A surpresa



Longe dali, mais exatamente na cozinha do Nº12 de Grimmauld Place, um velho com uma longa barba branca estava alheio a bagunça que os outros integrantes do recinto faziam. Uma mulher baixinha e gorducha com cabelos vermelhos, um tanto quanto esbranquiçados, mexia algo no grande fogão da cozinha enquanto conversava com um rapaz de cabelos compridos também vermelhos e com um brinco de dente de dragão; ao lado, sentados à mesma mesa que o velho se encontrava, dois seres de cabelos vermelhos e lisos até a altura do ombro e com a mesmo fisionomia marota, contavam suas artimanhas para três jovens, sendo que dois deles, um casal de cabelos ruivos, riam descontroladamente, enquanto uma menina de cabelos castanhos tinha um olhar severo estilo Minerva McGonagall e tentava a todo custo segurar o riso.


O velho sentia que algo estava errado e sabia também que quando tinha esse pressentimento, é que algo ia acontecer.



BAM.....BAM



O barulho da porta da frente sendo aberta e fechada violentamente deu um susto em todos, menos no velho, que saiu de seus devaneios e suspirou.



- DUMBLEDORE! DUMBLEDORE!



Um homem entra correndo na cozinha. Ele tinha cabelos negros e sebosos até um pouco acima dos ombros, tinha o nariz em forma de gancho e estava pingando de suor.



- O que houve Severo? – Perguntou Dumbledore calmamente, mas seu rosto já estava sério e tenso. A cozinha entrou em um silêncio incomodo, todos esperavam uma resposta do mestre das poções.



- Ele descobriu! Mandou Bella e mais alguns ataca-lo na própria casa! – Respondeu Snape ofegante.



- Atacar quem? – Perguntou a Srª Weasley preocupada. Apesar de ter perguntado, ela lá no fundo temia a resposta. Snape olhou nos olhos de Molly com seus olhos extremamente negros e depois olhou para todos os que estavam na cozinha, pousando os olhos nos de Molly novamente. Só com aquele olhar ela descobriu a resposta, isso explicava o aperto no peito que teve a pouco.



- O Potter. – Disse Snape. Na mesma hora Dumbledore levantou num salto da cadeira, enquanto os ali presentes olhavam para ele assustados.



Tanto Molly, quanto Hermione e Gina levaram a mão à boca, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas, Rony e os outros estavam pálidos e totalmente estupefados com a notícia.



- Remo e os outros saíram a pouco para busca-lo. – Falou Dumbledore já emanando aquela aura de poder que tantos admiravam e temiam. E continuou – Eu vou até lá, já você Severo, volte para o castelo. Não seria bom se você me acompanhasse, poderiam descobrir o seu disfarce. Será que você poderia me acompanhar Guilherme?



- Claro que sim professor. – Respondeu Gui prontamente.



- Não será preciso. – Disse uma voz cabisbaixa entrando na cozinha – Ele não está mais lá.



Todos se viraram para a direção de onde veio a voz. Puderam ver Remo Lupin, podia-se ver marcas de lágrimas em seu rosto, Alastor Moody, Arthur, que foi logo abraçar a esposa, e o homem parecido com Remo entrando na cozinha.



- O que aconteceu Remo? Onde estão Tonks e Quim? – Perguntou o velho diretor.



Remo não respondeu. Apenas se dirigiu a mesa, sentou-se em uma cadeira e afundou o rosto nas mãos. Estava sofrendo. Perdeu seus melhores amigos, será que agora perderia Harry também, ele pensou.



- Tonks e Quim foram levar o corpo do comensal até o ministério.
- Como assim Romulus? – Perguntou Dumbledore.



- Quando chegamos só encontramos o corpo de um comensal no chão. Ele teve o pescoço quebrado. – Respondeu Olho-Tonto.



- Mas,....como?



- Não sabemos.



Mais uma vez o silêncio reinou na cozinha, a não ser por alguns soluços vindo de Hermione e Gina. Depois de mais ou menos cinco minutos em silêncio:



- Severo...



- Já entendi Dumbledore, volto assim que possível. – Disse Snape se retirando.



- Moody, convoque os outros membros caso precisamos agir. – Disse Dumbledore tristemente – Agora, só nos resta esperar a resposta de Snape.



- Já estou indo Alvo. – Disse o velho auror se retirando.



Dumbledore suspirou e voltou a sentar na cadeira, vagando novamente em seus pensamentos. “Espero que esteja bem Harry.”





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Crack



- Chegamos! – Disse a jovem que carregava Harry no colo, logo colocando-o em cima de uma cama e acendendo algumas velas magicamente.



- Já volto. Vou pegar umas toalhas e água. – Disse ela saindo do local.



Apesar da fraca luz das velas e de sua fraqueza, Harry percebeu que estava em um quarto espaçoso, possuía uma grande janela com vidros negros, uma escrivaninha, a cama onde estava deitado, um criado-mudo, um armário de parede e uma pequena poltrona.



Harry podia sentir seu corpo todo latejar de dor, até internamente. Sentia que tinha cortes profundos que latejavam loucamente. Sentia também muito calor, provavelmente estava queimando de febre.



- Voltei. – Disse a mulher colocando as coisas no criado mudo e sentando-se ao lado de Harry na cama.



- Quem.....é ...você? – Perguntou Harry respirando com dificuldade, tossindo um pouco de sangue depois da pergunta.



- Meu nome é Angela. Angela Drans.



- Obrigado....por me...salvar. – Disse Harry enquanto Angela passava um pano molhado no seu rosto.



- Creio que não fiz isso Harry. – Respondeu baixinho, com seus olhos demonstrando uma grande tristeza.



- Como você....sabe quem eu...sou? E por que...diz...que não me...salvou?



- Respondendo a primeira pergunta: Que bruxo não conhece Harry Potter. – Disse dando um sorrisinho carinhoso – já a segunda,....seus ferimentos são muito profundos, pode não parecer, mas o fato de você estar tossindo sangue comprova. Quer dizer que seus pulmões estão feridos por causa da tortura que você sofreu. A maldição que lançaram em você era muito forte, mais do que o normal.



- Então me leve.... para o St. Mungus.



- Creio que não adiantaria.........desculpe Harry,mas.....você tá muito machucado, você está..... morrendo. – Disse Angela, não conseguindo evitar que as lágrimas escorressem pelo seu rosto. Harry arregalou os olhos. Ele sentia que seu corpo estava muito mal, mas não achava que era tanto. Ele não podia morrer, não podia, ele pensou.



- Mas.....*cof, cof*.....não posso morrer.....a profecia,....não posso abandonar meus....amigos. Tem que haver....um jeito,....talvez lágrimas de fênix. – Falou Harry olhando profundamente nos olhos verdes de Angela. Ela desviou o olhar e limpou o sangue que Harry acabou de cuspir. Eles ficaram em silêncio, até que Angela parou e olhou para o chão como se ele não estivesse ali.



- Tem um jeito. – Disse ela baixinho – mas, eu não sei se uma pessoa teria razões o suficientes para aceitar e .....



- Eu aceito. – Interrompeu Harry com toda a determinação que tinha.



- Eu não sei se devo. São muitos sacrifícios a serem feitos e obstáculos impostos....



- Não importa. Eu.....só sei que não....posso morrer.



- Isso tudo é por vingança? – Perguntou Angela olhando nos olhos verdes de Harry, que agora não tinha mais aquele brilho.



- Não. Eu.....não posso deixar..... meus amigos.....para morrerem em uma......guerra que não podem....vencer.



- Por que diz isso? Ainda tem Dumbledore e eu sei que....



- Não adianta. Dumbledore não conseguirá.



- Mas ele é o único que o Lord teme.



- Não por muito tempo. A Profecia....



- Que profecia?



Harry não sabia se contava, nunca tinha visto essa mulher antes, mas não havia outro jeito. Ela queria razoes, então ele daria suas razões. E também, havia algo em seus olhos que passava uma extrema confiança, algo que Harry via nos olhos de poucas pessoas.



- Foi profetizado.....que somente eu.....posso acabar com....Voldemort. Eu não posso morrer Angela.....se não... tudo estará acabado. Me diga como eu posso viver.



Angela olhou apreensiva para ele e disse:



- Harry.....você teria que sacrifícios muito grandes, você teria que sacrificar essa vida. Seria uma coisa sem volta.



- Não importa. Entanto que eu possa ficar de pé para acabar com ele.... não ligaria de dar minha vida.... pelos meus amigos.



Angela olhou nos olhos dele e viu que ele dizia a verdade. Ele estava disposto a tudo. Ela suspirou e:



- Você realmente tem......



- Tenho! Chega de blá blá blá e.... diga o que vai fazer.



- Se é assim que você quer. Eu te darei outra vida.



- Outra.......vida? Como assim?



- Harry......eu sou uma vampira. – Disse Angela olhando para o chão.



Harry ficou espantado com a revelação.



- Mas, pensei.....que você fosse uma bruxa?



- E sou. Antes de me tornar uma vampira eu era uma bruxa. E de algum modo mesmo depois da transformação, meus poderes continuaram. Eu fiz parte até da primeira Ordem da Fênix. Pena que foi por pouco tempo.



- Eu..... nunca ouvi falar.... do seu nome...na Ordem.



- Isso é uma longa história e tempo é uma coisa que não temos.



Harry olhou para o teto pensativo e indagou:



- Então....me tornarei um vampiro.



- Se é isso que você quer. Mas saiba que não tem volta.



Harry ficou mais um tempo pensando. “Será que vale a pena esse sacrifício? Terei uma vida amaldiçoada.” Disse uma voz na sua cabeça. “Vale! Pense no que está em jogo! Não é somente a vida de seus amigos, mas também todo o mundo mágico e o não mágico. Esse é o destino. Sacrifícios serão feitos, mas.... é a única forma.” Disse outra voz.
Harry olhou nos olhos de Angela e disse:



Então faça! Aceitarei os sacrifícios.
- Você tem...



- Tenho!



- Então se prepare, pois vai ser doloroso.



Angela novamente olhou pensativa para o chão e respirou fundo. Fechou os olhos se concentrando e assim que os reabriu eles já não eram verde, e sim vermelhos. Ela entreabriu um pouco os lábios vermelhos e carnudos e pode-se ver seus dentes caninos crescerem um pouco. Ela encarou Harry e ele apenas virou o pescoço esperando o que estava por vir. Angela suspirou novamente, aproximou-se de Harry e o mordeu no pescoço. Ele segurou com força os lençóis da cama, mas logo foi soltando à medida que a dor da mordida passava de incomoda para prazerosa. Então ela parou, pegou uma tesoura no criado-mudo, cortou seu próprio pulso e colocou na boca de Harry.



- Beba.
Ele obedeceu e bebeu o sangue. Parecia que estava bebendo fogo. Ele sentia o sangue queimando tudo à medida que ia descendo por sua garganta. Sua respiração começou a ficar acelerada e tudo parecia rodar, até que perdeu os sentidos.



- Espero que não se arrependa. – Disse Angela passando delicadamente a mão pelo rosto de Harry, que estava se contraindo em dor.


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