O passado de Eva e Amir Mellin



Capítulo III



O passado de Eva e Amir Mellin


O aposento era escuro e sujo, ratos circulavam pelos corredores com cadeiras mofadas cobertas de poeira.Os Comensais da Morte amontoavam-se junto a uma porta trancada, nada se falava naquele momento, as pessoas temiam dizer qualquer coisa que provocasse a ira de seu mestre.Uns trocavam olhares furtivos e cheios de ansiedade, a espera de uma resposta que a porta trancada demorava a oferecer.
De repente, ela se abre e a figura de Bellatriz Lestrange surge das sombras.Ela estava pálida e suas mãos tremiam, porém, tinha um sorriso no seu frio rosto.
-O Lorde está bem.O salvamos a tempo.-respondeu.
Uma salva de palpas de vivas eclodiu no aposento, todos contidos por um feitiço lançado pela mesma mulher que ordenara silêncio aos presentes.
-O lorde está vivo, mas fraco, muito fraco e precisa de silêncio.Ouviram!
-Sim senhora, desculpe-nos.Mas a alegria de saber que nosso mestre sobrevivera aos feitiços daquela menina ordinária é motivo de comemoração.-desculpou-se um deles.
-Tem razão.Menina desgraçada, teve a ousadia de ferir o nosso mestre das trevas.Ela pagará, ou eu não me chamo Bellatriz Lestrange.Enfim, haverá o momento de comemorarmos.Por enquanto, o mestre deseja falar com você, Lucio.
-Imediatamente,Bella.
Lucio Malfoy entrou no quarto escuro.Era espaçoso o lugar, com uma cama de colchas de veludo e uma poltrona de couro de dragão.Haviam velas, todas sustentadas magicamente no ar, iluminando o ambiente.Deitado na cama, estava Voldemort usando uma túnica preta e ataduras nos braços e pernas.Seu rosto, outrora branco, apresentava manchas vermelhas e algumas bolhas e o homem parecia respirar com dificuldade.
-Como o senhor está, Milorde?-perguntou Lucio.
-Vivo, apesar de fraco.-respondeu Voldemort.-Bella, não impeça que meus comensais comemorem a minha sobrevivência.O lorde aprova que celebra a sua vida.
-Sim, meu lorde.-disse Bellatriz curvando-se.
-Foi mesmo um ato incrível, nunca vi tanto poder numa única pessoa.-disse Voldemort, os olhos brilhando de desejo.
-O que ela fez que o deixou nesse estado, milorde?-perguntou Lúcio.
-Essa menina tem o poder de transformar tudo a sua volta em realidade.Ela quis me machucar, e machucou.Quis que o menino pulasse da janela, e ele assim o fez.Entrou em sua mente e o ordenou, muito além da magia não acham?
Voldemort ria, dava gargalhadas sem ligar para a total incompreensão dos seus dois melhores aliados.De fato, o poder de Brighid era incomum mesmo nos ramos da magia.E o lorde das Trevas agora cobiçava esse poder.
-Ela será um trunfo para nós, basta apenas convencê-la, de que, ao nosso lado, terá tudo o que seu poder proporcionar.Brighid, tem a chave para que possamos achar o nosso tesouro.Não conseguiram pegá-la não foi?
-Infelizmente.-disse Lúcio-A Ordem da Fênix agiu antes de nós, e Brighid também.Correu para a floresta antes de Dolohov a pegasse e sumiu no nevoeiro.Um estranho nevoeiro, eu devo dizer milorde, porque apareceu de repente.
-São todos uns incompetentes!-disse Bella-Para todas as ordens que o nosso mestre manda executar, nenhum de vocês obtém êxito.Todos uns covardes!
-Covardes não, Bella!A menina oferece resistência, além do mais, é fácil reclamar quando não se faz nada de aproveitável.-comentou Lúcio sarcasticamente.
-Como ousa!Escute aqui seu filho da...
-Ele está impedindo que a encontrem.Como impediu da última vez...-disse Voldemort pensativamente.
-O que disse, milorde?
-Mas o lorde das trevas achará.O lorde sempre acha o que procura.




Passaram-se cinco dias desde a partida de Arken da casa dos tios de Harry.Ele divertira-se muito nas horas depois que Arken partiu, porque seu tio Valter repetia palavrões a cada acesso de raiva e ameaçava arrancar a cabeça do infeliz que passara o trote fingindo-se de Guida.
-Foi a pior noite da minha vida!-esmurrava Valter.-Imagine só, dormir com um quatro cães na sua cama!E ela ainda queria que aquele buldogue velho e sardento dormisse conosco!
-Nunca pensei na minha vida que pisaria na cozinha mais imunda do que a de sua irmã!-dizia Petúnia indignada.-Guida passa três dias para lavar os pratos!E o macarrão com gosto de mofo?
Petúnia correra para o banheiro vomitar, e Harry correra para o seu quarto antes que não contesse mais o seu acesso de risos com a situação.Com uma semana depois do acontecido, uma coruja pousara do parapeito da janela do quarto de Harry, ela era linda com uma plumagem preta e manchas brancas, e deixou uma carta de caligrafia caprichosa nas mãos do garoto.

“Caro Harry,
Esta noite, às sete horas, estarei na porta de sua casa para levá-lo são e salvo para a casa de seu padrinho.Creio que você não está entendendo o porquê de vir buscá-lo pessoalmente, porém, eu prometo esclarecê-lo disto no seu devido momento.
Até a noite,
Alvo Dumbledore.”

Porque o diretor pretende vir buscá-lo pessoalmente?E justamente hoje, 31 de julho, dia de seu aniversário quando faz 17 anos?
17 anos...pensou Harry, olhando em volta...quanta coisa que aconteceu desde a visita de Hagrid no seu décimo primeiro aniversário, quantas coisas descobriu a respeito de sua vida e dos seus pais.E durante toda a sua infância, o quanto sofrera com a repressão de seus tios, desconhecendo seu passado.Mas agora tudo mudou, ele mudou.É um bruxo com uma missão de impedir outro bruxo de dominar o mundo.
Ele pensou em Rony e Hermione, seus melhores amigos, que sempre estiveram ao seu lado, talvez, sem a ajuda deles, não fosse a pessoa que é no presente.Sirius, seu padrinho, única ligação com o passado de seus pais, que ele pensou ser um assassino mas descobriu que era inocente.E Arken, a garota que fizera seu coração sentir algo diferente, o fez saber do amor.
O relógio da cozinha batera sete horas.E Harry desceu com suas malas pelas escadas, seus tios, como toda noite faziam, assistiam aos noticiários.Duda, como sempre, perambulado pelas ruas com sua gangue batendo em criancinhas desavisadas, quebrando balanços em parques, fumando nos becos.
-Aonde vai com essas malas, moleque?-perguntou Valter.
-Estão vindo me buscar esta noite.
-Hum...vindo te buscar.É, eu e Petúnia estávamos conversando, bem, hoje é o seu aniversário não é?
Surpreso com o fato de que o tio lembrava do seu aniversário, Harry confirmou com a cabeça.Válter andava de um lado para o outro, coçando o bigode, enquanto tia Petúnia mantia os olhos grudados na direção da televisão.
-E faz dezessete anos?
-Sim, senhor.
-Pois bem, fora da minha casa.
-Como é?
-Fora da minha casa, eu disse.Não vou continuar sustentando um moleque a vida toda!Já foi um custo enorme ter gente daquela laia aparecendo aqui para vir buscá-lo todos esses malditos anos!Portanto, fora daqui!
-Válter, acalme-se!-disse Petúnia vindo ao seu encontro, ela não olhava para Harry e suas mãos tremiam.
-De jeito nenhum, Petúnia!Esse menino tem dezessete anos agora, pode muito bem ir para qualquer lugar!Mas não aqui, nunca mais aqui!
-Está bem então!-explodiu Harry de raiva.-Vou para qualquer lugar com o maior prazer!E não pense que eu também gostei de ficar aqui, porque a presença de vocês nunca me fez bem.
-ENTÃO PORQUE SE ALOJOU NESSA CASA DURANTE TODOS ESSES ANOS, HEIN?
-Porque ele tinha de ficar.
Disse Dumbledore parado a porta.Usava uma elegante capa de viagem azul celeste, e seus olhos azul-elétrico brilhavam intensamente.
-Mas, não se preocupem mais.Pois esta é a última vez que Harry pisa nessa casa.Ele esteve aqui durante todos esses anos por causa da proteção que nela continha, proteção esta que se desfaz esta noite.Venha, Harry.
Harry pegou seu malão e, olhou pelo que parecia ser a última vez, para os Dursley.Embora esse olhar tenha sido rápido, ele pode perceber uma fina lágrima que saia dos olhos de sua tia.Fechando a porta alguém disse o seu nome, era Duda que voltava de suas andanças pelas ruas com sua gangue.
-Harry, você está indo embora?-perguntou Duda verificando o malão que o primo segurava.
-Sim, eu estou indo embora.Para sempre.
Por um momento, Harry achou que Duda pularia de felicidade ao saber que se livraria do parente indesejável.Porém, ele nada fez exceto caminhar até Harry e estender-lhe sua mão.
-Bem, eu sei que tivemos nossas desavenças, mas eu nunca esqueci de que você salvou a minha vida.Então, obrigado.
-Aquilo não foi nada.-respondeu Harry apertando a mão de Duda.
-Boa sorte, Harry Potter.
-Boa sorte, Duda.
Há seis anos que Harry conhecera Alvo Dumbledore, e durante todo este tempo ele sequer imaginara um dia caminhar pela rua Little Whinging com um bruxo tão sábio e poderoso, que a propósito, Dumbledore andava calmamente como se nada soubesse dos Comensais e de Voldemort que os perseguia.
-Fique calmo, Harry.Voldemort nada poderá fazer a você neste lugar, porque faz dezessete anos que lancei um feitiço poderoso que assegurava sua proteção, enquanto você considerasse, apesar dos maus tratos dos seus tios, sua casa.
-Mas, professor, eu teria proteção também na Ordem da Fênix ao lado do meu padrinho.E nos anos anteriores, a mãe de Rony me convidou para ficar na Toca, quer dizer, meus tios não gostam de mim.
-Petúnia, irmã de sua mãe, mesmo ignorando o mundo bruxo continua sendo sua tia, única parente de sangue o que torna o feitiço ainda mais poderoso.Naquele momento, dezesseis anos atrás, era a única solução para que você permanecesse em segurança.
-E o senhor disse que era a última vez que eu ficava naquela casa.É verdade?
-Sim.O feitiço se desfaz a meia-noite.Realmente, era de se esperar um enorme cerco de Comensais da Morte a nossa espera, no entanto, o Lorde das Trevas sofreu um grave acidente.
-Acidente, professor?
-Ele invadiu a casa de uma menina e ela se defendeu, usou os poderes para machucá-lo.Voldemort sobreviveu, mas quase morre, eu acredito.
De repente, Harry se lembrou do sonho que tivera; da menina na casa escura e que ela o fizera recuar e sentir uma dor horrível, tinha matado a mãe dela e os outros o chamavam de Voldemort.
-Professor, eu sonhei com esse acidente.Eu o vi acontecer na minha cabeça.
Dumbledore parou de caminhar e olhou para Harry, que por um vislumbre, viu uma um rosto velho e preocupado do seu professor.Dumbledore lhe dera um sorriso, e pedira que tocasse em sua mão para que desaparatasse a Ordem.
-Mas, professor, o que isso significa?
-Por ora, eu não posso contar nada, Harry.A única coisa que posso dizer é que a garota existe, e tudo o que você sonhou também.Mas, ela está a salvo agora, nós a encontramos.
Os dois aparataram para a Ordem.




-Que bom encontrá-la salvo!-disse Tonks abraçando Brighid, seus cabelos lilás estavam chamuscados, seu rosto coberto de fuligem e tinha um corte no braço esquerdo.
-Pelo visto, os Comensais não a viram entrar na Floresta Negra.-disse Lupin que também tinha um corte no braço esquerdo e seu rosto velho e cansado com arranhões.
-Alguém me ajudou.Era um velho, ele me trouxe até aqui.
Lupin e Tonks se entreolharam, desconfiados.Lupin olhou em volta e seu nariz parecia farejar algo, ou tentar farejar algum vestígio da presença do velho.Porém, não adiantaria porque o homem desaparecera sem deixar rastros.
-Como ele se chama?Acaso disse o nome dele?-perguntou Lupin.
-Ele disse que se chamava Samuel.Na verdade, acho que o conheço de algum lugar, mas não lembro onde.
-Precisa tomar cuidado, Brighid.Nesses tempos de guerra, é perigoso confiar nas pessoas.-aconselhou Tonks.
-Mas eu confiei em vocês.
-É diferente.Não somos do mal, e provamos isso.-respondeu Lupin.-Agora vamos, está escurecendo e temos que achar um abrigo para passar a noite.
Ele andaram por entre a floresta silenciosa, o ar denso e frio arrepiavam em suas nucas e qualquer barulho, Tonks e Lupin erguiam suas varinhas a espera do mero sinal de um Comensal.Encontraram uma cabana abandonada; os possíveis anos sem ninguém fizeram a relva cobrir quase toda a cabana, dentro dela os poucos móveis estavam repletos de teias de aranha e poeira.
-É o melhor que podemos conseguir no momento.-disse Lupin cobrindo as janelas com farrapos.
-Cara, acho que esse lugar não recebe visitas faz tempo.-comentou Tonks passando o dedo numa cadeira coberta de poeira.
-Estamos perdidos?-perguntou Brighid
-Infelizmente, mas vamos achar o caminho de volta.-disse Tonks retirando a poeira com um aceno de varinha.
Achar o caminho de volta...Brighid desejou que essa frase significasse sua antiga vida novamente.Pela primeira vez, ela sentiu falta da mãe e do seu olhar de repreensão, da casa que herdara dos avôs.De tudo que representasse a paz, a tranqüilidade.
Lupin executara movimentos estranhos com a varinha em torno do abrigo, a varinha vibrava saindo dela uma fumaça branca, quase invisível.
-São feitiços para proteção.-explicou Tonks-Para nenhuma pessoa, bruxa ou trouxa, nos encontrar.Sabe, eu poderia ajudar mas não sou boa nisso.Nunca fui.
Quando terminou, Lupin pegou um balde velho e saiu, sumindo por entre as folhagens.
-Porque não usam a varinha para chamar os outros?
-Há uma grande concentração de magia aqui, por isso o ar é denso.Feitiços simples ainda são possíveis de executar, mas feitiços de longo alcance como o que teria de ser feito para chamar os outros não funciona.
A simples refeição de frutas que Lupin trouxe correra silenciosa, a lareira esquentava o ambiente do frio.Brighid logo pegara no sono numa cama improvisada que ela mesma fizera com restos de tecido largados no chão.
-Pobrezinha, imagino como é difícil ter a vida mudada completamente.-disse Tonks.
-Ela é forte, vem de uma linhagem de guerreiros.-respondeu Lupin.
-Obrigado Lupin, eu não sei o que teria sido de mim sem você hoje.Rockwood estava perto demais, talvez, bem, talvez eu não estivesse mais aqui.
-Eu jamais me perdoaria se alguma coisa acontecesse com você.
Tonks o olhou serenamente, aproximando-se de Lupin que a envolveu nos seus braços.Trocaram um beijo, ela mantendo sua cabeça recostada nos ombros dele.
-Você tem sido uma benção na minha vida, uma benção para alguém cheio de maldições.
-Porque não podemos ficar juntos?
-A minha condição, Tonks.Eu sou um fardo para qualquer um que esteja ao meu lado.Inclusive, amanhã se não encontrarmos ninguém da Ordem, feche bem as janelas e a porta e não hesite em usar a varinha.
-Do que está falando?
-É lua-cheia amanhã, eu não tomei a poção que Snape fez para mim.Eu vou ser um monstro violento, um lobisomem sanguinário.
Lupin se afastou, recostando-se num canto, fingia vigiar a noite através da janela imunda, porém, vigiava sua vida e a possibilidade de cometer um erro, um acidente em deixar-se amar.


Brighid sonhava entrando em sua casa novamente, nada mudou.Era como estar de volta depois de mais uma manhã na escola.
-Mãe? Onde a senhora está mamãe?
Ela procurava na sala-de-estar, no quintal e na cozinha.Subiu nos quartos, então lembrou-se que não olhou no porão.Desceu as escadas rapidamente, quase não tinha mais fôlego, no entanto, a sombra na parede revelava alguém caído no chão de mármore.Ela se aproximou lentamente, seu coração quase parou de bater ao ver a figura da mãe caída, sem vida.
-Mãe!Por favor, mamãe!
Brighid a sacudia desesperadamente, chamava por socorro, porém nenhum auxílio vinha ao seu encontro.Tudo ficou embaçado, ela sentiu sendo puxada para longe.
-MAMÃE!
-Calma Brighid!Foi só um pesadelo!Calma!-tranqüilizava Lupin segurando os braços de Brighid.
-Ela morreu!Eu sei que ela morreu!Foi minha culpa, minha máxima culpa!
-Brighid, olhe para mim.Nós não sabemos o que houve com sua mãe, mas vamos para a Ordem e lá saberemos o que aconteceu com ela.Talvez haja uma possibilidade de que sua mãe tenha escapado.Portanto, fique calma.
-Isso mesmo.Não se desespere, querida.-consolou Tonks abraçando-a.
-Porque isso está acontecendo comigo!-soluçava Brighid-Eu vou quero voltar para casa.
-Tudo ficará bem, não tenha medo.-disse Tonks para Brighid que adormeceu com o rosto manchado de lágrimas.
Já era manhã quando Brighid acordou, ela podia sentir o calor do sol batendo no seu rosto.Aquele sonho com sua mãe fora tão nítido, seu coração se recusava acreditar.Primeiro seu pai, agora sua mãe.Porque estavam fazendo isso com ela? O que ganhariam com o seu sofrimento? ¬
“Ganhariam o seu poder.”, respondeu uma voz na sua cabeça.Brighid abriu os olhos lentamente, e achou por um momento que ainda estava dormindo.Não se encontrava mais na cabana do meio da floresta, e sim num quarto enorme e meio velho.A cama em que ela estada deitara era forrada com o mais branco e macio e tecido, e os travesseiros de um verde veludo.O balaústre no teto coberto de poeiras revelava ser muito antigo, e bastante caro também.
A porta abriu-se e uma mulher entrou.Ela tinha os cabelos ruivos, e um tanto gordinha mas com uma amável sorriso.
-Bom dia, querida.Espero que tenha descansado.
-Bom dia.Onde eu estou?
-Está na Ordem da Fênix, meu bem.Eu me chamo Molly, o café da manhã está pronto e suas mudas de roupa estão na cadeira ai ao lado.
-Onde estão Tonks e Lupin?
-Lá embaixo tomando café.
Trouxera mudas de roupas suas, todas limpas e passadas.Vestiu-se e desceu, com cuidado e silenciosamente, as escadas.A casa parecia mais um museu puído e antigo, cheio de cabeças de criaturas estranhas entalhadas, quadros da família, e objetos esquisitos guardados em estantes de vidro.Chegou ao hall de entrada e um homem de cabelos longos e negros veio recebê-la.
-Bom dia, Brighid Mellin.Eu me chamo Sirius.Estamos aguardando sua presença agora na cozinha.
A menina sentiu um certo receio em acompanhá-lo, o que parece que transpareceu em seu rosto pois o homem sorriu e disse que estava tudo bem.E pediu mais uma vez que o seguisse, ela consentiu.
Entrou um amplo aposento, as panelas de prata penduradas na parede e uma longa mesa de madeira ocupada por muitas pessoas de vestes estranhas.Tonks e Lupin acenaram para ela que foi se juntar aos dois, afinal, eram as únicas pessoas conhecidas.
-A Ordem nos achou logo depois que você dormiu.-explicou Tonks-Acredita que estávamos perto da cidade? Nós fomos até lá e desaparatamos para a Ordem.
-O que deseja comer, querida?-perguntou Molly.
-Eu não sei direito.
-Eu posso fazer alguns ovos mexidos e com torradas, se quiser.
-Ovo mexido está ótimo.
As pessoas ali presentes a olhavam com certa apreensão.Ao todo ela contou nove, cinco adultos e quatro jovens de cabelos vermelhos e sardentos.
-Bom dia, Brighid, o meu é Arthur Wesley e sou marido de Molly.Estes são nossos filhos, os gêmeos Fred e Jorge, Rony e Gina.
-É verdade que você pôs fogo no corpo de Você-sabe-Quem?-perguntou Fred
-Fred, isso são modos!-ralhou a Sra.Wesley
-Ah mãe!É o que tem se comentado no Profeta Diário.
-Não se preocupe, Sra.Wesley, não há problema algum com a pergunta dele.Eu não pus fogo no corpo desse cara.
-Que pena.
-Conhece o mundo da magia?-perguntou Gina.
-Infelizmente não.Eu bem, não sabia que bruxos existiam.-respondeu Brighid sem graça.
Assim, uma semana se passou e nada de noticias de sobre sua mãe.Lupin disse que Dumbledore sabia do paradeiro de Eva, mas ele nem sequer apareceu na Ordem durante a estadia de Brighid na Ordem.A família Wesley era simpática, perguntavam sempre como ela estava, se queria alguma coisa, todos exceto Rony, que se mantia a distancia e nunca ficava sozinho no mesmo aposento que ela.Sirius, o dono da casa parecia se aproximar dela aos poucos.Mostrava-lhe objetos mágicos do casarão, contou sua história de que era sua família era sangue-puro, explicaram a Brighid que as pessoas que não possuem magia são chamadas de trouxas e aqueles que têm descendia bruxa recebem o nome de sangues-puros, e durante o período da ascensão de Voldemort sua família ficara do lado dele, apenas Sirius recusara-se; disse que passou um tempo numa prisão acusado de um crime de não cometera, porém, treze anos depois conseguiu fugir.
-Meu afilhado estava em perigo e precisava da minha ajuda.Você irá conhecê-lo em breve, o nome dele é Harry Potter, filho do meu falecido melhor amigo, James Potter.-disse Sirius enquanto mostrava a Brighid uma tapeçaria com toda a linhagem Black.
-Acha que minha mãe está viva, Sirius?
-Eu torço para que esteja.Tenha confiança.
-Eu acho que ela não está, eu sonhei com isso.
-Eu sei que está com medo, e sei como é ter sua vida modificada sem ninguém perguntar sua opinião.Mas tudo passará, tenha paciência.Com o tempo verá que o mundo da magia é bem melhor que o mundo dos trouxas.
-Porque estão sendo legais comigo? Você e os outros?Eu posso machucá-los a qualquer momento se perder o controle.
-Os seus poderes surgem quando precisa deles.Nós aqui queremos apenas ajudar, seu coração sabe, portanto, não há o que temer.
Sirius lembrava o pai de Brighid, Amy Mellin.O jeito como a tratava, como sorria, ele tentava sempre mantê-la ocupada para que não ficasse triste com a ausência da mãe.Apesar de tudo, ela sentia que teve sorte ao encontrar essas pessoas dispostas a protegê-la de um perigo que nem ela mesma entendia o motivo de tê-lo.

Harry pos seu pé direito no primeiro degrau do Largo Grimmauld.A casa materializara-se para os dois, cliques e cliques ouviam-se de dentro da casa.Alguém abriu a porta, era Arthur.
-Boa Noite, Harry!Quanto tempo!
-Boa Noite, Sr.Wesley.
O pai de Rony se afastou para que Harry e Dumbledore passassem.Os outros membros da Ordem apareceram da cozinha e sala de estar para cumprimentar os recém-chegados, Sirius dera um abraço no seu afilhado e Lupin unas tapas nas suas costas.Harry escutou quando este disse a Dumbledore aos sussurros:-Ela está aqui.Faz cinco dias.
Dumbledore nada respondeu, apenas sorriu discretamente para Lupin.
-Suba, Harry querido.Rony e Hermione estão no quarto a sua espera.Daqui a vinte minutos, os chamo para o jantar.-disse Molly.
-Está bem, Sra.Wesley.
Enquanto subia as escadas, Harry tinha a impressão de que mais alguém estava hospedado no Largo.E se tratava de uma garota, pelo comentário de Lupin.Lembrou da noite em que sonhou que era Voldemort, talvez fosse a garota que o afligira.
Hermione e Rony o receberam com abraços e perguntas de como fora sua estadia na casa dos tios.Rony crescia vários centímetros a cada ano, as mesmas sardas, e deixara o cabelo ruivo crescer.Hermione, o mesmo olhar preocupado, seus cabelos rebeldes comportados numa longa trança.
-Seus tios te trataram bem? Você se alimentou direito?Ah, Harry.Está tão magro, ficamos preocupados de que algo desse errado quando Dumbledore fosse buscà-lo.
-Deixa ele respirar, Mione.
-Tudo bem, gente.As coisas foram como sempre.
-Nem imagina quem está morando aqui.-disse Rony.
-Quem?
-Uma poltergeist que amedrontou Você-sabe-Quem.Tem sido um alvoroço no Profeta Diário, todos falam nisso.
-Também não é assim, Ronald.-contestou Hermione-Ela me pareceu uma boa pessoa, está deslocada com todas essas coisas acontecendo em sua vida.Esqueceu que ela vivia uma vida de trouxas?
-Afinal de contas, eu vou saber quem está aqui ou não?-disse Harry acostumado com as discussões dos dois amigos.
-Ah, desculpa cara.Bom, o nome dela é Brighid e está aqui faz cinco dias.Veio com Lupin e Tonks que foram buscá-la de sua casa.Você-sabe-Quem fez uma visita a ela, queria raptá-la, mas Brighid revidou.Não sabemos o que fato ela fez, exatamente, só que ele quase morreu por causa dela.
-O Profeta Diário tem lançado várias hipóteses sobre o que deve ter acontecido, dizem que ela o queimou vivo, o transformou em algum monstro, essas bobagens todas.Na verdade, Brighid nunca disse nada sobre isso enquanto esteve aqui.
-É lógico, quem é doido de perguntar? Vai que ela faça a mesma coisa!
-Ah, Rony!Que besteira!Se a Ordem a trouxe, então ela deve ser uma boa gente.
-Uma boa gente que pode matá-lo a qualquer momento.Essa garota é perigosa, eu estou falando sério.Se Você-sabe-Quem estava atrás dela, boa coisa ela não deve fazer.-argumentou Rony.
-Mas mesmo assim...
-Eu sei quem ela é, a vi num sonho que tive.-disse Harry.
Rony e Hermione imediatamente pararam a discussão, e olharam para Harry sem entender.O garoto então explicou o mesmo que disseram a Dumbledore.Hermione somente achou estranho quando pediu a Harry que descrevesse o aspecto físico da Brighid e ele respondeu sem errar nada.
-Isso é muito estranho.É como se você estivesse na mente de Você-sabe-Quem.-respondeu Hermione atônita.
-E o que ela fez com você? Quer dizer com ele, Harry?-perguntou Rony.
-Bem, eu senti uma dor horrível.Como se todo o meu corpo pegasse fogo, pior do que o Crucio.Eu sabia que era ela, que ela queria me ferir entende.E aconteceu.
-Sinistro.-respondeu Rony.-Dizem, que ela é como uma feiticeira dos tempos antigos que usa seu olhar para conquistar o que quer, segundo uma das muitas versões dadas pelo Profeta Diário.
-Então seja isso que Você-sabe-Quem quer, esse poder que ela tem de tornar realidade tudo o que deseja.-concluiu Hermione.
Vinte minutos depois, os três desceram para o jantar.E Brighid estava lá, ao lado de Sirius e Gina, olhando desconfiada e sem jeito para todos.Quando Harry se sentou a sua frente, ela o encarou por alguns segundos, tinha a mesma intensidade de olhos verdes, e tirou a sua vista.Nem sinal de Dumbledore.
Enquanto o jantar transcorria, as pessoas ali presentes conversavam bastante.Somente Brighid mantia-se em silencio, ás vezes, Sirius lhe perguntava alguma coisa e ela respondia, mas voltava e olhar para o prato de sopa feito pela Sra.Wesley e lançava olhares furtivos a sala de estar.
-Scrimgeour tem transformado aquele Ministério da Magia num inferno.-comentou Arthur-Toda hora, um homem entra nas salas fazendo perguntas, sobre o que fazemos e deixamos de fazer, se estamos tramando alguma coisa contra o atual ministro.Ele entrou até nos banheiros femininos, e por pouco não foi para no St.Mungos por causa de um feitiço que uma mulher lhe lançou.
-Que feitiço foi, papai?-perguntou Jorge.
-Aquele em que nascem furúnculos.Escapou por um triz.
-Scrimgeour tem procurado mostrar que toma as rédeas do problema.-disse Sirius.
-Mamãe, quando vamos ao Beco Diagonal ?-perguntou Gina.
-Amanhã, querida.
-O que é um Beco Diagonal ?-perguntou Brighid.
-Um lugar cheio de lojas e artigos de magia, você vai adorar conhecer.Tem lojas de varinhas, livros, roupas para Quadribol, e de animais também.-respondeu Gina.
-Gostou dos livros que emprestei, Brighid?-perguntou Sirius.
-Gostei Sirius, eles são muito interessantes.
-Vou lhe mostrar uns que guardei sobre Quadribol, o esporte preferido no mundo dos bruxos.
O modo como Sirius tratava Brighid, reparou Harry, era gentil e carinhosa.Qualquer palavra desconhecia, ele explicava a ela que não ficasse por fora do que se conversava.Harry sentiu orgulho do padrinho, talvez uma forma que ele encontrou para que a estadia dela em sua casa fosse a mais agradável possível, para que ela se sentisse parte de alguma coisa.Sirius percebeu o olhar de Harry e piscou o olho rapidamente.
Então, Dumbledore saiu da sala de estar.Snape logo atrás que sequer cumprimentou os presentes saindo da casa o mais rápido possível.
-Eu gostaria que neste momento ficassem apenas nesta sala Sirius, Brighid e Harry.Por favor.-pediu Dumbledore.
Com a sala quase vazia, Dumbledore sentou-se lentamente ao lado de Brighid que estava pálida, tremia ligeiramente como se adivinhasse o que o diretor lhe diria.
-Eu não tenho boas notícias, Brighid.Sua mãe faleceu querida, ela não resistiu aos ferimentos.Foi atingida por feitiços das artes das trevas poderosíssimos que até mesmo eu desconheço suas origens.Ela resistiu por esses dias, mas veio a falecer hoje a tarde.
-Como assim hoje à tarde? Quer dizer que minha mãe esteve viva todo esse tempo e ninguém me disse nada?
-Ela pediu que fosse assim, que você não soubesse.Somente eu e o professor de poções de minha escola sabíamos, para a própria segurança dela.
-Mas ela é minha mãe!Eu tinha o direito de saber!
A mesa estremeceu por alguns instantes com a alteração da garota, foi preciso segurar os talheres restantes para que eles não espatifassem no chão.Harry sentiu pena da garota, ele era pequeno quando seus pais morreram, portanto, a morte não doera tanto como dói para Brighid.
-Sua mãe estava com ferimentos por todo o corpo.Tentamos vários feitiços para estancar, mas nenhum deles fazia efeito.Ela perdia sangue a cada dia, até que tivemos que adormecê-la para que ela não sentisse mais dor.Que fosse embora em paz.
Sirius segurou na mão dela, Brighid chorava enquanto apertava com força a mão dele.E tudo isso por culpa de Voldemort, tantas vidas tiradas e todas elas em nome dele, de seu desejo pelo poder.
-Eu q-queria q-que tudo isso f-fosse um pesadelo.Q-que eu acordasse d-dele!-disse Brighid aos prantos.
-Infelizmente, você não poderá acordar deste.O que deve fazer, a partir de agora é continuar vivendo, por você , por sua mãe e seu pai.Transformar toda a dor que sente, em degraus para continuar sua existência.Sua mãe, eu tenho certeza, está num plano melhor agora.Não concorda, Harry ?-indagou Dumbledore.
-Sim, claro.-respondeu Harry sem graça.
-Este aqui é Harry Potter, o Menino-que-Sobreviveu.Ele assim como você, sabe o que significa ter sua família destruída pelas mãos de Voldemort.-explicou Dumbledore.
Brighid sorriu ligeiramente para ele que retribuiu o gesto.Ela parara de chorar, e a mesa já não balançava mais.
-Porque esse homem está atrás de mim? O que eu fiz a ele? Eu não entendo.
-Ele quer o seu poder.-disse Sirius.-O poder passado de geração em geração pela família de seu pai.
“Há séculos que a família Mellin, uma das mais antigas gerações árabes, recebeu uma importante missão.A de proteger um objeto, místico e sagrado, das ambições da humanidade.Esse objeto era a Arca da Aliança, ou Arca Perdida como é chamada por alguns historiadores trouxas, enfim, nela contém os dez mandamentos concedidos por Iavé ao homem e possui um poder imenso.No passado, travaram-se guerras em busca desta valiosa relíquia.No entanto, ninguém nunca a encontrou depois do ataque dos babilônios ao povo de Jerusalém milênios atrás.”
-Mas como vocês disseram, foi há muito tempo.O que meu pai tem haver com isso?
-Brighid, para o resto da humanidade, a Arca nunca mais fora vista, porém, isso não é verdade.Amir foi um dos últimos a vê-la, sua família vigiou o esconderijo da Arca durante séculos.-disse Dumbledore.
-Então, Voldemort está a procura desta Arca, professor?-perguntou Harry.
-Da Arca, e de Brighid também Harry.Porque ela é a única pessoa viva que sabe do esconderijo.
-Eu? Não, está havendo um engano.Eu não sei onde ela está.
-Sabe, sim.-respondeu Sirius.-Os seus poderes descendem de um ritual milenar feitos pelos sacerdotes predestinados a proteger a Arca, você assim como seu pai, participaram deste ritual onde parte dos poderes da Arca foi concedida a vocês.
-Livros falam que a Arca é de tal poder, que pode matar qualquer criatura, pura ou não, caso toque nela.Somente os escolhidos têm a permissão de tocá-la.-explicou Sirius.
-Se eu realmente fiz parte disso, devia ser pequena porque não lembro de nada.Sinceramente, eu queria ajudar.Principalmente agora que minha mãe morreu.
-As informações estão guardadas em sua mente, no devido momento, você irá recordar.-disse Dumbledore.
-Minha mãe sabia?
-Sim.Na verdade, Eva conhecia os dois mundos antes mesmo de conhecer Amir.-disse Sirius-Eu e sua mãe fomos casados anos antes de você, e Harry nascerem.
Harry achou que ouvira mal.Durante toda a conversa, Harry mantevesse calado, nem sequer entendia o porquê de sua permanência na sala porque não conseguia entender aonde chegariam até ele.Será que Dumbledore diria a Brighid que Harry sonhara com o ataque em sua casa? E agora, ouvir que seu padrinho, o rebelde Sirius fora casado lhe tirou, por alguns instantes, as dúvidas que guardara desde o início da conversa.
-Eu conheci sua mãe quando terminei os meus estudos em Hogwarts.Decidi passar um tempo viajando, queria andar pelos trouxas, conhecê-los e aprender como conseguiam se virar sem magia.Havia uma palestra sobre A História da Civilização no museu de Londres, e eu fui assistir.Sua mãe era uma das monitoras da palestra, e eu me apaixonei por ela no momento em que a vi.Ela tinha um jeito especial de sorrir, de falar com as pessoas, sempre alegre, sempre doce e gentil.Não, resisti e depois do evento falei com ela.Ficamos amigos e meses depois, nos casamos.Escolhi Tiago e Lílian para padrinhos do nosso casamento.
“A guerra começou e decidi ser membro da Ordem da Fênix, mas sua mãe não aceitou.Ela estava grávida na época, o motivo de nossas discussões era sobre minhas missões, passava semanas sem vê-la e nas vezes que aparecia nunca demorava.Um dia, Comensais da Morte invadiram o apartamento onde Eva morava, coincidentemente, bruxos que não aceitaram a autoria de Voldemort moravam ali.Eva fugiu, mas sofreu um grave acidente e perdeu o bebê que esperava.Eva nunca me perdoou, nos separamos e ela casou com Amir Mellin.
Quando estava grávida de você, Brighid, Amir contou seu passado.Contudo, ele jamais a abandonara por nenhuma Liga contra o Mal, acho que ela o aceitou por isso.”

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