Amizade em Jogo



CAPÍTULO 15: Amizade em jogo (EdD 15)


Os jogadores da Grifinória ficaram boquiabertos e sem reação. Malfoy, sorrindo, pôs a mão no ombro de Hermione:

- Harry Potter, você não sabe o quanto a senhorita Granger é talentosa para capturar um pomo. Até mesmo Vitor Krum, que até então só tinha olhos para você, se espantou. A leveza e a agilidade dela deixam você comendo poeira.

Harry continuava olhando Hermione, os olhos brilhavam de incredulidade:

- Você... É a apanhadora da Sonserina, Mione?...

- É... né?... – Hermione estava extremamente sem jeito, com todos os olhares do time parados nela. - Eu... Não sou a titular, mas... O cara se machucou no último treino com um dos balaços do Goyle... Então sobrou pra mim... Nos exames...

Rony lançou o olhar para Malfoy, muito ofendido com aquilo tudo. Malfoy apenas respondeu com um irritante sorriso e deu de braços. Harry continuava olhando Hermione, estático. Não sabia o que sentia, nem o que podia dizer ou fazer, se ria, se achava legal, se brigava, se xingava todo mundo. A garota deu um sorriso meio sofrido e gemeu, olhando para ele:

- Ah, Harry... Você ficou tão chocado assim, foi? Diga alguma coisa!
- Ou... - gaguejou, balançando a cabeça e fechando a boca. - Bem... Essa era a última coisa que eu podia esperar...

- Vamos começar isso logo. Quero trucidar esses babacas antes do almoço. - Disse Draco para o time, enquanto subiam nas vassouras. O time riu olhando para Grifinória.

O time inteiro partiu pro alto. Hermione suspirou e voltou a olhar Harry, que sorriu meio sem jeito.

- Bem, então... Boa sorte pra você.

Hermione sorriu e preparou-se para montar. Antes que levantasse vôo olhou Rony. Ele não a olhava com aquela expressão desde o Baile de Inverno do torneio Tribruxo. Mas ela não teve tempo de falar nada, o time adversário também levantava vôo e Madame Hooch aprontava-se para lançar a Goles.




*




- Sejam bem vindos à segunda partida do ano do Torneio de Quadribol da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts... - iniciou a narrar Lino Jordan, do camarote com os professores e profissionais. - Grifinória e Sonserina!!!!! Grifinória começou bem o ano, vencendo da Corvinal no primeiro jogo... Dessa vez é o graaande clássico da escola, e é hora da estréia da Sonserina! Como vai o time da casa estreante? Capitão e goleiro, Draco Malfoy! Batedores, Vicente Crabble e Gregório Goyle! Artilherios, Not, Grão e Malcon, e o toque feminino - E que feminino - do time, a apanhadora Hermione Granger!

Hermione, que até então voava atrás de Harry torceu o nariz, olhando para trás - "Quê?" Lino continuou, empolgado:

- Ah, vocês reconhecem o nome?... SIM! A melhor aluna da escola, a sabe-tudo de Hogwarts, veterana da Grifinória, agora empresta seus dons para a arquirival Sonserina!

- Do que é que esse cara tá falando?... - Gemeu mais uma vez, olhando Lino, animadíssimo.

- Vale lembrar que os melhores amigos da garota eram nada mais nada menos que Rony Weasley e Harry Potter! Como estarão se sentindo tendo que enfrentar esta beldade... Digo, esta simpatia que, um dia, dividiu o salão comunal com eles???

- Não... - Gemeu Hermione, agachando-se na vassoura. - Ele NÃO está falando isso...

Harry riu e olhou para trás:

- É bom ir se acostumando... Acho que você é a substituta oficial da Angelina! Ele vai ficar te elogiando a partida inteira! É assim mesmo...

- Sinto muito... - Voltou a resmungar - Não estou acostumada a ficar sob a luz de tantos holofotes...

- Hehe.... Bem vinda ao “mundo bussines” do Quadribol!




*




Vinte minutos de jogo. Os artilheiros da Sonserina não paravam de porretear as artilheiras da Grifinória, uma covardia, afinal, as meninas da grifinória levavam uma pancada dos caras da Sonserina e demoravam uns bons dois minutos para recuperar-se da cacetada. Crabble e Goyle davam um baita trabalhão pra Rony e Parvati, que rebatiam os balaços dando tudo de si. Dênis e Draco também estavam trabalhando bastante, mas, para ódio de Draco, eles levavam uma ligeira vantagem de 30 pontos. Os únicos mais ou menos relaxados ainda eram Harry e Hermione, que estavam parados no ar, no alto, vendo o pau comer mais abaixo, mas sem fazer nada - nem sinal do raio do pomo. Por fim ela deitou sobre o cabo da vassoura, apoiando o queixo nas mãos e ficou olhando para baixo, devagar, passeando pelo campo atrás do pomo. Harry não fazia o mesmo - Estava mais entretido olhando a amiga, que parecia querer logo acabar com tudo aquilo e ir pra casa. A concentração dela ela incrível, parecia ignorar o grande e ensurdecedor estardalhaço das torcidas. O vento aumentava, e as negras nuvens de chuva se aproximavam do campo. O tempo estava esfriando. Demais. Talvez começasse a nevar dali quatro ou cinco dias.

- Se vocês não dão conta de derrubar esses imbecis, ao menos façam alguma coisa para melhorar a situação!!!!!!!!!!!!!! - Urrava Rony, pingando de suor tamanho o esforço para rebater os balaços. Gina já fazia uma dolorida careta, passando a mão no ombro esquerdo, dolorido de tantos empurrões. Ele então, que estava num nível próximo ao gramado, ergueu os olhos e fez um sinal para as outras artilheiras. Dito e feito. Elas se espalharam pelo campo e ficavam tocando a goles, cada hora para uma, mudando de nível, de direção. Os artilheiros da Sonserina ficaram perdidinhos. Só nesta jogada Gina - Que ia na frente - abriu mais 40 pontos de vantagem. Malfoy esbravejava do gol:

- Façam qualquer coisa, inúteis! Acabem com uma das artilheiras! Elas estão fazendo vocês de bobo a mais de meia hora! A vantagem está acima de 50 pontos!

- Tá difícil, heim?

- AH! - Gritou Draco, quase caindo da vassoura - Hermione! - Hermione apareceu do lado dele, em silêncio, para assistir a partida. Tinha desistido do pomo. Malfoy balbuciou - O... O que... O que você tá fazendo aqui, menina????

- Hum?... Está muito chato isso daqui. É melhor só torcer. Pra Grifinória, claro. Esse time da Sonserina tá muito furreca.

Malfoy agarrou-a pela gola da capa e puxou para bem perto, com uma força muito grande e rosnou:

- ...E, por um acaso, se você não se lembra, esse time furreca é o SEU TIME. Portanto, se você quer fazer isso daqui ficar mais legal, porque não vai cumprir com sua obrigação e pegar logo a porra desse pomo?

- Se um de nós já tivesse visto esse pomo, eu já teria...

Vvvvvrrrrrrr.... Um zunidinho de asas desceu defronte os dois e seguiu em linha reta. Era o pomo. Malfoy empurrou Hermione na direção dele. Ela pegou impulso partiu em direção ao pomo. Malfoy não teve tempo de começar a gritar "cuidado", Harry descia a toda velocidade e nem ele, nem Hermione viram que iriam se chocar. A trombada fez os dois partirem numa velocidade incrível para a caixa de areia.

Toda a torcida deu um Ooooohhh de espanto ao ver os dois chocarem-se contra o chão como dois tomates podres, voando areia pra todo lado.

- Uaaaaaau!!!!!!! - exclamou Lino, rindo e esticando o pescoço- vai um retrovisor aí, apanhadores?



*



- Ai...

- Ai...

Rony deu um suspiro olhando pra cima e balançando a cabeça. Gina e os outros pararam um instante para olharem espantados. Draco deu um tapa na própria testa.

- Como podem haver tantos idiotas num mesmo campo de Quadribol?...

Harry e Hermione, gemendo doloridos, tentavam erguer o corpo. Por fim conseguiram sair um de cima do outro e sentaram. Hermione balançou a cabeça molemente, com tudo doendo. Harry chacoalhou a cabeça pra tirar a areia.

- Como... - disse Harry- Você pode ser tão estúpida?

- ...Estúpida? - Protestou murmurando Hermione - Como VOCÊ atropela alguém assim? AI... Meu Deus... Como eu não quebrei nada?...
- Maldição... - Harry levantou com a mão nas costas e olhou em volta. - Perdi a droga do pomo... – E em seguida voltou a montar a vassoura, largando Hermione para trás.

- Ah, obrigada por perguntar se eu estou bem... – Gemeu, olhando Harry, que voava veloz. Ela olhou pra cima e Malfoy gesticulou, bravo:

- Você não quebrou nada! Vá logo atrás daquele pomo!




*




A chuva começou, pesada. Em pouco tempo os jogadores estavam voando muito mais devagar, por causa do peso que ficaram depois que as roupas estavam encharcadas.

- Alguém aí enxerga alguma coisa? – perguntava Lino, sequinho debaixo da cobertura do "camarote VIP". Ao contrário do público, que se abrigava debaixo de guarda chuva e capa de chuva. – Eu não faço a mínima idéia de quem é quem! Bem, mas pelo que vemos, os borrões vermelhos continuam fazendo bonito, Grifinória ainda está na frente, e... Mas vejam só, é mais um ponto marcado pela Grifinória! Quem será que marcou? Aposto que estamos perdendo mais um show da caçula Weasley!... Isto é mesmo uma pena, e... Olhem só! Parece que os apanhadores descobriram o pomo! Será que estão conseguindo enxergá-lo ou é só fogo de palha?

Não, não era. Com muita dificuldade, Harry havia reencontrado o pomo e estava em seu encalço. Mas Hermione também estava logo atrás, com a desvantagem de usar uma Firebolt II. Os óculos de Harry não ajudavam em nada, só atrapalhavam. Sem a Hermione para usar o feitiço de impermeabiliza-lo, estava bem difícil. Em um desvio brusco do pomo, Harry o perdeu de vista. Mas não Hermione, que continuou atrás do bichinho e ficou a sua frente. Resmungando muito, Harry rumou atrás dela. Assim que ela tentou em meio ao temporal esticar a mão e pegá-lo, Dois balaços zuniram ao seu lado, tirando casquinha dos braços. Ela perdeu o equilíbrio e deu um mergulho de uns cinco metros, até retomar o equilíbrio. Para sua surpresa, quem havia mandado os balaços sem pensar era Rony.

Draco viu a jogada de Rony e fez um gesto para Crabble e Goyle, que, apesar da chuva, seguiram as ordens do capitão e mudaram de posição. A jogada era simples e clara: mandar balaços na cabeça de Harry, que escapava por pouco. A ventania, a chuva pesada, tudo atrapalhava, e os balaços não facilitavam.

Com um pouco mais de dificuldade, Harry voltou a correr atrás do pomo alucinadamente. Ele saiu zigue-zagueando entre os artilheiros. Hermione estava no alto de todos, descendo a toda velocidade na diagonal. Mas o motivo não era bem o pomo, mas a jogada ensaiada de Crabble e Goyle.

ZUM – um balaço raspou a manga do uniforme de Harry. Ele agachou-se no susto e pôs a mão na cabeça, parando de voar. Quando ele ergueu a cabeça, outro balaço veio bem em direção de sua testa.

- Abaixa, imbecil! – Gritou Hermione, que vinha descendo velozmente. Ela meteu a mão na cabeça de Harry e os dois desceram mais alguns metros, escapando por pouco do balaço. A bola passou direto, mas atingiu outro jogador: Gina. Ela vinha pouco abaixo deles, em linha reta em direção ao gol. O balaço acertou em cheio o ombro esquerdo dela, e ela caiu de uns bons seis metros de altura, levantando lama pra todo lado.

- Tempo! – exclamou Lino – O capitão da Grifinória pediu tempo! Ah, é por causa da artilheira, Gina Weasley, sim, foi ela mesmo quem levou o impacto do balaço...

Os jogadores desceram e foram em direção a Gina. Madame Hooch havia chegado primeiro, e, com uma novidade – naquele ano havia uma equipe de enfermeiros da liga profissional que ficava ali na beira do campo. Eles atenderam Gina ali mesmo, em baixo da chuva. Enquanto os jogadores da Grifinória ficavam no temporal pra ver a amiga, os Sonserinos foram para debaixo de uma grande tenda, do lado do campo. Hermione foi a última e entrar, encharcada e esbravejando com Draco:

- Que ótimo! Olha o que vocês fizeram com a Gina! Em tempo de fraturar o braço da coitada!

- Paciência, Granger - disse um ensopado Malfoy, passando uma toalha na cabeça, ao lado de uma mesa com copos de alguma coisa muito quente que os jogadores estavam tomando, provavelmente chá. – Era pro balaço acertar o Potter.

- Pior! – exclamou, espirrando água pra todo lado, Em tempo de rachar a cabeça dele no meio!

- Imagina... A cabeça de Potter é muito mais dura do que você imagina.
Nisso Gina chegava de maca, com o braço imobilizado. Os jogadores vinham um pouco atrás. Quando ela foi colocada em uma cama no fundo da tenda, longe da chuva, Hermione se aproximou:

- Você está bem, Gina?...

- Não se preocupe, Mione... Estou legal... – Gemeu meio dolorida, sentando-se na cama com uma mão apoiando o braço.

- Eu não achei que o balaço pudesse te...

Ela não terminou de falar. Rony, que vinha atrás, com os outros jogadores, a agarrou pela gola do uniforme e simplesmente a jogou com força para trás, para que saísse da frente.

- Não entulha o caminho. – Resmungou, extremamente grosso.

Hermione não deixou barato:

- Espera aí, Rony, larga de ser estúpido, eu só estou preocupada com a...

- Nós não precisamos da sua preocupação, obrigado. – Rony chapuletou essa virando-se para Hermione, espirrando água para todo lado também. – Quero todos os Sonserinos LONGE do meu time.

Ela parou boquiaberta e sem nenhuma reação. Rony lançou o olhar para Harry, que vinha atrasado da chuva, balançando a cabeça, olhando o chão. Assim que saiu da chuva ele tirou os óculos. Ao passar por Hermione, a olhou durante um instante, e passou direto, indo ao lado da cama de Gina, sem dizer nada. Virou-se para Rony, os óculos na mão.

- Um inferno jogar com essa chuva! Eu não enxergo nada! Isso tá impossível! – ele respirava com dificuldade, a água escorrendo pelo rosto, pingando do cabelo, do queixo. – Se ao menos essa chuva desse uma trégua... Se ao menos meus óculos estivesse impermeáveis...

Ao dizer isso os dois se olharam. Em seguida viraram-se para Hermione. Ela então fechou os punhos contra o corpo e rosnou entre os dentes:

- Nem contem com isso. – E deu as costas. Passou pela mesa dos Sonserinos, catou um copo do tal chá e foi encostar-se numa das colunas da tenda e ficou olhando a chuva. Malfoy e os outros se olharam, lançaram o olhar para os Grifinórios, rindo. Então ele foi até Hermione, e parou ao seu lado.

Ficou alguns momentos só olhando a chuva, Hermione passava a mão pelo copo fumegante, mas não tomava.

- Nós não tiramos o apanhador de campo, mas tiramos a melhor artilheira deles – Disse Malfoy, bebericando o chá. – Ah, sim, e essa foi uma boa jogada.

- Eu não quis tirar a Gina de campo. – Murmurou Hermione, brava, sem tirar os olhos da chuva. – Eu não jogo sujo como vocês.

- Como? – Perguntou Malfoy, se fazendo de desentendido. – Não, não estou falando da Weasley machucada. Estou falando de agora. – Hermione parou e lançou um olhar de esguio para Draco, sem entender. – Você ter recusado o feitiço para ajudar os fracassados dos teus amigos. Eles estão te tratando como adversária. Nada mais justo do que você dar o mesmo tratamento. Agora toma logo essa joça aí. Tem gosto de água quente. Mas ajuda.

Draco deu as costas e voltou para o meio dos Sonserinos. Hermione ainda o seguiu com os olhos, para depois voltar a olhar a chuva e beber o chá.
Uns quinze minutos depois Gina estava de pé, com as dores do braço curadas.

- Vamos logo acabar com isso! – Ordenou Rony, assim que Madame Hooch se dirigiu para o campo.

Os Grifinórios partiram para o alto, novamente debaixo da chuva. Os sonserinos levantavam vôo pouco atrás.

Draco parou ao lado de Hermione antes de voarem. Ela disse, ríspida, olhando os borrões vermelhos no alto do campo:

- Pode deixar, eu pego esse pomo.

Malfoy ficou um tanto surpreso com a reação dela, e virou sorrindo para os demais jogadores:

- Vamos, a jogada continua, tirem Potter do jogo custe o que custar.

O jogo recomeçou, e os balaços não perdoavam. Nem Harry, nem Hermione, que ficou particularmente nervosa por não ter a prática de desvio de Harry.

- Eu perdi a noção do tempo, minha gente... - Dizia Lino, que parecia estar duro de ficar na mesma posição. – Quanto tempo se passou? O dia escureceu com essa chuva... Quanto tempo faz que essa partida recomeçou?... O fato é que, depois que Gina se machucou, o rendimento de ambos os times caiu! A Sonserina já encosta no placar...

- Meus dedos e minhas juntas estão perdendo a sensibilidade... – Pensou Harry, já sentindo dificuldades de se segurara na vassoura. Ele então olhou rapidamente para trás - Mas imagino que Hermione esteja pior do que eu... Ah... acho que estou com hipotermia... Eu acho que vou...

O pomo veio de trás e passou por seus olhos. Ele se assustou e conseguiu agarrar-se a vassoura com força e disparar em sua direção, sem olhar para os lados. A perseguição feroz continuava, a chuva parecia ter aumentado, o temporal não dava trégua, e a coisa devia estar quente, Harry escutava em meio ao barulho da chuva a torcida vibrando e Lino animado. Ele não tinha idéia do que estava acontecendo, queria pegar o pomo. Ele estava cada vez mais próximo, cada vez mais próximo... Aproximou-se bastante, a som das asinhas batendo já podia ser escutado. Ele esticou a mão. E sentiu alguma coisa bater em sua cabeça com violência. E não viu mais nada. Apagou na hora.




*




Foi como se estivesse dormido e acordado. Harry, com a cabeça ainda um pouco doendo, abriu os olhos. Viu o teto da ala hospitalar entrar em foco. Ele virou a cabeça para o lado. Foi aí que se lembrou do jogo, e pôs-se de pé num pulo.

- Mas o q... – ele sentiu uma aguda dor invadir a cabeça e ele pôs a mão. Notou que tinha uma faixa na testa, e o lado que tinha levado a pancada doía. Escutou alguém lhe chamar. Olhou para o lado e viu Gina sentada numa cadeira, com Dênis atrás dela, os dois olhando para ele.

- Você está legal? – perguntou Gina.

- Eu?... Estou... Só minha cabeça que... O que eu estou fazendo aqui? O que vocês estão fazendo aqui?

- Estávamos preocupados... Um balaço te acertou em cheio a cabeça. Você caiu como uma pedra no chão, e não moveu um músculo. Ficamos preocupados. Trouxemos você pra cá, mas mesmo assim não acordava...

- O que aconteceu?... E o jogo? A quanto está o jogo?

Gina e Dennis se olharam e olharam Harry espantados. Gina estalou os dedos da mão e disse:

- Harry... Você está inconsciente... Há quase 36 horas...

Ele ficou parado, olhando os dois. Notou que não chovia mais, estava ensolarado. Gina e Dênis usavam o uniforme da Grifinória corriqueiro, ele estava de pijama. Nem sinal de jogo de Quadribol.

- Então... O jogo... Acabou?

- Acabou. Hermione pegou o pomo.

Era isso que ele não queria escutar. A Sonserina pegou o pomo.

- Ela... Pegou o pomo? É por isso que Rony não está aqui? Então... Nós... perdemos? Perdemos pra Sonserina?

Gina ficou em silencio, mas Dennis sorriu.

- Não, não perdemos. Nós vencemos a partida.

- Como?

- Tínhamos uma diferença de quase 200 pontos. Gina marcou a diferença, mesmo machucada. Os artilheiros da Sonserina não deram conta, e Malfoy estava esgotado, todos nós estávamos encarangados de frio. Hermione capturou o pomo só para encerrar o jogo. Ela também mal ficava de pé.

- Então... Vencemos... – Harry voltou a olhar os cobertores tentando absorver aquilo tudo.

- Rony e os outros já passaram por aqui para te ver, mas eles tiveram que ir pra aula, assim como a Hermione, que também já veio...

- Eu só estou aqui para fazer companhia à Gina... – disse Dênis, corando levemente.

- Mas então... Que estranho... – continuou Harry. – Como foi que nós vencemos se ela pegou o pomo?

- Estava difícil, Harry. Ela jogou bem sim - disse Gina, levantando-se - Mesmo quase dura de frio, ela desviava dos balaços errantes do Rony e conseguiu capturar o pomo. Demorou o suficiente para abrirmos a diferença. Estávamos todos exaustos...

- Puxa... Acho que fomos um pouco duros demais com ela... O Rony não estava contente...

- Você perdeu... – disse Dênis, meio admirado – o jogo acabou com a chuva já bem mais mansa, quase um chuvisco. E, puxa, eles tiveram uma briga...

- Briga? – perguntou Harry. Gina cruzou os braços.

- Ah, o Rony é extremamente chato. Eles agarraram de briga no fim o jogo. Eu tava vendo a hora que a Mione ia virar a mão na cara do Rony. Pena que não virou...

- Eu até agora não sei porque o Rony brigou com ela. Cara, a Mione só estava fazendo a parte dela, e além do mais a gente venceu o jogo...

Harry ficou com aquilo fervilhando a cabeça, e se pôs de pé. Os dois se espantaram, e Madame Pomfrey se aproximou:

- Potter! Está ficando doido? Levantar assim, você precisa descansar!

- Madame Pomfrey... Eu estou bem... Agora preciso ir....

Ela segurou Harry na cama mais um tempo.

- Acalme-se, menino. Deixe-me ver pelo menos se você está bem mesmo.

- Bem... Vamos indo. – disse Gina, juntando-se a Dênis- Não se preocupe, Harry, você está dispensado das aulas da tarde...

Harry respondeu monossílabo. Madame Pomfrey ainda o examinou algum tempo, e o dispensou. Ele correu até o salão comunal da Grifinória para pôr o uniforme e pegar os materiais, e saiu em busca das aulas da Sonserina. Eles estavam tendo aula de Aritmancia. Hermione já havia completado a carga horária e não estava na sala. Então ele já sabia pra onde ir.



*



Assim que entrou na biblioteca viu Hermione, numa das mesas do fundo, fazendo anotações de um livro. Ele se aproximou:

- Oi.

- Ah, Harry! Oi. – Respondeu meio surpresa, levantando o olhar – Que bom que já acordou... Está melhor?

- Por que você capturou o pomo? – Foi a "resposta", apoiando-se na mesa. Hermione ficou olhando para ele sem entender.

- Como "por que eu capturei o pomo"? Para acabar com o jogo, oras. Não é isso que os apanhadores fazem?

- Não! Você capturou o pomo, mas nós vencemos. Porque você fez isso, Hermione?

- Bom, Harry... - Disse, sorrindo – Verdade seja dita, o time da Grifinória é muito melhor que o nosso. Nossos artilheiros ficavam brigando entre si enquanto a Gina marcava os pontos. Ela conquistou os pontos necessários para nos dar uma lavada.

- Não foi isso. Mesmo quando se está perdendo, a vitória é sempre de quem captura o pomo!

- Ah, Harry, você sabe que não. Também, o tempo não ajudou, estava horrível, a chuva, o frio, estávamos desgastados.

- Eu não engulo essa.

Hermione começou a perder a paciência, fechou o livro que lia e apoiou os braços sobre ele.

- Escuta aqui. Você não está achando que eu esperei a Grifinória passar na frente para pegar o pomo, acha?

- Quer saber? Acho sim. Que motivo você teria para não...

- Que motivo eu teria para deixar vocês vencerem? Eu particularmente não tenho. Vocês sabem muito bem separar o lado de fora do lado de dentro de um jogo de Quadribol, ótimo, muito bem, nesse jogo eu também aprendi. Aprendi que quando a gente põe os pés lá dentro, não importa se no outro time está seu amigo, seu parente, ou seja lá o quê, quando a gente põe os pés num campo de Quadribol tudo isso some. Somos adversários. Inimigos mortais, que devemos vencer a qualquer custo e a qualquer preço. Não é isso que vocês me ensinaram na partida de ontem?

Harry ficou parado, surpreso com a reação de Hermione. Ele tentou falar alguma coisa, mas não conseguiu. Então respirou fundo e se deu por vencido:

- Ok, ok. Você tem razão. Acho que fomos exagerados demais com você ontem. Desculpe.

- Se você quer um bom motivo para eu não ter vencido a partida de ontem... – disse, voltando a abrir o livro – a culpa foi da vassoura. Aquela Firebolt II é muito ruim para usar debaixo de chuva. Eu não chegava perto do pomo de jeito nenhum. Pegar ele foi puro golpe de sorte.

- Ah... – Harry cruzou os braços e continuou olhando Hermione, que voltava às anotações. – E o Rony?

Hermione parou de novo as anotações. Ficou em silêncio, e Harry notou que ouvir o nome dele não fez muito bem pro humor da garota.

- Vocês brigaram de novo, foi?

- Quando foi que você me viu brigando com ele? – perguntou Hermione. – Quem é que chega caçando confusão?

Harry não precisou da resposta propriamente dita. Sabia que sempre era Rony que começava a brigar, e, claro, por coisas completamente idiotas. Mas ele estava curioso para saber qual o motivo idiota da briga dessa vez. Não podia ser ataque de ciúmes por causa de Draco, porque, mesmo em times iguais, Malfoy fazia questão de continuar tratando Hermione como um desprezível saco de estopa.

- Bem... Acho que Rony não gostou muito de ver você jogando pela Sonserina...

- Às vezes eu me pergunto quando é que aquele moleque vai crescer – suspirou, pondo a mão na testa – Tem cabimento ele dar um escândalo porque eu peguei o pomo?

- Quê? – Não podia ser. Rony brigar por que Hermione estava na Sonserina, jogava pelo time, era adversária, tudo bem, mas brigar porque ela pegou o pomo? - Ele brigou porque você pegou o pomo? O que ele queria? Que eu acordasse e fosse lá pegar? Que esperasse essas trinta e tantas horas lá debaixo da chuva?...

- Não me pergunte. E olha que vocês ganharam. Imagina se tivessem perdido.

- Então... Vocês não estão se falando?

Hermione deu um longo suspirou.

- Não preciso me dar ao luxo de perder meu tempo falando com alguém como ele.

- Como? Nossa, Mione... não pode ter sido tão sério assim. Não a ponto de fazer você falar como uma Sonserina.

- Ah, pode sim. Eu já estou de saco cheio de agüentar aquele menino cheio de infantilidade. O Dênis que é dois anos mais novo me pareceu um homem muito mais maduro que ele.

- Vocês não vão agüentar ficar muito tempo sem se falar. Vocês são bons amigos. Sempre foi assim, e além do mais...

Harry achou melhor não terminar a frase. Achou melhor nem ter começado. Hermione parou e ficou olhando para ele sem dizer nada.

- Se vocês realmente acham que ele faz tanta falta pra mim, sinto desapontá-los. Enquanto ele for estupidamente burro daquele jeito, vou preferir ficar amiguinha do peito do Crabble ou do Goyle.

- Bem... – disse Harry, quase escolhendo as palavras – é que... O Rony sempre se preocupou tanto com você, que...

Ele parou de novo ao ver a cara da amiga. Sem saída, então, Harry bateu as mãos no corpo e resmungou entre os dentes:

- Ah, Hermione, por favor, admita, todo mundo diz que ele gosta de você.

- E eu gosto dele?- Perguntou com as sobrancelhas erguidas.

- Ahn? – Harry parou e pôs a mão no cabelo. – Bom...

- Isso que é chato, Harry, vou ser sincera. Então só porque ele gosta de mim eu tenho que gostar dele? Ninguém me pergunta o que eu quero da vida? Sim, eu gosto muito do Rony, adoro ele, mas é como você, somos amigos.

- Ah, Mione não seja tão...

- A Gina gostava de você. Porque não ficou com ela?

Harry ficou parado.

- Ora, Hermione! Não vejo cabimento nisso... Ela gostava de mim... Eu só a vejo como uma boa menina, uma amiga, não tem porquê eu ficar com ela só porque...

- Então porque eu tenho que ficar com o Rony? – Harry então parou de novo e ficou olhando Hermione. Ela tinha lá sua razão. – Eu já lhe disse se vierem me perguntar o que sinto por ele eu vou responder, sim, claro, gosto dele como eu gosto do Harry, são meus melhores amigos, são meus irmãos. Que nunca desgrudei do pé, que já passei as férias juntas, mas o que tem isso de mais? Ninguém me perguntou se eu não gosto de outra pessoa, ou mesmo se eu já estou com alguém. Ninguém me perguntou se eu gosto do Krum, ou se eu gosto do... do... sei lá, de outro garoto. Eu adoro o Rony, ele é meu melhor amigo, mas eu não preciso me casar com ele por causa disso...

Harry murmurou um "É..." e ficou olhando para o outro lado da biblioteca. Hermione continuou escrevendo. Até que ele virou-se mais uma vez:

- Ah, você voa bem.

- Unh... Obrigada – Resmungou, corando.

- É, você joga bem, sim, tirando que precisa olhar quando for passar na frente de alguém para não ser atropelado...

Os dois começaram a rir, Hermione balançou a cabeça.

- Vou tentar me lembrar disso... Quem sabe contra a Lufa-Lufa?...

- Vou esperar os resultados. E, quem sabe, esperar você também na final.

- Na final? Puxa, como você é otimista...

- Verdade... Sabe, você parece que joga melhor que a Cho Chang.

Hermione parou boquiaberta olhando Harry. Ele também ficou extremamente encabulado, então Hermione sorriu:

- Bom... Devo escutar isso como um grande elogio?

- Ahn... Bem... Claro. É um elogio sim.




*




Na Segunda aula do clube dos duelos com Leah, Sirius, Lupin e Severo, as coisas começaram a ficar interessantes. Era hora de começar a aprender a usar a tal da espada. E não era coisa simples. Rony achava que era só chegar lá, bater as espadas de qualquer jeito e estava bom demais. Mas não era. Havia todo um conceito por detrás daquilo. Depois de toda a introdução, veio a parte mais complicada. Tentar unir as técnicas reais de espada com o poder de um bruxo.

- Em primeiro lugar, – Dizia Sirius – vamos ensinar duas técnicas chave de qualquer estilo de espada, e a mais usada por nós, Aurores e Cavaleiros. Uma, como já dissemos antes, nós chamamos de Gatotsu.

Sirius se posicionou no meio do tablado, mirando um boneco de madeira e palhas, do outro lado da mesa. Ele encolheu-se sobre o próprio tronco, pondo a espada à sua frente, como se fosse uma lança e estivesse pronto para furar alguém com ela.

- O Gatotsu nada mais é que uma perfuração horizontal. Você usa a espada como se fosse uma lança, e espeta o indivíduo como se fosse um churrasquinho. – Ele fez o movimento dando um passo pra frente, e levantando. O pessoal riu, imaginando o churrasquinho. Ele voltou a olhar os alunos e em seguida voltou à posição, mirando ainda o boneco lá na outra ponta. – Mas nós unimos essa técnica comum aos poderes de um bruxo, como, por exemplo, usar minha energia mágica para dar um impulso maior.

Sirius deu um impulso como se fosse avançar um passo para frente. Mas não avançou um passo para frente. Quase num piscar de olhos e atravessou o tablado e, com uma força incrível, atravessou o pobre boneco de madeira. Os alunos levaram um susto. Ele voltou a ficar de pé. Leah batia palmas animadinha.

- Muito bom, muito bom. Você ainda está em plena forma. Minha vez. Minha vez.

Leah então foi até o meio do tablado.

- Próximo golpe, minha gente... O battoujutsu. – Leah então vez quase a mesma posição de Sirius, com a diferença de que estava pronta para sacar a espada e passar um golpe na horizontal cortando o boneco, não furando-o. – Apesar do nome estranho e complicado, o battoujutsu nada mais é do que impelir mais velocidade ao corte da espada no momento em que você a desliza para tirá-la da bainha. Isso é muito eficiente, e era uma técnica muito usada no Japão medieval pelos bons e velhos samurais, que conseguiam matar duas ou três pessoas só com este golpe. Vamos lá?...

Ela ficou uns instantes olhando o boneco fixamente. E disparou. Foi a mesma coisa que Sirius fez, quase enganando os olhos. Mas quando chegou perto do boneco, ela sacou a espada e passou o golpe sem hesitar. O boneco se partiu em dois na cintura. Não se escutou nem sequer um barulhinho, tamanha a velocidade.

- Bom, bom, bom! Muito bom! – Vibrava Sirius e Lupin, admirados – a gente é fã do seu battoujutsu!

O único a não esboçar nenhuma reação, claro, era Snape. Leah voltou ao meio do tablado, guardando a espada novamente.

- Nós vamos aprender muito as noções de esgrima ocidental, mas sem dúvida alguma, as melhores e mais precisas técnicas de espada de que se têm notícia vem do oriente. Nós aprendemos a dominar boa parte delas, e combinando com feitiços eficientes, como, por exemplo, um expeliarmus ou um flipendo... A gente tem um resultado avassalador...

- Talvez vocês não dêem conta de dominar uma por completo – Disse Sirius – como, por exemplo, esse mesmo battoujutsu. É uma técnica extremamente eficaz, mas muito difícil. Não sei se vocês já ouviram falar, mas... as técnicas do Battoujutsu, por exemplo, que Leah domina tão bem, são extremamente difíceis. Até na época em que ela era usada no Japão, poucos eram os homens que a dominavam perfeitamente. Esses homens recebiam até um nome específico, eram conhecidos como Battousais. Uma tradução para "mestres do battoujutsu", propriamente dizendo. Eles também podiam ser apelidados ‘carinhosamente’ de retalhadores. Faziam um estrago considerável.

- Vocês realmente não gostariam de encontrar um battousai mal humorado na frente. – Disse Lupin. – Bem... Que tal começarmos a chamar os voluntários?

Sirius e Leah concordaram. Sobrou para Harry, que subiu completamente sem jeito.

- Tem certeza? – Murmurou, segurando uma espada de madeira nas mãos. – Acho que não vou conseguir...

- Vai, Harry - disse Leah, colocando ele em posição, enquanto Sirius colava o coitado do boneco no tronco de novo. – faça assim, ó.

Leah, segurando os braços de Harry, fez ele fazer o movimento do battoujutsu devagar, em câmera lenta. Harry entendeu.

- Tá... Entendi.

Ele ainda estava meio se achando idiota ali, no tablado, pronto para desferir o golpe. Um murmurinho corria o salão, e Malfoy o olhava cínico, doido para ver ele se estabacar tropeçando no próprio pé. Harry engoliu um seco. Leah aproximou de sua orelha e falou baixinho:

- Concentre-se, Harry. Está no seu sangue. Sua mãe era capaz de fazer isso de olhos vendados. Tenho certeza que você consegue. Eu acredito em você. Assim como acreditei nela.

Harry ainda sentiu um calafrio com aquilo tudo, olhou Sirius, que discretamente fez um gesto de apoio. Lupin também. Ele então respirou fundo, se colocou na mesma posição. E se concentrou no boneco.

"Não é tão difícil", pensou. De repente parecia que tudo a sua volta tinha sumido, ele foi envolvido com uma energia que até então Harry nunca imaginou que pudesse ser capaz de mostrar. Achou que era culpa da posição, que suas pernas estavam adormecendo de ficar no mesmo lugar. Então estreitou os olhos na direção do boneco, e sentiu que era hora de atacar. Ele deu um impulso para correr em direção ao boneco, mas após dar o primeiro impulso com o pé direito, ele sentiu o espaço se encurtar e o boneco praticamente avançar sobre ele. Sacou a espada e passou ela pela horizontal, com os pés ainda no ar, e só foi pôr os dois no chão depois que passou pelo boneco.

Depois de um breve silêncio, um murmurinho percorreu todo o salão. Harry sentiu que o corpo tinha corrido dois quilômetros sem parar. Ao erguer-se e olhar para trás, viu que todos o olhavam espantados. Foi quando ele resolveu olhar a espada de madeira que usava: estava esmigalhada, só no toquinho.

- Mas... O...

Ao olhar o boneco, ele estava completamente torto para o lado. Por pouco ele não fez a mesma coisa que Leah fez, partir o boneco em dois. Ficou impressionado com aquilo tudo. Leah, Sirius e Lupin sorriam impressionados. Snape parecia não acreditar naquilo.

- Isso... Foi... Incrível... – Murmurou Sirius.

- Ele... Ele tem... As mesmas habilidades... Que Lílian tinha... – disse Lupin, encantado.

- Meu... Deus... – Murmurou Leah, espantada.

Harry se aproximou e foi ovacionado pelos professores. Os alunos, exceto os Sonserinos, aplaudiam a incrível habilidade de Harry. Nem ele mesmo acreditava:

- Eu só... Avancei... Parecia que... Eu me movimentei... Como um raio, foi muito... Rápido! Eu não me contive...

- Com o tempo, Harry, com o tempo - disse Sirius - batendo em seu ombro, Com o tempo você controla a força. Foi incrível!

Leah voltou-se para os alunos:

- Muito bem, garotada. É vez de vocêis. – Lupin balançou a cabeça, rindo do vocêis – muito bem, cada um arranja um par, a quadria vai começá.

Os alunos, devagar, se juntaram em duplas. Deviam treinar o battoujutsu e o gatotsu um de frente pro outro, devagar, com as shinais. Poucos deles faziam um movimento que vagamente lembrava o correto. Neville parecia ser o mais desajeitado. Tremia só de segurar uma vagabunda espada de bambu. Sirius e Lupin se cutucaram. Mas Leah já tinha reparado nele e se aproximou:

- Sr. Longbotton? Alguma dificuldade?

Neville deu um doloroso gemido:

- N... Nada, professo...

- Venha comigo.

Neville se apavorou. Leah o chamou para o tablado.

- Venha, não precisa ficar com medo... Neville, não?

Neville fez sim com a cabeça e se aproximou.

- Vamos! – chamou Leah – É só repetir meu movimento.

Neville olhou a postura da Professora e a repetiu. Ela pacientemente o orientava:

- Isso, a cintura virada um pouco pro lado da espada, onde você vai desembainhar... No caso seu outro lado, Neville... Isso... As pernas devem estar dobradas, o peso seu tem que estar no quadril e nos joelhos. Bom, bom...

Leah se ergueu e os professores olharam Neville e sua postura hiper torta. Ele visivelmente tremia as pernas de leve. A professora deu um longo suspiro e colocou o dedo nas costas de Neville, que se desequilibrou e caiu de cara no chão na hora. Sirius pôs a mão no rosto, e Lupin deu um gemido dolorido.

- Levante-se daí, Longbotton. Esqueceu de colocar o peso no lugar certo – Disse Leah. Neville se ergueu, de quatro, e os alunos da Sonserina começaram a rir. Na mesma hora a professora disparou o olhar pra eles e falou em voz alta. – Calem a boca vocês. Alguém quer vir aqui fazer melhor?

Silêncio. Malfoy resmungou. Neville se ergueu, cabisbaixo:

- Desculpa, professora, eu... Não sei fazer iss...

- Não perguntei se você sabe – Resmungou, voltando a se aproximar dele. – Vamos, volte pra posição. Segure a espada perto da cintura de novo.

O aluno repetiu o movimento.

- Anda, olhe pro boneco – Neville olhou. Leah foi batendo as costas dele e tentado empurra-lo até ele afirmar o equilíbrio – vamos, mais força. Coloque o peso no quadril e no joelho. Equilibre-se. Eu não ia chamar você aqui pra perder meu tempo. Eu sei que você sabe fazer isso!

Neville finalmente se equilibrou.

- Ótimo, falou Leah – Agora me dê sua espada.

Ele se ergueu de novo e entregou a espada de bambu. Leah a jogou para Sirius e retirou, com a bainha e tudo, sua katana da cintura. E esticou pra Neville.

- Pegue.

- Quê?

- Você não vai usar uma shinai. Vai usar minha katana.

- Mas... Mas...

- Nada de mas, Neville. A espada não morde.

Neville engoliu em seco. Esticou as mãos trêmulas pra espada. Quando Leah soltou a fira bainha metálica na mão de Neville ele levou a outra junto, pra segurar. Era muito pesada a espada. Como é que usava ela com tanta facilidade, como se não fosse nada?

- Coloque ela na cintura – Disse Leah, sossegada, de braços cruzados.

- Professora... – Murmurou Neville – tem... Certeza?

- Ande, Neville... Coloque logo na sua cintura.

O aluno continuava inseguro até que ela falou em alto e bom tom:

- Sabia que eu já duelei com seu pai quando ele era uma auror? Frank Longbotton, um dos maiores Aurores Supremos.

As orelhas de Nevile queimaram. Ele olhou a professora.

- Quando eu era um Cavaleiro do Apocalipse, eu tinha só 17 anos. Uma das minhas cicatrizes é dele. Grande homem, ele. Conseguiu me dar uma cicatriz pra coleção. Tenho ela até hoje.

O garoto ergueu o olhar assustado.

- Também conheci sua mãe, Alice, mas só tive mais contato com ela depois que passei pro lado de Dumbledore. Ela era uma grande Auror também, sabia? Ela ensinava muita coisa boa pra gente. Você devia ter orgulho dos seus pais.

- Eu... Eu tenho. – Disse, baixando os olhos. Leah supirou:

- Você não devia baixar os olhos quando fala deles, sabia? Se eu fosse você encheria o peito e falaria deles sempre olhando pra cima, cheio de orgulho. Combina com eles. – Neville ergueu os olhos e fez ‘sim’ para a professora, em silêncio – Quer ter a oportunidade de um dia chutar algum Comensal da Morte junto dos seus pais? – Neville fez um ‘an-rã’ ansioso. Leah sorriu – Esse dia não vai demorar pra chegar, acredite. Enquanto isso, faça esse battoujutsu logo, e mate-os de felicidade quando virem você usando uma dessas espadas, e fazendo tão bem quanto eles na sua idade.

Neville sorriu e voltou à posição de battoujutsu. Sirius disse um ‘vai lá, Neville!’ pra anima-lo. Ele, mais confiante, tombou o corpo, mirando o boneco, pronto pra sacar a katana e partir o bonequinho de madeira.

Mas não tiveram tempo de comemorar muito. Minerva chegou apressada no salão. Os professores a olharam. Ela parecia meio nervosa.

- Professores... Perdoem minha intromissão...

- Imagina - disse Leah - diga, Minerva.

- O professor Alvo precisa de vocês na sala dele. Agora.

Os professores se olharam.

- Todos. Vocês quatro. E talvez de mais alguém. Por favor. Estaremos esperando.

Minerva saiu e deixou os quatro se olhando sem dizer nada. O clima que baixou na sala não era dos melhores. Sirius então pôs a mão na cintura e disse, olhando para o chão:

- Estão dispensados. Voltem para seus dormitórios e podem ficar livres até o jantar.

Os alunos foram saindo devagar. Mas, quando Harry, Rony, Hermione, Gina e Draco foram saindo...

- Vocês ficam. – disse Leah. Os cinco pararam espantados.

- Pois não?... – perguntou Draco, superior, sem olhar os outros.

- Vocês vêm com a gente – ponderou Sirius, já descendo do tablado. Passou por eles: vocês cinco.



*




Sem saber do que se tratava, Os cinco foram para a sala de Dumbledore, que quase não comportou tanta gente. Sirius, Lupin, Snape, Leah, Harry, Rony, Gina, Draco e Hermione. Dumbledore sorriu ao ver a cara de dúvida dos garotos.

- Olá. É um prazer receber meus futuros Aurores Supremos em minha sala.

- A... Aurores... Supremos? – gaguejou Rony, olhando dos lados – Mas eu pensei que só seríamos... aurores...

- De fato, senhor Weasley. Mas é que neste exato momento precisamos da ajuda dos mais fortes candidatos. Pedi para que os professores me dessem os nomes quando chegasse a hora. Vejo que foram ótimas escolhas.

- Então vocês sabiam que nós cinco seríamos os mais fortes das aulas? – disparou Draco, de braços cruzados e nem um pouco contente de estar espremido no mesmo lugar que Rony, Gina e Harry. – Aconteceu alguma coisa?

- Sim e não, Senhor Malfoy – disse Alvo, completamente tranqüilo. – Creio que vocês já saibam do que está acontecendo, e do motivo por eu estar reunindo vocês aqui. Sem dúvida vocês são os mais preparados. Sabemos disso muito antes das aulas do Clube começarem. E depositamos nossa confiança em vocês para ajudar a resolver os problemas que apareceram.

- Pode nos contar, professor Dumbledore? – perguntou Sirius.- É o que imaginamos?

- Sim, Sirius. É o que vocês imaginam. – Os professores suspiraram desconfortáveis. Os meninos não entenderam. Dumbledore voltou a olhá-los. – O motivo para vocês estarem aqui agora, garotos, resume-se em um só nome: Espada dos Deuses.

Os meninos sentiram o mesmo desconforto dos professores.

- Já é de conhecimento de vocês que Voldemort está atrás da espada. E que ele não pode encontrá-la, em hipótese alguma. Pois bem. Temos notícias do possível paradeiro dela. A espada está escondida em algum Templo Sagrado Perdido, em alguma parte do mundo. Há dois dias descobrimos um desses Templos, e, como um teste, queremos que vocês acompanhem os professores até ele, em busca da Espada.

- Então... É isso... – murmurou Harry, de braços cruzados – nós ajudaremos, claro...

- Agradeço de coração, Harry Potter – disse Alvo – mas eu gostaria de me assegurar de que vocês não irão se meter em enrascada, mesmo que Voldemort não tenha descoberto o templo, não é exatamente o lugar ideal para passar um fim de semana... E para isso eu precisarei da ajuda específica de Sirius e... Ah, olá, Hagrid, pode entrar, já estou dando a notícia.

Todos olharam Hagrid, que vinha ajudar a apertar mais ainda o lugar. Ele parecia meio apreensivo, mas decidido. Usava uma roupa de couro e peles que mais parecia uma armadura, e carregava um armamento de guerra, espingarda, besta, facão. Ele pareceu não mudar muito de humor ao ver todos eles.

- Claro, professor Dumbledore, claro. Meus serviços estão à sua inteira disposição.

Estava ficando extremamente desconfortável a situação. Até que Dumbledore, com os olhos azuis brilhando, apoiou os ombros na sua mesa e pôs a cabeça sobre as mãos fechadas, olhando os presentes.

- Preciso da ajuda de Sirius e Hagrid... Para que eles ajudem todos vocês... Para que entrem e saiam em total segurança... Da prisão de Azkaban, o Templo Sagrado Perdido Das Trevas.

******


N.A 1: Essa Floreios e Borroes escrota e seu sistema tosco comeram o capitulo pela metade. perdi as NAs anteriores e não sei quais postei. AFE -_-

N.A 2: Enfim, a EdD Azkaban está chegando ao final. Espero q estejam gostando!

N.A 3: Fico feliz que vocês estejam 'migrando' para o fanfiction.net para continuar a ler a fic, é sinal q gostam. Valeu! Mas por favor, Nõa deixem de comentar aqui e dar uma boa nota pra fic, antes de irem embora. Muito ogribada! Até o prox. Capitulo!

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