O Peregrino das Respostas



Capítulo XII


 


 


 


                                O Peregrino das Respostas


 


 


 


            Uma grande floresta o cercou.Harry procurava atônito qualquer explicação de como fora parar ali.Estava aprendendo a meditar com Arken em Hogwarts, e agora se via em outro ambiente.Não se tratava da Floresta Negra, concluiu Harry pois o clima era quente, embora a mata fechada fosse realmente semelhante.Era noite, a escuridão tomava conta do lugar e mal se via um palmo na frente do nariz.


            Harry ouviu passos apressados próximos de sua posição, temendo que fosse um comensal, Harry sacou sua varinha à espera do pior, porém, o que viu o deixou completamente confuso.Um menino de pele verde; cabelos ruivos cor de fogo; os olhos vermelhos; quase da altura de Harry sendo que mais baixo; os caninos salientes e amarelos e, o mais incrível para Harry, os pés virados para trás.Ele segurava uma tocha de fogo.


  -Chegou na hora certa, Potter.


  -Como? Você me conhece?


  -Sim.O bruxo de nariz quebrado me falou de você e sua historia.Venha, há uma coisa que tenha de lhe mostrar.


            O menino segurou a mão de Harry, e o guiou floresta a dentro.As árvores se moviam dando espaço para os dois garotos passarem à medida que avançavam.


  -Onde estamos?-perguntou Harry.


  -Amazônia, Brasil.


  -Brasil? Mas é impossível desaparatar em Hogwarts.


  -Você não fez essa coisa que acabou de dizer, eu vi uma vez, aquele velho bruxo usa toda vez que vai embora, mas você não fez isso não, apenas a sua mente está aqui.O seu corpo continua lá, na sua escola.Eu estou dormindo também, aquele bruxo do nariz quebrado me ensinou a fazer isso, homem sábio ele.Disse que ensinava, acho que é um bom professor.


            Dumbledore.Pelas descrições do menino só podia ser Dumbledore.Então ele tem viajado para o Brasil.O que deve estar fazendo aqui? O menino disse que fora Dumbledore que ensinara a ele como trazer Harry aqui, a mente dele, pelo menos.E que estranho menino de pernas viradas para trás era ele.Mas porque Harry devia estar ali? Ás vezes, escutava um sibilar de cobra e uma sensação de repulsa o atormentava.


  -Calma, elas não vão nos machucar.-disse o menino.


  -Elas?


  -As cobras.O cada de cobra se escondeu por estas terras, e ordenou que todas as cobras guardassem o seu esconderijo.A maioria é venenosa, muitas crianças índias foram picadas, quase morreram.


  -Voldemort está aqui?


  -Sim, há meses.Espionei para Dumbledore eles, mas conseguiram me pegar.O cara de cobra achou que era capaz de me vencer, mas enquanto estiver na floresta eu sou o mais forte.Consegui escapar, desde então, não posso entrar no esconderijo dele, por causa das cobras sabe, elas não me obedecem.


  -Desculpe, mas quem é você?


  -Sou o Curupira.Tenho a idade desta mata, minha função é protegê-la de qualquer um que tente matar ou destruir qualquer animal ou planta.


  -O que Dumbledore tem vindo fazer aqui?


  -Saber dos passos de Voldemort.Ele avisou a nós, seres mágicos da Floresta, para ficar de olho e quando vi que ele tinha chegado, matado os trouxas donos da choupana avisei logo a Dumbledore.Ele tem vindo por esses regiões constantemente, conversado com índios e ajudou até na cura de certos venenos de cobras que picaram as crianças índias.É aqui.


            Alcançaram a choupana, esconderijo secreto de Voldemort.As luzes estavam fracamente  acesas, e da janela dava para se ver homens encapuzados olhando para o vago a espera que algum desavisado.


  -Ele aumentou a guarda depois que fugi, acho que presumiu que eu fosse contar tudo a Dumbledore.


  -E contou?


  -Claro que sim.Veja!


  Ele apontou para baixo levantando a tocha de fogo e Harry pode ver, centenas, talvez milhares de cobras circundando a choupana.”Matar...intrusos..matar....o homem que fala com as cobras disse....matar....intrusos....matar...”, escutou Harry do sibilar das cobras.


  -Elas não nos vêem?


  -Não, somos, ah...como foi mesmo que ele disse...espíritos.Não morremos, mas também estamos fora do nosso corpo.Elas não podem nos ferir.Bem, somente você pode entrar na choupana.


  -Como assim entrar na choupana?


  -Voldemort está escondendo alguma coisa, algo que pode decidir a vitória dele e a nossa derrota.Ele fez uma mágica muito poderosa, eu não consigo, mesmo em espírito entrar na casa.Mas você é diferente.


  -Por quê?  Como assim sou diferente?


  -Olha, nessa parte eu não sei responder.Talvez aquele velho saiba, mas precisa entrar lá.Elas não vão te ferir, muito menos os compassas dele.Confie em mim.


            Harry olhou para a casa e em volta dela, tudo ali era calmo e sombrio.Então Voldemort tinha uma carta na manga, seria uma arma ligada a Arca da Aliança ou Brighid? O menino parecia falar a verdade.Um passo.As cobras pareceram sentir uma presença perto delas, mas não fizeram movimento algum porque não viam, sequer cheiravam um corpo para picar.Harry descobriu que não precisava de portas para abrir, porque conseguiu atravessá-las sem nenhuma dificuldade.


            Ele o viu.Voldemort estava deitado na cama.A pele fria, os olhos vermelhos, a expressão ofídica no rosto, apresentava uma expressão melhor desde a ultima vez quando Brighid o feriu, quase o matou.Um vulto feminino saiu das cobertas, e Harry viu, com uma expressão de profundo nojo, a satisfação de Bellatriz, os estavam suados e felizes.


  -És o único a me fazer completa, mestre.-disse Bella.


  -Digo o mesmo, minha cara Bella.


  -Deseja novamente?-perguntou a mulher, a malicia nos olhos.


 -Não agora, preciso realmente descansar.Amanhã talvez.


            Harry precisou reunir todas as forças que encontrou para não vomitar ao ver Bellatriz beijando Voldermort, depois se lembrou que não tinha corpo.A morena vestiu um roupão preto, combinando com suas longas madeixas negras, e saiu do corpo deixando o homem aparentemente só.


            Voldemort também vestiu um roupão negro de seda, caminhou até a escrivaninha próxima de sua cama.Ali, esfregou os dedos num compartimento lacrado por duas cobras de ouro; em língua ofídica ordenou Revele aquilo que esconde.As cobras encolheram-se até se tornarem pequenos pontos amarelos, e o compartimento se abriu.Harry se aproximou para ver o que tinha de tão escondido, viu, de relance, um papel pardo com aparência bastante antiga que lembrava um pergaminho velho, antes de ver Voldermort pular em seu pescoço.


  -Acho que eu era tolo, Potter?-disse Voldemort olhando para ele.


            Ele deu uma gargalhada fria e cruel, a famosa gargalhada que sempre assustava Harry ao lembrar.A cicatriz ardeu, e o cérebro de Harry parecia arder em brasas.Mas como ele o estava vendo? Como aquelas mãos frias estavam no pescoço dele? Uma palavra veio a sua mente:Armadilha.


  -Achou que eu não perceberia nossa ligação? Que eu não sentiria você lendo minha mente, POTTER?


  -Mestre o que está havendo?


            A figura de Bellatriz adentrou no recinto, pelo que Harry pode concluir, apenas Voldemort o via.Pois ela olhava para o vago, seus olhos não o viam.


  -Ele está aqui, Bella.O famoso e tolo Harry Potter!


  -Eu não o vejo.Tem certeza, mestre?


            Voldemort lançou-lhe um olhar terrivelmente assustador, a mulher logo entendeu que seria sua sentença de morte discordar de seu mestre.Desesperadamente, Harry tentava sair das garras de Voldemort, começava a ficar sem ar, lutava ferozmente para sair dali.


  -Caíste direitinho na minha armadilha, Potter.Eu o trouxe aqui.Achou realmente que aquele velho mandaria uma figura pequena, insignificante trazê-lo aqui, justamente aqui, na toca do lobo sem as vistas dele.Como és tolo, garoto.Onde estão os sentinelas?


  -Estão em seus postos, mestre.-respondeu Bella.


  -Ótimo, quero que tragam as ervas que ordenei que buscassem.Aprendi coisas maravilhosas por aqui, Potter, como aprisionar almas, por exemplo, meus homens capturaram um pajé, e eu o ordenei que me contassem todos os segredos sobre as ervas.Nunca mais seu corpo vai se mover novamente, Harry Potter.


            Minutos depois, alguns comensais da morte entraram no quarto.Parece que Bellatriz avisara para eles não comentarem sobre o que parecia ser o Lorde das Trevas segurando o puro ar da noite.Colocaram as ervas em cima da cama; Bella as recolheu e pos numa taça de prata que conjurara, pegou uma jarra e despejou água dentro.


  -Jogue este cigarro, homem!-ordenou Voldemort ao comensal mais próximo que fumava.


            O homem assim obedeceu, as ervas molhadas começaram a queimar dentro da taça e expelir uma fumaça, Voldemort desatou a cantarolar uma musica de língua estranha que Harry nunca ouvira.Uma dor imensa o invadiu, mas como isso podia acontecer? Ele estava em Hogwarts, ao menos o seu corpo estava.


  -Potente essas ervas não, Potter.Elas servem tanto para curar quanto para machucar, e neste momento, seu corpo naquela escola está sofrendo muito.Ninguém o salvará, nem mesmo Deus!


            Harry tentava sair das garras de Voldemort.Como fora burro em cair nessa armadilha, como fora burro em não tentar aprender Oclumencia e fechar a sua mente.Tentou gritar, mas sua voz sumira, e aos poucos ficava cada vez mais fraco.Seria o fim?


             Não, definitivamente não era o seu fim.Porque uma luz adentrou no quarto cegando a todos, menos Harry.Em seu peito, o Coração de Kandrakar também resplendia intensa luz azul, levitando e queimando as mãos de Voldemort.


  -INFERNO!QUE MALDIÇÃO DE LUZ É ESSA!!-gritou Voldemort.


            Os comensais foram lançados para fora da janela, Bella arremessada escada a baixo.Harry caiu do outro lado da cama, perto da janela e viu a mão de um homem segurando o pescoço de Voldemort e o escutou dizer: Jamais ponha a prova o amor de Deus, mortal, porque podes se arrepender amargamente.


             Harry arfava no chão, tremia compulsivamente.A luz ainda prevalecia no quarto.Mal conseguia abrir os olhos, sua mente estava cansada demais para forçar-se.Ouviu os passos virem na sua direção, sabia que era o homem, seu salvador.Seria Dumbledore?


            Descanse filho, estás seguro agora.Volte para o lugar onde pertences, em paz.O homem tocou na testa de Harry, seus dedos macios percorreram sua cicatriz e o garoto sentiu uma profunda paz, um alivio que jamais sentira em sua vida.E ele adormeceu.


 


 


            Brighid batia na porta da sala de Lyra, após o jantar seguiu para as aulas, como combinado com a professora.Embora ela o tivesse feito relutantemente, uma vez que não conseguiu descobrir o porquê de Rony e Hermione estarem com os rostos aflitos.Durante todo o dia, ela os viu correrem de um lado para o outro, sem Harry, e quando Brighid tentava conversar com Hermione, extrair qualquer informação a respeito de Harry, Rony chegava e chamava Hermione para junto dele.Em momento nenhum, Rony deixara Hermione sozinha com Brighid.”Estaria ele me culpando de alguma coisa?E o Harry, eu não vi o dia todo, será que alguma coisa de ruim aconteceu com ele e Rony está desconfiado que fosse eu?”, pensava Brighid.”Não, eu nunca faria mal ao Harry.Jamais ele.”


  -Ah, boa noite Srta.Brighid.Entre, por favor.-cumprimentou Lyra.


            A sala agora estava quase vazia, a exceção de dois mine pufes azul-turquesa, um de frente para o outro, e alguns incensos espalhados.Lyra conjurou algumas rosas que sugiram do teto e cobriram todas as paredes de pedra.


  -São margaridas, minhas flores preferidas.-comentou Lyra.


  -Porque tudo isso?


  -Para que você sinta-se relaxada, é preciso seu corpo e sua mente cooperarem para que o domínio de seus poderes dêem certo.


  -Ah, sim.


  -Sente-se, escolha um dos pufes.


  As duas ficaram uma de frente para outra, Lyra conjurou uma radiola que começou a tocar músicas instrumentais, uma mistura de piano com violino, e o som de ondas do mar ou farfalhar de árvores ou o som da chuva.


  -Linda melodia.-disse Brighid.


  -Eu sei, minha musica preferida.Eu a uso quando quero relaxar, meditar.Vamos lá, eu quero que você feche os olhos Brighid, e pense no lugar que mais gosta.Onde você sente que é a sua casa, o seu lar.


             Lar...palavra que ressoou em Brighid como uma afiada farpa, há tempos que não pensava no efeito que este nome lhe causava.Apesar de tudo que estava aprendendo, de conhecer o outro mundo do qual o seu pai lhe falava sempre e ela sempre acreditou ser real, a simples pronuncia “Lar”, lhe fez pensar em casa.Quando chegava ao fim da tarde, e corria sobre o gramado verde e molhado, entrava e dava de cara com todas aquelas molduras e objetos antigos, aquele cheiro de piso limpo e novo, as escadas e som que fazia quando Brighid, a biblioteca com todos os livros que fora de seu pai, Brighid lera quase todos, tinha esperança de um dia voltar e resgatá-los, e finalmente, o seu quarto.Aquele magnífico quarto, que mais parecia o de uma princesa, as paredes decoradas com papel de flores, o armário repleto de bonecas, quando pequena, Brighid entrava no armário e brincava de que era o seu mundo, um lugar onde não se sentia diferente.Ela entrou no armário, podia sentir o cheiro dele, como suas bonecas estavam lindas, tinha se esquecido do quanto sentira falta.


            “Pense nos seus poderes agora, Brighid.”, ela ouviu Lyra lhe dizer e prontamente a obedeceu.”Os imagine como um objeto, uma bola, por exemplo, que começa a ficar maior a cada vez que você pensa nos seus poderes com força.”


  Uma imensa bola de fogo se projetou a frente de Brighid, no começou, achou que o fogo queimaria suas bonecas, porém, este nada fez, apenas ardia em brasa a sua frente.”Olhe para a bola, não tenha medo dela, nem do que pensa que pode fazer.Você está no comando, pense e diga Brighid:Eu estou no comando.”


  -Eu estou no comando.-repetiu Brighid.


  “Eu não temo o que possas fazer, pois eu estou no comando.”


  -Eu não temo o que possas fazer, pois eu estou no comando.


  “Eu ordeno que se apague, eu ordeno que me obedeça.Eu estou no controle.”


  -Eu ordeno que se apague, eu ordeno que me obedeça.Eu estou no controle.


            O fogo datou a apagar-se, lentamente, sua chama diminuía.Talvez desse certo, talvez esses poderes não mais a afligisse.É, ela podia controlá-los.E se fosse embora, quem sabe, ela podia voltar para casa, para aquele armário de bonecas que Brighid tanto amava.Esquecer quem era e recomeçar.Contudo uma nova voz veio das profundezas de sua mente: Use-os, Brighid.Eles foram dados a você, tem direito sobre eles.Use-os para sua defesa, quando tiver vontade.Quer isso, eu vejo em você, quer usá-los.


  ­-Não, eu não posso.-disse Brighid abrindo os olhos.


  -Como assim, Brighid?-perguntou Lyra.


  -Eu agradeço Sra.Bass, por sua gentileza em me ajudar, mas eu não posso tirar esses poderes de mim.Eu...eu...simplesmente não posso.


  Brighid levantou-se rapidamente, e já tinha as mãos na maçaneta quando Lyra segurou seu ombro.


  -Brighid, não estamos falando em tirar esses poderes de você, minha querida, até porque é impossível.Mas sim, diminuir a força que eles exercem sobre, para que não haja nenhum acidente.Querida, me escu...


  Lyra cambaleou, perderas forças de uma para outra.”A faça entender sua opinião.Chega de todos lhe dizerem o que fazer...faça ela entender...”, disse uma voz dentro da mente de Brighid.


  -Eu agradeço sua vontade de querer me ajudar, professora, mas ninguém pode.Somente eu tenho que carregar estes poderes, há uma razão para eles estarem em minhas mãos.Eu não preciso de sua ajuda.


  Brighid saiu, ao fechar a porta, Lyra caiu no chão.Respirava com certa dificuldade e demorou a se restabelecer.


  -Ah, meu Deus!É tarde, já a dominaram.-disse Lyra preocupada.-Tenho que avisar Dumbledore.


  Enquanto caminhava pelos corredores do castelo, Brighid viu dois vultos cruzando a esquina mais próxima indo em direção a enfermaria.Devagar, ela os seguiu, Mcgonagall e Madame Pomfrey entraram na enfermaria.Lá, Brighid pode ver a silhueta de Dumbledore, Snape, Rony, Hermione, Arken e...Harry.Ele estava deitado algumas camas depois da que Goyle repousava, ainda inconsciente.


  Harry apresentava uma aparência doente, permanecia imóvel enquanto Madame Pomfrey explicava que o efeito dos remédios daria êxito com o tempo.Mcgonagall e Hermione olhavam-no com uma expressão de preocupação, prestando atenção em cada milímetro do corpo de Harry, esperando o pior.Rony parecia desmaiar a qualquer momento, porém, Arken estava totalmente calma, com se já soubesse que seu amado repousava bem.


  Mas o que teria acontecido a ele? Quem o fizera mal? Com certeza não fora Brighid, disso ela sabia.Saiu de lá, antes que a vissem.E pensou numa idéia, que colocaria em pratica após todos dormirem.


 


 


  Aos poucos, Harry abriu os olhos.Seu corpo doía intensamente como se vários balaços o tivesse atingido, com a visão míope distinguiu os contornos suaves da lua iluminando os vitrais das janelas da Ala Hospitalar; estava em Hogwarts, estava salvo.Uma pessoa acariciava seus cabelos, as mãos macias e quentes, e também ofereceu-lhe um beijo  suave nos lábios.O perfume inebriante revelou que era Arken.


  -Que bom que acordou.-disse ela colocando cuidadosamente os óculos no rosto de Harry.-Hermione e Rony estiveram aqui o dia inteiro, Madame Pomfrey teve que expulsá-los agora à noite, perto da hora de dormir.Eu, bem, usei as minhas habilidades para que ninguém me visse vindo para cá.


  -Estou aqui dormindo o dia inteiro?


  -Sim, e esperávamos que você nos dissesse o porquê.Depois que eu o instrui a meditar, você começou a tremer compulsivamente.Eu não conseguia acordá-lo, seu corpo ardia em febre.Pensei que estivesse tendo uma convulsão, mas, então, o colar começou a brilhar intensamente que mal conseguia olhá-lo.Por sorte, Dumbledore apareceu e disse umas palavras mágicas, acho que era língua elfica, e você começou a melhorar, mas continuou com os olhos fechados.


  Arken tinha os olhos marejados e suas mãos, outrora quentes, estavam frias.Era visível a tamanha preocupação que deve ter sentido quando viu Harry com aquele súbito ataque, talvez porque já receasse a causa, pensou Harry.Uma qualidade, dentre tantas outras nos Cavaleiros Jedi, é que se pode contar qualquer coisa a eles, sem o perigo se parecer estranho, sem lógica, surreal.Harry sabia que, não importa o que lhe contasse, para Arken não seria estranho, ou imaginação de sua cabeça.


  -Foi ele não foi? Voldemort.


  -Sim, ele criou uma armadilha e eu quase fique preso nela.


  -A culpa é minha.Eu não sabia que...


  -A culpa não foi sua.E sim minha, devia ter me esforçado a aprender oclumencia (releiam os capítulos nove e dez que foram re-editados incluindo as aulas de Harry com Snape.), ou então isso nunca teria acontecido.


  Harry relatara tudo que presenciou na choupana, não escondera nada, principalmente da aparição do homem que salvou sua vida.Arken escutou em silencio, quando Harry terminou a reação dela fora como esperado.Não demonstrou surpresa nem desconfiança, pelo contrário, dissera que já ouviu falar de plantas na Amazônia com tal capacidade.


  -As primeiras tribos indígenas do Brasil, séculos antes da colonização, realizavam rituais assim.Para eles, antes de se travar uma guerra com o inimigo era necessário aprisionar o seu espírito primeiro.Mas não há indícios de que realmente funcionasse.Mestre Obi-wan e eu acreditávamos que fosse lenda sabe, um ritual comum apenas, sem poder algum.


  -É muito mais do que um ritual comum, literalmente me senti desprendendo do meu corpo.A dor é pior do que uma maldição cruciatus, achei por um segundo que morreria.Lamento não ter visto o rosto do homem que me salvou.


  -Não faz idéia de quem seja?


  -No começo pensei ser Dumbledore, mas a voz do homem era mais grave.Sinceramente, não faço idéia de quem seja.


  -Acha que Voldemort ainda se esconde lá?


  -Com certeza não.A essa altura ele deve ter fugido novamente.


  Ficaram em silencio, ás vezes Arken olhava os vitrais das janelas, outras lançava olhares rápidos a Harry.Ela queria dizer alguma coisa, sentiu Harry.Ele pegou em sua mão, a beijando suavemente.


  -Quer me dizer alguma coisa?


  -Não, nada.


  Ele a trouxe para mais junto de si, e a beijou docemente como quando ela fez enquanto ele acordava.O tempo que beijaram-se carinhosamente eles não soube dizer, no entanto, um papel saiu das vestes de Arken pairando no ar, formando uma borboleta imensa imensa a frente dos dois.


  -O que é isso?


  Arken não respondeu, em silencio, olhava para a porta como que espera de um perigo que fosse entrar a qualquer momento.Escutaram um barulho do lado de fora, e em seguida a borboleta diminuiu de tamanho voltando a forma de um simples origami.


  -É um katakama, magia Omiyô.Uma tira de papel em que você escreve palavras mágicas, são amuletos extremamente poderosos.Mestre Obi-wan fez este para mim, ela estava me protegendo.


  -Protegendo de que?


  -Eu não sei.


  Arken correu até o lado de fora da sala, voltando com um vaso cheio de flores coloridas, de diferentes tons e tamanhos.O vaso estava rachado devido a queda, o motivo do barulho que ouviram.Dentro das flores havia um bilhete escrito em letra caprichosa intitulado:Para Harry Potter, desejo-lhe melhoras.


  -É para você.-disse Arken séria entregando o bilhete e o vaso.


  -Lindo vaso, mas quem daria para mim de presente? As pessoas do castelo sabem do que aconteceu comigo?


  -Não, Dumbledore pediu que Rony, Hermione e a mim que não contássemos nada.Se alguém perguntasse, diríamos que você estava visitando um parente doente.


  Arken não quis dizer, mas viu a silhueta de Brighid dobrando o corredor.No dia seguinte, Madame Pomfrey colocou uma grande cerca divisória escondendo a cama de Harry completamente.Ele ainda conseguiu ver a silhueta de Goyle, repleto de ataduras e a perna suspensa, ainda desacordado.


  -Ah, ele melhorou bastante de ontem para hoje, meu rapaz.-comentou Madame Pomfrey.-É claro que levará um tempo para que fique perfeitamente bem, mas teve significativos progressos.


  -Ele vai demorar quanto tempo aqui?


  -Tenha certeza que mais do que você.O caso deste pobre rapaz foi bastante grave, quase morre o coitado.Bem, tudo passou.Não há porque lembrar.


  -Eu não vou trocar de roupa agora.


  Harry notara que Madame Pomfrey olhava para ele, e em seguida, para a porta como que observando algum intruso que visse qualquer coisa dentro da enfermaria.


  -Ah, não é para que possa trocar de roupa, meu querido.É, bom...Dumbledore explicará melhor para você.


  -Eu tenho que ficar escondido aqui? Ora, mais por quê?


  -Já lhe disse, Potter!Dumbledore lhe explicara melhor do que eu.Vejam, seus amigos chegaram!


  Madame Pomfrey saiu, um tanto aliviada, com a chegada de Rony e Hermione.Pela segunda vez, Harry contara o que aconteceu com ele.Rony o olhava aflito, dando a entender que estava acontecendo tudo novamente, e Hermione nada disse, escutava em silencio o que o amigo lhe revelava.Por fim, respondeu:


  -Eu li um livro sobre o poder das ervas, uma vez, há bastante tempo.Existem plantas com poderes assim, e outras ainda mais perigosas.Tantos as que curam, quanto as que machucam.E...


  Hermione disse a frase seguinte com os lábios brancos e uma expressão de surpresa e decepção ao mesmo tempo.
  -É preciso se matar alguém para fazer o ritual que Voce-sabe-Quem fez com o Harry.


  -Como assim matar alguém?-perguntou Rony chocado.


  -Lembram do livro que comprei na Floreios e Borrões? Bom, nela fala sobre rituais chamados de diabólicos, porque utilizam sangue humano para potente eficácia.Muitas tribos indígenas os utilizavam uma noite antes de guerrearem.É preciso matar um homem, e despejar todo o sangue dele numa taça perfeitamente limpa junto com as ervas; pronuncia-se palavras mágicas especificas, e a pessoa que deseja aprisionar a vida do seu inimigo deve bebê-la.


  -Cara que nojo!-disse Rony enojado.


  -Pior do que nojento, Rony, é cruel.Apenas Voldemort é capaz de tudo isso para me matar.-comentou Harry sem surpresa, como se já esperasse tal atitude.


  -Quem você acha que te salvou Harry?-perguntou Hermione.


  -Não faço a mínima idéia, no começo, pensei que era Dumbledore, mas não era.Foi outro homem.


  -Você não imagina onde Voce-sabe-Quem está agora?-perguntou Rony.


  -Não Rony, mas, com certeza na Choupana ele não está mais.


  -Cara Goyle parece que melhorou hoje, quando estivemos aqui ontem ele estava uma aparência verde, mas, não está mais pelo que vejo.-comentou Rony olhando entre as brechas da cortina o corpo inerte de Goyle.


  -Malfoy tentou entrar aqui ontem, o dia todo ele batia na porta e até ameaçou falar ao pai caso Madame Pomfrey não o deixasse passar para vê-lo.-disse Hermione.-Mas depois ele não veio mais.


  -Foi verdade, daria um galeão para saber o que Madame Pomfrey disse que fez ele parar de vir.-disse Rony.


  -Falando no Malfoy, reparam o quanto ele mudou? Quer dizer, de não chatear mais os alunos menores, nem falar besteiras sobre sangue-puro ou sangue-ruim e ser fiel ao nome dos bruxos.-comentou Harry.


  -Aquele cabelo seboso não me engana, deve, no mínimo, estar planejando alguma coisa por trás dessa mudança.-respondeu Rony.


  -Ele pode ter mudado, Rony.As pessoas mudam, ás vezes, e talvez isso tenha acontecido a ele.-disse Hermione.


  -Ah Hermione, não vem com essa!Justo quem mudar? O Draco Malfoy? Duvido!Ando mesmo preocupado é com a Gina.


  -Porque a Gina, Rony?-perguntou Harry.


  -Ela tem andado melancólica demais, parece sempre triste e quando eu pergunto o motivo me manda cuidar da minha vida.


  -Ah, Rony!Eu já lhe disse que é besteira!


  -Não é não, Hermione!Esse ano tem sido assim, fora quando ela desaparece e só a vejo horas depois, além do que, também tenho certeza de que você sabe o motivo e não quer me dizer.


  -Isso não tem nada a ver!Gina já é bem crescida, sabe se cuidar perfeitamente.São bobagens de adolescente, apenas isso.


  -Eu sou o irmão dela Hermione, eu tenho o direito de saber!


  -Você é o irmão, não proprietário dela.Gina está bem, acredite em mim.Não há nada de errado!


  Enquanto Rony e Hermione discutiam o bem de Gina Wesley, Harry voltava os seus pensamentos para o comportamento de Draco, de certo que ele mudara bastante.Suas preocupações com Voldemort, Brighid, o esconderijo da Arca da Aliança o fizeram esquecer completamente do garoto de cabelos loiros extremamente irritante.Pensando melhor, Harry quase não vira Draco durantes estes meses, apenas nas aulas, e além do mais, o garoto começara a sentar-se atrás nas salas de aula e não nas primeiras filas como antigamente.Pararam também as provocações, intimidações contra os alunos mestiços menores.O que significava aquela mudança repentina?


  De repente, Dumbledore adentrou na enfermaria.Rony e Hermione levantaram-se e o diretor pediu-lhes que saíssem pois tinha algo importante a conversar com Harry.No começo, o menino pensou que o diretor reclamaria sobre o fracasso com aulas de Oclumencia e tratou logo de desculpar-se.


  -Professor, eu sinto muito...por causa...por causa...das...aulas, sabe, eu sei que


  -Na verdade, sou eu que peço desculpas.Devia imaginar que seria difícil a convivência entre você e o professor Snape, cedo ou tarde, um dos dois faria algo que, bem, no fim, estragariam as aulas.Acabou sendo Snape.


  Era óbvio o quanto o diretor estava desapontado com o fracasso das aulas, se tudo tivesse corrido bem Harry não teria ido parar nas mãos de Voldemort e quase ficado por lá, no entanto, Dumbledore conjurou uma confortável poltrona prateada, disfarçando o ligeiro desapontamento, e pos ao lado de Harry sentando-se em seguida.Harry notou o quanto o bruxo aparentava cansaço, seus olhos possuíam profundas olheiras, e o rosto um tanto avermelhado.


  -A culpa foi minha Harry, devia ter lhe explicado o motivo das aulas de Oclumencia serem com Snape e não comigo, a solução mais lógica e fácil.Como havia essa ligação entre você e Voldemort, eu presumi que seria arriscado dizer ou permanecer muito tempo com você.Se Voldemort descobrisse podia tentar penetrar em sua mente, como você, indiretamente, fez com ele.


  -Eu não sei onde ele está agora, bom, acho que tenho de contar ao senhor toda a historia.


  -Não é necessário, Harry.Agradeço, mas não será necessário.Samuel me contou tudo.


  -Samuel?


  -Sim, foi ele que salvou você.Que apareceu em volto de uma luz poderosa na choupana e te salvou de Voldemort e das ervas, é claro que, o colar que Arken lhe dera ajudou também.Poderoso e especial são os adjetivos que concedo ao presente dado por Arken, o brilho desse colar Harry alcançou o mais remoto lugar do Universo a procura de ajuda para o seu portador e Samuel veio respondendo ao chamado dele.


  Harry tocara, involuntariamente, no Colar de Kandrakar, que repousava quieto em seu pescoço.Então fora Samuel, o dono do diário, o homem que escondera a Arca Perdida, fora ele que o salvara.Mas então, como pode um morto ter poder para tal ato? A pergunta pareceu transparente no rosto de Harry porque Dumbledore sorriu dizendo a resposta:


  -Samuel é um espírito que não concluiu sua missão, Harry.Ele teve permissão para alterar certos acontecimentos que inflijam regras do Universo, assim pode salvá-lo.


  -Eu não entendo, professor.


  -Há milênios atrás, antes mesmo que o Salvador fosse mandado a este mundo, Samuel foi um discípulo que encarregou-se de proteger a Arca da Aliança, arma mortal para toda a humanidade caso caia nas mãos erradas.Um bruxo que escondeu sua natureza para cumprir a missão que lhe foi dada a fazer.


  -Que missão é essa, professor? Ele ainda não a cumpriu?


  -Infelizmente não.Ou então, sua alma há milênios repousada estaria.A missão de Samuel é destruir a Arca da Aliança, Harry.


  -Destruir? Como assim? Não é um objeto sagrado?


  -Sim, porém, perigoso demais para continuar nesta terra.Samuel recebeu um chamado de Deus para destruir a Arca da Aliança.Entretanto, acontecimentos que ele não previa o impediram de concretizar sua missão.Samuel não podia perder a virgindade, pureza importantíssima para que pudesse tocar na Arca, mas ele apaixonou-se e num ato natural acabou infringindo as regras e tornando-se pai.Surgiu a descendência dos Mellin.


  -Brighid é descendente dele, no caso.


  -Sim.Após descobrir que era pai, estorou dias depois, uma invasão em Jerusalém e Samuel escondeu a Arca da Aliança para que mãos cruéis não a pegasse e a utilizassem em proveito próprio.Descobriu também da sua nova condição, porque não podia tocar mais na Arca, ou morreria.Dizem que ele a escondeu em um monte qualquer, mentira, Samuel procurou um lugar bastante afastado para que jamais a encontrasse e antes de fechar a passagem para sempre fez o ritual sagrado.


  -Ritual Sagrado?


  -Seu filho já com alguns dias de vida, fizera parte de um ritual onde parte dos poderes da Arca foram dados a ele e assim tornara-se um protetor da Arca.Desde dessa época que todos os descendentes dos Mellin passam, dias depois de nascerem, por esse ritual até que entre eles surja alguém que possa cumprir a missão de Samuel: Destruir a Arca.Bom foi o que descobri.


  -Brighid é a escolhida?


  -Creio que sim, Harry.Acredito fielmente que sim.


  -Mas, professor, porque ela? Como pode ter certeza?


  -Porque, talvez por uma punição acredito eu, todos os descendentes de Samuel não possuíam poderes mágicos, apenas os concedidos pela Arca, mas não tinham os naturais e por isso, não podiam tocar na Arca, ou morreriam.Somente Brighid os tem, por isso, os poderes da Arca são extremamente fortes no sangue dela.Brighid é a única que pode tocar na Arca, Harry.


  -Mas professor, se foi Samuel que escondeu a Arca perdida e se foi ele que disse ao senhor tudo o que aconteceu comigo,porque também não diz onde escondeu a Arca?


  -Fiz a mesma pergunta a ele.A resposta foi que Samuel, após esconder a Arca realizou um potente feitiço da memória nele mesmo.Assim jamais o segredo cairia nas mãos erradas, esse feitiço Harry é tão potente que mesmo depois de morto, Samuel ainda não é capaz de se lembrar.


  Harry olhou para o cobertor de seda que cobria-lhe.Samuel.Imaginara como era o rosto dele quando escutou na mansão de Sirius sobre as páginas do Diário pela primeira vez, agora, tivera a oportunidade de vê-lo pessoalmente.


  -O senhor não encontrou o local nas páginas do diário dele?


  -Infelizmente não.As últimas páginas onde acredito ter alguma revelação do provável esconderijo estão completamente indecifráveis.


  Harry se lembrou do pergaminho que viu Voldemort tirar da escrivaninha, seria um truque do Lorde ou ele realmente teria uma carta na manga que a Ordem da Fênix não tem?


  -Professor, eu me lembro que Voldemort tirou um pergaminho bastante velho da escrivaninha.Ele estava bastante protegido, eu não sei se era mais um truque dele ou...


  -Pergaminho? Tem certeza de que viu Lorde Voldemort com um pergaminho?


  Dumbledore parecia estranhamente preocupado com o que Harry dissera, em minutos aparentava mais idade do que tinha se isso era realmente possível.


  -Algum problema, professor?


  -Sim e não.Sinto Harry que há uma esperança de encontrarmos a Arca, mesmo que ela venha de caminhos obscuros e perigosos.Sempre há uma esperança.Preciso avisar as pessoas certas e procurar um meio de descobri se o pergaminho que você disse ter visto é o mesmo o qual acredito que seja.Por hora, eu nada posso lhe revelar.Até mais, Harry.


  Dumbledore saiu, deixando Harry um tanto curioso pela repentina preocupação.O pergaminho era realmente valioso? E por quê?


 


 


 


  Gina perambulava pelos terrenos congelados e cobertos de neve de Hogwarts, naquela fria manhã de domingo ninguém se atrevia a andar centímetro sequer por aquelas bandas.O melhor a se fazer era aconchegar-se nas quentes e confortáveis salas comunais, porém, Gina não se importava.Queria ficar sozinha, pensar no que fazer de sua vida, e no amor que sentia por Draco Malfoy.Segurava nas mãos um pequeno bilhete que Draco lhe mandara, já era o segundo, em letras de forma dizia: “Preciso conversar com você, Gina.Porque tem me ignorado?Disse algo que lhe magoou? Sabe que o seu amor é o que mantém puro, uma fina luz do Sol em meio a este imenso e longo frio.Estarei esperando no mesmo local de sempre e no mesmo horário.Não falte.”


  Deveria mesmo ir? Ou seria melhor abandonar tudo aquilo que sente pelo homem que ama? Depois do incidente no Salgueiro Lutador, ela voltara a duvidar do amor que Draco diz sentir-se.Se Brighid não tivesse usado seus poderes, o que ele faria? Permitiria que seus amigos machucassem ela? Ou melhor, tentariam machucar, ser a filha mais nova de uma família de seis irmãos fez Gina aprender a defender-se perfeitamente, seja com murros ou feitiços.Draco continuou com a mesma arrogância diante dos amigos, de certo, para tentar tirá-la daquela situação talvez, porém, era a arrogância que tanto fez Gina odiá-lo por alguns anos quando pensava gostar de Harry.E um dia ele teria que decidir de que lado ficaria; um dia teria que assumir sua verdadeira identidade diante de todos, diante de dela.E esse era o seu medo, que lado escolheria?


  Parou em frente ao lago completamente congelado.Pensou, por malditos segundos, em pular dentro dele e ficar ali até o frio tirar-lhe a vida.Escutou uma voz vinda de alguns metros a adiante, os cabelos de sua nuca arrepiaram tamanho susto que tivera.A voz era feminina, e conhecida.Com cautela caminhou lentamente, a varinha na mão, pronta para qualquer eventualidade, não demorou muito para encontrar a origem da voz: Brighid.Escondida, a garota perambulada de um lado para o outro, dava a impressão de estar atordoada e sussurrava, como se conversasse com alguém que Gina não conseguia ver.


  “Eu tenho que parar com isso.Ele gosta dela, se eu tentar usar posso machucar alguém.”, dizia Brighid olhando para o nada.”Por favor, não me peça isso.Não é certo”, parecia prestes a chorar.”Como tem certeza daquilo que quero? Você nunca se deu ao trabalho de saber o que eu queria, nunca....Eu sei, eu o amo como nunca pensei amar um garoto em toda a minha vida, mas não quero que ele venha para mim assim.Eu não posso usá-los.Eu não posso.Penso que é melhor pedir ajuda a professora Lyra, e se eu perder o controle?Oh, céus o que faço.Me oriente, você disse que me orientaria!”


  Brighid caíra no chão, suas mãos seguravam com força o monte de terra e neve que arrancou do chão.Gina prendeu a respiração com medo que denunciasse sua posição, os olhos de Brighid iam ficando brancos e algumas folhas que teimavam ficar verdes morreram bem perto de Brighid.Menina recuperou sua compostura e levantou-se, estava decidida a fazer algo porque demonstrava firmeza no rosto.


  “É verdade.Sou a única que sabe o que é melhor para mim, ela tem tudo, e com certeza não é certa para o Harry.Eu sou certa para o Harry, estou livre e podemos ser felizes juntos.Somente eu entendo a dor que Harry sente, somente eu posso compreendê-lo.Se tirá-la do caminho, se ela se afastasse dele por alguns dias eu teria uma chance.Quem sabe...”


  Brighid saiu sorrateiramente de volta para o castelo.Gina esperou ela se afastar completamente para poder ir embora dali.Nunca sentira tanto medo de sua amiga como naquele momento, parecia estar conversando com uma pessoa invisível ou seria uma ilusão da sua cabeça?


  Ilusão ou não, Gina teria que pensar no que fazer, a quem dizer pois sentia que Arken estaria correndo perigo.Mas antes, teria que resolver seu problema com Draco, contudo, Gina desconhecia o fato de que ela não era a única a saber do perigo que Arken corria.Mestre Obi-wan estava a caminho.


  Na hora combinada, tomando cuidado para que ninguém a visse, Gina foi para a Sala Precisa.Deus três batidas, esperou dando novamente mais três batidas e a porta abriu-se.Ao entrar viu uma perfeita réplica de uma linda praia deserta.O sol iluminava um oceano azul-esverdeado, a grama incrivelmente verde estava úmida e as areias macias e brancas.


  -As praias do Brasil são assim nessa época do ano.É um perfeito lugar para se relaxar, eu fui lá uma vez com minha mãe.-disse Draco.


  O sonserino aproximou-se dela, trajava roupas leves e seu cabelo molhado junto com seu corpo, excessivamente branco, indicava que o loiro aproveitava o mar a sua frente.


  -Goyle está bem? Surgiu alguma complicação?


  -Não.Ontem, tentei o dia inteiro vê-lo, mas Madame Pomfrey não me deixou.Perguntava o motivo e ela desconversava, acabou me respondendo depois que eu vi o Harry na cama ardendo em febre.


  -Harry está doente? Rony e Hermione não me falaram nada.


  -Não é para a escola saber, tive que jurar não contar.Engraçado, anos atrás eu faria qualquer coisa para prejudicar Harry Potter, essa noticia na minha mão e eu espalharia pela escola inteira.Agora, não vejo prazer nenhum.Não vou contar nada.


  -Por quê?
  -Você não sabe?


  Draco aproximou dela devagarzinho, seu rosto percorreu o pescoço da ruiva beijando.Gina fechou os olhos, queria desvencilhar-se dele antes que fosse tarde, mas estava bom.Draco a beijou trazendo-a para mais junto dele, até Gina se afastar.


  -O que está havendo Gina? O que significa esse desprezo todo?


  -Significa muita coisa, Draco.Significa duvida, cansaço, medo.Tudo.


  Gina evitava olhar nos olhos de Draco, ou perderia a coragem.Apanhou uma rosa no chão atentando-se a ela enquanto falava com ele.


  -Até quando tenho de suportar sua pose de arrogância hein? Seus amigos me chamando de sangue-ruim, tentando me machucar e você nada de me defender!


  -Espere um momento Gina Wesley!Eu defendi você sim, eu empurrei Goyle e discuti com os meus melhores amigos por você!


  -Não me chame de Wesley!Me defender? Sinceramente pareceu que não suportava ser contrariado do que me defender.


  -O QUE QUERIA QUE EU FIZESSE GINA?


  -QUE ASSUMISSE QUE ME AMA, DRACO!QUE DISSESSE QUEM VOCE É DE VERDADE!


  -EU NÃO POSSO!OS MEUS PAIS...


  -E DAÍ? SEUS PAIS ESCOLHERAM UM CAMINHO, ESCOLHA O SEU!OU NÃO TEM CORAGEM?OU É FRACO DEMAIS!


 -NUNCA MAIS DIGA ISSO, GINEVRA MOLLY WESLEY!NUNCA MAIS SE ATREVA A DIZER QUE SOU FRACO, VOCE NÃO SABE  DE NADA DA MINHA VIDA!NADA!A CULPA É DAQUELA BRIGHID NÃO É!DAQUELA ESQUISITA DA BRIGHID!EU VI O QUE ELA FEZ COM O GOYLE, ESTÁ FAZENDO A SUA CABEÇA!


  -A CULPA NÃO É DELA, DRACO MALFOY!É DESSE MALDITO LORDE DAS TREVAS, DO SEU PAI, DOS MEUS PAIS, DE NÓS!


  -NÃO DE MIM, WESLEY!


  -JÁ DISSE PARA NÃO ME CHAMAR DE WESLEY!


  -ENTÃO NÃO ME CHAME DE MALFOY!


  Ambos pararam de gritar, ofegantes.Draco virou as costas, contemplava o céu agora repleto de nuvens negras.Gina caiu no chão, levou seu rosto às mãos.


  -Porque está fazendo isso comigo, Gina? Porque?


  -Nós dois, Draco.Eu não agüento mais esperar, não agüento mais te ignorar.Eu simplesmente não agüento mais nada.Essa maldita guerra!


  Gina desabou no choro, Draco sentou-se ao lado dela.Não sabia o que dizer, as palavras faltaram a sua boca, fugiram de sua mente.A verdade é que ele também estava cansado, também queria fugir, se esconder e esperar a guerra acabar.Tentou abraçar Gina, mas ela levantou-se, afastando-se dele.


  -É melhor terminarmos, Draco.


  -O que? Por favor, Gina!Não faça isso!


  -Não há outra escolha!Você não pode assumir quem de fato quer ser, e eu estou farta Draco de mentir.De te esperar, de ter que conviver com sua arrogância.


  -Por favor, Gina!Por favor!


 Agora era ele que chorava, Draco Malfoy, o sangue-puro intolerável, agora chorava desesperadamente.Agarrou-se em Gina, molhando o rosto da garota com sua lágrimas.Gina o recebeu que nem uma mãe recebe um filho em agonia, chorando junto com ele.


  -Você é o que mantém vivo, sóbrio.Eu suporto o inferno sabendo que te verei novamente, lembra!Por favor, Gina!Por favor!


  -É o melhor para nós dois!Draco, é o melhor para nós dois!Eu disse que não entendo, mas, eu entendo sim.Eu sei que você não pode assumir quem é para os seus pais, que Lucio te torturaria, ou até pior.Só que eu também não consigo mais continuar com essa mentira, nosso amor tem sobrevivido em meio a mentiras, e isso eu...não posso.


  Os dois pararam de chorar, no intimo, Gina sabia que Draco entendia.Assim como ela, a muito custo, também entendia que deviam fazer.Tomar essa distancia, não somente seguro para ele, principalmente para ela também.Nenhuma das duas famílias aceitaria o amor deles, não acreditariam na palavra que carregam no peito.A de que se amam.


  -Só me prometa uma coisa.-disse Draco após um longo tempo, a voz rouca.-Não namore ninguém, eu não suportaria te ver com algum garoto pelos cantos.Seria demais para suportar.


  -Eu prometo.Não namore nenhuma sonserina, eu também não suportaria te ver com elas, com aquela Pansy, por exemplo.


  -Nunca, Gina.Nunca.


  Gina saiu da sala correndo, sem olhar para trás, indo em direção para o primeiro banheiro feminino que encontrou, debulhando-se novamente em lágrimas.Por sorte, encontrou Hermione que molhava as mãos na pia de pedra.Sem dizer uma única palavra atirou-se nos braços da amiga aos prantos.


  -O que foi Gina?-perguntou Hermione aflita.


  -Eu terminei com ele, eu tive que terminar!Ah, Hermione!


  -Ah sim, infelizmente sabia que esse dia chegaria.Sinto muito Gina.


  Gina contara tudo para Hermione que ouvia atentamente, as duas estavam sentadas no banheiro de mármore, Hermione acabara contanto o que houve com Harry pois Gina lhe contara que Draco ficara sabendo da doença que Madame Pomfrey disse que Harry tinha.E depois também lhe dissera o episodio com Brighid.


  -Tem certeza disso Gina? Era a Brighid mesmo?


  -Claro que sim.Eu vi claramente, tem alguma coisa de muito ruim acontecendo com ela, como uma voz a persuadindo e acho que Arken corre perigo.Tenho certeza que Brighid gosta do Harry.Eu sei que Arken é uma cavaleira Jedi, e sabe se defender, mas será que saberá dos poderes que a Brighid tem?


  -Tem razão, Arken corre perigo.E o Harry também se ficar perto dela, pode machucá-lo.E pensar que sempre ralhei com Rony quando ele criticava o comportamento de Brighid.Que tola eu sou!


  -Você não contou sobre mim e Draco ao Rony, contou Hermione?


  -Claro que não, ele anda preocupado com a sua tristeza, mas eu despisto.Nem imagino o caos que seria se sua família descobrisse.Principalmente Rony sendo tão impulsivo, podia acontecer uma besteira.


  -Bom, obrigado de novo pela descrição e seus conselhos, Hermione.Você tem sido uma ótima amiga.


  -De nada, Gina.Sabe que pode contar comigo.


  As duas abraçaram-se e Gina rapidamente limpou os olhos, menos avermelhados agora.Depois lembrou-se do episodio com Brighid, e começou a sentir medo dela também.


  -O que faremos, Hermione? Se Brighid está sendo manipulada, então, ela pode fazer algum mal a Arken ou o Harry como você mesma falou.E se tentarmos conversar com ela pode acabar sobrando para nós duas também.


  -É verdade, Gina.De inicio não conte nada a ninguém, principalmente a Brighid de que descobriu sobre ela.Eu vou pensar no que fazer, prometo, mas até lá por nossa segurança não devemos contar nada pessoa alguma.


  -Tem razão, eu não contarei nada.


 


 


 


  Dumbledore encontrava-se em sua sala quando Lyra entrou.Já passara à hora do almoço, mas parecia que a professora de Defesa Contra as Artes das Trevas preferira caminhar pelos campos frios e congelados de Hogwarts.Usava uma grossa capa de frio, as maçãs do rosto levemente avermelhadas e seus cabelos soltos estavam repletos de flocos de neve, além de um tanto despenteados.Ao perceber o sorriso de Dumbledore, Lyra tentou ajeitar sua aparência com a varinha, mas quando a agitou seus cabelos continuaram despenteados e com mais flocos de neve e sua capa ainda mais úmida.


  -Ainda é a menina com os joelhos cheios de terra, Lyra.Por isso, gosto tanto de sua companhia.Lembra bastante o seu pai.-disse o diretor sorrindo.


  -Desculpe, Dumbledore.Eu nunca fui boa em feitiços de limpeza.Bem, e o Sr.Potter como está?


  -Perfeitamente bem, graças a Deus.Samuel chegou a tempo de salvá-lo.Infelizmente devia ter ouvido a senhorita e Minerva em relação à antipatia de Severo e Harry.


  -É tarde agora, só podemos agradecer por nada grave ter acontecido.Eu trago más noticias, Dumbledore.Aquilo que temíamos, se realizou.


  Como Lyra esperava, Dumbledore assumiu um ar melancólico com a noticia que  trouxera, de fato, ela própria não gostava de ser a portadora, porém, devido aos tempos sombrios precisava.


  -Eu andava pelos campos de Hogwarts, fazendo minha costumeira caminhada matinal quando vi, num determinado lugar afastado da escola um amontoado de terra batida com folhas mortas, o senhor sabe perfeitamente que sei quando uma coisa é habitual e outra causada por algo.Dá para sentir cheiro de magia negra Dumbledore, mesmo não sendo, ou melhor, não tendo as habilidades que eu tenho.Pois bem, usei minhas habilidades e vi o que aconteceu.Brighid caiu na tentação, há alguma coisa manipulando a mente dela e tendo aceitação.Cheguei tarde demais, esperei ganhar a confiança dela tarde demais.Merlin, o que Brighid fez na minha sala naquele dia....eu ainda me arrepio quando me lembro.Há uma força maligna manipulando sua mente, tenho certeza.


  Calou-se, esperando o diretor dizer sua opinião.Contudo, Dumbledore nada fez, exceto olhar para o vago, seus dedos brancos e longos percorriam carinhosamente a barba branca.A expressão melancólica deu lugar a uma calmaria, impressionando Lyra.


  -Sua calma me assusta, Dumbledore.


  -Ah, são as experiências que a vida traz aos velhos, minha cara.A única coisa incrivelmente boa em  envelhecer.Estou preocupado sim, achei, por felizes meses que Brighid se daria conta das ciladas que evidentemente se postariam a sua frente com passar dos dias e o conhecimento que ia adquirir, me enganei.Brighid passou a vida inteira buscando aceitação de sua natureza, aceitação de sua mãe, dos seus colegas da escola, e agora, suponho eu, que continua buscando isso.


  -Mas o que faz ela aceitar ser manipulada? Ouvir o que lhe trará mal? Eu mostrei a visão dos outro mundo a ela, em minha primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, esperava que ela reconhecesse a minha voz quando falasse comigo, que me perguntasse sobre o que viu, mas não, Brighid nada fez.Nem de longe lembra o pai que teve!


  -Aconselho a não dizer esta última frase aquela menina, Lyra.Sabe perfeitamente bem, que Brighid fora privada da convivência com seu pai.Talvez ela tivesse recusado qualquer oferta manipuladora se o pai a tivesse ensinado sobre o poder que tem.


  -Eu sei, desculpe.Eu me descontrolei, ela pode machucar mais alguém.É disso que tenho medo, e dessa vez ser por ela realmente querer.Temos que fazer alguma coisa, Dumbledore.


  -E faremos, Lyra.Agora mesmo.


  A porta da diretoria se abriu e por ela entrou  Mestre Obi-wan.O cavaleiro Jedi estava diferente agora, mais robusto e expandia uma aura brilhante por onde passava, seus olhos mais azuis e a barba maior.Ele se aproximou e apertou a mão de Dumbledore, em seguida, a de Lyra.


  -Este é Mestre Obi-wan Kenobi, exímio cavaleiro Jedi.Está a serviço da Ordem da Fênix.


  -É um prazer imenso conhecê-lo,  Sr.Kenobi.-cumprimentou Lyra.


  -O prazer é todo meu, Srta.Bass.-respondeu Obi-wan cordialmente.


  -É bom vê-lo novamente, meu caro amigo.E sentir que seus novos ensinamentos o amadureceram ainda mais.-disse Dumbledore.


  -Obrigado, o início é sempre difícil.Como tudo em nossas vidas o é, senti falta de minha padawan, porém, era necessária nossa separação para um novo reencontro e o meu exílio me tornou mais forte, e devo dizer, mais sábio.


  -Mestre Kenobi tem sido de excelente ajuda para nós, Lyra, ele é o elo essencial para comunicar-nos com Samuel.Sem ajuda dele, não teríamos o diário, as pistas que ajudaram a descobrir os últimos lugares que Voldemort atacou, e o seu esconderijo que fora na Amazônia, devo acrescentar que é uma floresta incrível.


  -Obrigado, Dumbledore, mas eu só cumpri o meu dever.As ervas que precisei tomar para chegar ao nível que permitia conversar e ver Samuel me deixaram magro e um tanto desnorteado, porém, são de grandes fontes de energia e vitaminas, após me acostumar com o uso delas acabei ficando forte, como agora.


  -Soube do que aconteceu a Harry Potter?-perguntou Lyra.


  -Sim, Srta.Bass.Eu soube do perigo pelo qual Harry escapou, foi mais do que sorte.Destino.Como anda Brighid?


  -Eu devo dizer que ela está cedendo às paixões, infelizmente.-disse Dumbledore com um olhar triste.


  -Eu posso imaginar.-respondeu Obi-wan, sério.


  Dumbledore contou o episódio do acidente com Goyle no Salgueiro Lutador, e pediu que Lyra terminasse de contar o que houve entre ela e Lyra em sua sala e o ocorrido agora nos campos da escola.


  -Mas como a senhorita soube do que se passou lá?-perguntou o Jedi curioso.


  -Bem, eu tenho a habilidade de saber dos eventos que se passaram quando toco em algum objeto.Sou capaz de dizer o passado com extrema exatidão, sem conhecer nada das pessoas envolvidas, apenas tocando nos objetos delas.E também possuo algumas habilidades mentais, dignas do meu povo.


  -Interessante.Realmente interessante.Eu sei muito sobre a história dos seus antepassados, Samuel me contou.


  -Suponho que soubesse.Minha família é parenta dos Mellin, conheci o pai de Brighid.Éramos amigos, lamentei e ainda lamento a morte dele.


  -Vamos direto aos assuntos mais importantes, e permitir que os mortos recebam o descanso pelo qual merecem.Não é ao acaso que se encontram aqui as pessoas que darão o nosso horizonte do futuro.-disse Dumbledore.-Lyra, mestre Obi-wan não veio aqui por acaso, existe uma pessoa a quem precisamos recorrer para nos ajudar.E você pode nos facilitar o encontro dizendo a localização dele.


  Os olhos de Lyra emudeceram.Ela encarou os atônita, esperando que dissessem se tratar de alguma brincadeira, e de puro mau gosto.Porém ninguém falara nada.


  -Eu não falo com ele há anos.Não sei onde está.-respondeu com a voz seca.


  -Sabe, Lyra, no fundo, você ainda sabe onde seu pai está.Precisamos da ajuda dele, agora mais do que nunca.


  -Como pode ter certeza de que ele sabe das coisas? Para mim ele nunca soube, Dumbledore, quando abandonou a mim e a minha mãe por causa de um maldito chamado do qual só pode ter sido obra de sua mente desequilibrada.


  -Não é verdade, minha querida,e sabe disso.Do mesmo modo como sabe onde ele está agora.Seu pai é um dos homens mais corajosos que conheci, e é preciso coragem para abandonar tudo o que se tem e viver como um mendigo em busca de iluminação.Ele não deixou você e sua mãe desamparadas financeiramente, cada um busca a sua felicidade, Lyra.-disse Dumbledore.


  -Somente Hidra pode nos ajudar, Srta.Bass, por favor.E só a senhorita é capaz de indicar o caminho até ele.-disse Obi-wan encostando carinhosamente sua mão no ombro de Lyra.


  -Está bem, no fundo eu sei que é por uma causa merecida.Da última vez que o vi foi em Punjab, Índia.


  -Ah sim, era de se esperar que fosse para lá.-concordou Dumbledore.-Da última vez que nos vimos foi no enterro de sua mãe e cinco irmãos, que eram de lá.Nada como a terra natal.Obrigado Lyra, é importante encontrarmos.


  -Eu sei, Dumbledore.Eu sei.


  -Fez a coisa certa, Srta.Bass.Fez a coisa certa.-disse Obi-wan.-E onde está minha aprendiz, Dumbledore?


  -Minha intuição me diz que ela está acabando de entrar em minha sala.-respondeu o diretor sorrindo.


  E acertou em cheio.Segundos depois bateram na porta e Dumbledore acenou com a varinha para que esta se abrisse, e a silhueta de Arken apareceu.Ao ver o seu mestre, ela estendeu o seu melhor sorriso e correu para os braços dele que a abraçou carinhosamente.


  -Eu senti sua presença mestre, sabia que não estava errada!


  -Sua percepção nunca esteve, minha padawan, continua certeira como sempre.-respondeu Obi-wan beijando a testa de sua aprendiz.-Como senti sua falta, Arken.


  -E eu a sua, mestre.


  -Bom dia, professor Dumbledore!E professora Lyra Bass!


  -Bom dia, Arken.-respondeu Lyra sorrindo.


  - Meu Deus, eu entrei assim sem perguntar ao menos se podia.-confessou Arken envergonhada.


  -Não se atenha a isso, Arken.Merece ver o seu mestre, e tem todo o direito de mostrar o carinho que sente por ele em minha sala.Bom, suponho que o meu caro amigo queira contar sua próxima missão e dessa vez terá uma bela ajuda.Estou certo, Obi-wan?-perguntou Dumbledore.


  -Está completamente certo, chega dessa longa ausência.De volta aos velhos tempos.


  -Eu não estou entendendo.-disse Arken olhando para Dumbledore e Obi-wan.


  -Entenderá, querida.-respondeu Obi-wan.-Vamos, há muito que conversar.


  Mestre Obi-wan e Arken passaram a tarde toda juntos, conversaram sobre várias assuntos referente ao que fizeram enquanto separados.Obi-wan contara percorrer praticamente o mundo inteiro procurando pistas, vasculhando monumentos antigos, e passaram meses solitário nas montanhas áridas de Jerusalém num ritual de purificação, comendo ervas que o possibilitavam ver e conversar com Samuel.


  -Como não sou médium tive que comer certas ervas que produziam efeitos alucinógenos em minha mente, a diferença que o que eu via era real.Conversava realmente com Samuel.Foi ele que me indicou onde escondeu o diário, e de prováveis pistas do paradeiro da Arca, tive que tomar cuidado com os Comensais que me seguiam aonde quer que eu fosse.Estavam em todos os lugares, era difícil ficar em paz.-comentou Obi-wan.


  -Porque o senhor sumiu como fez?Eu o procurei em todos os lugares, lia febrilmente os jornais procurando qualquer coisa que o...


  -Fiz o que tive de fazer, Arken Éowyn.Da última que nos encontramos queria ter lhe dito tudo isso, mas eu não podia, há muitos mistérios que também não posso falar.Não agora, ainda não.


  Seu semblante mudara.Mestre Obi-wan tentou disfarçar, mas era óbvio que uma preocupação o afligia.O medo de algo do futuro o amedrontava.Em todos os anos de convivência com seu mestre, Arken jamais o vira assim, pálido e amedrontado.


  -O que há mestre? Porque o senhor nunca me diz a verdade? Porque nunca confia em mim?


  -Eu confio minha vida a você, Arken Éowyn.Tem sido um filha para mim, uma luz na qual que me refugio quando estou com medo.


  -Nunca pensei que o senhor sentisse medo, mestre.


  -Mas eu tenho, todos nós temos.Até os cavaleiros Jedi, porque somos acima de tudo humanos.Na hora certa, eu contarei a você tudo o que precisa saber.Por hora, peço que venha comigo numa viagem.


  -Viagem?


  -Sim, uma missão como nos velhos tempos.Há Punjab, na Índia.


  -Claro, mestre.Será um prazer acompanhá-lo.


  Mestre Obi-wan contou tudo, e do motivo que procurarem tal homem, pai de Lyra.Seu nome é Hidrash, um indiano que  casara-se com a mãe de Lyra, descendente dos Mellin e irmã do pai de Brighid, Amyr Mellin.Homem generoso, humilde e rico, ajudava a qualquer criatura que lhe pedisse.Diziam que Hidrash tinha o poder de saber de todos os segredos do mundo, qualquer coisa que lhe perguntassem, o homem fechava os olhos por minutos, ás vezes horas, e respondia.


  As pessoas falavam que Hidrash era pobre no começo, morava num casa de barro e terra batida com sua mãe e mais cinco irmãos mais velhos.Uma vez, um rajá rico e poderoso sofreu um atentado que lhe roubaram sua única filha.O homem desesperado por encontrá-la prometeu entregar uma fortuna aquele que a encontrasse.Hidrash foi até o rajá e pediu que lhe entregasse um tecido que pertencesse a filha do homem.A policia riu da cara de Hidrash, porém, ele manteve-se inflexível e prometeu acertar e descobrir o paradeiro da menina.O rajá, a esta altura tomado de desespero entregou a Hidrash, com seus apenas dez anos de idade, o tecido.Ele cheirou, tocou fechando os olhos; rodou como um peão parando, de subido.O menino não somente descreveu o lugar, como também os homens que a prenderam e para onde pretendiam levá-la.Após resgatarem a jovem, o rajá cumpriu sua palavra deixando a família de Hidrash rica.


  Porém, quando o menino tornou-se homem, com seus vinte anos de idade.Um ataque terrorista matou sua mãe e os cinco irmãos.Hidrash saiu da Índia e somente voltou já velho para ser um mendigo pelas ruas de sua cidade natal.Abandonou mulher e filha em busca da iluminação de Buda.


  -É uma historia triste.Porque o senhor acha que esse homem pode ajudar a Ordem?


  -Ele tem o dom de ver além do escuro, do que está escondido.Pode dizer o que contém o pergaminho e quem sabe onde está a Arca.


  -Acha que Voldemort sabe do paradeiro dele?


  -Torço para que não.


 


 


  Já era tarde quando finalmente Harry deixou a enfermaria, Goyle dava sinais de melhora.Parecia mais abobalhado do que antes, porém, falava e se alimentava.Sequer notou a presença de Harry enquanto o menino terminava de calçar seus sapatos e Madame Pomfrey o terminava de examinar.


  -Eu estou bem, Madame Pomfrey.


  -Um pouco mais de certeza não custará nada, meu rapaz.Bem, estou vendo que está em condições de ir.


  Rony e Hermione vieram e os três saíram da Ala Hospitalar.Harry, um tanto desapontado por Arken não ter aparecido, tentou não perguntar por ela.Escutou Hermione falar das aulas, e de Rony comentar pela enésima vez o quanto Goyle estava mais idiota do que antes.


 -Viram Arken?-finalmente perguntou Harry.


 -Ah...bem, nós vimos sim.-respondeu Hermione.-Tenho certeza que ela queria vir, mas mestre Obi-wan voltou.Eles tem passado bastante tempo conversando.


  Harry não disse nada.Então era assim, ele quase morre e basta um cavaleiro Jedi aparecer para Arken esquecer-se dele por completo.Pensou que ela estaria ali, quando saísse da Ala Hospitalar, mas optou pelo seu mestre Jedi.Seria sempre daquela forma, não importa o quanto tempo passassem juntos ela sempre voltaria para Obi-wan.Sentiu uma profunda raiva, todos esses meses que Arken estivera ao seu lado, passaram minutos juntos, escondidos, tudo isso não importava? Porque não podia deixar Obi-wan esperando e ir vê-lo, para depois dar a atenção a ele.


  -Eles tem muito que conversar, cara.-comentou Rony no jantar para Harry.-Quer dizer, ele deve muita explicação a ela, talvez estejam colocando os pingos nos “is”, como diz a minha mãe.


  -Rony tem razão.Com certeza, ela irá falar com você.-concordou Hermione.


  -Depois do Obi-wan, sempre depois do Obi-wan.-respondeu Harry para si mesmo.


  Percebeu a entrada discreta de Arken, e mestre Obi-wan.Ele estava forte, e um tanto velho também.A barba maior e os olhos azuis tão brilhantes quanto da ultima vez que os vira, ele estava feliz e Arken também.Jantaram perto de Hagrid no Salão Principal.Harry fingiu não notar a presença deles, embora toda a escola praticamente comentasse a visita ilustre, e não ousou olhar para Arken quando se caminhou junto com Rony e Hermione para fora do Salão.


  -Arken quer falar com você, Harry.-falou Hermione chegando junto dele no Salão Comunal.


  Ele e Rony estavam sentados nas confortáveis almofadas perto da lareira, Harry escrevia os assuntos que perdera nas aulas daquele dia, e Rony tentava copiar o trabalho de poções de Hermione.


  -Ouviu o que eu disse?Arken está lá fora, quer conversar com você!


  -Eu estou ocupado Hermione, tenho esses deveres para fazer.Não é você que sempre reclama porque não faço dos deveres de casa.-ironizou Harry sem sucesso.


  -Harry pára com isso.Eu sei que está com raiva, mas precisa falar com ela e escutar a versão que tem a dizer antes de criticá-la.Arken é sensata, tenho certeza que tem um bom motivo.


  -Anda Harry.Seu mau humor vai piorar senão escutá-la.-concordou Rony.


  O quadro da mulher gorda abriu e Harry saiu encontrando Arken no fim do corredor.De fato, ela parecia mais feliz, radiante, e Harry pensou, amargamente, que talvez jamais a tivesse visto daquele jeito por causa dele.


  -Eu te peço desculpas por não ter ido vê-lo hoje de tarde.É que, bem, mestre Obi-wan voltou e tínhamos muito que conversar.


  -Rony e Hermione me falaram.-respondeu Harry, seco.


  Caminharam por um tempo, poucas pessoas andavam pelos corredores aquela hora.Decidiram procurar uma sala vazia e distante dos olhares furtivos de Madame Norra e Filch.Ali, dentro de uma sala vazia e empoeirada, cercadas de carteiras com teias de aranha, Arken quis abraçá-lo, mas Harry sentou-se disfarçando não notar o gesto dela.


  -Eu sei que está decepcionado comigo, mas entenda que eu tinha que falar com mestre.


  -Ele está bem?


  -Sim.Bom, eu tenho que viajar sabe, mestre Obi-wan pediu que fosse com ele procurar uma pisa sobre um homem...


  -Vai viajar? Por que ele não pode viajar sozinho?


  -Eu ainda sou uma aprendiz Jedi, e preciso ir as missões com o meu mestre.Além dos mais ele me parece ter passado por tanta coisa que eu...


  -E eu não, Arken? Eu não passei por muita coisa?


  Ele não encarou os olhos dela, sabia que perderia a coragem de falar o que estava remoendo suas entranhas se olhasse para os olhos dela.Optou por uma mosca morta no chão de pedra.


  -Eu não quis dizer isso, Harry.Talvez não entenda, mas eu...


  -Realmente eu não entendo.Estamos juntos há tanto tempo, e ele some e não dá noticias, você procura por ele e nada, então, sem esperar ele aparece daquela vez e some de novo, e depois de tudo isso você ainda prefere ficar com ele do que comigo.


  -Ele é o meu mentor!


  -E você é minha namorada!Pelo menos eu acho que é!


  Olhou para ela, e a viu com o rosto vermelho.Talvez de surpresa, talvez de indignação.Arken respirava demoradamente, como que desacreditando daquelas palavras.


  -Harry, eu sei que está com raiva, por favor, me entenda.Eu estou aqui, eu vi te ver.Só não fui antes que precisava conversar com ele.Há uma missão que preciso cumprir por causa da Ordem, sou uma Cavaleira Jedi lembra?


  -Infelizmente eu lembro sim, e queria que você não fosse.!Eu estou cansado de esconder o que temos, de você sumir e eu não saber onde está, de precisar de você e não te ter!Eu queria você hoje de tarde junto com os meus dois melhores amigos, eu quase morri, esqueceu!Pra que? Para Obi-wan vir e você me esquecer, para ficar para trás!Droga!


  Chutou uma carteira vazia, lamentando-se por causa da dor que sentiu na ponta do pé.Escutou os soluços de Arken, o que não ajudava a aliviar a sensação estranha que sentia e o incomodava.


  -Não faça isso, Harry.Não faça o que sinto que quer fazer, você sabe que eu não posso!


  Harry não respondeu, não queria verdadeiramente dizer para ela escolher.Temia ouvir a resposta, temia ouvi-la dizer que escolhia seu mestre, que escolhia continuar sendo uma cavaleira Jedi, de eles terminarem o romance que tinham.


  -Eu preciso ir a essa missão com mestre Obi-wan, por favor, me entenda.É importante para Ordem, para acabar com toda essa guerra.Amanha nos conversamos melhor.


  -Talvez eu não espere, Arken.-disse saindo sem olhar para Arken.

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