Baile de Ano Novo
- Quer dizer que... – disse Gina saindo do banho.
- Harry fez as pazes com Sara... – disse Hermione colocando a calça Jeans.
- Pelo menos ele vai estar de bom humor quando a temporada de quadribol voltar... – disse Gina sorrindo.
- Quem vai estar de bom humor? – disse Sara entrando no dormitório.
- Anda Sara, me conta tudo com detalhes... – falou Gina pegando Sara pelo braço e a levando até sua cama. – o que foi que Harry fez?
- Como assim? – perguntou Sara sem entender.
- Ora? como ele pediu perdão... ele ajoelhou, pegou sua mão.... ele fez o quê afinal?
- Ele esperou eu sair da sala da minha tia e quando eu passava pelo corredor dos feitiços ele me puxou para uma sala vazia e me beijou... – respondeu Sara sorrindo.
- Não! o Harry fez isso? – disse Gina espantada.
- Eu não disse? – falou Hermione agora se sentando na cama da frente – Queria que Rony agisse assim às vezes...
- Meu irmão é meio tapado... – respondeu Gina – Aliás eu... sempre achei que Harry tivesse um pouco disso também...
- Harry está muito mudado... – disse Sara – Mas dá pra parar de falar nisso? Estou é preocupada, por que com o Ministério fechando Hogsmade não tenho como comprar uma fantasia para o baile...
- Isso não é problema, podemos arrumar alguma coisa emprestada das garotas... – disse Hermione sorrindo – fique tranqüila quanto a isso...
Harry levantou naquela manhã se sentindo muito bem, talvez ter feito às pazes com Sara tivesse ajudado e muito no seu humor, sem falar que depois daquele baile teriam que cumprir detenção. Mas fora esses 7 dias de detenção agüentando Filch, Harry estava praticamente “De bem com a vida”. Não sentira sua cicatriz arder, e fazia um bom tempo que não sentia absolutamente nada, à não ser ter os costumeiros sonhos confusos que andava tendo. Foi até o banheiro, tomou um banho rápido e decidiu ir tomar seu café da manhã. Rony não estava mais nos dormitórios então, era possível que tivesse passado no dormitório feminino para pegar Hermione. Ao sair viu a porta do vestiário feminino fechada, então olhou para baixo e viu os cabelos ruivos de Rony sobre o sofá.
- Bom dia... – disse Rony o vendo descer as escadas – Está preparado para o baile de amanhã?
- Preparado... pode-se dizer que estou... – disse Harry vendo Rony se levantando – onde estão as garotas?
- Foram falar com a professora Minerva, precisam comprar as fantasias para o baile... – respondeu ele – vamos tomar café?
- Como assim comprar fantasias? Não é apenas um baile?
- Não Harry, é um baile à fantasia... achei que você soubesse – disse Rony encarando Harry surpreso.
- Cara, to perdido... – disse Harry – vou ter que pedir pra McGonagall se tem como liberar as visitas a Hogsmade, ou então vou ter que ir fantasiado de eu mesmo nesse baile....
- Sabe, até que não seria má idéia, pelo menos não gastaríamos tanto dinheiro nesse tipo de coisa... – respondeu Rony enquanto desciam os degraus das escadas para o salão principal.
- Você vai com quê fantasia? – perguntou Harry a Rony.
- Ainda não sei, Hermione ficou de comprar uma pra mim... – respondeu o garoto com as orelhas começando a ficar vermelhas – sabe como é... garotas tem mais jeito com isso...
Harry desejou muito ter conversado com Sara para ela comprar para ele alguma coisa, mas pelo que ele havia percebido, nem ela deveria ter tido chance de comprar algo já que todas as lojas de Hogsmade haviam sido fechadas. Quando passavam pelo saguão de entrada, Harry e Rony foram praticamente bloqueados, não era por Malfoy, mas por Parkinson que praticamente grudou no pescoço do garoto lhe dando um beijo. Harry não soube o que fazer e muito menos conseguiu pensar, olhou para Rony e empurrou Pansy com força e começou a limpar seus lábios.
- O que foi Potter? Não gostou?
- Foi o mesmo que sentir o gosto de jiló... – respondeu o garoto procurando algo nos bolsos e então viu Sara parada diante da porta juntamente com Hermione.
- Ah... entendi... é por causa da McGonagall não é? Mas ela não quer mais nem saber de você então... decidi te dar uma chance ... – respondeu Pansy praticamente se jogando sobre Harry.
O garoto ficou estático, não sabia se falava com Sara ou saída dali e jogava a sonserina direto para fora de seu alcance. Rony o encarava também sem saber o que fazer, enquanto Sara correspondia o olhar desafiador de Pansy. Ao olhar para as escadas, Harry notou Malfoy parado na porta juntamente com seus gorilas apenas rindo e esperando que algo acontecesse.
- Que peninha não? – disse Malfoy com um sorriso cínico – Perder o namorado Grifinório para uma sonserina... tsc, tsc, tsc...
- Por que não vai enfiar essa sua cabeça de palha em algum outro lugar Malfoy... – disse Rony perdendo a calma.
- E por que você não vem tentar ... – respondeu Malfoy.
- Não vê que está sobrando? – disse Pansy olhando diretamente para Sara que não expressava reação nenhuma, Harry estranhou esse comportamento de sua namorada, geralmente ela era impulsiva e dificilmente ouvia as coisas sem tomar alguma atitude.
Não satisfeita por não ter tirado Sara do sério, a garota sonserina foi até ela e a encarando disse : - Sei que não estão mais juntos... e me alegro muito...
Sara cerrou os punhos e fuzilou o olhar negro de Pansy com os seus.
- Não vai dizer nada? - disse Pansy abrindo um sorriso cínico - Olha só... Sara McGonagall ficou sem palavras...
- Ao contrário, só tenho duas coisas para você... – disse Sara a encarando, quando Pansy virou para ela, Sara lhe deu um soco no lado esquerdo do rosto fazendo a garota cair sentada no chão. – Pra sua informação Potter e eu estamos mais juntos do que nunca... Pit Parkinson... e se a ver colocando essas patinhas em cima do meu namorado... não vai sobrar nada seu pra contar a história.
- Você me paga McGonagall... Minerva vai ficar sabendo disso... – respondeu a garota sendo amparada por Emília Bulstrode e um dos gorilas de Draco.
- Por que não tenta fazer as coisas sozinha pra variar... sem colocar professores no meio... – disse Hermione estufando o peito.
- Por que não se mete com os seus amigos sangue ruins e deixa os sangues puro longe dos seus comentários Granger!! – gritou Emília enquanto segurava Pansy que estava se levantando.
- Parkinson não tem coragem... – disse Rony tentando segurar a namorada que partiria para cima de Emília se ela conseguisse - ... assim como qualquer sonserino...
- Ninguém te chamou para a conversa Weasley... – vociferou Malfoy andando até Pansy.
- Então controla sua namorada se não quiser que ela fique com o outro olho roxo... – disse Sara.
- Garotas... Garotas... – ouviram uma voz vinda do salão principal – O que é que está acontecendo aqui?
- McGonagall!!! – gritou Pansy – Ela me agrediu!!!
- Por que você a provocou... – completou Hermione – Professora Sinistra... Parkinson provocou...
- Acho que é melhor irem tomar seu café... – disse a professora encarando o grupo de alunos e ignorando o protesto da aluna sonserina. – Não precisamos incomodar a Diretora Minerva que está ocupadíssima... não é mesmo? Agora... apresentarei suas queixas Srta, Parkinson... assim como as da Srta. McGonagall e Granger... vamos...
Antes de entrarem no salão principal Parkinson ainda lançou um olhar de que aquela era apenas uma batalha e de que a guerra iria durar muito.
Seguiram para a mesa da Grifinória, porém nem Sara e muito menos Hermione tocaram se quer na comida. O que chamou a atenção de Harry.
- Se continuarem comendo assim não vai sobrar nada pra nós... – disse ele sorrindo para Sara e Hermione que apenas encaravam a mesa da Sonserina.
- E quem é que tem estômago para comer depois de ver a cara de vítima da PitParkinson... – disse Sara sem desviar o olhar do seu alvo. – Mas o que ela queria com você afinal?
- Como é que eu vou saber? – disse Harry olhando para a garota – Você não ouviu o que ela disse, talvez achasse que não estávamos mais namorando....
- E desde quando um sonserino... principalmente a “namorada” de Malfoy se interessa romanticamente por um Grifinório... – disse Hermione dando um olhar fulminante para o garoto – Ah me poupe Harry, está na cara que ela estava tramando alguma coisa...
- Vocês viram a cara de deboche do Malfoy? – perguntou Sara – Não só Parkinson estava tramando alguma coisa mas tenho certeza de que aquela corja Sonserina estava querendo aprontar alguma...
- E quando é que eles não fazem isso? – disse Rony com um pedaço enorme de pastelão de carne na boca .
- Pelo amor de Deus, Rony, não fale com a boca cheia... – disse Hermione girando os olhos nas órbitas.
- Ah quer parar de falar como minha mãe Hermione... – rosnou Rony terminando de engolir o pastelão – Como eu ia dizendo... não existe um só sonserino que não planeje acabar com a gente, ou melhor... desde nosso primeiro ano aqui a Grifinória vem vencendo os sonserinos...
- Desde que Harry chegou a Hogwarts você quis dizer... – disse Sara encarando os dois - ... por alguma razão, Harry parece ser uma “ameaça” constante para os sonserinos... mais especificamente para Malfoy.
- Concordo com Sara... – disse Hermione – e depois daquilo que Pansy lhe disse de que Harry não duraria muito...
- Que negócio é esse de que Harry não duraria muito... – perguntou Rony – do que é que vocês estão falando?
- Naquele dia em que Cooper se desentendeu com vocês... encontrei Pansy e ela me disse que não era para me preocupar, pois Harry não duraria muito, talvez ela já soubesse que iríamos atrás do sinistro em Hogsmade...
- Mas como ela poderia saber que Harry faria isso? – perguntou Rony enquanto Harry apenas a encarava.
- Talvez por que ela soubesse que era uma cilada... – disse Harry olhando para eles – Narcisa Malfoy não foi vista em Hogsmade? Ela pode muito bem ter comentado algo com Malfoy... e ele falado com Pansy...
- Mas por que Malfoy falaria alguma coisa com a Parkinson? – perguntou Hermione encarando todos - ... pensem, Pansy não tem inteligência suficiente para ajuda-los... se é que eles quiseram pegá-lo Harry...
- É como eu disse a vocês... – respondeu o garoto passando o braço por trás de Sara – Malfoy deve ter tentado aproximar Pansy de mim por que suspeitava que Voldemort estava tentando me controlar... com isso, me levando para o lado da Sonserina, talvez ele descobrisse algo, ou onde estaria Dumbledore. O que não entendo é... vi um vulto naquele dia em que aquele balaço acertou Sara, mas não entendo quem poderia ter liberado aquela bola.
- Espera aí, temos que ir por partes... – disse Hermione – Só Hooch e os capitães tem acesso ao material, ou seja, o capitão da sonserina, Malfoy pode ter tentado te tirar do jogo... isso não é muito difícil... agora no caso do Sinistro, já sabemos que o boato foi para tentarem pegar o Harry, e que com certeza a mãe do Draco está no meio... mas o que isso teria a ver com o roubo daquele livro?
- Serviria para desviar a atenção de Dumbledore e da Ordem... – disse Harry encarando os três.
- Claro... Todos ficariam tão preocupados vigiando Harry para que não seguisse os passos do Sinistro que esqueceriam do tal livro no museu... – disse Sara – agora ... o que Voldemort iria querer com esse livro?
- E é isso que temos que descobrir... - disse Harry.
Durante toda a manhã daquele sábado, os alunos puderam observar os preparativos para a tão famosa e comentada festa de ano novo. O teto do salão principal estava enfeitiçado como sempre, mas não mostrava o céu cinzento e escuro do lado de fora, e sim um belo céu iluminado e límpido. Hermione e Sara estavam andando pelos corredores e acabaram achando o professor Flitwick que tentava arrastar um imenso pacote.
- Precisa de ajuda professor? – perguntou Hermione pegando o pacote.
- Oh! Obrigado Srta. Granger... – disse ele sorrindo – Se eu pudesse usar feitiços nesse pacote eu não precisaria de ajuda... mas agradeço.... podem deixa-lo ali sobre a mesa...
- Isso não tem nada a ver com a loja de Logros dos Gêmeos Weasley... tem? – perguntou Hermione, Jorge falara a mesma coisa quando estavam na toca.
- É uma surpresa... – disse o professor com a voz esganiçada.
Dizendo isso o homenzinho seguiu correndo atravessando o salão principal para a enorme porta na outra extremidade do salão. Hermione não pôde deixar de notar os belos arranjos de flores com cores berrantes e as pequenas fadas que elevavam as guirlandas em cada ponto das mesas.
- O que fazem aqui??? – perguntou Hagrid que estava carregando um enorme pinheiro.
- Ajudamos o professor ... – tentou dizer Sara mas Hagrid já havia praticamente empurrado as duas garotas para fora do salão e fechava a porta atrás de si.
- Desculpem o mau jeito senhoritas, mas tudo o que tem aqui é uma surpresa... – disse o gigante sorrindo abertamente – só poderão ver na hora da festa.
- E por que você trouxe outra árvore de natal Hagrid? – perguntou Hermione ajeitando a capa que estava completamente desalinhada – O que aconteceu com a outra?
- Bem, nenhuma planta está mais resistindo... – disse o gigante desanimado – digo, tem alguma lesma ou outra espécie de fungo que suga toda a vida das plantas do castelo... já é a terceira árvore de natal que trago para o salão principal essa semana... mas, nada com que devam se preocupar... é só um problema de vitaminas...
O Gigante deu mais uma boa olhada para as duas garotas e sorriu apoiando suas mãos na enorme barriga. - Bem, tenho coisas a fazer... e preciso me apressar... as vejo no jantar...
- Foi só eu ou Hagrid estava um pouco estranho... – disse Sara agora olhando para Hermione.
- Não... também percebi que ele tinha algo estranho... o problema é que não consigo imaginar o que pode ser... – disse Hermione.
- Será que tem a ver com o irmão dele? – perguntou Sara.
- Da última vez que fiquei sabendo sobre aquele meio irmão, estava a serviço de Dumbledore também... – respondeu Hermione – Só não me peça o que por que ninguém sabe nada sobre o Grawp...
- E aí garotas... – elas ouviram no fim do corredor – Até que enfim encontrei você McGonagall, estou lhe procurando há dias...
- Desculpe Cooper, mas tenho andado muito ocupada ultimamente... – disse Sara já pegando no braço de Hermione. - ... e acabei de me lembrar que tenho algo muito importante para fazer na torre...
- Não pense que irá escapar de uma dança comigo essa noite... – disse Cooper com um sorriso cínico que fez Hermione parar e o encara-lo.
- Só por curiosidade Cooper, quando seu pai assumiu o Ministério?
- Faz um mês... por quê? - respondeu o garoto.
- É que de acordo com a Rita Skeeter... não existe mais um Ministro da Magia... e sim um Conselho de Bruxos no Ministério...- respondeu Hermione vendo a expressão do rosto do garoto mudar de repente.
- Vamos Hermione... – disse Sara a arrastando de lá – Temos que nos arrumar para o baile.
Já passava das 8 horas quando Harry e Rony desceram para o salão comunal, haviam passado o dia todo montado nas vassouras treinando passes e defesas na nova vassoura que Rony conseguira com muito esforço dos seus irmãos.
- Que mal lhe pergunte Ron... que fantasia é essa? – disse Harry descendo as escadas e encarando o amigo que estava sentado diante da lareira.
- E como é que eu vou saber... – respondeu o garoto se coçando – Hermione me trouxe e me entregou dizendo que era uma fantasia histórica... mais me sinto um verdadeiro imbecil com esse vestido...
- É uma toga Ron... – disse Hermione descendo, estava vestida elegantemente de Cleópatra – é uma figura bastante popular da história Trouxa sabia... você foi ao Egito, devia saber...
- Lá vem você de novo com essa história... – murmurou Rony coçando a cabeça que estava enfeitada com um ramo verde. – Pelo menos podia aliviar e tirar essa coisa humilhante da minha cabeça...
- Não existe Cleópatra sem o Júlio César... – retorquiu Hermione agora ajeitando a “coroa” sobre a cabeça do garoto. – E você Harry... não vai vestir sua fantasia?
- Não tenho nenhuma... – disse ele jogando-se no sofá – Estava pensando se poderia ir fantasiado de eu mesmo...
- Ótima idéia... – disse Rony agora coçando o peito – acho melhor eu ir fantasiado de Rony Weasley... é menos embaraçoso do que ir de Túlio sei lá o quê...
- É Júlio, Júlio César... e você não vai mudar de roupa Ronald Weasley... – falou Hermione colocando um ponto final na história.
- Ih... meu nome completo.... – sussurrou Rony a Harry - ... melhor não contrariar...
- ... Tem algo pra você lá em cima se não notou, Harry.. – disse Hermione ajeitando seu arco com uma serpente - ... Professora Minerva mandou Hagrid buscar algumas fantasias já que não podíamos ir até Hogsmade. Anda logo por que assim que Sara descer vamos para o salão...
Meio a contra gosto o garoto voltou ao dormitório, não lembrava de ter visto nenhum pacote sobre a cama e muito menos no malão enquanto esteve lá em cima. Porém ao abrir a porta do quarto deu de cara com um embrulho praticamente grande sobre a cama. Ficou receoso e curioso ao mesmo tempo, não gostava de ser o centro das atenções e sabia que se a caso Hagrid tivesse escolhido a fantasia provavelmente seria algo embaraçoso. Já estava imaginando chegar ao baile vestido de dragão, palhaço ou até mesmo um frango gigante. Desfez o nó e o papel pardo praticamente se abriu diante dele. Havia dentro uma camisa branca, juntamente com uma calça preta e um par de botas. Ficara em dúvida sobre a calça pois parecia um tanto justa, a imagem de se ver vestido com aquela malha preta entrando no salão fez dar voltas no seu estômago. Malfoy com certeza iria lhe fazer alguma piadinha. Vestiu a camisa branca que parecia ser uma seda e deixou alguns botões aberto na altura do pescoço. Quando se olhou no espelho percebeu de que se tratava de uma roupa de pirata. Se sentiu horrível principalmente ao ouvir Rony o chamando do lado de fora do dormitório, mas ao colocar a cabeça pra fora viu que pelo menos não estava mostrando suas pernas como as de Rony, contudo, tirou aquela malha preta e colocou um Jeans preto que havia em seu malão.
- Anda logo Harry... – ouvia Hermione no saguão.
- Você diz isso por que não se sente uma aberração... – disse Harry descendo as escadas.
- Não acredito que você não colocou a calça que estava lá... – ralhou Hermione.
- Pelo amor de Deus Hermione... aquilo mais parecia malha de balé do que uma calça de pirata... – retrucou Harry agora bagunçando o cabelo que tentava arrumar.
- SARA!!! – ouviu Hermione gritando e a voz de Sara reclamando lá do alto. – O que é que está acontecendo com vocês... desse jeito vamos a esse baile depois que já estiver acabado...
- Você fala isso por que não precisa carregar esse monte de saias... – disse Sara resolvendo aparecer do lado de fora do dormitório. – Vai ser um milagre se eu conseguir descer essa escada sem rolar por elas... quem dirá chegar até o salão...
Harry virou-se rapidamente para olhar a garota e ficou bestificado, estava vestindo um vestido de época, com os ombros e colo de fora e bastante justo até a cintura. Seu cabelo estava todo com cachos e tinha a impressão de que Sara fosse como aquelas princesas dos livros que estudava antes de vir para Hogwarts, só que ela estava muito mais bonita do que aquelas mulheres.
- ... Será que sou a única que realmente gostou da fantasia? – disse Hermione andando até Sara e puxando a varinha e lançando um feitiço no vestido de Sara – Melhorou?
- É... pelo menos ficou mais leve... – respondeu a garota soltando algumas saias do vestido – Agora eu sei como uma árvore de natal se sente...
- De onde foi que vocês arrumaram essas fantasias? – perguntou Rony se coçando.
- Já te disse... – respondeu Hermione andando até ele e ajeitando novamente a guirlanda em sua cabeça – foi o Hagrid quem as pegou em Hogsmade...
- Roupa de época?... – disse Harry andando até Sara.
- Preferia estar fantasiada de Sara McGonagall do que Peru de natal... – respondeu ela com um sorriso sem graça. – Pirata usando Jeans?
- Pelo menos é melhor do que ficar com as pernas de fora... – sussurrou Rony enquanto Hermione ajeitava sua sandália. - Ainda bem que nem Fred e nem Jorge estão aqui...
- Estou pronta.. que tal irmos... – disse Hermione enganchando no braço de Rony se encaminhando para o túnel de saída da torre.
- Fazer o que não? – respondeu Rony enquanto todos se dirigiam para fora do salão comunal.
De todos que iam para o salão principal, Hermione era quem mais estava animada falava com Parvati e Lilá Brown sobre sua fantasia já que ambas não sabiam por que a garota estava com uma cobra sobre a cabeça. Sara e Harry acabaram ficando mais para trás e de vez em quando viam Rony virar para eles implorando ajuda.
- Hermione... você pode liberar o Rony um pouquinho, quero conversar com ele... – disse Harry fazendo a garota parar e o encara-lo.
- E sobre o que irão falar? – perguntou a garota – Não quero chegar ao salão sozinha...
- E você não irá... pode ter certeza... – disse Sara puxando mais uma vez as longas saias do seu vestido. – Droga de vestido... estou me sentindo como se tivesse com minhas pernas amarradas...
- Você diz isso por que não está com elas de fora... – disse Rony batendo no ombro de Harry – Valeu, não agüentava mais ouvir sobre aquelas múmias e histórias sobre o Egito...
- Ela está mesmo entusiasmada... acho que já sei onde você a levará para a Lua de Mel... – disse Harry sorrindo.
- Não brinca com isso... quase morri ao ver aquelas coisas enfaixadas... devem ter passado tantos bichos por cima que só de pensar em ter uma aranha esfregando aquelas patas na minha cara já fico tremendo... – disse Rony.
- Eu não sei de vocês, mas quero chegar logo aquele salão pra poder me sentar... – disse Sara – não sei de onde tiraram esse vestido mas agora imagino por que está novo apesar dos anos..
Os garotos olharam para ela que lutava em segurar algumas das saias para poder andar enquanto ela os encarou – ninguém conseguia ficar muito tempo em pé com ele...
Quando encontraram o saguão de entrada Harry sentiu algo raspar em suas costas e praticamente explodir atrás dele, os três ergueram a cabeça e conseguiram ver pirraça voando com as pernas cruzadas e um balde cheio de balões com tinta.
- NOSSA!!!! Que péssima pontaria eu tenho... – disse ele dando uma enorme gargalhada. E dando a volta ao redor de Rony arregalou os olhos e disse – Belas pernas cabeça de fogo... mas eu acho que devia depila-las...ahahahaha..
- Olha seu.. – disse Rony esperneando mas Harry o segurou com a ajuda de Sara.
- Aí vai mais uma.... – disse Pirraça largando outro balão que se espatifou fazendo uma manha roxa no piso.
- É melhor corrermos antes que ele decida melhorar a pontaria...- disse Harry pegando na mão de Sara e desatando a correr para o salão principal sendo seguido de perto por Rony.
- Onde é que você estava Ronald Weasley?? – perguntou Hermione com quem Rony praticamente esbarrara na porta quase no mesmo instante em que uma mancha vermelha acertava a cabeça de Crabbe que estava próximo a mesa de doces.
- Isso responde sua pergunta Hermione? – disse Harry se segurando para não rir da cara que o gorila amestrado de Malfoy, porém sentiu sua mão ser puxada e só então notou o rosto vermelho de Sara. A respiração da garota era ofegante e seu rosto estava um pouco suado. – Você está bem?
- Só... um... pouco... cansada.... – disse ela ofegando – vamos...
A garota não conseguiu terminar a frase e somente apontou para uma das mesas vazias ao redor do salão. Harry conduziu os quatro até a mesa e depois que Sara e Hermione se sentaram ele e Rony sentaram ao seu lado. Rapidamente viu Sara pegar um pedaço de pergaminho que estava sobre a mesa e começar a se abanar, pelo jeito sua roupa era mais pesada do que ele imaginava.
- Por que Pirraça estava tentando acertar vocês? – perguntou Hermione ajeitando novamente a guirlanda na cabeça de Rony.
- E ele precisa de motivos para perturbar alguém? – respondeu Rony tentando esquivar-se de ter que colocar novamente aquele “enfeite de salada” na cabeça. – Já que não quer parar, é melhor eu ficar sem isso..
A festa estava encaminhando-se bem, a musica dos Weird Sisters estava ótima, apesar de Harry não se lembrar de qualquer outra música de bandas bruxas. Rony passara a maior parte do baile sentado pois odiava fazer papel de ridículo, Harry dançara uma música com Hermione por que Sara o obrigara a fazer isso. Contudo eram músicas lentas e não ficava muito bem ele dançar com alguém que não fosse sua namorada. Em uma das músicas levou Sara para o meio do salão e começou a dançar. Estava se sentindo muito feliz apesar de se lembrar dolorosamente do que acontecera da última vez que tinham dançado na rua dos alfeneiros. Era como se fosse um flash as imagens e a gargalhada de Voldemort em seus ouvidos.
- Pensando em quê? – ouviu Sara e então tentou disfarçar.
- Não... só estava imaginando se eu já tinha lhe dito o quanto está linda... – disse ele a trazendo mais perto de seu corpo e lhe dando um beijo no pescoço.
- Eu já estava achando que não tinha gostado de me ver assim... – disse ela sorrindo e passando os braços sobre o pescoço do garoto.
- Belo vestido... – ouviram uma voz musical ao lado, viram então uma figura prateada flutuando ao seu lado, era a Dama Cinzenta, fantasma da Corvinal. – Eu tinha um vestido exatamente igual a esse... e devo dizer que somos muito parecidas...
- Eu estava me perguntando como é que a antiga dona dele conseguia ficar em pé com todo esse peso... – disse Sara meio sem graça pela comparação.
- Feitiços... – respondeu o fantasma dando-lhe uma piscadinha e flutuando para fora do salão acompanhada do fantasma da sonserina.
- É melhor irmos sentar... Hermione não parece que esta se divertindo...- disse Sara a Harry mostrando Rony e Hermione sentados na mesa juntamente com Neville e a Lufana Suzan Bonnes. Harry passou o braço pela cintura de Sara e a acompanhou até a mesa.
- Se divertindo muito Neville? – perguntou Sara ao garoto que já não era mais tão gordinho como antes.
- Se ele pelo menos dançasse... – respondeu Suzan com azedume - ... ele já veio pra cá por que Rony não dança. Pode me emprestar o Harry para dançar Sara?
- Me desculpe Suzan... mas só me sacrifico a dançar pela minha namorada... – respondeu Harry sentando-se ao lado de Sara lhe dando um beijo em seu rosto.
- Bem que Rony podia se sacrificar por mim de vez em quando...- falou Hermione com o mesmo azedume que Suzan.
Harry não chegou a ouvir o que Rony respondeu, correu os olhos pelo salão para ver quem é que estava por ali. Havia muitos bruxos e bruxas dos quais ele nunca tinha visto antes, talvez a professora Minerva os tivesse convidado para ter mais gente já que havia apenas alguns poucos alunos. Professora Minerva parecia com o mesmo ar de preocupação que vira no dia em que fora a sua sala com Sara, e parecia muito séria enquanto falava com a professora Sprout. Prof. Flitwick batia palmas ao som da música e como sempre estava de ótimo humor. Já Snape, Harry não podia dizer o mesmo. Ele estava mais estranho do que de costume e ainda mais carrancudo do que o normal. Olhava para todos com os olhos negros cintilando e quando encontrou Harry, o garoto sentiu uma fisgada forte na sua cicatriz. Ele lembrava-se de ter sentido isso no seu primeiro dia de aula quando entrara para Hogwarts, mas depois disso nunca mais sentia sua cicatriz arder quando via Snape. Por que estaria ardendo agora?
- O que foi Harry? – ouviu a voz de Sara e então se dera conta de que havia levado a mão até a testa.
- Não... não é nada... só me deu um pouco de sono... – disse ele fingindo um bocejo. – Vamos pegar alguma coisa pra beber... venha Rony.
Rony levantara-se meio curioso com o convite de Harry, principalmente porque o garoto havia ficado calado de repente.
- Ta, agora fala a verdade... – disse Rony pegando uma garrafinha de cerveja amanteigada.
- De que verdade você está falando?
- Não se faça de besta por que vi o jeito que você encarou o Snape...
- Deixa de besteiras... com a Sara do meu lado, porque perderia meu tempo olhando para aquele nariz de gancho?
- Talvez porque ele seja um comensal da morte e esteja agindo estranho... – falou Rony escorando-se na mesa.
- Snape sempre foi estranho...
- Ah ta... e ele sempre fez você sentir sua cicatriz doer é? – disse Rony fazendo Harry parar de repente o que estava fazendo. – Harry não sei se Hermione percebeu, mas Sara e eu percebemos, você sentiu a cicatriz doer justamente na hora em que Snape tocou no braço dele...
- Está bem Rony... é verdade... senti a cicatriz doer, mas não foi tão forte como das outras vezes... foi mais uma dor de cabeça involuntária... você mesmo viu que ele tocou o braço, talvez senti a presença de Voldemort quando ele chamou Snape... pode ser isso...
- É pode ser... mas qual seria o problema agora? Outro roubo?- disse Rony.
- Não... acho que isso...
- Bela fantasia Weasley... – Harry ouviu a voz arrastada de Malfoy vindo do outro lado da mesa – Pegou o pano de chão emprestado para compor essa fantasia?
- Pedi emprestado a camisola do seu pai Malfoy... – respondeu Rony com as orelhas vermelhas como pimentão.
- Se fosse do meu pai com certeza seria de seda e não desse... do que é feito... saco de batatas? – disse Draco provocando risinhos nos dois gorilas junto a ele. – Ah não claro, depois que explodiram o barraco que vocês chamam de casa com certeza não sobrou dinheiro para comprar esse tipo de tecido...
- Olha seu... – disse Rony partindo para cima de Draco mas Harry o estava segurando.
- Por que você implica tanto com a pobreza de Rony... – disse Harry tentando controlar o amigo - ... tem inveja por ele ter uma família e você um bando de comensais?
- Draco Malfoy não nasceu para ser um bruxo de quinta... – falou Malfoy com desdém – só acho que esse tipo de gente, assim como você ou a Granger... mancha o nome da escola... se bem que se era ruim com Dumbledore, agora a escola foi pra sarjeta de vez largando a direção nas mãos da McGonagall...
- Ela merece estar onde está... – disse Harry mas Rony tomou a palavra – Pra você o único que seria capaz de conduzir Hogwarts seria o idiota do seu pai... mas um assassino jamais seria diretor da escola agora que o Ministério decidiu ouvir os conselhos de Dumbledore
- Não por muito tempo...- disse Malfoy com um sorriso de desdém. – mesmo por que o idiota do seu pai tem por companhia um bando de Trasgos...
Quando Harry ia perguntar por que ele tinha tanta certeza, ouviu a voz esganiçada do Professor Flitwick vindo de cima de uma cadeira. Pelo jeito ele detectara a discussão e fazia um bom tempo que tentava chamar a atenção dos “encrenqueiros” – Não estão discutindo outra vez não é Senhores?
Ao que Harry voltou a olhar para Malfoy o garoto já havia desaparecido em meio aos convidados. Enquanto ouvia Rony dizer que não tinham discutido e que apenas estava conversando com Harry quando Malfoy aparecera, Harry ficava imaginando qual seria a razão para Malfoy dizer que Dumbledore não ficaria no Ministério por muito tempo.
- O que Malfoy tentou fazer ? – perguntou Sara andando até ele.
- Como sempre... só importunar... – disse Rony pegando novamente duas cervejas amanteigadas – Vou levar isso a Hermione.
- Então? – disse Sara que parecia um pouco mais aliviada com o peso da roupa – Vai me contar o que Malfoy queria?
- Vamos dar uma volta e então eu lhe conto... – disse Harry pegando na mão de Sara e saindo pela porta lateral do salão principal.
- Hein? – disse Sara logo que Harry terminou de lhe contar o que havia acontecido, levantando-se da borda do chafariz no pátio esterno do castelo, a temperatura estava um tanto morna pelas chamas que brotavam do chafariz ao invés de água o que era o normal.
- Isso que você ouviu... e o que me deixou ainda mais confuso foi o modo com que Malfoy disse aquilo... parecia ter certeza entende?
- É... é um pouco confuso... – disse Sara abraçando seus próprios braços por causa de uma corrente fria que passou por ela. – Dumbledore parece ser conselheiro do Ministério... e é o próprio Ministério que está caçando o Sr. Weasley por ter assassinado o Fudge... roubam aquele livro no museu de Londres...
- Não sei não... mas algo me diz que pegaram o Sr. Weasley... Por sorte Rony estava tão nervoso que não ouviu a parte em que Malfoy disse que o Sr. Weasley tinha Trasgos por companhia.
- Será? – perguntou Sara sentando-se ao seu lado quase ao mesmo instante em que fagulhas coloriam o chafariz – Mas aí já saberíamos... Teria saído na primeira página do Profeta... ou...
Naquele exato momento Rony passou por eles com Hermione andando atrás nervosa. Apenas olhou para os dois e então Harry percebeu que provavelmente aquilo que supostamente Malfoy havia dito realmente havia acontecido. Ele levantou-se e foi atrás de Rony enquanto Sara ficava com uma Hermione trêmula e muito nervosa.
- Ei... Rony espera... – disse ele tentando alcançar o amigo que atravessava a ponte externa para o gramado fora da escola.
- Por que não me disse que Papai estava sendo procurado??- ouviu a voz de Rony que se voltava para ele com o rosto sendo apenas iluminado pelo archote. – Pensei que fossemos amigos Harry... se sabia da gravidade da situação do meu pai por que não me disse?
- Por que não podíamos... – disse Harry se aproximando – Fazemos parte da Ordem agora... mas tem coisas que não podemos saber... a professora Minerva nos fez jurar que não contaríamos nada a ninguém sobre o que estava acontecendo com o seu pai... e...
- Mas isso nunca impediu você de fazer nada.... poderia ter me dito, ele é meu pai Droga! Eu poderia ter feito alguma coisa... nós poderíamos...
- Faríamos o quê?- disse Harry impaciente – O que você acha que poderíamos fazer cara? Somos apenas quatro garotos sem nenhuma experiência em combate bruxo... sei que é difícil pra você entender... eu também passei por isso quando Sírius estava...
- Eu fui com você até lá para salva-lo... – disse Rony – Você pelo menos devia ter me contado sobre o perigo que meu pai estava correndo.
- Eu também não tinha idéia... sabia que o Sr. Weasley estava sendo acusado... mas não sabia que estava sendo procurado... nem que tinha sido preso... só não devíamos preocupar sua mãe... era por isso que não podíamos contar que a situação estava se complicando...
- Temos que fazer alguma coisa... meu pai não pode ficar em Azkaban... não pode... ele...- tentou dizer Rony mas Harry percebeu que a voz do garoto ficou engasgada.
- A única coisa que podemos fazer agora é tentar descobrir quem realmente matou o Fudge... e isso não vai ser nada fácil sendo vigiado 24 horas por dia como estou sendo. – disse Harry.
- Está certo... – disse Rony limpando o rosto que Harry percebeu estar um pouco brilhante. – Vou voltar para a torre... não tenho mais razão para festejar...
- Ok... vamos... – disse Harry dando uma palmadinha no ombro do amigo, se realmente Sr. Weasley tivesse sido preso, era hora de reverem tudo o que havia acontecido e tentarem descobrir a ligação entre o roubo no Ministério, e o súbito passeio de Narcisa a Hogsmade. A beleza da surpresa que eram os fogos de artifício infelizmente não alegrara o grupo de amigos que voltou para o interior do castelo.
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