O dia seguinte



- Rosa! Já estávamos preocupados... Como sua cabeça está? – Perguntou Alvo, aflito, se levantando da mesa de sua casa. Mal conseguira comer, apenas ficou revirando a comida no prato enquanto esperava notícias da garota.
Scorpion se levantou também, sorrindo para a amiga, e indo em direção a mesma.
- Você está bem, né?
- Não aconteceu nada demais – Disse, corando com tamanha preocupação dos amigos – Pomfrey apenas me fez beber um chá revitalizante, e aplicou umas pastas sobre meus machucados... Mas eles já sumiram, nem tenho cicatriz – Disse, feliz, enquanto apontava para seu rosto.
- Estou vendo... Mas enfim, quanto ontem a noit...
Rosa rapidamente levou seu dedo indicador à boca de Alvo, fazendo um sinal de silêncio, que fez o menino estremecer.
- Não podemos falar sobre isso agora. De noite iremos até a sala da diretora, ela parece querer falar com a gente. Mas por enquanto, nem podemos tocar no assunto.
- Mas porque ? – Perguntou Scorpion, abismado.
- Não sei, apenas recebi ordens.
Assentindo com a cabeça, os dois amigos se sentaram, acompanhados pela garota. Permaneceram calados até o fim do banquete, e caminharam até os jardins, ainda em silêncio. Um leve desconforto tomava conta do local, até os três se sentarem na grama verde que cobria a terra do local. Estava um tanto molhada, devido ao orvalho, mas isso não era incômodo.
- Aquela pessoa de ontem – Sussurou Alvo, mesmo o lugar estando vazio – Queria me pegar?
- Já disse, não iremos falar sobre esse assunto, não podemos.
- Aaah Rosa, por Merlin! Aqui está vazio, e estamos falando baixo – Disse Scorpion, impaciente.
A garota buxou, contra feita, mas mesmo assim respondeu a pergunta feita pelo amigo.
- Sinceramente, acho que sim. Mas calma Al, ela não vai conseguir, estamos com você.
- Como se três ‘’crianças’’ fossem páreo para um comensal.
- Não se existem mais comensais, Voldemort morreu – Disse Alvo, olhando de esguelha para o buraco ainda não concertado da sala precisa, que estava visível.
- É, pelo que parecia, eles queriam usar o Al para ‘’ressucitá-lo’’... Que coisa estranha! Quem será que fez isso? – Perguntou Rosa, roendo as unhas
- Sinceramente, não faço a mínima idéia. Nem dá pra saber se é homem ou mulher, a voz era estranha. – Disse Scorpion, com uma careta.
- Pois é.
Alvo perpassou os olhos pelo local, procurando qualquer movimento estranho, estava um tanto preocupado em ficar sem proteção depois do que ouvira na noite anterior. Estremeceu levemente ao lembrar que os dois ‘’comensais’’ haviam fugidos pelo jardim, ou provavelmente ainda estavam lá. Olhou para trás discretamente, como se esperasse que alguém pulasse detrás da moita, mas não havia ninguém. Segurou com força sua varinha, tirando-a das vestes e mexendo com ela entre os dedos.
Em um momento de distração, a mesma escorregou de sua mão, o obrigando a se inclinar para frente, para pegá-la. Assim que fez isso, viu um pequeno brilho dourado mais adiante.
- O que é aquilo? – Perguntou, apontando.
Rosa e Scorpion olharam na direção do tal objeto, porém nem se moveram. Seria alguma espécie de armadilha?
Alvo levantou-se, e se aproximou devagar. Abaixou, e pegou entre os dedos. Por um momento, sua face demonstrava uma expressão intrigada, que logo se transformou, abrindo a boca ligeiramente.
- Uma máscara.


* * *

Julia e Thiago já se encontravam em frente a gárgula, andando de um lado para o outro, aguardando ansiosos por Alvo, Rosa e Scorpion. O garoto não havia dito uma palavra desde que se encontraram ali, e as palmas de suas mãos suavam descontroladamente.
Notando a aflição do amigo, se aproximou, e tocou delicadamente seu ombro. Assim que o mesmo se virou, deu um breve sorriso.
- Não precisa ficar nervoso, está tudo bem.
- Não, não está. Querem seqüestrar meu irmão para um suposto sacrifício, em que acreditam recussitar Voldemort. Como posso ficar bem?
Julia olhou severamente para ele, não era muito paciente, e nem gostava de ouvir lamentações que julgava desnecessárias. O luar penetrava o local, dando um toque um tanto fúnebre ao momento, que já não merecia esse tipo de influências para ficar pior.
- Me escute. Olha só, não vai acontecer nada com Alvo por causa de uma pessoa mascarada e maníaca que nem sabe usar a varinha.
- Você fala isso pois não é com sua irmã...
- Não é questão de parentesco. É questão de lógica.
Thiago bufou, olhando para o teto. O comportamento de Julia o irritava profundamente, como se a mesma estivesse indiferente diante da situação.
- Ta ok. Não estou a fim de discutir.
- É melhor – Disse, ríspida, enquanto se afastava, indo em direção ao muro olhar a lua.
Levou a mão aos cabelos, jogando-os para trás dos olhos, um movimento de total aflição. Achou que o irmão estava demasiado atrasado, por isso tirou a varinha do bolso interno das vestes, e começou a andar pelo corredor.
- Vou procurar Alvo, ele está demorando.
- Por Merlin... – Julia se virou, impaciente, e correu até Thiago, segurando-o pelo braço e puxando-o contra si – Fica quieto, vamos acabar nos desencontrando.
Abriu a boca para dizer algo contrário, porém parou. Seus rostos estavam muito próximos, seus narizes quase se encostando, e o garoto não conseguiu dizer mais nada, perdeu a fala. Levou sua mão direita até o rosto de Julia, e a mesma aceitou o gesto, se aproximando ainda mais, de modo que seus lábios se encostaram.
Passos ecoaram pelo local, de modo que tiveram que se afastar rapidamente. Thiago estava aturdido, e Julia, muito corada. Mal conseguiam se encarar, apenas olhavam para o chão.
- Desculpa pelo atraso – Disse Alvo, que vinha correndo – saímos um pouco mais tarde da aula. E... – Parou, assim que notou a fisionomia dos dois – Interrompemos alguma coisa ?
- NÃO – Responderam, em uníssono – Apenas estávamos... Conversando – Completou Julia, sem coragem de olhar para qualquer coisa que não fosse seus pés.
- Entendi – Disse Rosa, olhando para os amigos e sorrindo zombeteira – Bem, vamos entrar?
- Ah, claro – Disse Thiago, olhando de esguelha para Julia, e logo depois caminhando até a gárgula de pedra. – Alvo Dumbledore.
A mesma se movimentou para o lado, dando lugar para uma enorme escada. Sem hesitar, subiram no mesmo instante.

* * *

- Quem é?
- Somos nós, diretora – Respondeu uma voz feminina, vindo do outro lado da porta. Minerva pigarreou, sentou-se em sua cadeira, e enfim respondeu.
- Oh sim, podem entrar.
Adentraram na sala cinco jovens, os quais ela conhecia muito bem, e deu um leve sorriso. Apontou para as cadeiras que estavam desocupas, como um sinal para que se sentassem, e assim o fizeram.
- Vamos lá... Suponho que saibam o motivo de porque estão aqui, não?
- Por um maníaco que tentou seqüestrar meu irmão. – Disse Thiago, quase vociferando.
- Ou maníaca – Protestou Rosa.
- A questão – Interrompeu Minerva, severa – É que temos poucas evidências de quem pode ter sido. Apenas de que é um aluno, pois ninguém penetra nos terrenos de Hogwarts assim, não tem capacidade para matar, ou se não teria o feito ontem. E espero que tenham consciência disso.
Apenas assentiram com a cabeça.
- Pois bem, creio então que não estaremos correndo um risco muito grande. Principalmente você Alvo, pode ficar relaxado, não há muito o que temer.
- Mas não seria melhor contatar alguém para protegê-lo ? – Perguntou Thiago, preocupado.
- Se você acha que chamarei um auror só para este caso, está enganado. Fico muito grata pelo que seus pais fizeram pela sociedade bruxa, mas isso já é apelar. Ninguém aqui corre um risco muito real, tanto que Julia conseguiu estuporar a pessoa em segundos. Se fosse ameaçadora o suficiente, teria impedido facilmente.
- Mas...
- Nada de ‘’mas’’, Potter. Estamos entendidos?
- Sim, mas... Essa pessoa não está sozinha, tenho certeza que existe um grupo por trás disso tudo. Ninguém em sã consciência conjugaria a marca negra e estragaria uma parede, apenas para chamar a atenção. Isso tem um propósito, e o propósito deles é Alvo. – Disse Julia, atenta em cada palavra da diretora.
- Por isso que... Eu tomei algumas providências. Alvo, você vai participar da armada, junto com Rosa e Scorpion, já que vocês sempre andam juntos. Por via das dúvidas estou fazendo isso... Não quero acidentes em meu castelo. Thiago, você participará também, porém por mérito.
Os olhos do garoto brilharam momentaneamente, mas logo depois ele balançou a cabeça, como se espantasse pensamentos.
- Quando iremos começar?
- No próximo treino, claro. Peguem os detalhes com Julia, ela está na armada a mais tempo, e sabe mais.
- Ah, professora, eu tenho uma coisa para mostrar – Disse Alvo, abrindo a capa, e de dentro tirando uma máscara dourada, perfeitamente desenhada – Achei nos jardins, o suposto ‘’comensal’’ deve ter deixado cair.
- Deve ter caído quando Julia o estuporou – Disse Scorpion, se pronunciando pela primeira vez.
Os olhos de Minerva se estreitaram rapidamente, em uma expressão de raiva. Sem pronunciar nenhuma palavra, apenas esticou seu braço, a palma da mão aberta, esperando receber o objeto. Alvo entendeu rapidamente, entregando a máscara para a diretora, que ficou o analisando.
- Creio que isso não vai ajudar em muita coisa... Mesmo assim, pode vir a ser útil.
Com um aceno da varinha, abriu uma gaveta, e colocou o tal objeto dentro. Logo depois, voltou a olhar para os ali presentes.
- Podem retornar para suas comunais, está um tanto tarde. Julia, Thiago, levem eles e logo depois podem ir também.
- Ok... Até mais diretora.
Dizendo isso, os cinco saíram do local, do mesmo jeito que entraram: rapidamente.
Desceram um tanto apressados a escadaria de mármore, e passaram pela gárgula de pedra. Começaram a andar silenciosamente pelos corredores vazios, Julia e Thiago com as varinhas em punho. Não que houvesse motivo para desconfiança, mas nunca é demais prevenir.
- Ok... Alvo, Rosa, chegaram. Scorpion, só falta você. – Disse Julia, bocejando.
Se despediram, e logo depois rumaram até a comunal da Sonserina. Feito a mesma coisa, Thiago e Julia puderam finalmente irem para a comunal da Grifinória.
- Bem... Queria te pedir desculpas Thiago, pela maneira como fui grossa com você hoje. Se fosse minha irmã eu também estaria preocupada – Disse Julia, despindo a capa de sua casa, e dobrando-a.
- Tudo bem, sem problemas...
A garota ergueu os olhos, olhando para Thiago. Sua boca se moveu levemente, queria falar alguma coisa, porém não conseguia. Isso sempre acontecia quando ficava perto dele. Suas bochechas coraram levemente, lembrou-se do que havia ocorrido no corredor. Abaixou a cabeça e pegou a varinha do bolso das vestes, lustrando-a com a ponta da blusa.
Thiago se aproximou, temeroso, e levou uma mão até o queixo da menina, erguendo um pouco.
- Porque fez aquilo no corredor?
- Bem, se não gostou, me desculpe – Disse, ofendida
- Não! Não é isso... Você nunca deu... Hm... Chance pra mim.
- Eu nunca dei chances de você me agarrar no corredor do sétimo andar, é absolutamente diferente.
- Mas você me... Daria chance agora?
Sentiu como se seu estômago tivesse sido remexido com um garfo, arrancado fora e depois pisoteado. Tudo o que tinha comido no dia pareceu retroceder, subindo pelo esôfago, uma vontade de vomitar. Mas respirou fundo, e continuou olhando nos olhos dele, como se dissese: ‘’adivinhe’’.
Pareceu entender o sinal, e sorriu de lado. Levou uma mão até a cintura da garota, e a outra que estava em seu queixou deslizou até seu rosto. Puxou-a devagar, encostando seus lábios nos dela, torcendo para que não houvesse nenhum tipo de interrupção.
Julia podia ser durona e corajosa em todos os aspectos, menos no amoroso. Tremia um pouco, estava hiper nervosa, e nem sabia ao certo o que fazer. Apenas deixou-o fazer o que teria que fazer, com um tanto de medo. Colocou seus braços em volta do pescoço do rapaz, tentando relaxar e parecer natural, mas não sabia se estava conseguindo fazer isso muito bem.
Thiago sentiu que ela estava um pouco nervosa mas, afinal, ele também estava. Abriu a boca ligeiramente, pedindo passagem com a língua [off: descrever isso não é bom, juro. É humilhante, e nojento ._.], o que a garota aceitou [a partir de agora imaginem, por favor ], sem hesitar.
Ficaram se beijando, por um longo tempo, quase nem respiravam. Mas, aquilo era apenas um pequeno detalhe comparado ao que estava acontecendo no momento, era como se fosse uma coisa quase imperceptível. A mão de Thiago apertava cada vez mais o corpo da menina contra o dele, e ela cada vez mais se aproximava, perdera o medo completamente. Era o melhor momento que ela lembrava ter, e que não queria parar nunca.
Thiago encostou-a delicadamente na parede, afinal ele estava perdendo o equilíbrio [tive que rir ._.], e a mesma nem sentiu. Suas mãos deslizavam pelo cabelo ruivo que ela tanto amava do menino, enquanto várias coisas passavam pela sua cabeça. Devagar, foi se afastando, encerrando o beijo com um delicado selinho.
- Bem, eu... Tenho que... Ir... Deitar – Disse, mal conseguindo encarar o menino nos olhos.
- Tem que ser agora? – Perguntou, abraçando-a.
- Infelizmente sim.
Sem dizer mais nada, apenas inclinou-se para beijá-lo novamente, e logo depois se afastou. Sorriu, muito corada, e foi andando em direção ao seu dormitório. Sentiu uma mão a puxar novamente e, no momento seguinte, Thiago estava sussurando em seu ouvido:
- Te amo.

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