CAPÍTULO 16



CAPÍTULO 16


 


Gina jamais fora a um velório como aquele e ficou surpresa ao ver que, apesar do estilo tão especial que Harry tinha para fazer as coisas, tivesse escolhido organizar o evento no Porquinho Rico.


O pub fechara para pessoas de fora, mas estava lotado do mesmo jeito. Pelo visto, Jennie deixara para trás um monte de amigos, embora não tivesse família.


Um velório irlandês, conforme Gina ia descobrir, se parecia muito com um pub irlandês. Música e conversas animadas regadas abundantemente a álcool e cerveja.


Aquilo a fez lembrar de um velório ao qual comparecera menos de um mês antes, o qual acabara levando a mais morte e violência. outro velório, o corpo fora exibido em um caixão com tampo de vidro e o ambiente parecia pesado devido às cortinas vermelhas muito drapeadas e ao cheiro de flores. O clima era de pesar e as vozes, sussurradas.


Ali a morta era lembrada de uma forma diferente.


- Grande garota a Jennie. - Um homem no bar levantou um copo e elevou a voz acima do barulho da multidão. - Ela jamais batizou o uísque que vendia, não era unha-de-fome ao servi-lo e seu sorriso era tão quente quanto a bebida.


- Brindemos a Jennie, então! - concordaram todos, batendo com os copos e bebendo um grande gole.


Histórias iam sendo contadas, variando das virtudes da falecida, muito benquista, passando por piadinhas relacionadas com alguns dos presentes. Harry era um dos alvos favoritos.


- Houve uma noite da qual eu me lembro bem. - começou Brian - Há muitos anos, quando nossa Jennie era ainda mocinha, uma moça e tanto, por sinal. Ela estava servindo cerveja e cuidando da entrada ao mesmo tempo. Foi ainda na época em que Maloney era o dono deste lugar, que Deus guarde a sua alma de ladrão. Eu cuidava do bar e ganhava uma merreca de salário.


Parou, tomou um gole e tragou com força um dos cigarros que Harry lhe dera.


- Eu estava de olho na Jennie. - continuou ele. - Aliás, que rapaz em sã consciência não estaria? Só que ela não queria nada comigo. Era em Harry que ela estava de olho. Certa noite, estávamos com a casa cheia e todos os rapazes tinham esperança de receber uma piscadela de Jennie. Eu mesmo lancei para ela os olhares mais melosos. - Colocou uma das mãos sobre o coração, suspirando ruidosamente, de forma que a platéia em volta soltou urros de satisfação, aplaudindo-o. - Ela não dava a mínima para mim, só tinha olhos para Harry. E ali estava ele, talvez sentado na mesma mesa onde está agora. Não estava tão bem-vestido como esta noite, e eu seria capaz de apostar uma ou duas libras como também não cheirava tão bem. Enfim... Jennie esbarrou de propósito nele um monte de vezes e se inclinou para a frente, chegando com o busto tão perto dele que meu coração disparou, disposto a dar tudo o que eu tinha para também obter uma visão espetacular do seu decote, até que finalmente perguntou a Harry se ele gostaria que ela fosse lá atrás lhe pegar outro drinque.


Nesse momento, Brian fez uma pausa, tornou a suspirar, molhou a garganta e prosseguiu com a história:


- Harry parecia cego diante dos sinais que ela lhe enviava e surdo aos convites ocultos daquela voz quente. Ali estava ele, sentado diante da garota dos meus sonhos, que lhe oferecia a glória, e o mané continuava anotando valores em um caderninho todo arrebentado, somando e calculando os seus lucros. Sempre foi um homem de negócios... então, Jennie, que era determinada como ninguém quando enfiava alguma coisa na cabeça, resolvera ter Harry, e pediu a ele para que fosse lhe dar uma mãozinha lá nos fundos, por um momento, pois não conseguia alcançar um objeto que estava em uma prateleira alta. Assim, já que ele era tão alto e forte, queria que pegasse o pacote para ela.


Brian girou os olhos com ar provocante diante dessa afirmação, enquanto uma das mulheres se debruçou sobre a mesa onde Harry se mantinha sentado ao lado de Gina e, com toda a naturalidade, apertou seu bíceps para testá-lo.


- Bem, o rapaz não era mal-educado, apesar de seu jeito de menino pouco comportado. - continuou Brian. - Colocou o caderninho no bolso do casaco e foi com ela para os fundos do pub. Podem acreditar... levaram um tempão lá atrás, e eu aqui, com o coração partido, servindo no bar para Maloney. Quando os dois finalmente voltaram, estavam muito despenteados e com as roupas amassadas, além de exibirem um olhar de gato que comeu o canário. Foi nesse momento que eu percebi que perdera Jennie para sempre. Duvido muito que ele tenha ido lá só para pegar o pacote que estava na prateleira alta. No entanto tudo o que fez foi tornar a se sentar com a maior naturalidade. Lançou um sorriso rápido e malicioso para ela e voltou ao seu caderninho para contabilizar os lucros. Tínhamos dezesseis anos nós três. - terminou Brian. - Ainda sonhávamos com o que a vida poderia nos proporcionar. Agora, o pub de Maloney pertence a mim, os lucros de Harry são tão grandes que não cabem em um caderninho, e Jennie, a doce Jennie, foi morar com os anjos.


Depois de algumas lágrimas generalizadas diante do fim da história, a conversa recomeçou, em murmúrios. Trazendo o copo, Brian foi até os fundos e se sentou diante de Harry, perguntando:


- Você se lembra da noite sobre a qual eu falei?


- Lembro. Foram lindas as recordações que você me trouxe de volta.


- Talvez não tenha sido muito adequado da minha parte contar tudo aquilo. Espero que você não se ofenda, Gina.


- Só se eu tivesse um coração de pedra para me ofender com uma história dessas. - Talvez fosse o efeito do ar, ou da música, ou das vozes, mas tudo aquilo a deixou sentimental. - Jennie sabia dos sentimentos que você nutria por ela, Brian?


- Na época, não. - Brian balançou a cabeça e seus olhos brilharam. - Mais tarde, nos tornamos tão amigos que não havia mais espaço para essas coisas. Meu coração sempre teve uma quedinha por ela, mas o sentimento foi se modificando com o passar dos anos. Era a lembrança dela que eu amava. - Pareceu estremecer ao dizer aquilo. Então, bateu com o dedo no copo de Harry. - Ora, mas você mal está bebendo!... Será que ficou com a cabeça fraca para agüentar um bom uísque irlandês depois de morar no meio daqueles ianques?


- Minha cabeça sempre foi mais forte para bebida do que a sua, não importa onde eu morasse.


- Sim, você tinha cabeça boa para bebida. - admitiu Brian. - Mas eu me lembro de uma noite... foi logo depois de você ter vendido um carregamento de Bordeaux francês que contrabandeara de Calais, com a sua licença, tenente querida. Você se lembra do que eu estou falando?


Os lábios de Harry formaram um sorriso afetado e ele acariciou os cabelos de Gina, dizendo:


- Eu contrabandeei bem mais do que um carregamento de vinho francês na minha carreira.


- Ora, sem dúvida, sem dúvida, mas nessa noite em particular você deixou meia dúzia de garrafas de fora. Estava com um estado de espírito leve e generoso. Montou uma mesa de carteado, um jogo amigável para variar, e nós nos sentamos, jogando e bebendo juntos até a última gota. Você, eu, Jack Bodine e aquele bobalhão do Mick Connelly, que acabou se deixando esfaquear e morreu em Liverpool há alguns anos. Pode acreditar, tenente querida... esse seu marido ficou mais bêbado do que seis marujos juntos, e mesmo assim conseguiu levar todo o dinheiro que tínhamos.


- Mas eu me lembro que acordei com os bolsos bem leves na manhã seguinte. - reclamou Harry, pegando o copo e tomando um gole.


- Ora... - Riu Brian, mostrando todos os dentes. - Quando alguém fica bêbado ao lado de um bando de ladrões, o que pode esperar que aconteça? Mas aquele vinho era muito bom, harry. Eta vinho danado de bom!... Vou pedir para eles tocarem uma das nossas velhas canções. Que tal “Fita de Veludo Preto”? Você canta junto conosco?


- Não.


- Cantar? - Gina se aprumou na cadeira. - Ele canta?!


- Não! - repetiu Harry, com ar decidido, enquanto Brian tornava a rir.


- Incentive-o um pouco, mantenha o seu copo sempre cheio e você vai arrancar uma canção dele.


- Mas ele não canta nem no chuveiro. - Olhou pensativa para Harry - Canta?


- Não. - disse ele uma terceira vez, lutando entre a vontade de rir e o embaraço que sentia, enquanto balançava a cabeça com energia e levantava o copo. - E não pretendo ficar tão bêbado a ponto de provar que estou mentindo.


- Bem, pelo menos podemos tentar chegar lá. - Brian piscou um olho, levantando-se. - A partir de agora, vou pedir que toquem apenas músicas alegres. Quer dançar comigo, Gina?


- Talvez. - Ficou olhando quando ele se encaminhou até os músicos, decidido a animar o ambiente. - Humm... - Lançou um olhar longo e especulador para o homem com o qual se casara. - Você bêbado, cantando em pubs e se esfregando com garçonetes nos fundos de um bar... tudo isso é muito interessante.


- Quando você começa a beber, o resto acontece sem querer.


- Bem que eu gostaria de ver você bêbado. - Apertou-lhe a bochecha, feliz por ver que a tristeza desaparecera de seus olhos. O lugar aonde ele fora à tarde continuava em segredo, mas ela ficara satisfeita por ver que aquilo lhe fizera bem.


- Quer que eu me esfregue com você nos fundos do bar? - Ele se inclinou, roçando os lábios dela com os seus. - Veja, começou a sua dança. - acrescentou, ao ouvir que a música ficara mais agitada.


Gina olhou para o salão e viu Brian vindo na direção dela, com os pés saltitando.


- Gosto dele. - disse ela.


- Eu também. Acho que havia me esquecido disso.


 


Os raios de sol e os pingos de chuva chegavam ao mesmo tempo e transformaram as luzes da manhã em pérolas. No terreno ao lado da igreja havia cruzes de pedra muito antigas, cheias de buracos causados pelo vento e pelos anos. Os mortos repousavam juntos uns dos outros, tornados íntimos pelo destino. O som do mar vinha por trás dos penhascos em um troar constante que provava que o tempo não parava nem mesmo ali.


Não havia uma única bicicleta aérea ou dirigível para perturbar o céu onde as nuvens se empilhavam em camadas sobre o azul, como cobertores cinzentos. A grama que cobria os montes e crescia apontando para o céu tinha o tom profundo de esmeraldas, típico das esperanças e dos sonhos.


A atmosfera fez Gina pensar em filmes antigos e hologramas artísticos.


O padre usava um manto comprido, muito tradicional, e usava o idioma celta. Enterrar os mortos era um ritual que só os ricos tinham condição de bancar. Aquela era uma visão rara e uma multidão se aglomerava do lado de fora dos portões, em silêncio respeitoso, enquanto o caixão era baixado na cova recém-aberta.


Harry apoiou o rosto na testa de Gina, parecendo sentir um pouco de conforto ao ver os presentes fazerem o sinal-da-cruz. Ele estava enterrando mais do que uma amiga e sabia disso. Estava enterrando uma parte de si mesmo, uma parte que já julgava enterrada há muito tempo.


- Preciso trocar algumas palavras com o padre.


- Eu espero aqui. - disse Gina, colocando a mão sobre a de Harry, que continuava em seu ombro.


Quando o viu se afastar de Gina, Brian se aproximou.


- Ele cuidou muito bem de Jennie. Ela vai repousar em paz aqui, sob as sombras frescas durante o verão. - Com as mãos nos quadris, de forma confortável, olhou para além do cemitério. - Eles ainda fazem badalar os sinos no campanário todo domingo de manhã. Não é uma gravação, são sinos de verdade. O som é muito bonito.


- Ele a amava. - afirmou Gina.


- Não existe nada tão doce quanto o primeiro amor dos jovens e dos solitários. Você se lembra da sua infância, minha querida?


- Não tive infância, mas eu a compreendo.


- Ele não podia ter escolhido ninguém melhor. - afirmou Brian, colocando a mão no ombro de Gina e dando-lhe um aperto carinhoso - Mesmo você tendo cometido o infeliz erro de virar tira. Você é uma boa policial, tenente querida?


- Sou. - Algo no tom de voz dele fez com que ela o olhasse de frente, bem em seus olhos. - Isso é o que eu sei fazer de melhor na vida.


Brian balançou a cabeça e seus pensamentos pareceram voar em outra direção quando ele desviou o olhar, comentando:


- Só Deus sabe a fortuna que Harry está entregando ao padre naquele envelope.


- Você se ressente por isso? Pela quantidade de dinheiro dele?


- Na verdade, não. - Riu um pouco. - Não que eu não desejasse ter tanta grana assim. Mas ele fez por merecer. Harry era sempre o primeiro a descobrir os novos lances, estava sempre adiante do seu tempo. Tudo o que eu queria na vida era um pub e, já que consegui alcançar o meu sonho, também me considero rico. - Brian olhou para a saia preta do tailleur de Gina e para os seus sapatos simples de salto alto, também pretos. - Você não está vestida para andar junto dos penhascos, mas aceitaria tomar o meu braço e caminhar naquela direção em minha companhia?


- Tudo bem. - Brian estava com alguma coisa na cabeça, pensou Gina, e percebeu que ele queria um pouco de privacidade para conversar.


- Sabe de uma coisa?... Jamais cruzei o mar para ir até a Inglaterra. - começou Brian enquanto caminhava lentamente pelo solo irregular. - Nunca tive vontade. Um homem pode ir para qualquer lugar que queira, dentro e fora do planeta, em menos tempo do que leva para planejar a viagem, mas eu jamais saí desta ilha. Consegue ver os barcos lá adiante?


Gina olhou para longe dos penhascos, sobre o mar agitado. Hidrojatos iam de um lado para outro, brilhantes como pedras polidas e mal arranhando a superfície do oceano.


- Gente indo e vindo do trabalho e turistas? - perguntou ela.


- Sim. Correm daqui para a Inglaterra e vêm da Inglaterra para cá, de volta. Dia após dia, ano após ano. A Irlanda ainda é relativamente pobre, comparada com os países vizinhos e, por isso, um trabalhador ambicioso pode arrumar um emprego lá e andar de hidrojato ou ônibus aéreo todo dia para ir e para voltar do trabalho se tiver grana. Isso lhe custa dez por cento do ordenado, esse privilégio de morar em um país e trabalhar em outro, pois os governos sempre arrumam um modo de tirar dinheiro dos trabalhadores. A noite, ele volta para casa. E aonde tudo isso o leva? Para que essa correria toda, para lá e para cá, para a frente e para trás a vida inteira? - Encolheu os ombros. - Eu prefiro me fincar em um lugar e observar esse desfile.


- O que está passando pela sua cabeça, Brian?


- Muitas coisas, tenente querida. Um monte de coisas.


Quando Harry veio se encaminhando na direção deles, lembrou-se de que conhecera Gina em um cemitério. Era o funeral de outra mulher cuja vida também fora roubada. Fazia frio naquele dia e Gina se esquecera de vestir as luvas. Usava um casacão cinza medonho com um botão solto. Lembrando-se de tudo, Harry enfiou a mão no bolso e tateou o botão que caíra do casacão horrível de Gina naquele dia e se transformara em seu amuleto.


- Está flertando com a minha mulher, Brian?


- Bem que eu faria isso, se achasse que tinha o mínimo de chance. O fato é que eu tenho informações que podem interessar a vocês dois. Recebi uma ligação esta manhã, de Moody.


- Ora, mas por que razão ele ligaria para você? - especulou Harry.


- Para me dizer que você precisa de mim em Nova York, com urgência. A viagem será feita às suas custas.


- Quando foi que você recebeu esta ligação? - Gina já estava pegando o tele-link de mão para entrar em contato com Hermione.


- Às oito da manhã de hoje. Ele me disse que era de suma importância que eu não comentasse sobre a ligação com ninguém, exceto quando chegasse lá e me encontrasse pessoalmente com Harry. Devo voar ainda hoje e me hospedar no Hotel Central Park Arms, onde uma suíte estará reservada em meu nome. Lá eu devo esperar para ser novamente contatado.


- Como pode saber que era realmente Moody? - perguntou Harry.


- Pelo amor de Deus, Harry, parecia com ele e tinha a mesma voz. Estava um pouco mais duro, um pouco mais velho, mas eu não tenho dúvidas. Ele não quis muito papo e desligou assim que eu comecei a pressioná-lo para explicar melhor.


- Hermione! Levante essa bunda da cama!


- O quê? - Hermione, com os olhos inchados e toda despenteada, apareceu na tela, bocejando. - Desculpe senhora. Sim, senhora, já estou acordada e alerta.


- Chute Ronald para fora da cama e mande-o fazer uma varredura nas ligações feitas aí de casa. Preciso saber se alguém daí ligou para a Irlanda... se foi, isso deve ter ocorrido por volta de... deixe ver... qual é mesmo a diferença de fuso horário para Nova York?... Três da manhã.


- Já estou chutando o detetive para fora da cama, tenente.


- Entre em contato comigo no minuto em que tiver a resposta. - Desligou, colocou o tele-link no bolso e disse a Brian: - Preciso levar o disco de memória do seu tele-link para a polícia daqui. Vamos entregar uma cópia para a inspetora Farrell, mas eu vou precisar da gravação original.


- Bem, eu já imaginava isso. - Brian pegou um pequeno disco no bolso. - Trouxe o original comigo.


- Bem pensado. O que combinou com o homem que ligou para você?


- Bem, eu disse que precisava cuidar dos meus negócios aqui, que não podia largar tudo e ir para o outro lado do Atlântico assim, de uma hora para outra. Tentei cair fora, mandei que ele pedisse a Harry para vir até aqui. Ele insistiu que eu é que tinha que ir até lá imediatamente, mas garantiu que Harry iria me recompensar regiamente. - Sorriu de leve. - Foi uma oferta tentadora... Viagem na primeira classe, estadia totalmente paga e vinte mil libras por dia, para cada dia em que eu estivesse longe de casa. Só um louco recusaria.


- Não saia de Dublin! - A voz de Harry era áspera, cheia de fúria, e ele empurrou Brian para trás.


- Talvez eu resolva ir até Nova York para dar a este canalha assassino uma provinha do poder de Brian Kelly.


- Não saia de Dublin! - repetiu Harry com os olhos estreitos, frios e os punhos prontos para a luta. - Se tiver que colocar você a nocaute a fim de impedi-lo, eu não me importo.


- Você acha mesmo que consegue me derrubar, é?... - Pronto para a luta, Brian começou a despir o casaco. - Vamos tirar isso a limpo.


- Parem vocês dois, seus idiotas! - berrou Gina, colocando-se entre os dois, já preparada para nocautear ambos, se necessário. - Você deve permanecer aqui em Dublin, Brian, porque a única provinha que esse criminoso cretino vai ter é a minha. Vou mandar bloquear o seu visto de saída, e se você tentar sair do país de forma clandestina, vai passar agradáveis dias no xadrez.


- Que se dane o visto de saída, eu vou...


- Cale a boca! E você! - continuou ela, virando-se na direção de Harry. - Para trás! Ninguém vai derrubar ninguém aqui, a não ser que seja eu a fazer isso. Bastam dois dias na Irlanda e tudo o que você consegue pensar se resume em socar alguém. Deve ser o clima...


Seu tele-link tocou.


- É Hermione. - avisou Gina. - Agora lembrem-se bem vocês dois: pessoas que agem como imbecis são tratadas como imbecis também! - Ela se afastou dos dois para atender a chamada. O rosto de Brian se transformou, abrindo um sorriso largo, enquanto dava tapinhas no ombro de Harry comentando:


- Isso é que é mulher, hein?!...


- É delicada como uma rosa, a minha Gina. De natureza frágil e sossegada. - Sorriu para si mesmo quando a ouviu xingar ao longe, com palavras ásperas e ferozes. - Sua voz parece uma flauta.


- E você está de quatro, completamente apaixonado por ela.


- Pateticamente apaixonado. - Harry se manteve calado por um momento, e então falou baixinho: - Fique aqui em Dublin, Brian. Sei que conseguir um visto falso é tão fácil para você quanto atravessar a rua, mas estou lhe pedindo para não fazer isso. Acabei de enterrar Jennie e é muito cedo para eu me arriscar a perder outro amigo.


- Eu nem estava pensando em ir, até que você veio me dar ordens para eu ficar. - Brian soltou um suspiro.


- O filho-da-mãe me enviou flores! - Gina estava fumegando ao voltar. - Ei, tira a mão de mim! - reagiu ela, dando tapas nas mãos de Harry e fazendo uma cara feia quando ele a agarrou pela lapela.


- Explique essa história.


- Acabaram de chegar duas dúzias de rosas com um bilhete onde ele diz que espera que eu me recupere bem depressa, para a próxima partida. Disse que está fazendo uma novena em meu nome, o que quer que isso signifique, para uma recuperação rápida e completa. Hermione chamou o esquadrão anti-bomba para analisar a encomenda, só para garantir, e segurou o rapaz da entrega, que parece inocente. Não houve ligação alguma feita de nossa casa nessa madrugada e Ronald vai precisar do disco original de Brian para tentar rastrear o sinal. - Quando as mãos de Harry, que ainda a seguravam, relaxaram um pouco, Gina as segurou com carinho. - Tenho que voltar para Nova York... agora!


- Sim. Podemos ir direto daqui mesmo. Precisa de uma carona para Dublin, Brian?


- Não, podem ir. Estou de carro. Tome cuidado, Harry. - aconselhou, abraçando-o com força. - E volte...


- Voltarei.


- E traga a sua adorável esposa. - Enquanto Gina piscava os olhos, surpresa, Brian a agarrou, deu-lhe um abraço muito apertado e a beijou de forma longa e carinhosa. - Vá com Deus, tenente querida, e mantenha esse rapazinho aqui na linha e com rédeas curtas.


- E você cuide bem do seu traseiro e tenha cuidado. - gritou Harry, já se afastando.


- Vou cuidar do resto de mim também. - prometeu Brian, e se virou para observar os barcos rápidos que continuavam cruzando as águas.


 


Era pouco mais de oito horas da manhã, hora local, quando Gina chegou de volta ao seu escritório. Olhou com frieza para o jovem e desajeitado rapaz de entregas, que continuava sentado, pouco à vontade, na cadeira em frente à sua mesa.


- Então você recebe um pedido para entregar rosas em uma residência antes das seis da manhã e não acha isso esquisito, Bobby?


- Bem, dona... senhora... ahn, tenente, isso às vezes acontece. Temos um serviço de entrega vinte e quatro horas por dia, porque as pessoas gostam dessa facilidade. Teve uma vez em que eu fiz entrega de uma samambaia no East Side às três da manhã. O cara havia esquecido o aniversário da namorada, ela tinha ficado injuriada com o sujeito, que resolveu surpreendê-la, e então...


- Tá, tá, já entendi... - Gina deixou os detalhes de lado. - Fale-me novamente a respeito do pedido.


- Certo, tudo bem, ahn... tá legal. - Sua voz aumentava e diminuía de nervoso, subindo e descendo como uma rolha em alto-mar. - Fico de plantão de meia-noite às oito da manhã. Quando alguém liga para a loja, a ligação é transferida automaticamente para o meu bipe. Leio o pedido na tela, vou até a loja, monto a encomenda e a entrego no local determinado. Tenho um cartão mestre para abrir a loja de flores e consigo entrar na hora em que ela está fechada para o público. Minha tia é a dona da loja, então confia em mim. Como freqüento a escola no sistema de aulas apenas três vezes por semana, esse trabalho serve para colocar algumas fichas trocadas no bolso.


- A policial Hermione já pegou o seu bipe?


- Sim, eu o entreguei a ela. Sem reclamações, sem estresse. Vocês querem, eu entrego.


- E foi você que colocou as flores na caixa, pessoalmente?


- Foi, é sopa fazer isso. Basta colocar umas folhagens verdes no fundo da embalagem, depois uma camada de flores daquelas miudinhas, tipo monsenhor, e, por último, as rosas. Minha tia já deixa as caixas, fitas e laços todos prontos para ficar mais rápida a montagem dos arranjos. A policial ali já ligou para a minha tia e confirmou tudo. Vou precisar de um advogado?


- Não, Bobby, você não vai precisar de um advogado. Obrigada por ter esperado que eu chegasse para conversar com você.


- Então eu... já posso ir?


- Sim, pode ir.


- Puxa, eu nunca tinha conversado antes com um tira. - Ele se levantou, abrindo um sorriso. - Até que não é tão mau.


- Hoje em dia, quase não torturamos as testemunhas.


- Isso é uma piada, não é? - perguntou ele, rindo, ligeiramente trêmulo. -... Não é?


- Pode apostar. Agora caia fora, Bobby.


Gina balançou a cabeça e fez sinal para Hermione entrar, perguntando:


- Ronald conseguiu alguma coisa com o bipe?


- O pedido de entrega foi feito a partir de um tele-link público da Estação Central. Foi todo digitado, não há sinais vocais e o valor foi pago por transferência eletrônica de dinheiro. A origem da grana é indeterminada, pois o sinal foi adulterado. Não dá para saber quem pagou nem com uma tropa de andróides farejadores.


- Não esperava que ele fosse voltar tão depressa. E a van?


- Nada sólido por enquanto. Estou pesquisando os tênis também. O computador calculou que o tamanho é 39. Pequeno para sapato de homem. Aquele modelo foi lançado há seis meses, é caríssimo, e o mais comprado por garotões que curtem andar na moda e tirar uma onda. Até agora já listei seiscentos pares desse modelo, tamanho 39, que foram vendidos até hoje só no centro.


- Continue pesquisando. E o casaco?


- Descobri trinta vendas do modelo no mesmo período, mas nenhuma delas bate com o comprador dos tênis. E nada também em relação às imagens.


- Ronald!?


Em poucos segundos, uma cabeça apareceu no portal.


- Oi!


- Relatório e progresso das suas atribuições.


- Vamos começar com o bastão. - Ele se colocou à vontade, sentando-se sobre a mesa de Gina. - As chances são boas nesse lance. Aquele especialista em eletrônica que trabalha para Potter sabe muito das coisas. Lá na Companhia Trident de Sistemas de Segurança e Comunicações, que, aliás, pertence a Potter, eles estão trabalhando há mais de um ano no projeto de um misturador de sinais daquele tipo, com o mesmo estilo, capacidade e alcance. A.V. me contou que eles já conseguiram resolver quase todas as falhas de programação.


- A.V.?...


- Essas são as iniciais do nome do técnico. O cara é fera na área. Ele me disse que o modelo final vai estar pronto em seis meses... quatro, se eles derem sorte. Há boatos de que diversas empresas dessa área estão trabalhando no mesmo tipo de produto. Uma dessas firmas é a de Brennen. A dica do pessoal da área de espionagem industrial é que as Organizações Brennen representam a concorrência mais direta.


- Alguém já conseguiu um protótipo?


- Bem, A.V. me mostrou um. É irado, super-avançado, mas não tem uma precisão muito boa a curta distância. O problema de alcance remoto também está trazendo algumas dores de cabeça para os técnicos. E há ainda grandes falhas de flutuação térmica nos cabos de força.


- E como é que o nosso homem conseguiu arrumar um aparelho desses sem falhas?


- Boa pergunta. Acho que ele andou trabalhando na pesquisa e no desenvolvimento deste produto por conta própria.


- Sim, concordo com isso. Vamos conferir os seis suspeitos mais prováveis pela lista da inspetora Farrell, para ver se surge algo a partir daí.


- Será que o bastão-misturador que ele usou era descartável? - propôs Ronald.


- Como assim? Um aparelho capaz de fazer uma varredura e mistura de sinais apenas uma vez? - Gina estreitou os olhos, avaliando a possibilidade. - E o que ele faria com o aparelho depois? Iria recarregá-lo? Jogá-lo fora? Reconfigurar tudo?


- Recarregar ou reconfigurar, talvez. Eu e A.V. estamos trabalhando com essas possibilidades.


- Ótimo, continuem assim... alguma sorte com o eco?


- Não consigo isolá-lo. Estou ficando maluco com isso. Mas já penetrei em algumas camadas do disco que você trouxe da ilha Esmeralda. A imagem de Moody foi projetada. Um holograma.


- Uma imagem holográfica? Tem certeza?


- E eu tenho cara de quem não tem certeza de alguma coisa? - Fez desaparecer o sorriso convencido quando Gina olhou firme para ele. - Sim, tenente, foi uma imagem holográfica. Muito boa por sinal, mas eu a ampliei e fiz testes de calor e emissão luminosa. A imagem foi realmente projetada.


- Isso é bom. - Aquele era mais um peso na balança, do lado de Moody. - Algum progresso na análise dos discos de segurança das Torres do Luxo?


- Eles estão meio lerdos lá na Divisão de Detecção Eletrônica, por causa do serviço acumulado. Pedi em seu nome e consegui a promessa de que teremos resultados nas próximas quarenta e oito horas.


Neville, pensou Gina, onde diabos está você que não volta?


- O que mais conseguiu?


- A transmissão recebida na Irlanda tinha o mesmo eco das outras. A freqüência bateu com exatidão.


- Melhor ainda... agora eu quero a localização exata. - Ela se levantou. - Está na hora de eu tornar a aparecer em público. Vamos comunicar a esse babaca que eu já estou pronta para o próximo round. Hermione, você vai comigo?


- Claro! Estar ao seu lado é a minha maior alegria.


- Bajulação recebida, policial. - Pegando o tele-link portátil enquanto saía de casa, Gina digitou o número de Nymphadora Tonks no Canal 75.


- Oi, Weasley. Você está ótima para uma inválida.


- Anote isso: a tenente Gina Weasley já se recuperou dos ferimentos e está retomando suas funções na central de polícia. Continua encarregada das investigações envolvendo as mortes de Brennen, Conroy e O’Leary, e reafirmou sua confiança de que um novo suspeito será levado sob custódia em breve.


- Ei, espere um instante, deixe-me ligar o gravador.


- É só isso que você vai ter, minha amiga. Ponha no ar. - Desligou enquanto descia correndo as escadas. Na base da escadaria, pendurado na coluna do corrimão, estava um casaco novinho em folha, feito de couro marrom, meio dourado e macio como manteiga. - Ele não deixa passar nada... - murmurou ao pegá-lo.


- Nossa... puxa vida... nossa! - Sem conseguir resistir, Hermione passou a mão de leve sobre a manga do casaco quando Gina o vestiu. - Esse couro é macio como bunda de bebê.


- Deve ter custado dez vezes mais do que aquele outro que eu usava, e o pior é que vai estar detonado em uma semana. Não sei por que ele se dá ao trabalho de... merda, onde está Harry? - Ela se dirigiu ao computador central da casa, ordenando em voz alta: - Localize Harry.


 


Harry Potter não se encontra na casa no momento.


 


- Ora, mas que droga. - resmungou Gina. - Para onde é que ele pode ter ido, assim com tanta pressa? Devia estar comprando algum país por aí, e não metendo o bedelho neste assunto.


- Puxa, ele realmente compra países? - quis saber Hermione espantada, apressando o passo para acompanhar Gina.


- Sei lá! Como é que eu posso saber? Sempre me mantenho longe dos negócios dele, o que é muito mais do que ele faz comigo. Nós vamos para o Hotel Central Park Arms. - Praguejou, descobrindo de repente para onde Harry fora. Então parou, olhando para o espaço vazio na porta de casa. - Estou sem carro. - lembrou. - Droga, nós estamos a pé!


- A requisição automática de um novo veículo ainda não foi processada. Você pode fazer o pedido pessoalmente.


- Ah, é, e o processo vai levar só uma ou duas semanas. Merda! - Enfiando as mãos nos bolsos novos forrados com seda, caminhou até os fundos da casa.


O anexo onde ficava a garagem se mesclava arquitetonicamente com o corpo principal da casa. As portas pesadas eram de madeira, com imensos puxadores de latão. As janelas, arqueadas e majestosas, eram em vidro fume, para evitar que a pintura dos veículos guardados ali dentro se queimasse devido aos raios ultravioleta. No interior do anexo, a temperatura se mantinha em agradáveis vinte e dois graus, o ano todo.


Gina digitou um código para abrir as fechaduras e se identificou por comando de voz e impressão palmar. As portas se abriram de forma lenta e graciosa.


- Caramba! - exclamou Hermione, abrindo a boca de forma igualmente lenta e graciosa.


- Isso é um exagero! - comentou Gina, torcendo o nariz. - É ridículo... só podia ser mesmo coisa de homem...


- É mais que demais! – disse Hermione, quase com reverência. Os veículos estavam guardados em baias individuais, instaladas em dois níveis. Havia carros esporte, limusines, motos aéreas, sóbrios sedãs e reluzentes veículos individuais. As cores variavam dos tons berrantes de néon ao preto clássico. Hermione olhou com ar sonhador para uma moto aérea de dois lugares e se imaginou cortando os céus, com o vento nos cabelos, ao lado de algum rapaz lindo e musculoso.


O sonho evaporou quando viu Gina se encaminhando para um carro compacto, discreto, cinza-escuro.


- Weasley, que tal aquele ali? - Com ar esperançoso, Hermione apontou para um fantástico carro esporte em azul-mediterrâneo metálico com rodas de prata que brilhavam muito e uma grade cromada na parte dianteira que era uma verdadeira peça de arte automotiva.


- Hermione, esse carro é do tipo “estou a fim de trepar” e você sabe disso.


- Bem, concordo, mas precisamos de um carro veloz e eficiente. E ele deve estar cheio de acessórios também. - Sorriu com ar de triunfo.


- Tudo aqui deve estar super-equipado.


Hermione começou a dançar na frente de Gina ao vê-la apertar o botão para liberar o sedã cinza, dizendo:


- Ah, qual é, Weasley, curta a vida um pouco!... Não tem vontade de sentir esse motor roncando e ver o quanto ele corre? Além do mais, é uma coisa temporária. Você vai receber uma daquelas carroças oficiais caindo aos pedaços em poucos dias. Gina, esse carro é um 6000XX! - Sua voz chegou perigosamente próxima de um choramingo. - A maioria das pessoas passa a vida toda sonhando com um carro desses e não consegue sequer tocar em um. Só uma voltinha! Que mal vai fazer?


- Não me venha com esse olhar pidão! - reclamou Gina. - Puxa vida! - Mas acabou cedendo e abaixou o carro esporte azul até o nível do piso principal.


- Uau! Olhe para o interior. Isso é couro de verdade, não é? Couro branco. - Sem conseguir se controlar, Hermione abriu a porta do carro e respirou fundo. - Adoro esse cheirinho! Olhe, olhe, veja os controles do painel! Tem até um calibrador de jato! Dá para chegar a Nova Los Angeles em menos de três horas, pilotando uma beleza dessas!


- Segure a sua onda, Hermione, senão a gente vai de sedã preto.


- De jeito nenhum! - Hermione só faltou mergulhar dentro do carro e se sentou depressa. - Daqui você não me tira nem com guindaste, até eu dar um passeio nele.


- Não imaginei que uma mulher criada por partidários da Família Livre pudesse se mostrar tão superficial e materialista.


- Preciso trabalhar nisso para me tornar uma pessoa melhor, mas até agora não consegui. - Sorriu, satisfeita, quando Gina se sentou ao volante, ao lado dela. - Weasley, este carro arrebenta!... Posso ligar o som?


- Não! Ponha o cinto. Mais tarde a gente tenta encontrar a sua dignidade. - Como o carro parecia exigir velocidade, Gina ligou o motor e decolou como um foguete.


Levou menos de dez minutos para chegar ao Hotel Central Park Arms.


- Viu o jeito suave com que essa beleza faz as curvas? Você fez a última a mais de noventa por hora e o carro nem vibrou. Imagine só o que ele pode fazer no ar. Por que não testamos isso na hora de ir embora? Nossa, acho que tive um orgasmo quando passamos pela rua 62.


- Poupe-me dos detalhes. - Gina saltou do carro e jogou a chave para o porteiro. Quando exibiu o distintivo, ele retraiu a mão que esticara em busca de uma gorjeta. - Quero que aquele carro fique bem à mão. Não quero esperar mais de trinta segundos por ele quando sair do prédio.


Sem esperar resposta, entrou pela porta automática e atravessou o piso em mosaico formado por pequenos ladrilhos do saguão, indo em direção ao extenso balcão da recepção.


- Vocês têm uma suíte reservada em nome de Brian Kelly. - afirmou ela, exibindo o distintivo.


- Sim, tenente, estamos esperando a sua chegada nesta tarde. Cobertura B do andar panorâmico.


- Quero entrar lá.


- Creio que a suíte está ocupada neste momento. Entretanto se a senhora quiser esperar até eu...


- Quero entrar lá. - repetiu ela. - Agora!


- Certamente... o elevador privativo é no fundo do corredor, virando à esquerda. É só seguir as placas. Seu cartão mestre lhe dará acesso ao elevador e às portas dos aposentos, tanto a da sala de estar quanto a do quarto.


- Qualquer ligação, mensagem ou entrega que chegar, mande subir na mesma hora.


- Certamente.


O recepcionista franziu o cenho ao ver Gina sair a passos largos e ligou correndo para a cobertura B.


- Desculpe-me, senhor, mas uma tal de tenente Weasley, acompanhada por uma policial fardada, está a caminho daí. Como?... Ah, sim, senhor, é claro. Vou providenciar isso imediatamente.


Perplexo, o funcionário desligou e em seguida entrou em contato com o serviço de quarto, solicitando café, bolo, chá e frutas frescas para três pessoas.


Do lado de fora da cobertura B, Gina sacou a arma. A um sinal seu, Hermione se posicionou à porta, do outro lado. Gina enfiou o seu cartão mestre, destravou a tranca e balançou a cabeça para a ajudante.


As duas entraram agachadas, ao mesmo tempo e com rapidez.


Gina soprou o ar por entre os dentes ao olhar para Harry, que sorria de forma descontraída, recostado confortavelmente no sofá estofado em seda pura.


- Não creio que essa arma seja necessária, querida. Já pedi café e o serviço aqui é muito rápido e eficiente.


- Devia dar uma descarga em você com a minha arma de atordoar, só para me divertir um pouco.


- Iria se arrepender disso mais tarde. Olá, Hermione, você está com os cabelos ligeiramente em desalinho. Ficou muito atraente.


Toda vermelha, ela passou os dedos pelos cabelos pretos e lisos, comentando:


- É que eu abalei geral por alguns instantes dentro do XX.


- Um carrinho muito sexy, não achou? Bem, vamos discutir agora a melhor forma de prepararmos a nossa armadilha ou é melhor esperarmos pelo café?


Resignada, Gina tornou a colocar a arma no coldre.


- É melhor esperarmos pelo café.


 


 


 


 


 

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