descobriu que não queria que o efeito da poção passasse, mas sabia que era inútil esperar por isso. Beijou-lhe suavemente os lábios e, sentindo-se repentinamente desesperado, mas sem saber o que dizer, apenas acariciou seu rosto, suplicando mentalmente que ela nunca mais o odiasse. Só então respondeu:


- Vamos.


 


O reis da França, Romênia, Bulgária, Portugal e Espanha já estavam na sacada, trajando imponentes capas feitas com peles de animais. Todos eles tinham barbas espessas e grisalhas, provocando em Draco a sensação de imaturidade e despreparo.


 


Harry Potter entrou em seguida e foi ovacionado pela multidão. O moreno acenou para eles, sorrindo timidamente, mas ao virar-se para Malfoy estava sério. Claramente desgostoso, colocou a coroa de ouro maciço e rubis sobre sua cabeça, entregando-lhe, em seguida, um cedro feito dos mesmos materiais. Draco estava meio nervoso e assustado com todas aquelas pessoas olhando para ele, e só conseguiu começar seu discurso porque Gina entrelaçou seus dedos nos dele e sorriu, encorajando-o.


- Um reino, um país, não são feitos de reis ou ministros, mas de seu povo. O poder deve, então, servir ao povo e somente a ele. Eu, Draco Malfoy, herdeiro legítimo do trono de Henry Philip, ponho-me humildemente a serviço de toda comunidade bruxa.


Ficou mais confiante ao ver que era a sua vez de ser ovacionado e esperou que o silêncio retornasse para continuar:


- Não devemos pensar que esta monarquia se ergue a partir do medo, mas a partir da esperança, da coragem, e principalmente do amor à nossa pátria e à nossa liberdade. Juntos, somos a resistência e declaramos que não aceitaremos que a vida de nossos familiares sejam ceifadas, ou que nossa voz seja reprimida.


Emocionado, Draco sentiu que o discurso de Hermione já não era mais suficiente para expressar tudo que queria dizer, então improvisou:


- Eu não poderia deixar de mencionar, ainda, Guinevere Weasley – e olhou para ela, cuja expressão deixava claro sua surpresa, mas ele continuou – Não há ninguém no mundo que pertença mais à Grifinória que ela, ou que tenha sido mais impossível ou mais improvável pra mim que ela. Naturalmente, é por isso que eu aproveito para anunciá-la como minha futura esposa e nossa futura rainha.    


Mal acabou de ouvir as palmas e sentiu alguém a puxando pela capa, com violência. Já estava fora da sacada quando descobriu que era Potter quem o seqüestrava.


- O que você está fazendo? – cochichou ele, ameaçadoramente.


- Deixando a sua poção falar, Potter.


- Como assim?! Você está maluco?


- Não precisa negar! Eu vi quando você colocou uma poção do amor no suco da Gina, e...


- e uma poção para os nervos no seu vinho? Espera, você pensou que...


- O que aconteceu? – Gina os interrompeu, curiosa, aninhando-se sob os braços de um Draco atônito, que, agora, suava frio.


- Nada – respondeu Harry, ainda exaltado, mas Gina o ignorou.


- Draco, o que aconteceu? – então ele viu a forma com que ela olhava para ele, com admiração, entusiasmo, e sentiu-se sufocado.


- Fique tranqüila – ele respondeu, beijando sua testa – Está tudo bem.


O que obviamente era mentira, conforme afirmava categoricamente uma bola de neve gelada que estava no seu estômago.


- Então venha comigo! – ela o puxou pela mão, feliz, deixando tudo para trás.


(N.A.: ATENÇÃO! QUEM TIVER MENOS DE 16 ANOS PODE SE SENTIR DESCONFORTÁVEL AO LER DAQUI PRA FRENTE. A ESSES, RECOMENDO QUE AVANCE PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO, E ISSO NÃO COMPROMETERÁ A COMPREENSÃO DA HISTÓRIA. OBRIGADA.)


Desceram correndo um lance de escadas, e quando Draco deu por si, estavam dentro de um dos quartos. Observou, com um conflito interno desesperador, a ruiva fechar a porta e olhar para ele com malícia, antes de beijá-lo com voracidade. A ruiva desabotoou sua capa, que deslizou pelo seu corpo e caiu, sem parar de beijá-lo.


Draco jamais poderia imaginar que ela pudesse ser tão intesa. Percebeu que ela o abraçava forte, tentando senti-lo contra si, então, sem pensar, a empurrou contra a parede, querendo continuar de onde pararam. Ela ficou firme o suficiente para tirar os pés do chão e enlaçar sua cintura com as pernas.


O loiro ofegou.


- Gina... – sua voz não passava de um sussurro rouco. Ela, então, mordiscou sua orelha e gemeu em resposta.


O corpo inteiro de Draco arrepiou-se e ele mordeu o próprio lábio com força, tentando não perder a lucidez.


- Não, Gina.


Ela, rubra, os lábios inchados e os cabelos desarrumados, estava tão linda quanto se é possível ser. Olhou para ele divertida, desafiadora:


- Não? – beijou lentamente o cantinho de sua boca – Tem certeza? – entrelaçou o dedo em seus cabelos, beijando seu pescoço.


O loiro a queria tão violentamente que tremia. Carregou-a para a cama, onde a deitou suavemente, com o corpo acima do dela, mas um cuidado vital para não tocá-la.


- Tenho... – confirmou, triste, zangado, frustrado, e com sua varinha, fez com que ela dormisse imediatamente – Maldita Weasley, maldito Potter. O que eu faço agora?!


E foi correndo tomar um banho gelado.


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N.A.:


Ana Slytherin: Muito obrigada novamente! ^^
Sobre promover a fic, desculpa a ignorância, mas eu não sei como fazer isso o.o"
Você teria alguma sugestão?! :D


MSBerdinazzi: Não se preocupe! Só vou parar de escrever a fic quando ela acabar ;D
iudhiashdisuahdsaiudas
Obrigada por ler!


Thamis No mundo: *-----*~~ Fico muuito feliz e motivada ao ler isso, Thamis! :D Muito obrigada.


 

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Comentários (1)

  • Ana Slytherin

    Eu amei o cap!!Acho que a poção dele ativav os sentimentos kkkOlha eu nao entendo muito sobre como prmover mas a passar em fic poulares e deixar um comentario com o nome da sua fic e um pequeno resumo ajuda,eu mesma ja li fics por causa disso fica aqui uma dica e to esperando pelo proximo ansiosa 

    2011-05-11
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