Suspeitas e Certezas



Passava-se das duas horas da manhã e nada de Sara aparecer, Hermione levantou-se da cama, colocou seu hobby e saiu do dormitório. Gina dormia como uma pedra e embora só ela, Gina, Rony, Harry e Sara estivessem na torre, e poucos estivessem no castelo, Filch continuava a suspender quem quer que fosse se estivesse fora da cama. Desceu as escadas e deu de cara com Rony sentado na poltrona em frente a uma lareira com chamas quase extintas.

- Já está muito tarde Rony, estou ficando preocupada... – disse Hermione ao ver o rosto do garoto virando-se rapidamente para ela.

- Também estou, mas o que podemos fazer? – disse ele levantando-se e andando até ela. – Vamos dar mais um tempo... se não voltarem, iremos falar com a McGonagall.

Rony andou até a janela, ouvira um barulho e quando foi verificar deu de cara com Errol a coruja de seus pais.

- É a Erroll... – disse ele assustado. – Mas há essa hora?

- O que sua mãe iria querer mandando isso para você? – disse Hermione.

O garoto abriu o pequeno envelope que a coruja parda trazia consigo e começou a ler, Hermione já estava aflita ao olhar para o garoto e ver que ele não mostrava nenhuma reação ao que estava lendo.

- Anda Rony, o que está acontecendo. – perguntou ela.

- Mamãe pediu para que Gina não saia de Hogwarts no ano novo, ela, Gui e Carlinhos vão passar o ano novo em Londres investigando um roubo que aconteceu no mundo Trouxa...

- Roubo no mundo trouxa? – perguntou Hermione.

- Você conhece minha mãe... – respondeu Rony dando a carta a Hermione - ela não nos deixa participar dos assuntos da Ordem então, não falou muito sobre esse tal roubo na carta.

- É, eu percebi... parece que isso foi hoje, por isso ela quer que avisemos Gina... – disse Hermione.

Nesse instante ouvem vozes vindo da entrada e Sara entra dando passos decididos e sentando-se no sofá. Hermione pode notar que pela cara dela e de Harry que aparecia logo atrás dela, havia acontecido alguma coisa.

- Até que enfim vocês chegaram, estávamos preocupados sabia? – disse Rony a Harry que jogava sua capa sobre o sofá.

- O que foi que aconteceu com vocês? Já passa das duas horas da manhã! Já pensou se a professora McGonagall decide aparecer? – ralhava Hermione.

- Pelo menos viram o tal sinistro, Harry? – perguntou Rony, mas o garoto fingiu não ouvir a pergunta.

- Eram lobisomens Rony... – disse Sara se levantando e andando até os dois – Não só um ou dois... mais parecia uma convenção de lobisomens...

- Lobi...somens... – disse Rony aflito olhando para os dois – como?

- E como é que vamos saber! – respondeu Harry nervoso.

- Não precisa ser grosseiro! – ralhou Hermione – E se aconteceu alguma coisa com vocês foi por pura irresponsabilidade...

- Pega leve Hermione – respondeu Rony. – Como foi que vocês o viram?

- Fomos atacados enquanto investigávamos nas ruas... – disse Sara – Um tal de Matthews, disse que a decisão de fechar as lojas de Hogsmade foi de Dumbledore...

- Como assim? – perguntou Hermione.

- Não existe mais ministro algum, Dumbledore e mais alguns bruxos criaram uma espécie de conselho... – disse Harry encarando algum ponto vazio da sala.

- Conselho? Mas então por que o Cooper saiu com aquela de que o Pai dele era o Ministro? – perguntou Rony.

- Talvez para querer impressionar alguém... – disse Harry olhando diretamente para Sara.

- O que quer dizer? – disse ela o encarando.

- Você entendeu... – respondeu ele correspondendo ao seu olhar.

- Sinceramente Harry... não sei porque ainda... – disse Sara mas não terminou a frase, ela virou-se para a escada e se dirigia para ela quando ouviu novamente a voz do garoto.

- Ainda o quê? – perguntou ele secamente, só de pensar que Sara poderia se impressionar com o tal Cooper, ele ficava uma fera. Não queria que a garota se prejudicasse por gostar dele, mas também não agüentaria vê-la com outro garoto. – Que ainda se preocupa comigo como se eu fosse um bebê?

- Não.. – respondeu ela – Até um bebê saberia o que era mais importante, até um bebê saberia que aquilo tudo era uma armadilha... será que você é tão cego que não vê? Até um bebê saberia que pra mim é mais importante perder esse distintivo de monitora do que perder você!

- Se você se preocupava tanto em perder seu distintivo, por que me seguiu até Hogsmade? – perguntou Harry ainda mais nervoso. – Não pedi para que a monitora me seguisse.

- De que me adiantaria ter esse distintivo brilhando no peito se poderia perder você seu... seu... idiota, cabeça dura! – respondeu Sara furiosa enquanto Rony dava um tapa na testa e Hermione sentava-se na cadeira apenas observando.

- Idiota?? – perguntou Harry sarcasticamente – Não sou eu quem vive de mistérios, inventando desculpas e mentiras para mim só para não me preocupar...

- Tem razão... – respondeu Sara com um nó na garganta – Idiota sou eu por te amar tanto a ponto de ainda me preocupar com você...

Sara subiu as escadarias rapidamente, Hermione se levantou e depois de um olhar recriminador, para Harry subiu atrás de Sara. O garoto ficou parado olhando as duas enquanto sentia uma fúria horrível dele mesmo. Rony não sabia se falava alguma coisa para ele ou simplesmente subia para o dormitório deixando-o sozinho até que Harry se acalmasse. Quando percebeu que Rony iria o deixar sozinho, Harry sentou-se no sofá dando um soco sob as almofadas para descontar a raiva.

- Pisei na bola outra vez não foi?? – disse ele baixinho a Rony.

- Se sabe que pisou na bola por que é que sempre comete o mesmo erro? – perguntou Rony andando até ele. – Juro que estou tentando entender por que está fazendo isso.. mas...

- É ele Rony... – respondeu Harry voltando a encarar – Sei que de alguma forma ele está por trás disso... Sara estava certa quando disse que eu iria fazer uma besteira indo até Hogsmade mas, se precisasse ver pra ter certeza de que o tal Sinistro não era Sírius... ela iria comigo... bem, ela foi e quase a matei novamente por ser tão teimoso... mas, bem lá no fundo eu tinha esperanças... sabe, queria ter Sírius de volta... - Rony encarou o amigo, sabia de todo o sentimento que Harry tinha por não ter tido a chance de conhecer os pais, viu a alegria dele ao saber que tinha um padrinho, que tinha alguém que o amava como um filho, Sírius tinha sido a coisa mais perto de uma família que o garoto havia conhecido e simplesmente fora arrancado dele da mesma maneira que seus pais. - ... mas se perder a Sara é o preço para ter Sírius de volta, não quero pagar... e... nem sei se realmente aquele Sinistro era Sírius talvez, fosse apenas mais uma armadilha... e isso é que me deixa furioso, todos me preveniram... mas não os ouvi... e quase perdi novamente mais uma pessoa importante na minha vida...

- Harry, talvez não seja a melhor hora para lhe dizer isso... mas... – começou Rony – será tão difícil pra você aceitar que quanto mais você tenta afastar Sara de você, mais próximo vocês ficam.

Harry olhou para Rony, ele sabia exatamente o que o amigo estava tentando lhe dizer. Não adiantava gritar ou brigar com Sara, ela o amava e sempre iria estar onde ele estivesse. Por mais que isso pudesse colocar sua vida em perigo, ela não iria desistir.

- ...Você mais do que ninguém sabe o quanto Você-sabe-quem quer ver você morto, Hermione às vezes viaja nas suas teorias mas essa de que ele esta... ou estava tentando fazer todos detestarem você faz sentido... mas mesmo assim, Sara continuou ali, eu e Mione continuamos a acreditar em você... mesmo você tratando a gente feito Malfoy...

- Não tratei vocês como ele... – disse Harry baixinho, as palavras de Rony estavam entrando em seu coração, ele sentia algo estranho, toda a fúria que tinha de si mesmo, ou o amor por Sara começava a substituir tudo aquilo que estava sentindo antes.

- Sara mais do que ninguém sabe, que se você se sentisse sozinho... – falou Rony procurando as palavras certas – faria uma besteira, como fez hoje por exemplo...

- Parece que estou ouvindo a voz da Hermione e de Sara... – disse Harry encarando Rony – “Você está fazendo exatamente o que Voldemort quer...”

- Pelo amor de Merlin... quer parar de falar esse nome?- ralhou Rony fazendo uma careta.

- É só um nome Rony... Dumbledore já nos disse que quanto mais gente falar o nome dele menos força ele terá.. – falou Harry se levantando dando um profundo suspiro.

- Vai falar com Sara? – perguntou Rony se levantando também.

- Não agora... – respondeu ele pegando sua capa de cima do sofá – não tenho coragem e conheço ela muito bem ...por que?

- Por que se fosse agora... iria mandar você levar sua vassoura pois com certeza ou ela ou Mione lhe jogaria pela janela...

Harry deu um sorriso triste, seu coração estava praticamente despedaçado por ter dito aquelas palavras tão duras para quem mais amava. E pensando nas palavras de Rony, tinha certeza de uma coisa. Seu amor por Sara era muito maior do que o poder que Voldemort, e faria todo o possível para ser feliz ao lado dela, e nem ele, o bruxo mais temido do mundo iria os separar. Subiu com Rony as escadarias para o dormitório dos garotos, talvez na manhã seguinte conseguisse falar com Sara e ver se as coisas se resolviam.



Durante os dois dias que antecediam o ano novo, Sara mal saíra da torre Hermione havia contado a garota sobre o tal roubo no mundo trouxa e como não havia saído nada no jornal dos bruxos, Hermione deu um jeito de pedir para seus pais enviarem os jornais de Londres dos últimos dias.

- Ótimo... – disse ela correndo em direção a mesa próximo a janela – vamos ver então o que foi que realmente aconteceu...

- Mas por que os membros da ordem iriam investigar um roubo em Londres? – perguntou Rony que estava sentado ao lado de Sara.

- É por isso que estamos achando isso estranho Rony... – respondeu Hermione – e, que mal pergunte... onde é que se meteu o Harry? Devíamos dar uma olhada nisso juntos já que tanto Sara quanto ele são membros da ordem...

- Ele saiu cedo com a vassoura... – disse Rony – Mas posso ir chamar...

- Não precisa, já estou aqui... – respondeu o garoto que entrava pela passagem.

Harry estava com o rosto molhado de suor, seus olhos brilhando de um jeito meigo e miravam diretamente para Sara que estava sentada ao lado de Rony. Sara ergueu os olhos enquanto ele se aproximava e sentiu um aperto enorme em seu peito, mesmo depois de todas aquelas palavras duras que ambos haviam dito um ao outro, Sara não conseguia ficar zangada com ele.

- ... Posso me sentar? – perguntou ele olhando para a garota.

Sara não falou nada, apenas abaixou os olhos enquanto o garoto sentava-se. Estava cansada de brigar com ele, e decidira ficar calada a maior parte do tempo que conseguisse. Também poderia inventar uma desculpa ou algo assim para não ter que encara-lo, mas também estava intrigada com o roubo em Londres.

- O que tem aí, Hermione? – perguntou Harry colocando sua vassoura atrás da cadeira.

- Jornais do mundo Trouxa... – disse ela enquanto distribuía os jornais um para cada um deles - ... preciso que me ajudem a achar qualquer coisa sobre o roubo no Museu de Londres...

- Que tipo de coisas? – perguntou Sara folheando seu jornal – Por que você não me disse a razão de estarmos procurando por isso...

- Sra. Weasley mandou uma coruja para Rony, alguns minutos antes de vocês chegarem, não contamos antes por que vocês estavam ocupados demais com outras coisas... – Disse ela dando um olhar de censura a Harry – Só não entendo por que mandarem ela para Londres se ela está mais preocupada com o seu pai Rony?

- Oras, devem então ter mandado ela fazer alguma coisa para não atrapalhar as investigações... – disse Rony folheando. – Você conhece minha mãe...

Sara pôde notar um pequeno olhar de Harry vindo em sua direção. Sabiam da situação do Sr. Weasley mas não podiam contar, haviam prometido a prof. McGonagall e por essa razão, ambos sabiam que não poderiam dizer uma só palavra. A garota abaixou os olhos rapidamente e voltou a ler os jornais.

- Olhem... – disse Hermione – ... alguém aí achou alguma coisa que interesse... Vold... digo... você-sabe-quem a um roubo no museu?

- Pode dizer Voldemort... – disse Rony lendo seu jornal, era a primeira vez que conseguia pronunciar o nome do bruxo desde que se conhecia por gente, digo, bruxo.

- Aqui, não tem nada... – disse Harry voltando a olhar para Hermione que fechava o jornal e olhava para Rony espantada.

- Nem aqui... – disse Sara também olhando para a garota.

- Aqui só tem o anuncio de algumas coisas trouxas que foram encontradas lá em um lugar do Egito... – disse Rony empurrando o jornal para frente – nada sobre roubos ou sei lá mais o que...

- Que tipo de coisas você leu Rony? – disse Hermione puxando o jornal pra si.

- Sei lá... Pratos, talheres de barro, jarras, papeis... e até um livro antigo pelo que eu li... – respondeu o garoto. – Por que?

- De que lugares do Egito vocês estão falando? – perguntou Harry agora curioso.

- Abnúb... – falou Sara olhando agora para Hermione e Rony que voltaram a olhar para ela surpresos – Não é?

- É... – respondeu Hermione admirada – Como sabe?

- O povo Árabe, principalmente o de Anúbis foi o mais misterioso da história da humanidade Trouxa... – respondeu Sara agora se levantando e andando em volta de Hermione para ver o jornal - ... Sempre faziam coisas em seu modo de vida que a ciência sempre procurou explicação mais nunca encontrou... ou seja, eles eram tratados como bruxos pelas antigas populações por terem feito várias coisas que nem com a tecnologia trouxa de hoje são capazes de fazer...

- Você está querendo dizer que, essas coisas podem estar interessando Voldemort? – perguntou Harry.

- Não estou querendo dizer nada... – falou Sara pensativa olhando o jornal – Não tem nada nesses jornais que indique que alguém roubou um museu de Londres... mas, sei lá... se deram ênfase para essa exposição de objetos Egípcios, pode-se dizer que sendo eles alguns dos feiticeiros mais poderosos da história, esses objetos podem interessar sim alguém, não?

- Podem sim, dizem que eles foram muito famosos por suas crenças e sua cultura mística... – disse Hermione olhando novamente o jornal. - ... mas, tem várias coisas no museu de Londres... pode ser qualquer coisa...

- É, eu sei... – falou Harry agora seguindo Sara com os olhos até vê-la se sentando quando uma garotinha do primeiro ano e cabelos louros como espigas de milho foi até eles.

- Com licença... – disse ela um pouco sem jeito – Sara, a diretora pediu para que você e o Potter fossem até a sala dela...

- E pela cara dela, a coisa é séria... – disse Gina sentando-se ao lado de Rony. – O que foi que vocês dois aprontaram?

Rony olhou para Harry assim como Hermione, Sara deu um enorme suspiro e depois se levantou.

- É melhor ver o que ela quer agora mesmo... – disse Sara levantando-se e começando a andar.

- Espera que eu... vou com você... – falou Harry praticamente correndo atrás dela.

Sara não abriu a boca até a sala de sua tia, onde pararam na antiga torre com a gárgula.

- Godric Gryffindor – disse Sara e a gárgula começou a girar formando a tão famosa escada circular para a torre.

Harry pensou em puxar algum assunto com Sara, ou até mesmo fazer qualquer coisa para que começassem a conversar mas não conseguiu pensar em nada. A não ser o motivo pelo qual sua diretora havia chamado os dois, o passeio por Hogsmade.
- O que você acha que sua tia quer com a gente? – perguntou ele já sabendo a resposta.

- Você não tem nenhuma idéia? – respondeu Sara enquanto batia na porta da sala e ouvia um “Entrem” alto e claro.

Harry calou-se e seguiu Sara em silêncio, pelo jeito a garota ainda estava muito zangada com o que havia ocorrido e agora era mais difícil fazê-la voltar a lhe aceitar.

- Muito bem, sentem-se – disse a professora ríspida.

Ambos sentaram-se sem discutir. Pelo que eles haviam visto o tal assunto era mesmo algo muito grave, e ambos já sabiam o que era.

- Já devem saber o motivo que os chamei aqui não? – disse ela em pé os encarando com um olhar severo e irredutível. – Como puderam ser tão irresponsáveis, com tudo o que está acontecendo em Hogsmade? As visitas ao povoados estão proibidas esqueceram?

Harry pensou rapidamente em uma desculpa mas Sara foi mais rápida do que ele, e quando abriu a boca para começar foi a voz dela que ele ouviu.
- Fui eu quem arrastou Harry até lá... – disse Sara rapidamente fazendo com que Harry e a própria professora se espantassem – Estávamos passeando pelos arredores do castelo e encontramos uma passagem secreta... ficamos curiosos e fomos a seguindo... claro que se soubéssemos que iria dar em Hogsmade não teríamos saído...

- O que passou por sua cabeça Sara pra fazer uma coisa dessas? – perguntou a professora com os olhos arregalados. – Tem acontecido coisas em Hogsmade e nem sair para o jardim é seguro.... o que pensou Sr. Potter...

Harry novamente abriu a boca para falar mas foi interrompido por Sara.
- Harry não tem nada a ver com isso... – disse Sara séria porém com uma voz firme, não sabia muito bem por que estaria defendendo Harry, mas por alguma razão não iria deixa-lo levar a culpa por tê-la exposto ao perigo. Mesmo por que não havia lhes acontecido nada.

- Conheço você Sara para saber... – disse a professora, mas Sara a interrompeu.

- Fui eu quem acabou arrastando Harry pra lá... – respondeu Sara encarando a professora. – se tem alguém que mereça ouvir um sermão a única responsável, sou eu...

- Muito bem... – disse Minerva a encarando – Pode nos dar licença Sr. Potter...

Harry não sabia se obedecia a ordem de sua diretora ou seguia seu coração e ficava ali para apoiar Sara, afinal fora ele quem fizera a besteira de acreditar em um boato.
- Não eu... – ele tentou argumentar mas ouviu a voz de Sara decidida.

- Saia Harry, por favor... – ele ouviu Sara dizer sem desviar o olhar de sua tia. Harry sentiu um aperto horrível no peito e então saiu da sala.

Percorreu os corredores, mas algo não o deixou continuar. Sara estava lá na diretoria, com sua tia lhe repreendendo e quem sabe até a expulsando?

- Não... – disse ele baixinho parando em frente à sala de Feitiços que agora estava vazia – Ela não vai expulsa-la... mas não deveria tomar uma detenção... fui eu quem fez tudo....


- Tenho certeza de que não foi você quem planejou isso... – Sara ouvia a voz de sua tia agora tremer ao se dirigir a ela – Foi por causa do tal Sinistro não foi?

- Não... – respondeu Sara firme, não poderia se quer fazer sua tia achar que fora Harry que havia suspeitado do tal Sinistro. – Fui eu quem descobriu a passagem, fui eu quem arrastou Harry para lá e fomos explorar o local... achamos coisas estranhas... vimos lobisomens...

- Viram lobisomens? – falou a professora admirada – Como viram lobisomens???

- Não os vimos de perto... já estávamos na rua da Dedos de Mel... aí os vimos de longe indo até a casa dos gritos e perdidos na floresta perto dos correios...

- Então não existe Sinistro algum? – disse a diretora sentando-se novamente. – Eu sabia... tem alguém de Voldemort trabalhando pro Profeta Diário como Dumbledore suspeitava...

- Como assim? – perguntou Sara preocupada.

- Quando soubermos mais eu direi a você... – disse a professora agora parecendo mais calma – Mas me prometa uma coisa Sara, que não vai mais fazer essas loucuras... sei que está apaixonada... e que queiram ficar longe de todos os seus colegas... mas, estamos em guerra... e é perigoso...

- Eu sei... – respondeu a garota.

- Vou apenas lhe dar uma advertência... a você e ao Sr. Potter por não ter impedido essa loucura...

- Foi Madame Rosmerta não é? – perguntou Sara, pois era a única pessoa que os tinha visto em Hogsmade.
- Não importa quem foi que os viu, mas como não tenho por que guardar segredos... confirmo, foi ela quem viu Harry e mais que depressa mandou-me avisar. Claro que não no mesmo dia, mas hoje pela manhã depois dela ver Narcisa Malfoy andando por lá.

- O que ela estaria fazendo em Hogsmade? – perguntou Sara rapidamente.

- Não sabemos, mas o que eu quero é que prometa de que nunca... veja bem... nunca mais faça algo parecido com isso está bem? – disse a diretora com os olhos cheios de lágrimas rapidamente mudando de assunto.
- Está bem... – disse Sara dando um sorriso tímido – Eu prometo...

- Agora vá, e avise ao Sr. Potter que teram detenção amanhã às 9 horas... vão polir novamente todos os troféus... – disse ela.

- Vou dizer a ele... – respondeu Sara. – Quer dar mais algum recado?

- Por enquanto não... tenho muito o que fazer para o Professor Dumbledore...- disse ela. – Tem poucas pessoas na Grifinória não?

- Sim... apenas eu, Hermione, Harry, Janet, Rony e Gina... a Gina acabou ficando depois que a Sra. Weasley mandou aquela carta dizendo que era para ela ficar... parece que ouve um roubo em Londres...

- Sim, um livro que iria ficar em exposição, algo importantíssimo para a história foi roubado... – disse a professora começando a anotar algo em uma folha de pergaminho.

- Um livro Egípcio? – perguntou Sara disfarçando.

- É... como sabe?

- Vi qualquer coisa em um jornal Trouxa que Hermione recebeu dos pais... parece que colocaram uma homenagem a ela pelo aniversário... -

- Bem, não é nada importante... – disse a professora mas Sara percebeu o seu tom de voz mudar – agora vá e avise o Sr. Potter...

Sara confirmou com a cabeça e saiu da sala. Em poucos minutos percorria o corredor de feitiço apressada. Seu rosto completamente vermelho de vergonha por receber aquele olhar de decepção de sua tia. Não sabia o que iria dizer ou fazer quando visse Harry novamente, principalmente depois de ter assumido a culpa pela bobagem feita por ele. Já passava por uma sala vazia quando foi violentamente puxada para dentro. No momento não conseguiu ver quem havia lhe aprontado isso, mas a luz do luar que entrava pela janela fez com que o brilho dos olhos da pessoa lhe entregasse de bandeja quem era. Harry a imprensou contra a porta, os lábios dele tocaram os dela antes que pudesse gritar. Toda a raiva que sentia evaporou, assim como a vergonha. Embora tivesse se assustado de início, Harry agora lhe beijava gentilmente e ela não tinha muito mais o que fazer além de corresponder fervorosamente. Na verdade, qualquer outro comando mental estava nulo naquele momento. Finalmente ele se afastou e ela apoiou-se nele, sentia-se completamente tonta. O garoto a vendo praticamente amolecer em seus braços começou a lhe beijar o pescoço até encontrar o lóbulo da orelha a fazendo sorrir. Sabia que Sara tinha cócegas e apesar de tudo o que havia dito e feito a ela não poderia negar que o amor que sentia era muito grande. Afinal, a conhecia bem, ambos se conheciam. Ouviu ela rir baixinho, e imediatamente ergueu a cabeça lhe encarando por trás dos óculos.

- O que mais eu tenho de fazer, Sara? – o garoto perguntou num murmúrio, enquanto a abraçava pela cintura se aproximando ainda mais do seu corpo. – Pra que você me perdoe...

- Você é perfeito, Harry Potter, simplesmente perfeito... – disse ela sorrindo – Que droga Harry... por que você tem que ser tão adorável? – acrescentou ela dando um soquinho em seu peito.

- Faz parte do pacote... – disse ele sorrindo – Estranho, complicado, temperamental, teimoso...

- Gentil, carinhoso, esperto, talentoso, imprevisível... – respondeu Sara – ... como eu disse antes... Adorável...

- Tudo isso? – perguntou ele sorrindo. – Eu acho que faltou alguma coisa...

- Claro... modéstia... – disse Sara sarcástica – como pude esquecer disso...

- Nada, a palavra que pensei foi... Completamente de quatro por Sara McGonagall... – disse ele sorrindo e voltou a beijar-lhe.

- Isso não é apenas uma...– disse ela entre os lábios dele - e por falar nisso... estamos em detenção até depois do baile...

- Juntos? – perguntou ele agora vendo Sara confirmar com a cabeça – Ah... então não vai ser tão ruim assim..

- Então é melhor voltarmos logo ou vamos pegar mais uma detenção só que com o Filch... – disse Sara . – e preciso urgente falar com Hermione, consegui tirar algo da minha tia sobre o tal roubo...

- Foi Rosmerta quem nos entregou não é?

- Foi, mas isso não vem ao caso... ela não iria nos entregar se Narcisa Malfoy não aparecesse pelo povoado...

- O que a cobra Mãe está fazendo desfilando por Hogsmade? – perguntou ele enquanto percorriam o corredor até o quadro da mulher gorda.

- Ela não sabe, mas Dumbledore acha que tem alguém no profeta trabalhando pra Voldemort... Coragem – respondeu ela enquanto o quadro girava mostrando a passagem.


Rony e Hermione continuavam sentados na mesa grande do salão comunal da Grifinória, agora Rony olhava despreocupadamente pela janela enquanto Hermione contava a Gina a sua preocupação com relação ao chamado de sua professora de Transfiguração.

- Eles fizeram o quê??? – falava Gina alto, não se preocupara em fazer segredo já que eram só eles em toda a torre. – O que deu na cabeça daqueles dois pra saírem da escola???

- Eu sei e também os repreendi... – disse Hermione – Mas você conhece aqueles dois...

- ô e como... – respondeu Gina mexendo em seu cabelo ruivo.

- Vou procurar aqueles dois... – disse Rony levantando-se – se Filch ou aquela gata dele encontrar aqueles dois... não vai ter McGonagall que os livre de uma detenção.

- Isso se já não tomaram uma... – respondeu Gina levantando-se e arrumando suas coisas enquanto Rony saia pelo buraco no retrato.

- Hermione... posso te perguntar uma coisa?

- Fale Gina...

- Eu estava pensando... o que é que está havendo com o Harry? Eu achava que ele gostasse da Sara...

- Ele Gosta... – respondeu Hermione. – Mas é uma coisa muito mais complicada... e acho melhor não nos metermos... são eles quem tem que resolver...

- Espero que o Dino não faça isso... – respondeu Gina – Se não eu acabo com ele...

- Rony e os Gêmeos acabam com ele... - falou Hermione rindo enquanto ouviam o ranger do quadro dando sinal de que alguém estava voltando. - Tomara que seja Rony...

- Ainda bem que peguei você acordada... – disse Sara andando até ela acompanhada de Harry. – Acho que descobri alguma coisa sobre o tal roubo...

- Vou deixar vocês... estou cansada e se não me engano... depois de amanhã teremos o baile de Ano novo não é?

- É ... temos um longo dia amanhã... ainda bem que comprei um vestido – disse Hermione tentando disfarçar .

Gina olhou para Harry e Sara que entravam se despediu deles e desapareceu escada acima. Hermione mais que depressa olhou para Sara que estava sentando-se mas novamente o quadro rangeu, e a cabeleira de fogo de Rony apareceu.

- Por onde foi que vocês andaram... por um triz que Filch não me pega...

- Vamos até o nosso dormitório... – disse Harry pegando na mão de Sara – lá ninguém vai poder ouvir o que estamos falando...

Hermione e Rony olharam mas não comentaram a princípio, apenas seguiram os dois até o dormitório dos garotos .

- Vocês querem me contar o que foi que aconteceu? – disse Rony jogando-se na cama de Simas Finnigam – Se não fosse Nick-quase-sem-cabeça, Filch teria me levado pras masmorras sabia?

- Desculpe Rony... – disse Harry sentando-se em sua cama - Tomamos uma detenção por sair sem permissão do castelo...

- E isso foi pouco perto do que fizeram... – falou Hermione sentando-se na cama de Rony enquanto Sara sentava-se no malão que estava acomodado na frente da cama de Harry. – Poderiam ser expulsos...

- Sabemos disso... por isso assumi a culpa... – respondeu Sara – mas não é isso que temos pra contar... Tem alguma coisa muito mais estranha acontecendo...

Sara contou tudo exatamente como ficou sabendo na sala de sua tia, Hermione ouvia tudo atentamente. Harry e Rony juntaram-se a elas poucos segundos depois, o quarteto estava novamente reunido para tentar entender o que acontecia.

- Ok... deixa ver se eu entendi... – falava Rony levantando-se de sua cama e andando pelo quarto – Lobisomens soltos em Hogsmade, roubaram um livro velho do museu de Londres...

- Não é um livro velho... é algo importante para a história... – ralhou Hermione.

- Ta... que seja... – respondeu Rony mal humorado – O que tudo isso tem a ver com a cobra mãe estar desfilando por Hogsmade?

- Na verdade é isso que não está encaixando... – disse Harry também levantando-se – Não sabemos por que essa preocupação da Ordem com um livro antigo... também não sabemos o que a Cobra mãe está fazendo lá em Hogsmade e nem o real motivo daquela bendita recepção de lobisomens...

- Olha, está ficando tarde e... é melhor irmos dormir... – disse Hermione andando até Rony e lhe dando um beijo. – Vamos Sara?

- Vamos... estou praticamente esgotada depois desses dias... – respondeu Sara andando em direção a porta, mas Harry pegou em seu braço e a puxou para um beijo.

O garoto sentiu um imenso calor percorrer seu corpo quando tocou os lábios de Sara, era muito bom senti-la novamente junto dele. Mas ao mesmo tempo, um medo horrível de que pudesse fazer algo contra ela. Olhou bem para Sara logo após sentir seus lábios se afastando. – Preciso de você... – disse ele baixinho.

- O que? – perguntou ela confusa.

- Vamos ao baile juntos? – disse ele dando mais um selinho em Sara.

- Ah... isso é um convite? – disse ela sorrindo.

- Me parece mais um pedido... Ai...– disse Rony recebendo uma cotovelada de Hermione.

- E é um pedido... – disse Harry lhe abraçando – mais uma súplica...

- Não precisa ser tão dramático... – sorriu Sara – eu vou com você sim... só... não tenho nenhuma roupa...

- A gente dá um jeito... Boa noite... – disse Hermione já pegando no braço de Sara e saindo do quarto.

Harry e Rony ficaram um pouco confusos com a reação de Hermione mas como conheciam o jeito dela acabaram não ligando muito. Harry começou a tirar o uniforme enquanto Rony jogava-se na cama.

- E então? – perguntou Rony – Pelo visto resolveram tudo....

- Resolvemos que não vamos mais deixar ninguém se meter entre nós... – disse Harry agora se jogando na cama.

- E como você pensa em resolver o seu... digo... – disse Rony apontando para a cicatriz no alto da cabeça. - Eu acho que ele vai saber que não conseguiu muita coisa em separar vocês dois...

- Estou disposto a fazer o que for preciso para ele parar de interferir na minha vida e de Sara... – respondeu Harry tirando os óculos - nem que pra isso tenha que agüentar o Snape...

- Entendo... e.. o que foi que você fez pra fazer as pazes com ela?

- Agi por impulso... ela assumiu toda a culpa pela minha idiotice. – respondeu ele puxando as cobertas - Quer prova maior de que ela realmente me ama?

- Eu nunca duvidei disso... – respondeu Rony sério sentando-se na cama – Não sei como você pode achar isso...

- Eu não achei... e nunca achei na verdade... só, achei que a protegeria... digo, sei muito bem o que disse, e o que fiz, mas não era isso o que eu realmente queria fazer entende?

- Na realidade... não... – respondeu Rony coçando a cabeça – só sei que essa foi uma prova e tanto de que mesmo que Voldemort queira afastar Sara de você... ele não vai conseguir...

- Definitivamente... nosso amor é muito mais forte... – disse Harry deitando na cama.

- Você não vai me dizer o que foi que fez pra Sara? – perguntou Rony interessado.

- Boa noite Rony... – respondeu Harry.

- Ah Harry... só quero uma diquinha... - disse ele suplicante – preciso de algumas dicas com Hermione, nosso namoro ta meio... sei lá...

- Eu só fui impulsivo... – disse ele – agi sem pensar... peguei ela e lhe beijei no corredor dos feitiços... satisfeito agora?

- Só isso? – disse Rony.

- Acho que as garotas gostam de coisas simples... Sara pelo menos gosta de ser surpreendida... Agora Boa Noite Rony...

- Mas... preciso de detalhes...– disse Rony

- Boa noite Rony!...

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