O novo mestre
O NOVO MESTRE
Segunda- Feira, 6 horas e 50 minutos da manhã. Sala de Defesa contra as Artes das Trevas.
Snape acabara de chegar à Sala de Defesa contra as Artes das Trevas. Esta seria sua primeira aula com os alunos do sexto ano. E não seria uma habitual aula de poções. Ele enfim estava realizando seu sonho de ser o professor de Defesa contra as Artes das Trevas. Isso era espetacular. Um triunfo!
Como era de se esperar, Snape já impusera sua personalidade à sala. Estava mais sombria do que antes, afinal, ele fechara as cortinas e a iluminara com velas. Novos quadros adornavam as paredes: vários deles mostravam pessoas sofrendo com pavorosos ferimentos ou partes do corpo estranhamente torcidas.
Severo puxou o relógio: sete horas em ponto. Ouviam-se apenas sussurros do outro lado da porta. Nenhum aluno dentro da sala.
Levantou-se bruscamente e andou, ligeiramente, até a porta da sala. Seus passos ecoavam pela classe.
- Para dentro! - disse, quando chegou ao outro lado.
Vários alunos interromperam suas conversas, dentre eles, Hermione e seus costumeiros amigos.
Todos entraram silenciosamente na sala. E sem dizer sequer uma palavra, acomodaram-se em suas carteiras, enquanto admiravam os sinistros quadros escuros expostos nas paredes.
- Não pedi a vocês para apanharem seus livros - começou Snape, fechando a porta e virando-se para encarar a turma de sua escrivaninha. Hermione devolveu depressa à mochila o seu exemplar de Frente ao Irreconhecível e guardou-a embaixo da cadeira. - Quero conversar com os senhores e exijo sua total e absoluta atenção.
Seus olhos negros percorreram os rostos voltados para ele, demorando-se uma fração de segundo a mais no rosto de Hermione.
- Creio que já tiveram cinco professores nesta matéria.
Você crê... Como se não tivesse acompanhado todos virem e irem, Snape, na esperança de ser o próximo , pensou Hermione, com desprezo.
- Naturalmente, cada um teve o seu método e sua prioridades. Diante desta confusão, é uma surpresa que tantos tenham obtido nota para passar nesta matéria. E surpresa maior será se todos conseguirem dar conta dos deveres do N.I.E.M, que serão bem mais complexos.
Nesta hora, o professor fitou demoradamente a face de Hermione. Ela o olhava com os mesmos olhos desgostosos de sempre. Por sua vez, ele, naturalmente, não a olhava amigavelmente. Estava certo de que mais uma vez a sabe-tudo concluiria com êxito todas as suas obrigações... Como queria estar errado...
Começou a andar em volta da sala, falando agora mais baixo; os alunos esticaram o pescoço para conseguir vê-lo.
- As Artes das Trevas são muito variadas, inconstantes e eternas. Combatê-las é como combater um monstro de muitas cabeças, no qual, cada vez que cortamos uma cabeça, surge outra ainda mais feroz e inteligente do que a anterior. Vocês estão combatendo algo que é instável, mutável e indestrutível.
Hermione encarou Snape. Sem dúvida, uma coisa era respeitar as Artes das Trevas como um inimigo perigoso, outra era se referir a elas como Snape estava fazendo, acariciando-as amorosamente com a voz.
Severo continuou seu papo a respeito das Artes das Trevas... Até chegar no ponto onde queria: Feitiços mudos... Eis o tema de sua primeira aula.
- ... Creio que os senhores são absolutamente novatos no uso de feitiços mudos. Qual é a vantagem de um feitiço mudo?
A mão de Hermione se ergueu no ar. Snape aguardou calmamente olhando os outros alunos, certificando-se de que não tinha outra escolha, antes de dizer secamente:
- Muito bem... Srta. Granger?
- O adversário não pode prever que tipo de feitiço a pessoa vai realizar - respondeu Hermione -, o que lhe dá uma fração de segundo de vantagem.
- Uma resposta decorada quase palavra por palavra do Livro padrão de feitiços, 6ª série - comentou Snape com menosprezo (no canto Malfoy riu) -, mas correta em sua essência...
Que Snape odiava sua aluna Hermione, ninguém duvidava. Mas ele não fazia idéia do tamanho da aversão que a garota sustentava por ele.
Ela que sempre fora tão elogiada e querida por todo o corpo docente de Hogwarts, detestava todo e qualquer professor que se opusesse às suas idéias. No caso, Snape era um deles. Na verdade, o único.
O que pensaria, se soubesse, que agora, com a viagem de Dumbledore, Snape passaria a monitorá-la diariamente?
A aula logo terminou. Todos os alunos se retiraram e como de praxe, Snape ficou ali, atirado em sua solidão tão costumeira.
Por outro lado, a bela Hermione, saia acompanhada por seus queridos e fiéis amigos, Ronald e Harry Potter. Mal sabia ela... Que em breve sua privacidade terminaria.
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