A Aurora Vermelha
I
Gina estava no quarto dando os últimos retoques na maquiagem e no vestido quando ouviu uma batida na porta. Abrindo um largo sorriso, ela se apressou a ir atende-la. Como esperava, Tom estava à porta.
- Realmente vou me surpreender se você não for a mulher mais linda da festa - disse ele, olhando-a de alto a baixo.
- Obrigada - sorriu ela, satisfeita.
- Podemos descer?
- Agora mesmo.
Ele ofereceu educadamente o braço a ela, como faria um perfeito cavalheiro, e os dois começaram a caminhada rumo ao salão de refeições. Vários dos residentes do segundo andar da Ala Oeste pareciam fazer o mesmo: pessoas elegantemente vestidas iam de um quarto para o outro e, alguns dos homens pareciam estar esperando suas parceiras do lado de fora. Todos olharam quando eles passaram, discretamente. Os homens seguiam-na com um olhar, mas desviavam rapidinho quando viam um relance do Lord das Trevas em direção a eles. As mulheres, no entanto, miravam-na com uma expressão que beirava inveja, como se ela fosse uma só para parecer tão deslumbrante e ao mesmo tempo ter um parceiro daqueles.
Quando chegaram perto das escadas, viram uma estranha combinação de Jade Silverstone acompanhada de Phillip McAllister. Gina percebeu que Tom havia descaradamente usado Legilimancia nos dois, porque um sorriso discreto mas divertido se estampou no seu rosto.
- Algum problema com eles? - perguntou Gina, esperando rir com a resposta, enquanto começavam a descer as escadas e deixavam os dois para trás.
- Dou até meia-noite para Silverstone meter a mão na cara dele - falou em uma voz baixa mas achando muita graça. - Parece que ele não gostou muito da roupa dela e, bem, todo mundo sabe que ela gosta dele. Mas ele não é muito... ãh... delicado, não é? Você acha que ele vai agüentar ela até o fim da festa?
Gina riu. Seria engraçado ver quantos barracos teriam na festa, principalmente por causa da bebida. Ele pareceu pensar a mesma coisa do que ela.
- E, é claro, vamos todos terminar bêbados dançando em cima da mesa...
- Não me faça rir...! - dizia ela entre gostosas gargalhadas. - Só de imaginar a cena...
- Mas eu ainda nem terminei - disse ele, olhando para a frente com um sorriso vago. Ela calou-se segurando o riso. - Imagine que todos do grupo cinco estarão vaiando e tirando sarro com todos que derem motivo... - fez uma pequena pausa, pensativo. - É, conheço os Comensais que tenho. Na última reunião animada que tivemos, foram dois Comensais rolando escada abaixo se acabando de rir, ambos com uma garrafa de vinho na mão. Depois uns vinte se meteram em uma briga feia e, como estava bêbados, acabaram se machucando e aparatando no St. Mungus...
- Sério? E o que aconteceu? - perguntou ela rapidamente, arregalando ligeiramente os olhos.
- Bom, todos foram pegos pelos aurores - completou, com nenhuma emoção maior do que tédio.
Ela não entendeu como ele podia falar da perda de cerca de vinte Comensais da Morte sem demonstrar nenhuma emoção. Ele continuou, com desdém.
- E, ãh... demoramos uns três meses para tirá-los de Azkaban - falou vagarosamente.
- Ah, acho que me lembro. Saiu no Profeta Diário - falou, recordando-se.
- É... Se não me engano foi um pouco antes de você... - mas calou-se abruptamente, como se pensasse melhor no que iria dizer.
- De eu ser seqüestrada por vocês - completou ela, tremendo a voz um pouquinho, mas continuando calma como se nada estivesse acontecido. - Sim, eu me lembro.
Calaram-se ao chegar ao corredor do primeiro andar, mesmo porque a balbúrdia se sobrepunha. Havia ainda mais gente ali; Gina nunca vira tantos Comensais da Morte juntos antes, todos falando e descontraídos, rindo e conversando. O barulho era tanto que quase se precisava falar gritando.
- Como eu imaginava... - falou a ela em voz alta. - eles não perdem uma oportunidade de vir a uma festa... Ah, Robert Wildriam!
Eles se aproximaram de um homem de estatura média, cabelos castanhos escuros cheios de cachos e pele bronzeada, que vestia longas vestes negras e uma capa verde esmeralda. O homem parecia frenético, acenando para várias pessoas a saudando com alegria, como se não as visse a muito tempo.
- Há quanto tempo, Robbie! - bradou Tom, aproximando-se. Wildriam arregalou os olhos, extasiado.
- Mestre! - disse o outro numa voz muito alta, abrindo um sorriso radiante, depois fez uma grande reverência.
- Quem é vivo sempre aparece, heim? - falou Tom com um sorriso vago. - Como está indo na Áustria? Ouvi dizer... ou melhor, eu soube que é o maior grupo fora do país até agora.
- Sim, sim, muito progresso. Estamos para formar um terceiro - anunciou ele, inquieto, radiante.
Seus olhos pousaram em Gina discretamente.
- Ah, essa é Gina Weasley, Robbie.. Gina, esse é Robert Wildriam - apresentou-os.
- Encantado, milady - disse Wildriam, enquanto beijava sua mão.
- Já nos conhecemos, Sr. Wildriam - falou Gina com um quê de superioridade disfarçado com um sorriso doce. Ele mirou-a levemente intrigado. - Por correspondência... - Mas ele não pareceu se lembrar. - Tenho certeza de que o senhor se lembra de G.W....
Ele arregalou os olhos, realmente surpreso.
- Por Merlin! Nunca imaginei que G.W. fosse uma mulher, e ainda por cima, assim, tão bonita...
Ela sorriu, mas Tom ergueu uma sobrancelha em algo que poderia ser irritação. Ela imaginou se ele estava sendo estúpido o suficiente para sentir ciúmes. Deu uma olhada de relance para ele, cujos olhos diziam com todas as letras um "pare de se exibir".
- Você não deveria ter revelado isso, Gina - falou asperamente, num tom mais baixo e frio do que estivera a pouco.
- Tem razão - falou ela, como se pensasse melhor. - Foi sem querer, milorde.
- Mas Robbie é de confiança - falou, e Wildriam abanou a cabeça com modéstia -, então não tem problema. Mas se... - avisou significativamente, e ela fez sinal de entendido com a cabeça baixa.
Robert Wildriam obviamente pensara que ele estava sendo muito duro com ela, porque Tom encarou-o nos olhos e disse calmamente, demonstrando irritação na voz somente o suficiente para ela perceber.
- Não é paranóia, Robbie, é precaução - falou ele, cerrando as sobrancelhas.
Wildriam apressou-se em esclarecer.
- De modo algum quis dizer que o senhor é paranóico, mestre...
- Não disse, mas pensou - falou Tom em voz baixa e Wildriam corou. - Tudo bem, vivem pensando coisas piores de mim... - disse, com um gesto vago de desdém.
Foi a vez de Gina pigarrear.
- Ora, senhores, não vamos estragar a noite por isso - falou com sugestão.
Os dois olharam para ela, depois se entreolharam.
- Certo, certo... Nos vemos por aí então, Robbie. Precisamos nos encontrar com o resto de grupo cinco, não é, Gina?
Ela meneou com a cabeça e Wildriam fez uma breve reverência enquanto se afastavam.
Enquanto iam em direção ao salão, Gina falou, cautelosa.
- Eu não me importaria com isso se fosse você - disse com veemência. - Tiramos a noite para nos divertir...
- Não é isso. Eles perdem o respeito. Daqui à pouco vão estar falando de mim pelas costas. Vocês sabiam muito bem com quem estavam se metendo quando se aliaram - disse com frieza.
Gina suspirou, mas não respondeu. Era verdade que ela sabia muito bem com quem estava lidando quando fora para lá: um tremendo cabeça dura orgulhoso.
Ele fez um barulhinho de discordância ao lado.
- Foi isso que eu quis dizer quando disse que as pessoas pensam coisas piores de mim - falou, os olhos faiscando.
Gina sacudiu a cabeça devagar, sorrindo.
- Ora, você sabe que não sou a favor de todas as suas idéias, "milorde".
Ele não olhou para ela. Falou olhando para frente.
- É, bem, você está em minoria, minha querida grifinoriana protetora dos trouxas e sangue-ruins.
- E dos meio-sangue - completou, insinuante.
- Acho que sei me defender sozinho, obrigado - disse secamente.
Gina não conseguiu refrear uma risada.
- Não fique nervoso, Tom. Estou brincando, seu bobo - falou, dando uma palmadinha amigável em seu braço.
- Pare com essas intimidades! - sibilou entre os dentes.
Ela segurou o riso enquanto cruzavam o arco do salão. Gina boquiabriu-se por um breve momento de surpresa: o salão estava totalmente modificado - a grande mesa estava arrastada ao lado, abrindo espaço para uma pista de dança e várias mesinhas para quatro. Gina lembrou-se vagamente do Baile de Inverno em Hogwarts.
- Ah, isso está maravilhoso! - disse ela, iluminando-se de repente.
- Fizemos um bom trabalho, não acha? - perguntou ele, vendo o olhar satisfeito dela.
Gina correu os olhos pelas pessoas que estavam ali. Todos os pares se divertindo e rindo, reencontrando velhos amigos... e Gina percebeu que eles não eram tão diferentes assim de seus velhos amigos separados dela. Então virou os olhos para um pequeno tablado montado a um canto e realmente surpreendeu-se.
- As Esquisitonas! - exclamou em voz alta enquanto passavam devagar, arregalando os olhos. - Mas elas não haviam aceitado vir, ou aceitaram?
Ele deu um sorriso divertido, meio sarcástico.
- É claro que não. Estão sob a Maldição Imperius - disse, indiferente. Gina riu.
- Está falando sério? As famosas Esquisitonas tocando numa festinha de Comensais da Morte sob a Maldição Imperius? - Ela abanou a cabeça, rindo. - Chega a ser ridículo.
- Eu e Lúcio fizemos um bom trabalho, não? - Ele lançou um olhar extremamente engraçado às roqueiras.
Gina imaginou uma cena...
- Imagino a cara que as coitadas fizeram quando viram vocês dois entrando pela porta...
- Não sei se você imagina... A menor ficou petrificada, pensei que fosse ter um ataque do coração e que fosse morrer, e o resto saiu correndo. Foi divertido...
Gina estava rindo de novo.
- Você não tem jeito, não é? - disse ela, contendo o riso.
- É - concordou ele, pressuroso.
- Bom, se você tivesse matado uma delas do coração...
- O que eu poderia fazer? Elas não aceitaram por bem, e mesmo assim a maioria achava que elas eram as melhores da R.R.B., então foi por mal mesmo - falou, revirando os olhos. Depois disse numa voz inocente, encolhendo os ombros - Eu não tenho culpa.
Ela jurava que, se estivessem sozinhos, dava um tapa nele.
- Mas você é folgado, não? - disse ela, meio perplexa, meio divertida. - Tinha que ser as melhores?
- É claro que tinha! - falou, fingindo estar chocado. - Para nós, o melhor!
- Ah, claro - falou em voz baixa, rindo. -, como se você sempre se importasse...
- Bem...
Gina mirou-o por um momento, mas ele não respondeu. Ele olhou para a frente e sua expressão se modificou um pouco.
- Ah, veja, ali estão eles - disse, apontando. Gina viu um pouco além de algumas mesas, um pequeno grupo composto pelos Malfoy, os Lestrange, César Bridged acompanhado de Athena Evrard, do grupo noturno, Romulus Challanger e Lutiannis Koller e mais alguns outros que estavam de costas.
Eles se aproximaram e Gina viu Challanger olhar para ela e cutucar Lúcio. Os dois olharam com uma expressão arrebatada.
- Então, Comensais, estão se divertindo? - perguntou Tom calmamente. Os outros se viraram.
Jack Miller olhou de modo exultante para ela, depois disse, ligeiramente boquiaberto:
- O senhor realmente tem sorte, mestre, de ter G.W. como par.
- É, acho que sim - respondeu, pensativo, enquanto Gina lhe dirigia um sorriso - Mas não vamos ficar aqui parados, vamos? Temos a mesa grande reservada.
Eles se mexeram. Os Comensais mais à frente não paravam de falar, enquanto os demais estavam meio calados. Enquanto se dirigiam para a mesa grande, várias pessoas seguiam-nos com os olhos.
Ela viu que a mesa grande estava preparada com um grande banquete. Comida de todos os tipos, bebidas de todos os gêneros. Gina imaginou o que teriam no programa, com um pensamento estúpido lhe alfinetando depois: não seja ridícula, Gina. Você preparou o programa!
Quando chegaram nela, o grupo cinco tomou sua posição na mesa, e Tom acomodou-se ao centro, Gina ao seu lado. Ela viu que todo o salão olhava para a direção dela e de Lord Voldemort, e alguns, em outros integrantes do grupo cinco. Ela sorriu simpaticamente com a atenção e alguns sorriram de volta. Ela olhou para ele, que observava com irremediável altivez o salão com um olhar extremamente parado, sem nenhuma expressão distinguível tomando forma em seu rosto. Ela percebeu que o salão se encheu mais, que a festa estava para começar.
- Estamos quase prontos... - murmurou ele, mal movendo os lábios. Ela, que não tinha certeza se era para escutar, não disse nada. Voltou a olhar para a frente.
Ficaram todos quietos na mesa, como se esperassem alguma coisa. A sala enchia cada vez mais e todos murmurando ansiosos... As mesinhas já estavam cheias, embora fossem bastantes, e haviam já muitas pessoas em pé. Gina viu um leve sorriso se formar no rosto de Tom. Ele se levantou e todos calaram.
- Eu só queria ter a oportunidade de dizer que estou imensamente satisfeito com o trabalho de todos vocês, Comensais da Morte, seja onde quer que estejam atuando - falou, sorrindo com satisfação. - E congratulações aos grupos sete e dez, que estão indo muito melhor do que antes, conseguindo se entender entre si... E finalmente estamos em vantagem! Sim, pela primeira vez em seis anos, estamos em número maior do que os aurores e os funcionários do Ministério! Estamos a apenas um passo do poder absoluto! Por isso a festa, por isso a comemoração! - e fez uma pausa, correndo os olhos pelo salão, triunfante. - Só preciso dar mais uma ordem hoje. - Dito isso, alguns se entreolharam, aturdidos, mas pararam para ouvir.
"Divirtam-se!"
Os Comensais gritaram, aplaudiram e assobiaram, felizes. Gina também não pode deixar de sorrir. Isso provava que seu trabalho não estava sendo em vão. Ela também aplaudiu.
Ele fez sinal de positivo para o outro lado do salão e As Esquisitonas começaram a tocar. O barulho dos Comensais foi se dissolvendo enquanto a grande maioria ia caindo na dança. Gina observou a multidão de transeuntes dançando, uma mão apoiando o rosto, pensando como gostaria de estar lá, mas certamente...
Durante grande parte da primeira música os dois ficaram sentados observando os outros dançarem sem trocarem uma palavra. Ele parecia estar pensando em algo e estava muito longe, a toda hora tornando a encher a taça de vinho e virar em dois goles.
Gina encostou-se na cadeira um pouco desapontada; certamente que acompanhar o Lord das Trevas em uma festa tinha seus altos e baixos: era um grande passo para que se tornasse público o caso dos dois, mas ela também seria a mulher que menos dançaria naquela festa.
Ele, por algum motivo, pareceu ter percebido o problema dela.
- Não se preocupe - falou ele, ainda mirando algum ponto distante à sua frente. - Você é jovem, bonita e famosa... Não vai demorar a aparecer alguém que queira dançar com você.
Mal deu tempo de ela lançar um olhar espantado a ele, alguém já batia em seu ombro.
- Quer dançar? - perguntou um jovem Comensal que ela nunca vira antes.
- Se milorde me permitir... - Ela olhou para ele.
- É claro, Gina - respondeu gentilmente.
Com essa resposta, ela dançou duas, três, oito músicas. Quando voltou para a mesa para descansar um pouco, Tom olhou para ela.
- Finalmente! Pensei que você fosse me ignorar a festa toda - disse, enchendo o copo de cerveja amanteigada. Seu rosto estava meio corado por causa da dança.
Ele não se intimidou com o tom dela.
- Não estive te ignorando; eu só estava um pouco distraído quando você saiu - concluiu num tom muito digno.
- Você não está se divertindo - falou ela depois de beber um gole de cerveja. - Anime-se! Olha só esse povão aqui! Eles sim estão se divertindo - disse, apontando para os transeuntes na pista de dança.
Ele cruzou os braços.
- Não me admira que você esteja toda excitada. Eu vi quando Baddock passou a mão na sua bu...
- Ah, então é isso?! - perguntou ela abrindo um grande sorriso no seu rosto cansado da dança. - Se é ciúmes, tudo bem... - Ela deu outro gole de seu copo. - Se acha que eu prefiro outro do que você, pode ir...
- Não é nada disso!
...Mas você não tem me dado atenção! - disse ela em voz alta, também cruzando os braços.
Parecia que todos estavam demasiado ocupados para dar a atenção a eles.
Ele não respondeu. Virou os olhos para frente novamente.
Essa foi a gota d'água. Gina levantou-se e saiu a passos duros para o outro lado do salão. Não demorou que alguém a tirasse para dançar, o que ela aceitou sem rodeios.
Já entornava a décima música quando começou uma lenta. Gina sentiu uma pontada de culpa pela primeira vez desde que saíra da mesa principal. À cada intervalo ela sentava-se à uma mesa com algum rapaz que a tirava para dançar e virava um copo de vinho. Já não estava tão lúcida assim como no começo da festa.
Assim que a música lenta começou, o rapaz com quem ela estava dançando pegou sua mão.
- Acho que não vou dançar essa - disse com firmeza, e voltou para a mesa principal.
Tom estava conversando com Romulus algo que parecia ser muito engraçado, porque o outro não parava de rir. Ela aproximou-se com cautela e sentou-se no seu lugar. Ele virou-se para ela quando se sentou.
- Voltou, é? Que aconteceu?
- Cansei - respondeu ela simplesmente.
Ele deu ombros e voltou a falar com Challanger. Ela sorriu com indignação. Passado algum tempo, Lúcio, Narcissa, Rodolphus e Bellatrix sentaram-se ao lado dela.
- ...não, nem um pingo de sensatez. É um idiota mesmo.
- Eu nunca que faria isso. Até parece que ele não sabe quem ela é...
- Se fosse eu fazia a mesma coisa. Todo esse tempo e ainda não aprendeu - dizia Narcissa muito indignada.
Ela escutou com interesse.
- É claro que eu sempre achei que ele não era o suficiente para Silverstone, mas ela entende? Só depois de uma dessa para aprender mesmo...
- Jade bateu em Phill McAllister? - perguntou Gina com curiosidade.
- Sim, ela bateu - responderam Bellatrix e Narcissa ao mesmo tempo.
Tom virou-se na mesma hora.
- Bateu? Finalmente...
Houve uma explosão de gargalhadas na mesa principal.
II
O clima tornou-se tão mais animado que Gina até se esqueceu da antipatia de Tom no início da festa. Eles conversaram sobre um monte de coisas e faziam a maior barulheira quando alguém fazia alguma coisa engraçada.
Lá para as duas horas da madrugada, o salão estava um pouco mais vazio. Apenas a mesa principal e mais algumas outras mesinhas tinham gente e a pista de dança estava quase deserta. As músicas tornaram-se mais suaves.
- Gina - chamou uma voz ao seu ouvido.
- O quê?
- Vem aqui - disse-lhe Tom, pegando sua mão.
- Aonde?
- Dançar.
Ela olhou e deu um enorme sorriso.
- Eu estava só esperando - disse ela, radiante de felicidade. - É claro que sim.
Ele retribuiu o sorriso e estendeu-lhe a mão. Levantou-se e contornaram a mesa. Eles fitaram-se por um instante, depois ele pousou uma mão na sua cintura e ela no seu braço, e a outra eles uniram. Antes de começar, ela perguntou:
- Antes disso... Quando foi a última vez que você dançou?
Ele franziu a testa, mas deu um leve sorriso.
- Para ser sincero... - começou. Ela levantou uma sobrancelha. - Provavelmente foi no Baile de Inverno no meu último anos em Hogwarts.
Agora ela ergueu as duas sobrancelhas, segurando o riso.
- Estamos em apuros? - perguntou em voz baixa.
- Você está? - perguntou ele com ironia.
Ela sorriu sombriamente e negou com a cabeça.
- Ótimo - disse ele.
Ela mal teve tempo de entender as palavras dele e este já estava conduzindo-a. Ela espantou-se: para alguém que não dançava desde os dezessete anos ele estava se saindo divinamente bem. Gina lembrou-se do baile em Hogwarts, e ficou realmente feliz de ver que ele dançava muito melhor que Neville.
Eles não dançavam muito rápido, passando por algumas pessoas que ainda resistiam ao cansaço e continuavam a dançar.
Começou a sentir-se muito bem. Antes que se desse conta, já estava mais próxima do que deveria estar, mas ele também não parecia estar se importando.
- Me desculpe por não ter te dado atenção - disse a voz dele ao seu ouvido. - Mas eu achei melhor que menos pessoas nos vissem... Você entende, não é?
- Isso paga... - respondeu ela, sorrindo serenamente.
A dança parecia estar envolvendo os dois de uma forma arriscada. Talvez já tivessem bebido mais do que o seguro, mas por um momento pareceu não haver mais ninguém ao redor. Os olhos dela se encontraram com os olhos escuros e cinzentos dele, que fixavam-se de um modo voraz, enfeitiçados... Eles estavam chegando perto; perto demais... Eles estavam tão próximos um do outro que ela podia sentir o calor dos lábios dele nos seus... Fitaram-se um instante, hesitando, mas depois foi impossível de impedir, já estavam perto demais para voltar agora...
Gina estava tão inebriada, tão entontecida com aquilo que nem percebeu que estavam se beijando no meio do salão. Ela não via nem escutava nada, tampouco. Apenas sentia...
Muito longe de parar, ela passou os braços por cima do pescoço dele e ele pelas suas costas, se beijando com cada vez mais voracidade...
De repente um calor estranho e desagradável tomou conta dela. Gina começou a escutar vozes e uma musiquinha lenta no fundo... Aos poucos ela foi retornando ao presente; aos poucos ela foi tomando consciência do que estava fazendo...
- Huum... - fez ela, desesperando-se sem poder falar. As mãos dela desceram da nuca dele para o peito, tentando se desvencilhar. Eles se separaram.
Ela olhou ao redor rapidamente: as poucas pessoa que estavam por lá haviam parado de dançar, atônitas; outras parecia seguir o exemplo deles e mal prestavam atenção e o grupo cinco na mesa principal observavam boquiabertos. Ninguém dizia nada. Gina tornou a olhar para ele, os olhos arregalados.
- Você... borrou o meu batom! - exclamou ela de repente, olhando para ele com os olhos arregalados, procurando algo banal para dizer.
- Hã? - fez ele, franzindo a testa.
Ela ouviu alguns risos.
"Estão bêbados", ela escutou alguém dizer ao lado. Aos poucos, as pessoas foram desgrudando os olhos deles e recomeçando a dança.
- Nós não devíamos...! - começou ela com rispidez, mas foi cortada bruscamente.
- Gina, pelo menos uma vez na vida, cale essa boca!
Dizendo isso ele fez com que os seus lábios se encontrassem com os dela mais uma vez aquela noite. Mais uma vez ela não conseguiu pensar em mais nada, a cabeça esvaziando com o choque, depois com o prazer delicioso que estava sentindo em fazer isso com ele no meio do salão, com todo mundo olhando...
- Vamos sair daqui - murmurou ela, o rosto corado como uma brasa acesa, quando terminaram o segundo beijo.
Eles caminharam em direção ao fundo do salão, onde agora haviam algumas mesinhas vazias. Eles sentaram-se, um de frente para o outro.
Ele encarou ela e ela encarou ele por alguns instantes tensos. Depois caíram na risada.
- Ai, Tom... - disse ela limpando os olhos com as costas das mãos - Me diz que nós não fizemos isso...
Ela não sabia se chorava de rir ou se chorava de verdade mesmo.
- Fizemos - disse ele, que abaixara o rosto entre as mãos sobre a mesa. - Eu não acredito, mas fizemos...
Ela pegou as mãos dele.
- Bem, agora que todos pensam que estamos bêbados e raciocinando muito mal, porque não saímos para dar uma volta no jardim? - perguntou ela, com um olhar significativo. - Não vai ter ninguém lá para nos ver... - acrescentou.
Ele concordou com a cabeça, dando um sorrisinho.
- Espere aqui. Vou pegar nossas capas.
Ele levantou-se e saiu. Ela virou a cadeira para o lado da pista de dança e ficou a observar o movimento.
Algumas mulheres vieram correndo ao encontro dela e puxaram cadeiras. Ela olhou de uma para outra.
- Quê? - perguntou com rispidez.
- Ele te beijou, sua sortuda! Ele te beijou! - disse uma delas numa vozinha aguda.
- Eu sei que ele me beijou - respondeu, encostando-se cansada na cadeira. - E daí?
- Como "e daí"? Você foi a primeira que conseguiu isso; e não foi por falta de tentativa! Como foi? - perguntaram duas em coro.
- Ah... foi bom - disse ela sem emoção.
- Só bom? - guinchou outra, indignada.
- Foi gostoso - murmurou ela.
As mulheres se entreolharam.
- Foi molhado - completou Gina.
- Uh... - fizeram algumas, pensativas.
- E foi... não interessa como foi, suas intrometidas! - sibilou de repente.
Elas fizeram caras feias.
- E quem você pensa que é, para falar assim com a gente? - guinchou uma delas, perplexa.
- Eu? Eu sou G.W., a mulher que beijou Lord Voldemort... - disse ela em voz baixa, sorrindo. - E vocês acabam de ser rebaixadas para o grupo zero e meio, que acaba de ser criado para curiosas como vocês...
Elas se levantaram e sairam rapidinho. Ele riu baixinho com a arte que aprontara.
Nesse instante, porém, ela viu entrando pela porta a pessoa que ela menos desejava ver naquele momento: Draco Malfoy.
Ele foi até a mesa principal, trocou algumas palavras com os pais. Então ele virou-se e foi apanhar uma bebida na cozinha. Ela estava torcendo para que ele não a visse quando ele voltou com uma garrafa na mão e pousou os olhos onde ela estava.
"Droga", pensou ela, fazendo careta, quando ele veio andando na sua direção com um sorriso. Draco usava uma blusa preta e um casaco jeans novo em folha. A barba estava feita e seus cabelos penteados. Parecia bem mais bonito do que no dia em que ela o viu.
- Oi, Weasley. Como você está bonita, hoje. Por que está sozinha aqui? - perguntou, chegando e sentando-se ao lado.
- Me chame de Gina, por favor. - pediu ela, polidamente.
- Como quiser, Gina - disse ele virando a garrafa no bico. - Mas você ainda não me disse o que está fazendo aqui, isolada do resto da festa.
Ela encarou-o.
- Por acaso chegou agora?
- É, eu acabo de chegar. Eu tinha uns probleminhas para resolver e só agora deu para eu vir - respondeu animado.
- Draco, seus pais não te contaram o que aconteceu? - perguntou, espantada.
Ele franziu a sobrancelha.
- O que foi que aconteceu? - perguntou ele, estranhando.
Ela lançou um olhar carrancudo à mesa principal e reparou que Narcissa cutucara Lúcio, e pela expressão dela, Gina poderia jurar que ela perguntava "O que seu filho pensa que está fazendo?"
- Acho melhor você saber por outra pessoa - disse ela, enchendo uma taça de vinho e virando metade de uma vez. - Não sei se sou a melhor pessoa para te contar.
Draco fitou-a por um momento, depois deu ombros e continuou bebendo sua cerveja amanteigada.
"Já dançou?", perguntou ele ingenuamente.
- Hum-hum - fez ela. - Bastante.
- Está muito cansada para dançar comigo? - perguntou ele, virando os olhos para ela.
Ela avaliou-o por um momento.
- Não - disse com indiferença -, mas meu parceiro é ciumento.
Ele olhou ao redor.
- E onde seu parceiro ciumento pensa que foi e largou a garota mais bonita da festa jogada por aí? - perguntou com ironia.
Ela inspirou fundo para não perder a paciência.
- Draco... Ele foi buscar uma coisa e já volta. E disse para mim esperar aqui, se quer saber - disse ela, começando a ficar irritada.
Ele levantou-se e ficou de frente para ela.
- Não pense que sou burro, Gina. Se não quiser dançar comigo é só falar...
- Eu não estou mentindo - defendeu-se ela, indignada.
- Ah, é? Então quem é seu parceiro? - perguntou, com aquele seu jeito zangado de quando não faziam suas vontades.
- Eu sou - respondeu uma voz seca atrás do rapaz.
Draco virou-se.
- Ora, se não é o Malfoy...
Draco ficou um pouquinho mais pálido do que já era.
- Draco já estava de saída, não é, Draco? - disse Gina rapidamente, pressentindo o perigo.
- Ele estava lhe incomodando, Gina? - perguntou a ela, mas perfurando Draco com os olhos.
- Tudo bem, Tom, ele não fez nada...
- Soube que está interessado nela, Malfoy - cortou o amante bruscamente. - Isso não é verdade, é?
Draco enrubesceu um pouco.
- Eu só acho Gina uma garota muito bonita...
- Gina é uma mulher muito bonita - disse, os olhos faiscando na direção dele.
Fez-se um silêncio momentâneo.
- Gina já não lhe disse que não quer nada com você? Por que insiste tanto? - perguntou Tom friamente.
Draco abriu a boca, mas não saiu som nenhum. Parecia demasiado espantado para conseguir falar alguma coisa. O outro, como se notando a vantagem obtida, olhou com ainda mais frieza para o outro.
- Estou avisando, Malfoy; fique longe da minha garota, ou serei obrigado a prestar contas com você, de homem para homem, está me entendendo? - disse com rispidez, encarando-o.
Draco engoliu em seco.
- S-sim, milorde - respondeu ele, parecendo sofrer um choque horrendo e estar fazendo uma enorme força por ter que pagar aquele mico.
- Bem - disse Gina lentamente, meio receosa - eu avisei, Draco, mas você preferiu saber pelo modo mais difícil...
Ela se levantou e deu o braço à Tom, passaram por um Draco horrorizado e sairam do salão. Haviam algumas pessoas no saguão de entrada, mas nem se importaram quando os dois passaram. Como imaginaram, o jardim estava deserto.
Eles colocaram as capas para agüentar o frio da neve e sairam. Infiltraram-se na floresta de eucaliptos muito profundamente, de modo que ninguém pudesse interrompê-los...
III
Ela sempre passava nos jardins assim que tinha folga. Os bancos de pedra nos fundos das antigas ruínas do muro que existira ali eram de frente para a visão mais deslumbrante da região, principalmente se era pôr-do-sol. Ficavam na beira de um pequeno penhasco, de frente para a floresta das mais antigas árvores da Grã-Bretanha.
Naquela noite, a lua estava um perfeito círculo prateado sobre o cume das montanhas brancas a horizonte, fazendo a neve que estava nas folhas dos eucaliptos abaixo brilharem. As estrelas e a lua faiscavam, e refletiam nas águas semi-ocultas pela folhagem de um riacho que passava por baixo da floresta.
Mas Gina já não estava mais ocupada observando a paisagem fascinante, e muito menos Tom. O vento estava tão gélido que era mais lucrativo se esconder abaixo de uma capa e se aquecer no calor um do outro.
Eles estavam muito próximos um do outro, prontos para um novo beijo ardente, mas...
Ele parou a meio caminho. Ela também escutara: ao longe, ao que parecia, gritos e estampidos se eram ouvidos, ecoando baixo pelas árvores devido ao grande espaço que o som tinha para se dissipar. Ele endireitou-se um pouco, escutando, alerto.
- Uma briga? - sugeriu ela, estranhando.
- Não... - respondeu ele, ainda ouvindo. Então, como se finalmente compreendesse, arreganhou os dentes de fúria. - Droga! Eu não deveria ter saído de lá...!
Levantou-se num pulo e saiu correndo floresta adentro. Começou a se dirigir a grandes passadas em direção ao castelo. Gina ergueu-se o mais rápido que pôde e correu atrás.
- O que está havendo? - perguntou ela, nervosa, correndo para acompanhar o passo dele.
- MALDITOS AURORES! - urrou ele, fazendo uma árvore carregada de corujas piar e chacoalhar loucamente. - Fomos traídos!
Gina prendeu a respiração. Aurores no castelo? Como eles poderiam descobrir onde era Basilisk Hall? Ela sentiu-se incomodada. Não comentou nada, apenas seguiu o parceiro por entre os caminhos sombrios até as luzes incandescentes das janelas começarem a iluminar o chão cheio de folhas secas.
- Apronte sua varinha - disse para ela, pegando a própria. - Não precisa atacar, apenas se defenda... - completou, quando ela ia abrir a boca.
Ela pegou a varinha na barra do vestido, compreensiva. Jamais imaginara participar de uma confusão dessas, sem contar que estavam praticamente bêbados, os reflexos diminuídos, enquanto os aurores... Ela imaginou se seu irmão estaria entre eles, com uma sensação de ter uma coisa entalada na garganta.
Eles se aproximaram da porta pela sombra do castelos, silenciosos. Ela estava entreaberta, e vários gritos de dor e de maldições sendo declamadas eram ouvidos. Eles chegaram na frente dela. Tom respirou fundo e sussurrou:
- Atenção... - E chutou a porta.
Gina só teve uma visão rápida de um bando de bruxos duelando, borrões de corres passavam pelos seus olhos e um pequeno grupo de Comensais pareciam acuados e desarmados em um canto, com três aurores apontando as varinhas para eles. Depois disso Gina só viu que todos olharam para eles, à porta, antes de Tom gritar:
- Protego!
Um grande escudo se materializou na frente deles e Gina escondeu-se atrás de Tom, encolhendo-se. Sentiu vários ventos quentes rasparem os lados de seu corpo e sentiu que seu vestido rasgara-se.
Gina olhou e o escudo de energia desapareceu do nada. Ele encarou rapidamente a todos, que o olhavam sem exceção. Prendeu os olhos fixamente nos Comensais acuados e gritou:
- QUE DIABO PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?! ATAQUEM!
Gina viu com uma pontada de alívio os aurores distraídos com aparição dele receberem um chute cada um no braço e suas varinhas voarem para as mãos dos atacantes. Então Tom segurou o braço dela e puxou-a para trás.
- Pelos fundos, rápido! - disse, rapidamente.
Ao mesmo tempo que os aurores levantavam as varinhas e iam dizendo "Avada...", deu um chute na porta e trancou-a por fora, tocando com a varinha.
- Colloportus!
Então estacou por um momento, como se quisesse ouvir um pouco mais. Então deu um passo para trás e gritou:
- CORRE! - Ao mesmo tempo que a porta era estraçalhada por vários jatos de luz verde ofuscante. Ela obedeceu sem fazer caso. Escutou seus passos logo atrás.
- Efeito Voldemort - ofegou ela, correndo atrás dele. - Isso é incrível!
- O que é incrível? - perguntou ele perplexo, arfante, um pouco mais à frente.
- O jeito como todos param de fazer o que estão fazendo quando você aparece - respondeu ela rapidamente, com displicência.
Eles contornaram a Ala Leste com grandes passadas, tendo conhecimento de que estavam sendo seguidos de perto por no mínimo uns sete, pelos ruídos dos passos nas folhas mortas. Se tinham uma vantagem, eram que estavam no escuro e que conheciam a propriedade, porque logo os passos foram se distanciando, como se diminuíssem o ritmo ou tivessem sido perdidos de vista. Eles pararam ofegantes por milésimos de segundos no arco da porta Norte, depois entraram, ainda no escuro.
Gina tropeçou no vestido, mas conseguiu se equilibrar. Ela viu a silhueta dele abrindo silenciosamente a porta e seguiu-o.
- Tome cuidado... Se me cercarem, não tente ajudar. Fuja, entendeu? - aconselhou ele, numa voz muito baixa. O corredor dos criados estava deserto e escuro.
- Não vou dei...
- Isso é uma ordem! - sibilou ele antes que ela pudesse falar três palavras. - Sei escapar, mas serei obrigado a te deixar morrer se lhe pegarem.
Ela calou-se, concordando contra a vontade. Abriram a porta da escada de empregados e subiram silenciosamente. Ela apertava a varinha, tensa.
- Precisamos achar o resto do grupo cinco. - disse ele sem rodeios. - Só o grupo cinco todo é capaz de controlar todos esses aurores.
- São loucos! - falou Gina, incrédula. - Vir aqui quando sabem que todos os Comensais estão aqui é suicídio!
- São inteligentes - disse Tom, sério. - Sabiam que estaríamos bebendo de mais. Se eu pego quem nos entregou...
Eles terminaram de subir, quietos, a escada. Entreabriram a porta, por onde ele olhou antes de sair. Ouviam-se gritos ainda vindo do andar de baixo.
- Certo, o caminho está limpo para você - disse ele em voz baixa, virando-se e trancando a porta depois de ela passar. - Quero que se separe. Vá pelo oeste, eu vou pelo leste. Reuna o maior número de pessoas do grupo cinco que encontrar, e não se demore. Também pode chamar Wildriam, se encontrar. Ele será de grande ajuda. Entendeu? - Ele encarou-a. Ela fez que sim com a cabeça, pálida e trêmula. - Você consegue, você é a melhor Comensal da Morte que eu tenho, ouviu? Você consegue!
Ele deu-lhe um beijo breve e caloroso e fixou-a nos olhos.
- Vá, agora!
Ela apertou a varinha firmemente e, dando um último olhar a ele, mais tensa do que antes, virou-se e começou a andar o mais rápido que podia, tentando fazer o mínimo de barulho passível. Ela estava muito tensa, sim, era verdade... mas não pode deixar de sentir uma pontada de orgulho. "A melhor Comensal da Morte", foi o que ele disse. Ela era a melhor, e não ia desapontá-lo.
Ela virou o corredor da Ala Oeste para descer as escadas novamente para baixo, mas estacou, quando ouviu uma voz. Ela aproximou-se de uma porta entreaberta e parou, escutando.
- ...preciso que me tire daqui, Dawlish. O Lord das Trevas vai descobrir quem foi que...
- Eu sei que você corre perigo, mas não posso levá-lo para o Ministério agora. Você não entende que ainda está procurado? - disse a voz grave do auror Dawlish lá dentro.
- Pensei que eu seria liberado depois de correr risco de vida e contar a localização de B.Hall! - sibilou uma voz claramente irritada que Gina conhecia. Silêncio. Ela deu um passo para trás.
- Preciso me juntar ao resto - falou Dawlish, sem responder. Segundos depois Gina escutou passos vindo em sua direção e encostou-se na parede, à sombra de uma gárgula enorme. Dawlish saiu e tomou a direção oposta.
Gina sentiu uma raiva escaldante dentro dela. Esperou os passos do auror cessarem ao longe e aproximou-se da porta. Quando Tales Haster saiu, deu de cara com uma varinha apontada diretamente no rosto.
- Eu sabia que você não era de confiança, Tales - grunhiu ela com ira. Umas mechas de cabelo estavam se soltando do seu penteado, fazendo-a parecer mais ameaçadora do que era na verdade. - Eu disse para o Lord das Trevas que você não era de confiança, seu traidor...!
- C-calma, G.W. - disse Tales, encolhendo-se, as mãos tentando defender o rosto de um possível ataque repentino. - Não é isso que você está pens...
- Eu acho que ser melhor do que você pensa! - sibilou Gina, o sangue subindo à cabeça. Saíram faíscas da ponta de sua varinha. - Me dê mais um motivo para matá-lo, Tales...
Ele recuou. Ela viu de relance a mão dele entrar na capa enquanto recuava para a sombra, e reagiu antes.
- Expelliarmus!
A varinha dele, acabada de ser pega, voou de sua mão para as trevas do quarto atrás dele. Ele arregalou os olhos, agora realmente com medo.
- Você não me mataria, Gina - disse ele temeroso, tremendo. - Você não é assim...
- Você não se importa de que eu não seja assim, não é? Me deixaria morrer como todos os outros - disse com fúria, arreganhando os dentes e mirando a varinha bem no meio do rosto dele.
Ela o viu fazer uma cara assustada antes de lançar-lhe a maldição, mas não foi a de morte.
- Imperio!
Vai nos ajudar, agora, pensou ela, e vai trair a confiança de seus amiguinhos do Ministério.
Ele pareceu ter caído na sua Maldição Imperius. Era a primeira vez que ela praticava uma maldição imperdoável contra um ser humano, e, embora lhe doesse pensar que finalmente se rebaixara à altura de Voldemort e o resto dos Comensais, estava num estado satisfeito de vingança que tivesse feito isso. Deu uma risada baixa e disse:
- Vamos, Haster. Temos muitos aurores para expulsar do castelo.
Eles seguiram pelas escadas. Havia muita gente ali, era quase impossível se andar ou distinguir auror de Comensal. Todos estavam correndo para se esconder e, Gina reparou, a maioria estava sem varinha. Ela viu alguém de interesse por cima dos degraus de pedra.
- Lestrange! - gritou ela, e Bellatrix se virou. Ela aproximou-se.
- Cadê o Lord das Trevas? - disparou Bellatrix, enquanto impedia um auror de se aproximar com um Petrificus Totalus.
- Está procurando o resto do grupo cinco - disse ela, enquanto rendia o mesmo auror com um expelliarmus. - Tenho ordens dele para procurar a outra metade - falou em voz alta, para abafar os gritos que vinham do salão.
- Já me encontrou - disse Bellatrix simpaticamente. - Rodolphus passou por aqui agora mesmo. - falou, apontando para o corredor Norte.
- Ótimo. Precisamos achá-lo... Hei, Lutiannis! - gritou, por cima da cabeça das pessoas.
Lutiannis Koller duelava com um bruxo e parecia tê-lo derrubado, porque apontava a varinha para o chão. Ela olhou para Gina com um olhar intrigado.
- Gina? - disse em voz alta.
- Lutiannis! O Lord das Trevas está reunindo o grupo cinco pa... - mas calou-se, sentindo o sangue esvair do seu rosto, quando o bruxo que Lutiannis estava duelando levantou-se, o rosto fixo nela.
Pálido e incrédulo, os cabelos ruivos e bagunçados e as sardas aparecendo mais do que qualquer coisa no corredor, Rony fitou-a. Ela soltou um gritinho e levou a mão a boca, horrorizada. Então virou-se e correu escada acima, chocada demais para encarar quem quer que seja.
- Weasley, volte aqui! - ela ouviu Lutiannis gritar, seguindo-a por trás. Então sentiu um puxão nas costas do vestido. Virou-se, espantada. Lutiannis e Bellatrix a olhavam.
- Você está bem, G.W.?
- E-eu... É claro que não estou bem! Era o meu irmão, Bella, o meu irmão! - disse, esganiçada.
As duas mulheres se entreolharam.
- E daí? - perguntou Bellatrix, encolhendo os ombros.
Ela arregalou os olhos, incrédula.
- Bom, não sei para você, que matou Sirius a sangue frio, entenderia laços de família - retrucou com irritação.
- Ah, olha aqui... - começou Bellatrix, apontando um dedo na cara de Gina, mas foi interrompida por um estampido atrás dela. O feitiço errou por pouco, mas acertou uma porta e estraçalhou-a.
Rony, mais uns dois aurores que Gina não conhecia chegaram arfando no corredor. Gina soltou outro berro e correu para o lado oposto, enquanto Bellatrix e Lutiannis ficaram para trás para lutar com os outros dois aurores. Ela escutou os passos de Rony ao seu encalço.
- Gina? - disse ele numa voz alta, espantada. Ela não olhou para trás e continuou a correr desesperada. Chegou ao pé da escada e parou de súbito, pensando se deveria ir para a esquerda os subir. Optou por subir.
- Gina! - gritou Rony, ainda atrás dela, mas ela não parou. Sentia os olhos arderem. Ela não conseguia encará-lo. - Por quê? - agonizou ele, atrás dela.
Ela sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto enquanto chegava ao topo da escada.
- Não, Rony! Me esqueça! Gina Weasley morreu dois anos atrás! - gritou ela, correndo mais ainda. Ela o ouviu chamar de novo.
Gina ergueu os olhos para a frente. Alguém estava virando o corredor, porque estampidos e luzes estavam se formando na curva. Ela continuou correndo, até que viu Tom recuando e lançando feitiços. Sentiu-se em parte, aliviada. Ele estava perto.
Ela parou, aproximando-se da parede, e viu ele atirando um Avada Kedavra contra os aurores, que se dissiparam. Um, porém, foi pego, e caiu no chão morto. Ela apertou os olhos um pouco, depois olhou para Rony de relance. Ele levantava a varinha e apontava-a para, Gina percebeu com um aperto no coração, Tom. Ele não estava vendo.
Rony abriu a boca.
- Avada...
- TOM, CUIDADO! - gritou ela, o coração dando um solavanco extremamente desagradável. Ele virou o rosto para ela e deu de cara com Rony e um raio de luz verde... Ela viu que não ia dar tempo... Pulou.
Foi muito rápido. Ela só sentiu o corpo dela contra o dele rolando pelo chão de pedra num bolo emaranhado de vestes e um ar gelado passar zunindo no seu ouvido. Ele caiu com os dois pés e uma mão apoiando-se no chão, a outra, empunhando a varinha apontada para Rony.
- NÃO! - berrou ela novamente, pulando na frente dele e fazendo o jato de luz verde mirar o teto.
- GINA! - gritou ele com raiva quando a asa de uma das gárgulas que ele acertara desmoronou a dois centímetros dele. - Sua idiota! O que deu em você?! - berrou ele, pegando-a pelos cabelos. - Quer me matar?
Ela gritou quando ele a atirou contra a parede com violência.
- VOCÊ MACHUCOU MINHA IRMÃ, SEU COVARDE NOJENTO...! - berrou Rony, avançando.
- Rony, NÃO! - gritou ela com urgência. - EXPELLIARMUS!
A varinha dele voou uns três metros no ar antes de cair muito longe para trás. Ele olhou-a com os olhos arregalados de espanto e raiva. Tom tornou a apontar a varinha para ele, mas ela tomou-a com a mão.
- O QUÊ? - berrou ele, incrédulo. - DEVOLVA ISSO!
Ele fez questão de levantar a mão para ela, mas ela apontou a varinha do próprio para ele, que estacou por um momento. Depois disse numa voz falsa:
- Você não vai atirar em mim, vai, Gina? - perguntou calmamente, encarando-a. Ela gemeu, mas não desviou a varinha dele.
- Você me dá medo as vezes, sabia? - disse ela, ainda empunhando a varinha contra ele. Ela sorriu, depois devolveu-a.
Ele olhou desconfiado.
- Agora... Não ataque meu irmão, sim? Ele está desarmado - disse ela, lentamente. - E isso... - falou ela, massageando a cabeça - ...doeu bastante.
Rony mirou-a com uma cara muito sonsa, a boca meio aberta.
- O que está acontecendo aqui? - perguntou ele sem entender, mas ela não pode responder, porque nesse momento os aurores do outro lado do corredor avançaram, as varinhas em punho.
Gina levantou-se e postou-se a frente dele.
- Não seja idiota - falou ele, atrás dela.
- Lutemos juntos, então - respondeu.
Ele contornou ela, ao seu lado, e sorriu.
- Empunhe sua varinha. Está pronta para usar as Maldições Imperdoáveis que eu lhe ensinei? - perguntou numa voz baixa, apontando a varinha para os aurores, que eram no mínimo vinte, todos armados.
Ela sorriu.
- Estou.
Os dois grupos se encararam por um momento, se é que se podiam chamar de grupo, já que eram apenas dois. Ela viu Rony passar pelo lado dela e olhar de um lado par o outro.
- Vai tomar partido, Rony? - perguntou ela olhando para frente, para onde apontava a varinha.
Ele não respondeu. Andou a passadas largas até os aurores e cochichou com um deles, que convocou sua varinha. Ele também apontou para eles. Ela fez um gesto de desdém com a cabeça.
- Se não conseguirmos nos livrar da maioria deles quando dispararmos, use um feitiço Redutor no pilar à sua esquerda - sussurrou Tom para ela como canto da boca, que fez sinal de entendido com a cabeça. Iriam derrubar o corredor. - E então corra.
Ela consentiu com o plano, sentindo uma movimentação estranha na sua barriga. Ela nunca o ouvira falar assim, mas ele não parecia estar menos do que se divertindo. Ela também sorriu. Se morressem, ficaria para a história, sem dúvida, como a Comensal que lutou até o fim ao lado de Lord Voldemort. Ela não estava preocupada. Estava se divertindo também, sorrindo.
- Agora - disse ele, em meio ao silêncio.
Ela agitou a varinha e atirou um feitiço Estuporante cego. Eles recuaram um passo. Gina atirou outro feitiço Estuporante. Sentiu a força dos tiros de luz das varinhas inimigas passarem raspando pelo seu rosto. Os aurores ainda eram muitos para eles. Atirou um feitiço do Morcego-Papão contra Rony, rindo do efeito, que sempre se orgulhara muito. Tom já havia matado uns dois, no mínimo, mas ainda não era o bastante. Ela preparou sua varinha para lançar um feitiço Redutor contra o pilar e olhou para Tom, que não mais sorria. Ele fez sinal de positivo com a cabeça. Ela levantou a varinha para lançar o feitiço. Ele pegou a mão dela.
Nessa hora, os aurores começaram a se virar. Uma grande parte do grupo cinco vinha por trás dos deles, atirando. Gina viu Lúcio, Dolohov, Lutiannis, Bellatrix, Jack, Wildriam, Avery, Nott, Macnair e mais vários dos dois turnos do grupo cinco... Todos atacando. Embora já estivesse conformada que iria morrer, ficou feliz em saber que iria viver mais um pouco. Ela olhou para Tom e sorriu radiante.
Mas, com um estampido, sentiu a mão queimar e ela largou da mão dele. Estava sangrando, com um corte. Ela olhou para trás.
Parado no topo da escada, a capa tremeluzindo ao vento dos jorros dos feitiços, a varinha em punho, os cabelos bagunçados, como sempre foram, escondendo a cicatriz em forma de raio que ela sabia que existia, os olhos verdes vivos faiscando por trás dos óculos e uma aura incandescente emanando do corpo, estava Harry.
Ela deu um passo à frente, decidida.
- Vai ter que me matar antes, Harry - falou calmamente, apontando a varinha para ele.
Seus olhos se tornaram apenas fendas furiosas. Ele fez um gesto com a varinha e ela foi atirada para o lado com força.
- Há apenas uma morte que pretendo realizar hoje, Gina - respondeu ele, encarando Voldemort. Este deu uma risada breve, apontando a varinha para Harry também.
- Vai me matar, Potter? Interessante lembrar quantas vezes você já me disse isso... - comentou com ironia.
Harry se aproximou devagar.
Gina achou um pouco estranho que Harry não demonstrasse qualquer sentimento por vê-la novamente depois de dois anos... Para quem era apaixonado... Mas depois ela se lembrou que provavelmente ele sabia, ela lembrou-se de sua ligação com Tom...
Voldemort pareceu pensar o que ela deveria estar pensando.
- Não se meta nisso, Gina.
- Concordo plenamente - disse Harry com rispidez.
Voldemort cerrou as sobrancelhas.
- Quem é você para dar ordens para a minha Gina? - sibilou entre os dentes.
- A pessoa que curte os mesmos momentos íntimos que você - cuspiu Harry de volta, com um brilho de cruel satisfação nos verdes olhos vorazes. - E se fosse mais inteligente perceberia que ela...
- HARRY! NÃO OUSE! - gritou Gina, abafando suas palavras.
Harry sorriu com satisfação, sem olhar para ela, mas não falou o que ela estava pensando.
O rosto de Voldemort se retorceu de fúria.
- Eu sabia que você... AVADA KEDAVRA! - disse de repente. Harry saltou para o lado.
- CRUCIO! - berrou Harry.
- Nunca vai me acertar assim, Potter! - gritou Voldemort, rindo com deboche, dando um passo para o lado para evitar a maldição.
- Você fala muito! ESTUPEFAÇA! EXPELLIARMUS!
- Vai acabar se machucando com essa varinha, Harry - disse lhe com ironia, enquanto desviava os jatos de luz com um único movimento da varinha.
Harry continuava lançando um feitiço atrás do outro e Gina pensou que era somente uma questão de tempo até Tom se cansar da brincadeira e lançar uma Maldição Imperdoável. Então ela viu Harry parar, ofegante. Ele baixara a varinha. Por algum motivo, ela sabia que isso não era boa coisa. Tentou se levantar, apoiando na parede, mas estava petrificada.
Tom cerrou as sobrancelhas.
- Não é inteligente fazer isso no meio de um duelo, Potter - disse-lhe, com um pouco de surpresa. Harry sorriu.
Um segundo depois ele já havia erguido a varinha. Até Gina foi pega de surpresa, porque nada a havia preparado para aquilo: um gigantesco cervo prateado irrompia da ponta de sua varinha, e galopava furiosamente em direção à Voldemort, os chifres pontiagudos reluzindo ameaçadoramente para frente.
Depois do choque inicial, Gina se recordara: era um Patrono.
- Mas que diabo...? - urrou Voldemort, arregalando os olhos para o animal, e levantou os braços numa tentativa vaga de se defender de uma aparente chifrada. Deu alguns passos ara trás. Gina o viu fechar os olhos com força quando aconteceria a colisão, mas o Patrono simplesmente se esfacelou, dissolvendo em uma rala névoa brilhante antes de acertá-lo.
- Impedimenta! - gritou Harry, mas esse acertou, deixando Voldemort incrivelmente sem ação. Harry deu uma risada de vitória, aproximando-se alguns passos. Rony, a alguns passos atrás, boquiabrira-se. - O que você estava dizendo?
- Que isso não me afeta - bradou ele, saindo do estado petrificado repentinamente e acertando Harry com uma Maldição Cruciatus. - Mas devo admitir que foi uma boa idéia atirar um Patrono em mim, embora eu não diria que eu tenha cara de dementador... - disse com uma voz desdenhosa, mas triunfante.
Gina arregalou os olhos e suspirou com alívio, ainda caída no chão, não acreditando que ele estivera fingindo que paralisara-se. Ela deu uma risada alta.
- Veja, Potter: Gina está rindo de você - disse, aproximando-se. Harry berrava de dor, contorcendo-se.
Então Voldemort mudou a voz, para uma mais ameaçadora e muito mais fria:
- Esse era nosso dia de folga, seus covardes... Dêem o fora do meu castelo, agora!
Ele levantou a varinha. Harry parou de gritar. Uma aura negra se formava ao redor de Tom como Gina nunca vira antes e seus olhos eram apenas duas fendas escuras, que faiscavam com ódio.
- Eu devo matá-lo, Gina? - perguntou para ela suavemente, ainda mantendo os olhos fixos em Harry, sabendo que isso lhe causava uma dor consideravelmente grande na cicatriz.
Ela pensou se Harry merecia. Decidiu que o que ele fizera com ela não era tanto para merecer morrer.
- Não - disse ela, decidida. - Apenas mande esse traste para longe do meu campo de visão.
- Como queira. - E, com um movimento da varinha, atirou-o escada abaixo. Depois chegou até a beirada da escadaria e olhou. - Tudo bem... Ele não morreu.
Rony disparou para acudir Harry, descendo a escada. Tom virou-se para Gina.
- Você está bem? - perguntou. Ela confirmou com a cabeça e levantou-se.
- Sem danos permanentes. - falou ela, a cabeça rodando.
- Ótimo. Agora... vamos expulsar esses intrusos da nossa casa. - Falou com determinação, aprontando a varinha.
Eles se apressaram a ajudar o restante do grupo cinco. Ela atirou próximo ao pé de um deles, fazendo um rombo no chão que assustou o auror, possibilitando Lúcio de se levantar novamente. Tom parecia duelar com três deles ao mesmo tempo: um foi estuporado, o outro foi atingido por um raio vermelho amarelado na perna e o outro foi atirado para longe e caiu por cima do parapeito que separava o saguão de entrada com as alas, até o térreo. Ela viu o rosto dele se distorcer um pouco, mas ela sabia que não era porque escutara o baque de um corpo caindo no andar inferior mas sim porque sujara o chão.
- CAIAM - FORA - DO MEU - CASTELO! - berrou ele para os aurores, mas eles responderam lançando jatos de luz verde.
O corredor estava um perfeito campo de batalha. Todos os seres vivos que tinham uma varinha na mão e magia nas veias estava duelando. Gina, embora não quisesse se meter, tinha a varinha em punho, para evitar de receber um feitiço desprotegida.
Um auror grande e loiro apontou a varinha para ela e lançou um jato de luz vermelha. Ela rebateu.
- Expelliarmus! - gritou. A varinha dele voou no ar, mas logo em seguida, um outro jato de faíscas roxas acertou-lhe no peito, vindo da sua direita, e outro verde azulado e fosco da sua esquerda.
Ela não olhou. Uma dor dilacerante se apossou do lugar que os feitiços acertaram-na, e ela tocou com a mão. Num momento parecia que o som tinha se desligado... Ela viu, sem reação, a mão chegar na altura dos olhos, cheia de sangue quente, vermelho e vivo, escorrendo pelo seu punho. E foi a última coisa que viu antes de sua visão embaçar e ela cair no chão... inconsciente.
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