A Lenda



Snape chegou em sua sala nas masmorras e foi direto a um armário, onde ficavam algumas de suas roupas. Abriu-o e ficou parado, como se estivesse hesitando. Os olhos estavam fixos em um pacote, no canto do armário. Ele o olhou durante um bom tempo, respirou fundo e tirou o embrulho, colocando-o em cima da mesa. Abriu o pacote, e uma roupa com alguns detalhes vermelhos apareceu diante seus olhos. Severo fitou a roupa como se lembrasse de alguma coisa que lhe incomodava. Parecia que tinha medo de pegá-la. Mas depois de mais um tempinho puxou o que parecia ser a parte de cima e a esticou na mesa. Era um terno que lembrava um modelo tradicional chinês, negro, com as costuras vermelhas.

O momento de reflexão foi interrompido por Leah, que entrava em sua sala. Snape rapidamente a olhou, e no lugar da expressão habitual de enterro, pareceu surpreso ao ver com o que Leah estava vestida. Nada de exuberante, apenas o mesmo modelo de sua roupa chinesa, só que com alguns detalhes a mais, que faziam-na parecer algum tipo de general. Ela, ao contrário, parecia muito animadinha, e abotoava a manga.

- O que houve, Severo? - perguntou, ainda com a atenção voltada para as mangas - Não quer sujar a "roupa de gala"?

Snape não respondeu de imediato, continuou olhando o terno com desconfiança:

- Só estava pensando... Se é uma boa atitude nossa voltar a usar essa roupa.

- Por acaso está com medo? - Leah o olhou em tom desafiante, e Snape não gostou. - Medo do que essa roupa representa? Do que ela passa? Do que ela... significa pra nós?

- Não. Não estou com medo. Só acho que não deveríamos deixar isso exposto. Tudo o que esse uniforme representa, não só para nosso povo, mas para os trouxas. Tudo o que nós já fizemos usando, acreditando no que essa roupa significava para...

- Snape, o passado pode ser muito ruim. Mas ele não volta. Ninguém tem a chance de fazer de novo, o que foi feito, foi feito. Nós não podemos fugir dele. Temos de, no mínimo, aprender com ele pra não errar de novo.

Snape continuou olhando ela como se o simples fato de vestir aquele uniforme fosse um pecado mortal. Leah foi decidida até o armário de Snape, e ele a seguiu com os olhos:

- O Ministério pode pensar que nós estamos trazendo de volta os Cavaleiros do Apocalipse!

Leah puxou do canto do armário de Snape uma – aparentemente - velha espada, em meio às capas, vasilhames e apetrechos, e a empurrou com força para ele, batendo-a em seu peito:

- Ué? Mas não é exatamente isso que estamos fazendo? – E sorriu, saindo da sala - Agora vamos logo, homem, estamos muito atrasados.





CAPÍTULO 14: A Lenda (EdD 14)





Os escolhidos no exame de Aurores chegaram na sala de aula para seu primeiro dia de treinamento. Harry e Rony só se encontraram com Hermione algum tempo depois, pois ela, Draco e Not, um rapaz do sexto ano, chegaram um pouco atrasados. Harry e Rony achavam que só os alunos do sétimo ano estariam aptos para os treinos, mas assim que chegaram na sala viram que haviam apenas quatro alunos do sexto ano. Gina, para surpresa de Rony, entre eles.

Sirius e Lupin foram os primeiros a chegar, pouco depois dos alunos, e estavam usando as mesmas roupas que usavam quando chegaram no castelo, os tais uniformes de Aurores Supremos. Mas nem sinal de Leah ou Snape.

O salão agora tinha as mesas no centro, acima do tapete vermelho, assim como fizeram quando teve o Clube dos Duelos no salão principal com a união de duas das mesas das casas. Mas o tablado era bem mais largo. Sirius e Lupin estavam em cima dele, e Harry reparou - estavam com as espadas na cintura. Eles pediram para que os alunos se dividissem, Sonserina e Corvinal de um lado, Lufa-Lufa e Grifinória de outro - e Harry e Rony perderam o tempo chiando, Hermione teve que ficar na Sonserina.

Quando todo mundo já estava no lugar, Leah chegou, com Snape um pouco atrás. Quando os dois entraram, Leah, animada, pulou já para o tablado, Snape continuou de braços cruzados, mau humorado, na ponta. Sirius e Lupin os olharam com a mesma expressão que Snape fez ao rever seu uniforme.

- Puxa... - começou Sirius, olhando Leah de cima a baixo. - Achei que nunca mais veria alguém com esse uniforme.

- É, eu também achei que nunca mais veria alguém com o seu. - retrucou Leah - Mas tá na hora de tirar o pó deles. Vai ser divertido. Boa tarde, meus alunos!

Leah, após colocar um par dessas luvas de couro sem os dedos, abriu os braços e girou no próprio eixo, dando "oi" para os alunos, muito animada.

- Finalmente vamos começar nossos treinos para Aurores Supremos - Começou a professora, andando pelo tablado - como vocês podem ver, nós teremos o privilégio de gozar da maravilhosa e encantadora presença dos últimos, lindo e poderosos Aurores Supremos de que se têm notícia: Siriuuuuuuuus Black, e Remus Luuuuuuuupin!...

Leah disse o nome deles como se anunciasse jogadores de Quadribol, e os dois deram tchauzinho para os alunos e fizeram reverência como se fossem astros. Snape continuava embaixo do tablado, com cara de bunda.

- Obrigado, obrigado. - Diziam Sirius e Lupin sem necessidade, pois ninguém os aplaudia.

- Ah, claro, e o já conhecido assistente de Clube dos Duelos, o Snape - Completou, apontando Snape como se ele pouco importasse. Snape rosnou entre os dentes:

- Você devia saber que da última vez que fui um assistente de Clube dos duelos, eu mandei o professor para o outro lado da parede.

- Snape, querido, Lockhart não conta. - Disse Leah, dando as costas e voltando a atenção para os alunos. - Vocês estão com a cara muito desanimada. Não parecem levar muita fé na proposta, mesmo estando na frente de dois Aurores Supremos e dois Cavaleiros do Apocalipse. Acho que seria interessante se nós dermos uma pequena demonstração do que nós podemos fazer para dar uma aquecida nos ânimos. Não?

A idéia pareceu não agradar Snape - que continuava com cara de tacho. Leah achou graça.

- Você continua rabugento. Não me admira ter tantas rugas. Continua sem espírito esportivo. – Leah completou ao ver que o olhar de Snape se estreitava, e vez um gesto para que ele chegasse perto - Vamos, suba.

Snape se aproximou olhando Sirius e Lupin do outro lado do tablado. Murmurou para ela:

- Eu não tenho espírito esportivo quando estou lidando com espíritos de porco.

- Francamente... Vamos começar logo com isso. Sirius, Lupin.

- Acha mesmo que será uma boa idéia, Leah? – perguntou Sirius, olhando os poucos alunos – Como você espera que nós...

- Calma, Sirius... Eu estava só pensando em mostrar pra eles do que nós somos capazes...

Sirius continuou olhando para a professora desconfiado.

- Sirius, acho que não terá problema – Disse Lupin, chegando ao lado do amigo – Afinal, estamos em Hogwarts. Nada de mal poderia acontecer.

Snape lançou um olhar para Sirius como se o desafiasse, como se insultasse o homem, insinuando que ele estava com medo de mostrar do que era capaz. Sirius entendeu o recado e fitou Snape sem piscar:

- Tudo bem, apenas uma brincadeira... Acho que não faz mal, não é?

Lupin e Leah se olharam e também desconfiaram do que estava acontecendo:

- Ok - começou Lupin - Leah, você fica com o Sirius... Eu, com Snape. Certo?

Sirius e Snape ainda se olharam, mas se afastaram. Leah foi até a beirada do tablado próximo da saída e de Snape, enquanto Lupin e Sirius foram para a outra ponta.

- Espadas de verdade? – perguntou Sirius ao chegar na outra ponta - acho arriscado.

- Uhn... – resmungou Leah olhando para os lados, nas paredes, onde estava a mesma “coleção” de espadas que Hermione tinha visto pouco tempo atrás. – Mas... Eu não ficaria contente se nós usássemos shinais... Não seria tão divertido...

Lupin viu a interrogação que apareceu nos alunos e rapidamente esclareceu que shinais eram espada de madeira, ou de bambu, o que é mais comum, usado em treinos, como no kendô do kenjutsu, aquelas lutas que a gente vê onde os participantes de armadura samurai e espadas de bambu.

- Só acho que usar uma espada comum, como a sua katana, seria arriscado para nós, que não lutamos faz tempo, e para os alunos que assistem.

Lupin mais uma vez esclareceu que katana são as espadas tradicionais japonesas, as espadas dos samurais.

- Bem... Se você diz... – Suspirou Leah, para em seguida olhar para um grupinho de espadas e, ao levantar a palma da mão, as fez descolar da parede e voar até sua mão. – Shinais não agüentariam um quinto da nossa força... que tal... Sakabatous?...

Automaticamente os professores olharam Lupin, para ver se ele iria explicar. Mas ele deu de ombros e resmungou, rindo:
- Tudo, bem, tudo bem, cansei. Alguém aí sabe o que é uma sakabatou?

Os alunos se olharam. Rony virou-se para Harry:

- O que diabos seria uma sa-ka-ba-tou?

- Sei lá. – respondeu Harry.

Rony então lançou o olhar par o outro lado para ver se Hermione já tinha levantado a mão para responder. Mas ela estava olhando para ele e deu de ombros. Rony gesticulou “Você não sabe??!!” Hermione balançou a cabeça. O garoto virou-se desesperado para Harry:

- Danou-se. Nem a Hermione sabe!

- Acho que ninguém aqui sabe. – Disse Sirius - Sakabatou, minha gente, são espadas com o corte invertido.

Leah então tirou uma das espadas da bainha e mostrou, passando o dedo pelas beiradas da lâmina:

- Estão vendo? Nessa parte de fora de uma espada japonesa fica o corte, estão vendo? Esta não tem. Já nesta parte de dentro, que fica voltada para meu rosto, não tem corte, para não machucar o usuário. Uma sakabatou, por ter a lâmina invertida, é o contrário, a lâmina fica aqui dentro. Isso não mata o oponente, apenas quebra alguns ossos. O perigo está no usuário, que pode se cortar com a própria lâmina.

Sirius então retirou a espada do cinto, assim como Lupin, Leah e Snape, que tiraram e pegaram as outras espadas:

- É claro que não se tem notícia de um único homem que tenha conseguido usar uma sakabatou. – disse Sirius, pegando uma das espadas - É exatamente por isso que estas espadas que vamos usar não têm corte. Nem do lado de fora, nem do lado de dentro. Pronto. Vamos.

Voltando a posição inicial com as espadas sem corte, Leah inclinou o corpo, colocou o pé direito um pouco para frente e se prontificou a sacar a espada quando começasse o duelo. Sirius riu meio nervoso ao ver a posição dela:

- Você... Não acha que vai começar essa disputa logo com um battoujutsu, acha?...

- Preferiria um gatotsu? – Sorriu Leah.

- Nem um nem outro! – Protestou Sirius. Lupin foi abrir a boca para explicar, mas Sirius o interrompeu no mesmo tempo em que Leah:

Depois você explica!!!!!

- Tá bom, tá bom...

Os dois e então finalmente tiraram as espadas da bainha, colocaram na frente do rosto, como se inicia um duelo normal de bruxos, e se olharam, sorrindo, e com um friozinho na barriga.

Um silêncio se fez no salão.

- Pronto? – perguntou Leah.

- Claro. –respondeu Sirius.

O duelo começou, e os dois ainda permaneceram parados, esperando para saber qual dos dois iria atacar primeiro. Harry sentiu pairar sobre o salão um ar estranho, que ele não sabia o que era. Dava um leve frio na espinha.

- Está sentindo esse ar, Rony? – Perguntou baixinho para ele.

- Juro que não fui eu. – Riu Rony.

- Não é disso que estou falando – Resmungou, baixo – É... Como uma... Aura... Que faz o ar ficar diferente...

- Ar diferente? – Respondeu Rony – Não estou vendo nada de diferente. Só esses dois parados aí sem fazer nada. Que sem graça.

- Não sei... – Continuou Harry, correndo os olhos de Sirius para Leah – Parece que... Eles estão... Sei lá... Emanando uma energia diferente... Parece que... – Harry lançou o olhar para o outro lado, Draco olhava tudo como se aquilo fosse uma besteira muito grande e, para sua surpresa, Hermione estava olhando fixamente para os dois professores, cada hora olhava um, e parecia meio incomodada. Neville havia recuado dois passos para trás e tinha os ombros encolhidos, e parecia suar. Então Harry se perguntou se, por um acaso, ela também estava sentindo aquela energia estranha. Foi aí que, de repente, Harry sentiu que, aquela energia, que até então parecia ser uma neblina calma na sala, explodir no ar. E nesse exato momento Sirius e Leah resolveram atacar, ao mesmo tempo.

Os alunos arregalaram os olhos e Harry prendeu a respiração. Era algo incrível. A velocidade com que eles se moveram. Parecia mágica, mágica que brotava do corpo deles. As espadas se bateram pela primeira vez no centro do tablado. Os dois pareciam forçar o outro a recuar, com as duas mãos seguravam firme as espadas, uma contra a outra. Usar mesmo uma espada, pelo menos daquele jeito, parecia ser muito parecido com usar varinhas, pois a força física não contava, só o poder mágico, porque mesmo Leah sendo muita mais miudinha que Sirius, quem parecia estar se esforçando mais era ele.

Alguns instantes medindo forças, e os dois se separaram, deslizando para as extremidades do tablado novamente. Sirius tomou impulso e voltou num ataque muito rápido, o corpo um pouco projetado pra frente. Leah, enquanto recuava, rapidamente embainhou a espada, parando na mesma posição em que queria começar, aquela que Sirius pediu para que mudasse. E, ao tomar impulso, numa velocidade tão grande quanto a de Sirius, avançou sobre ele, com a espada ainda na cintura. Quando se aproximaram, Sirius desferiu um golpe certeiro na diagonal, mas Leah sacou a espada e conseguiu bloquear. Eles pararam novamente no centro, mas não ficaram nem meio segundo. Antes que Sirius reagisse, Leah girou o corpo, deslizando para as costas dele. Girou a espada junto com o corpo e desenhou uma meia lua, acertando o lado direito do tronco do oponente. Antes de terminar o ataque, com mão esquerda, que estava livre, ela pôs a palma da mão no exato local em que a espada tocava o corpo de Sirius.

- Expeliarmus!

Foi algo que os olhos de Harry nunca imaginariam ver. Leah usou a mão esquerda para disparar o feitiço que, até então, os alunos só viram saindo de uma varinha. A combinação dos ataques fez uma espécie de explosão de fogos vermelhos ricochetear por todo o salão, e num piscar de olhos Sirius foi arremessado para o outro lado do lugar.

Os alunos ficaram parados, boquiabertos, olhando o que acabava de acontecer. Harry notou que toda a energia da sala que sentia havia se dissipado, sumido.

Leah voltou a ficar de pé e guardou a espada.

- Acho que não estou tão mal assim, não é?

- N... Não mesmo. –Gemeu Sirius, apoiando nas mãos e levantando-se do chão. Ele se pôs de pé, segurando a espada e a olhou, um pouco mais sério – Não me admiro ver que a única pessoa que conseguia chegar perto de você era Lílian. Mas mesmo os anos parados não diminuiu em nada sua eficiência. Andou praticando, foi?

- Não, – Sorriu Leah - acho que é talento natural.

- Não seja tão idiota, Sirius Black. – disse um cínico Snape, atrás de Sirius. – Se Leah quisesse tinha te matado com esse ataque. Não seja tão ingênuo, ela segurou sua força para não te partir em dois.

- Quem não devia ficar fazendo papel de besta é você, Severo – Snape lançou o olhar para a outra ponta e viu Lupin, sério, de braços cruzados, subindo no tablado. – Todos nós sabemos da magnitude do poder dela, mas...

Lupin parou ao lado de Leah, que sorria, embainhando sua espada. Ele perguntou, em tom de quem faz mistério:

- O fato é que, pelo que vimos agora... Alguma coisa vez com que seu poder praticamente desaparecesse. Aconteceu alguma coisa nesses 17 anos, Leah?

Leah baixou os olhos olhando os pés de Lupin, dando um malicioso sorriso. Hermione, na Sonserina, engoliu um seco e sentiu o estômago embrulhar.

- Lupin, querido... Não haviam motivos para que eu continuasse com as energias pipocando para fora dos poros depois que Voldemort desapareceu do mapa.

- Pois é hora de fazer ela voltar a pipocar então - continuou Lupin - se Voldemort não estivesse de volta mexendo seus pauzinhos não estaríamos aqui. – E em seguida ajudou Sirus a voltar pro lugar, sorrindo ao vê-lo respirando como se estivesse com asma - Vamos, acho que Sirius não tem condições de dar um passo na velocidade de um Auror Supremo. Melhor trocar de adversário – Sirius, com a mão nas costelas doloridas, balançava a cabeça, respirando com dificuldade. – Certo, acho que é minha vez de esquentar os ossos com você, mulher.

- Acho que terei de parar com essa festa, meus meninos. Não quero ver esse castelo inteiro vir abaixo por causa dessa confraternização.

Todos lançaram o olhar para a porta do salão, de onde Dumbledore entrava, com as mãos para trás e sorrindo.

- Professor... Desculpe nossa... Empolgação.

- Relaxe, Sirius. Compreendo a vontade que vocês estavam de voltar a medir forças. Por mais que fosse uma época conturbada... Creio que as disputas entre os Cavaleiros e os Aurores sempre tiveram um ar de diversão, de desafio... Vocês eram jovens... Medir forças, saber quem podia mais... Chegando nessa sala eu olho para vocês... Mas não consigo ver adultos experientes, que já passaram por tantas coisas... Que têm tantas histórias para contar... Não vejo homens que passaram anos trancafiados em Azkaban... Ou que ignoraram o mundo mágico durante tanto tempo dedicando-se a construir uma família trouxa... Para dizer a verdade, olho para vocês agora e vejo aqueles adolescentes que viviam dando dor de cabeça para nós a bons anos atrás.

- Gostaria que fôssemos ainda jovens tolos que desperdiçavam seu poder apenas por pura diversão, professor – Leah veio andando calmamente em sua direção. – mas as circunstâncias exigem que deixemos de lado a diversão. Teremos que transformar estes jovens adolescentes em Aurores Supremos. E não será uma tarefa fácil.

Leah deu uma passada de olhos pelos “escolhidos”: Neville, com a boca que não conseguia fechar, Draco, com cara de superior, Harry, Hermione e Gina com cara meio de espanto, Rony, que se ocupava em tirar meleca do nariz e que parou quando viu os professores; entre outros poucos alunos. Leah suspirou fundo e começou a andar pelo tablado novamente.

- Prestem atenção aqui, minha gente. Por um acaso, vocês sabem o motivo pelo qual os Aurores Supremos e os Cavaleiros do Apocalipse usam espadas, e não só varinhas?... Sabem?
Mais uma vez o silêncio pairou no salão. Os alunos pareciam estar um pouco mais tensos, prestando atenção em tudo. Leah então apenas vez um gesto para que Sirius se aproximasse.

- Quando Voldemort chegou ao auge do seu poder mágico, e seu império de terror dominava cada vez mais os bruxos e começava a avançar sobre o mundo trouxa, ele começou a... Digamos... Se sentir “entediado” com aquilo tudo.

- Por mais que ele fosse poderoso - continuou Lupin, ainda haviam poucos bruxos que poderiam impedi-lo... Se ele deixasse uma brecha.

Sirius suspirou e apoiou-se na espada, olhando o teto:

- Tem razão, ainda havia uma esperança entre nós. Dumbledore ainda podia impedir Voldemort. E o bruxo não tinha saída... A não ser...

Então, pela primeira vez, Snape resolveu abrir a boca para dizer algo e participar da história:

- ...A não ser apegar-se a uma antiga lenda. Uma lenda, que, se fosse concretizada, o transformaria numa entidade que talvez pudesse se assemelhar a Deus. Cujos poderes atingiriam o infinito. Que ninguém poderia impedir. E toda esta lenda se refere a apenas um único objeto mágico. Uma arma.

Os alunos olharam Snape com grande expectativa, mas foi Sirius quem concluiu:

- Este objeto era uma espada. Uma espada mágica. A chamada espada dos céus, ou melhor dizendo, a Espada dos Deuses. Voldemort passou a buscá-la pelos quatro cantos do mundo, sedento pelo poder que ela poderia lhe proporcionar. Foi por isso que ele reuniu os Cavaleiros do Apocalipse, seus melhores subordinados, para buscar a espada e entregar-lhe em segurança. Por outro lado, os Aurores Supremos foram encarregados de também proteger o mundo evitando que Voldemort encontrasse a espada. Ou melhor, nós devíamos encontrar a espada antes dele. Ou o universo estaria condenado a cair de joelhos em frente a Voldemort. Isso não seria bom.

- É por isso que nós, Cavaleiros do Apocalipse e Aurores Supremos usamos espadas. Para que tivéssemos condições de fazer alguma coisa, caso a espada fosse encontrada. Nas mãos de habilidosos espadachins, a espada iria decidir qual lado venceria a batalha.

- As palavras de Leah, Snape e Sirius dizem a verdade, meus alunos – Dumbledore ainda estava no chão, ao lado de Snape. Os alunos começavam a ficar um pouquinho preocupados. – Agora Voldemort está de volta... E ele está novamente em busca da Espada dos Deuses para concretizar suas ambições. Ele ainda não tem ao seu lado os Cavaleiros do Apocalipse, por isso devemos nos apressar para evitar que ele a encontre... Por isso vocês estão aqui, para serem treinados pelos maiores bruxos da sua época, que viveram para contar a história. Espero que vocês se dediquem de coração a este objetivo. Para sermos um pouco mais dramáticos... Poderíamos suplicar-lhes... E dizer: “O mundo está nas mãos de vocês”. ...Mas é claro que isso só acontecerá depois que estiverem devidamente treinados. – sorriu, parecendo despreocupado, de repente.

- A situação está mesmo preta... – Gemeu Rony, ao lado de Harry. Harry parecia estar bastante interessado na história. Era isso então... Seus pais se esforçaram a vida toda para impedir que essa tal espada caísse nas mãos de Voldemort. E essa audácia lhes custou a vida. Ele não poderia deixar ele atingir seu objetivo. Não mesmo. Ele então levantou a mão, e Rony choramingou – O... Que você tá pensando em fazer...?

Os cinco professores olharam Harry.

- Pois não? - perguntou Alvo suavemente.

- Professores... O que exatamente diz essa lenda sobre essa espada? O que ela pode fazer?

- Tudo, Harry – Disse Alvo – A Espada dos Deuses transforma seu usuário em praticamente um deus. Ela aumenta seus poderes de uma forma descomunal, ela faz o que o seu dono desejar. Um golpe desta espada corta os céus, abre na Terra uma fenda e a divide em dois. Aliada aos poderes e feitiços mágicos de um experiente bruxo, ela pode abrir um buraco numa montanha, ou quem sabe transformar um oceano em deserto e vice-versa. É algo que nossa imaginação não consegue alcançar.

- E ela... Existe mesmo?

- Bom, Harry... Essa é uma longa história... Que deixo ao cargo da senhora Leah e... Seus... Assistentes. – Alvo sorriu para os quatro. Só Snape não gostou do “assistentes”. – Creio que eles darão conta do recado. Acredito que não há ninguém que saiba contar uma história melhor que a senhora Málaga.

Leah fez uma cara meio dolorida, mas os alunos adoraram saber que poderia curtir a mais uma sessão de “túnel do tempo”. Dumbledore deixou os alunos na expectativa e saiu.

- Bem... – Começou Sirius – Acho que agora é encargo nosso contar toda a história. Você sabe na íntegra, Lupin?

- Negativo... – respondeu, balançando a cabeça.

- Leah?... – Sirius olhou a expressão dolorida de Leah, e riu – É... Acho que é sua vez de novo.

- Todos nós sabemos um pouco dela, Black. – rosnou Snape, finalmente subindo para junto dos outros três. – cada um conta a parte que sabe.

Sirius olhou Snape de cima embaixo e disse que era uma boa idéia. Então eles começaram.

- Era uma vez...

- Lupin. Por favor – ponderou Leah, puxando Lupin pára trás com ele rindo – vamos começar isso decentemente. Ah, já vou avisando a todos vocês, dessa vez não vai ter show pirotécnico. Ninguém aqui sabe direito como foi a história e tudo mais, portando, desenhem a lenda na cabeça oca de vocês mesmos.

Os alunos eram um “Ah...” de desânimo. Sentaram-se nos bancos para escutar a história, contada pelos quatro professores presentes.



*





Há muitos e muitos anos, possivelmente na época de algum grande império, - romano, medieval... Ninguém sabe ao certo,- nasceu em algum reino já perdido pelo tempo uma criança, predestinada a se tornar protagonista de uma das mais sangrentas e dramáticas histórias de que se tem notícia.

Essa criança era um menino que iria se tornar um valente cavaleiro do reino em que nascera. Esse menino, chamado Litth, nasceu com um dom muito incomum na época. Ele nasceu bruxo. Um bruxo poderoso, cujos poderes ele mesmo desconhecia. Os bruxos nascidos naquele lugar, raros, se tornavam velhos sábios e curandeiros. Ele, ao contrário, se tornou um cavaleiro. Desde sua adolescência, quando seus poderes começaram a aflorar, Litth fez questão de esconder de todos. Ele treinava e educava seus poderes sozinho, unindo suas obrigações como cavaleiro aos seus mágicos poderes. Tendo se tornado um cavaleiro tão especial, ele foi chamado para ser o guardião da família imperial. Foi aí que ele conheceu e se apaixonou pela princesa do reino, Allys.

Allys era a filha mais velha dos reis, e seu irmãozinho mais novo tinha apenas seis anos. O rei era um ditador cruel, e não queria que a filha se apossasse do trono, pois ela era extremamente doce e pacífica, alheia às ambições do pai.

O plano do rei era fazer a filha casar-se com o filho de seu falecido irmão caçula, também tão repugnante quanto ele próprio. O povo não queria que a princesa se casasse com o arrogante primo, e ameaçava explodir uma revolução. Durante um típico festival da cavalaria imperial, parte dos camponeses invadiram a arena e a parte restrita à família real, e num ato extremo, tentaram matar o rei, obrigando a filha solteira subir ao trono. Os soldados não deram conta de conter a multidão; e foi aí que Litth entrou em cena. Usando sua espada e seus poderes, apenas ele conseguiu conter a multidão, sem sequer matar um camponês. Ao salvar a vida do rei, Allys passou a conhecer de perto aquele valente cavaleiro, de coração nobre e alma pura.

Sem que ninguém tomasse conhecimento, Allys e Litth começaram a viver uma proibida paixão, que poderia custar suas vidas. Com Litth ao seu lado, amando-a e protegendo-a sempre, Allys sempre arranjava uma desculpa para fugir de seu nojento – e feio – noivo. Durante anos e anos eles desfrutaram do doce romance. Em uma certa noite o rei, começando a desconfiar de que havia algo errado, quis obrigar a filha a casar na semana seguinte com seu primo e ocuparem o trono. Allys, então, fugiu na mesma noite para os campos, e voltou a se encontrar com Litth. Longe do castelo, Allys se entregou de corpo e alma para seu verdadeiro amor. Com um lindo e poderoso cavaleiro lhe jurando amor eterno, o que significaria um reino inteiro de ambições?

Não se sabe como, o romance caiu nas graças do povo. Com Allys subindo ao trono como rainha, com Litth ao seu lado como rei, não havia nada que se temer. Na tarde do casamento de Allys, seu noivo foi assassinado, antes mesmo de chegar ao castelo real.

E a culpa não pôde cair sobre Litth, que ficou o tempo todo no castelo, junto aos demais cavaleiros, guardando o saguão de entrada, bem longe da princesa, mas aos olhos do maldito rei. Não havia mais saída, Allys estava livre para ficar para sempre com Litth e se tornar rainha.

Mas o povo não poderia imaginar o tamanho da crueldade do rei. A única saída era evitar que a princesa chegasse ao trono, e desse o lugar a seu irmão mais novo, que estava sendo criado para ser a cópia do pai. Allys, claro, nunca abriria mão da chance de ser rainha e fazer do seu reino o mais pacífico e próspero do mundo inteiro. O rei, então, vinha junto de seus comparsas, tramando o plano mais terrível que poderia sair de sua mente. Eles iriam matar a princesa. E foi com a ajuda de bárbaros sanguinários contratados pelo próprio rei que uma invasão ao castelo foi planejada.

Muitos dos bárbaros eram bruxos, e eles contaram com a ajuda de algumas criaturas mágicas para o ataque ao castelo, como hipogrifos e dragões. O ataque destruiu o castelo, os bárbaros matavam os soldados reais sem pensar, quebraram tudo, destruíram quase o castelo inteiro. Litth estava desesperado ao ver que todos aqueles mercenários haviam adentrado no castelo. Mas, no início da manhã chuvosa após o ataque, Litth e seus amigos sobreviventes começaram a vasculhar o castelo.

O rei, o príncipe e os comparsas do senado se refugiaram na floresta próxima, junto ao castelo, e haviam saído por uma passagem secreta aos fundos da sala do trono. Mas, para a desgraça de Litth, a princesa não estava entre eles. Ela havia ficado. E foi na sala do trono, cujo teto havia sido queimado pelos dragões, as paredes quase todas tombadas e os destroços sendo molhados pela chuva que caía, que Litth encontrou Allys morta, degolada pelos bárbaros, aos pés do trono imperial.

Ver a mulher que ele mais amava morta em seus braços fez o cavaleiro entrar em parafuso. Ele enlouqueceu, chorando diante do corpo da princesa, e desapareceu, amaldiçoando todo aquele reinado de ambição que destruiu sua vida.

Litth então se tornou um homem movido pelo ódio e pela vingança. Ele queria algo grandioso, que o tornasse o homem mais temível da história. Usando de seu inacreditável poder mágico, Litth forjou uma espada. Uma espada especial, diferente... Uma arma docemente cruel e extremamente temida por todos. Ele se tornaria uma terrível maldição em forma de homem.

A espada forjada por ele era incrível. Em forma de um dragão verde, de cuja boca sairia a lâmina. Uma lâmina que se assemelhava a um vidro, do mais puro e inquebrável diamante mágico, com um fio de corte e uma resistência inimagináveis. A beleza da espada tinha como grande contraste sua maldição. Cada vida ceifada por Litth ficava retida dentro da lâmina da espada; cada espírito, cada alma vítima da espada passava a fazer parte de seu dono, aumentando cada vez mais sua longevidade e seu magnífico poder. As pessoas “mortas” pela espada tinham um destino cruel. Caso a maldição da espada fosse desfeita, elas poderiam voltar a vida. Mas a única condição para isso acontecer era que o dono da espada fosse morto pela própria lâmina. Litth sabia que algum traidor de seu grande exército poderia vir a apoderar-se da espada e acabar matando-o, desfazendo a maldição. Por isso ele pensou muito antes de enfeitiçar a espada. A única forma de reverter a maldição e fazer com que todo o poder dela desaparecesse e as vidas fosse dadas de volta era esta: a primeira pessoa que matou alguém com a espada deveria usar a lâmina em si mesmo para quebrar o feitiço. Resumindo, não haviam esperanças, a primeira pessoa que liberou a maldição foi o próprio Litth, matando o rei.

Litth - agora conhecido como o “Dragão da Morte” - e seu exército saíram espalhando o medo e a destruição por todo o mundo, não havia quem pudesse com o grande bruxo e sua magnífica espada. Foram décadas e mais décadas de terror. Quanto mais vidas a espada consumia, mais forte ficava Litth, que não parecia envelhecer, não parecia desistir de sua vingança contra o mundo.

Mas uma certa vez um grupo de bruxos sacrificou sua vida ao enfrentar Litth quando este voltou a sua terra natal, procurando pelo vale onde sua Allys havia sido enterrada. O sacrifício das vidas dos bruxos não foi em vão. Litth caiu de um gigantesco desfiladeiro, engolido por uma floresta densa e perigosa.

O bruxo das trevas não morreu, mas ficou extremamente fraco e com feridas profundas. E foi salvo. Salvo por uma jovem que morava nas proximidades de um rio em um descampado, logo abaixo dos paredões. A jovem cuidou de Litth sem saber quem ele era, pois há muitos anos havia perdido a visão por causa de uma doença, e seu avô, que a criou longe da vila por acharem que a cegueira a transformava em um estorvo, havia morrido de velhice há alguns anos. Litth ficou desacordado durante um bom tempo, e quando acordou teve uma surpresa com a qual ele nunca poderia imaginar. A menina pobre e cega era idêntica a sua Allys, com a única diferença dela ser cega. Litth ficou transtornado com a semelhança das duas, e acabou não conseguindo matar a jovem moça. Isabelle, este era o nome dela, cuidava das feridas de Litth com muita atenção e carinho, ela fazia coisas que uma pessoa com a vista perfeita não faria. Ela parecia enxergar além. A cada saída dela para a vila próxima, onde comprava mantimentos e remédios, Litth ficava na cama, pensando na vida mansa que levava ao seu lado, longe de todo o resto do mundo, de toda violência e terror que seu nome produzia. Aos poucos a doçura da menina removia o ódio e a vingança do coração de Litth, que voltava finalmente a ter um bom motivo para viver. Ele queria ficar ali para sempre com Isabelle, cuidando dela, mas achava melhor lhe dizer tudo antes, que era, e o que ele representava para o mundo. Mas para sua surpresa, Isabelle não se incomodou com isso. Ela disse que, apesar de tantas atrocidades, Litth tinha um bom coração, e que, no fundo, ele não teria feito nada do que fez. O ódio o transformou e passou a controlá-lo. Se ele se arrependesse de todos os seus erros, e dali para frente trabalhasse para reparar alguns deles, Litth com certeza seria perdoado, e voltaria a ser um nobre cavaleiro. Isabelle conseguia enxergar aquilo que ninguém podia acreditar ser possível: no fundo de sua alma, Litth ainda era um bom homem.

E foi o que aconteceu. Litth voltou a ser feliz ao lado de Isabelle. E esqueceu do resto do mundo, do ódio, da vingança, do terror. Durante meses ninguém no mundo teve notícias do terrível Dragão. Até que um grupo de bruxos que caçava o poderoso cavaleiro desaparecido chegaram ao vilarejo de Isabelle, e descobriram que Litth estava em sua casa. O grupo se dividiu. Parte dele foi para um descampado nas proximidades do casebre, onde Litth cuidava das ovelhas. Outra parte foi para a casa, em busca da espada.

Ao saber que sua amada estava novamente em perigo, Litth voltou desesperado para a casa, ignorando a presença dos outros jovens bruxos, que o seguiram sem saber direito se aquele homem pacífico era ou não o terrível cavaleiro da morte.

Ao chegar na cabana, Litth duelou com o líder dos bruxos. Isabelle implorava para que não matassem um ao outro, mas o cavaleiro parecia estar novamente sedento por sangue. E no meio da batalha o líder dos bruxos acabou usando a espada de Litth. Sem saber manejar a poderosa espada, ele acabou acidentalmente ferindo Isabelle de morte. E mais uma vez Litth viu a vida da mulher que ele mais amava escorrer de seus dedos. Antes de morrer, Isabelle implorou para que ele não voltasse a ser o terrível bruxo de antes, e que sua morte tivesse um bom impacto em sua vida, a que ele soubesse que a violência nunca traz um futuro feliz.

Os bruxos que vieram a sua caça ficaram estarrecidos com a mudança de Litth. Ele então, desesperado pela morte de Isabelle, tomou a sua espada e, sem pensar duas vezes, atravessou seu peito com um único golpe.

A maldição foi quebrada, as almas presas na espada se libertaram para os céus em grandes flashes de luz, a energia estremeceu os paredões do lugar, tremeu a terra e abriu fendas nos gramados do campo. Nos braços do líder dos bruxos, Isabelle abriu os olhos, viva, e, dessa vez, com sua vista curada.

Litth ficou extremamente feliz ao rever a mulher que amava antes de morrer. Isabelle também disse que ficou feliz ao ver a atitude de seu amor, que ele provou para si mesmo que ainda era um bom homem, e que todos no mundo saberiam que não há nada mais poderoso no mundo do que um verdadeiro e puro amor. Ela estava orgulhosa de seu gesto.

Após a morte de Litth os jovens bruxos prometeram dar fim a toda a maldição da espada. Eles levaram a espada para longe e construíram pelo mundo vários templos sagrados, e lacrado em algum deles estaria a arma e Litth, o trunfo do Dragão da Morte, a Espada dos Deuses.



*




- Com o tempo e o medo da maldição, os templos se perderam, assim como a espada e sua antiga lenda. – Leah completava finalmente a história, com os alunos perplexos. – Pelo jeito Voldemort é um dos poucos que conhece e acredita na Espada dos Deuses. E ele não vê a hora de pôr as mãos nela. Unh... Já anoiteceu!

Leah lançou o olhar para as janelas, mostrando o início do anoitecer.

- Vamos deixar para a próxima aula as dúvidas e a introdução para as nossas técnicas. – Disse Sirius - E lembrem-se, esta lenda é um segredo que deverá ser guardado a sete chaves...

Os alunos saíram da sala e foram direto para as respectivas salas, tomar um banho e prepararem-se para o jantar. Antes que Harry, Rony e Hermione saíssem, Sirius os chamou:

- Amanhã o dia vai começar muito bem, não? É o segundo jogo do campeonato! Vocês vão pegar a Sonserina, heim, Harry? – Harry e Rony responderam com a cabeça, animados. Hermione sorriu. – Não vejo a hora de ver você moerem os nojentos sonserinos.

- Não precisa pedir, Sirius – Disse um orgulhoso Rony – aposto dez galeões que acerto um balaço com um minuto de jogo na testa de Malfoy!

Sirius sorriu e mandou Rony ir logo embora – Snape não estava contente, como sempre. Eles saíram e Sirius voltou a subir no tablado junto aos outros três.

- Acho que amanhã seu time será pulverizado, Snape.

- Não seja tão otimista, Sirius... – Murmurou um malicioso Snape – Você não faz idéia das cartas que temos nas mangas....

Um segundo de silêncio separou o clímax de disputa do início da zoação entre os quatro. Leah virou-se para Lupin:

- Noivo feioso, Lupin? Quem foi que disse que o primo da princesa era feio?

- Ah, sei lá, Leah. O cara era chato. Isso enfeia a pessoa. E de mais a mais ele não devia mesmo ser muito bonito.

- Quem é você pra criticar o feioso primo do Lupin? – disse Sirius se aproximando – Aquele papo de “se entregar de corpo e alma” foi podre, Leah!

- Vocês não entendem nada de amores impossíveis.

- Amores impossíveis? – Protestou Lupin – Porque você não foi direta e simplesmente disse que ela deu pro cara?

- Boa, Lupin. Os garotos têm idade suficiente para saber que eles transaram. Haha.

- Vocês não sabem nada de poesia. Insensíveis.

- Insensíveis?... – A voz rouca de Snape finalmente apareceu. Ele estava próximo as janelas, olhando para fora. – Trepa-trepa no meio do mato? Eles devem ter se enchido de carrapatos.

Mais um silêncio tomou conta do lugar. Sirius olhou Lupin, que olhou Leah, que olhou os dois.

- Snape... – Gaguejou Lupin – Snape fez uma piada...?

- Carrapatos? Hahahahaha, essa foi boa mesmo, Snape! Sempre achei que ele não tinha espírito suficiente pra fazer uma piada! Hahahahaha

- Vindo do Snape, Sirius, foi uma boa piada.

- Ai, ai... Vamos embora, gente. Não vai sair mais nada que preste daqui – Leah bocejou e saiu da sala, seguida por Lupin e Sirius, e pouco depois por Snape.

No fim do jantar Harry e Rony se encontraram com Hermione, e ficaram um bom tempo conversando sobre a lenda da espada.

- Fala sério, e eu que achava que tinha uma vida ferrada – Suspirou Rony – coitado do tal Litth. Só se ferrou a vida inteira, e quando faz alguma coisa de bom... Morre.

- Bem... – Disse Hermione, passando a ponta da faca na mesa, com a mão apoiada no queixo. – Eu achei linda a história. Triste, é verdade, mas muito bonita. O fato do Litth no fim reconhecer seus erros, e dar sua vida para fazer a mulher que ele amava voltar a viver... Mesmo que ele não vivesse... É muito bonito esse gesto, dar a vida a quem você ama.

- Eu também acho – Disse Harry, de braços cruzados olhando o chão, sentado ao lado de Hermione, mas com os pés para fora da mesa, com as costas encostadas na beirada da mesa do jantar. Rony estava na mesa da frente, sentado em cima da mesa da Lufa-Lufa com os pés no banco – Pelo menos é mais sensato do que fazer papel de idiota vendo a mulher que ama com outro cara e achar tudo lindo e colorido.

Hermione ficou um tempo olhando Harry meio espantada, Rony também. Só que Rony não estava entendendo o que Harry queria dizer, Hermione sim. Ele suspirou e olhou o teto estrelado do salão principal de Hogwarts:

- Sabem... Acho que é disso que eu preciso... Um amor tão forte que me faça ser capaz de dar minha própria vida para a mulher que eu ame. Acho um gesto muito bonito, muito corajoso. E acima de tudo, uma atitude pura, desinteressada. Claro, por que qual o interesse você pode ter em dar a vida a quem ama? Você não leva nenhuma vantagem, você morre. Mas morre feliz. Sabendo que fez a coisa certa, sem hesitar.

Hermione e Rony se olharam um bom tempo, sem dizer uma palavra. Até que ela virou-se para sair da mesa:

- Sinto muito, minha gente, mas não é minha praia. Não gostaria de ver o cara que eu amo se sacrificando por mim.

- Que pena... tem tanto moleque chato nessa escolha a fim de você, se eles morressem seria um grande favor. – Suspirou Rony, olhando o céu, de braço cruzado e voz desinteressada.

- ...Mas também não seria nobre o suficiente para morrer no lugar dele. Lógico – Completou Hermione, olhando Rony com um olhar muito maquiavélico.

O garoto abriu a boca aterrorizado e gaguejou:

- Ah... Sua... Sem coração! Que falta de... você não é nem um pouco mulherzinha, sabia?

Hermione deu uma risadinha abafada enquanto deixava a mesa do jantar. Rony voltou a olhar a amiga:

- E aí, vai ficar de que lado amanhã? Sonserina ou Grifinória?

- Hum... – Pensou Hermione olhando o chão – Vamos ver. O lado que meu coração mandar.

- Ah, então é com a gente mesmo. – Confirmou orgulhoso.

- Não sei, senhor Weasley. Quem sabe? Façam valer a pena.

- Pode deixar, Mione. – disse um sorridente Harry, batendo continência – Se ele não fizer... Pode deixar que eu faço.

Hermione parou e ficou olhando Harry, sorrindo. Rony bocejou.

- Bom, então vamos logo, que temos que descansar.

Os três puseram-se de pé e subiram juntos. Ao chegarem no retrato da mulher gorda se despediram.

- Até amanhã, Hermione. – Disse Harry, pondo-se à frente para entrar no retrato.

- Boa noite, Harry - Respondeu, dando-lhe um beijo na bochecha. Em seguida passou por Rony - até amanhã, Rony.

- Ué? Eu não ganho? Só porque disse que você não é mulherzinha? – Perguntou Rony, ao ver que ela passou direto. Harry olhou ele sorrindo. Hermione voltou até ele, sorriu e o agarrou pela nuca. – Mione... O... Pe... Peraí, eu não... Quis dizer que... Mio... ô Mion...

- Tchau, moleque – rosnou Hermione, jogando-o dentro do buraco do retrato da mulher gorda com violência. Harry disparou a rir – Vai dormir, seu babaca! - E deu as costas, indo pro quarto, enquanto os outros dois amigos entravam no salão da grifinória, ainda rindo.



*




A manhã do jogo da Grifinória foi tão tensa que os meninos não se preocuparam em procurar por Hermione, que Harry lembrou só no corredor de entrada do campo.

- Ih, Harry, - disse um apressado Rony – Ela já deve estar lá do lado de Hagrid, gritando sem parar. Sorte dela, que não dorme mais nas masmorras.

O estádio, como sempre, estava muito mais alvoroçado por ver uma disputa entre Sonserina e Grifinória. Uma tempestade prometia começar a qualquer momento.

- Vai chover. E muito – Disse Gina olhando o céu.

- E daí? A gente não derrete.

- Não seja grosso, Rony!

O time entrou no campo e esperou no centro Sonserina vir se aproximando.

- Gina não está sendo fresca, Rony - disse Harry - uma chuva grande atrapalha e muito o jogo, principalmente para pegar o pomo.

- Não tem problema, é só a gente quebrar o apanhador da Sonserina antes dele pegar o pomo.

- Não é tão fácil derrubar Malfoy – disse Harry.

- Ele não é o apanhador não - disse Dênis - ele é o goleiro ainda, como foi no ano passado.

- É? Quem será?

- Not.

- Not?

- Aquele garoto do sexto ano, Rony, - disse Harry – Que estava na aula da lenda ontem. Mas tem certeza? Ele estava entre os artilheiros no exame... Not Lestrange, de cabelo arrepiado e azul.

- Ah, sim. Bom dia, Madame Hooch.

- Bom dia Sr Weasley, bom dia, jogadores. Por favor, antes do jogo, cumprimentem-se. Não quero um Grifinoria versus Sonserina terminar em pancadaria como quase sempre acontece. Lembrem-se dos profissionais lá em cima. – Disse impaciente e direta.

- Não se preocupe, Madame Hooch – Disse um cínico Malfoy se apresentando e esticando a mão para Rony num sorriso muito malicioso.

- Eu ainda tiro esse sorrisinho da sua boca, Malfoy – Resmungou Rony, apertando a mão dele por pura obrigação, tentando quebrar os dedos dele entre os seus. Draco olhou Harry extremamente superior, com Crabble e Goyle atrás dele. Foi cumprimentar Harry, mas ele não apertou sua mão.

- Eu não vejo motivos para me dar ao trabalho de cumprimentar vermes como vocês, Malfoy.

- Ah. Não, Potter? Que arrogância, devíamos ser todos bons amigos. Isto é só um jogo.

- É mais do que um jogo. É praticamente uma guerra. E eu não tenho piedade de adversários como vocês.

- Guerra? Que legal, Potter, então acho que ainda falta você conhecer meu brilhante exército. Eu, capitão e goleiro, Crabble e Goyle, batedores, Not, Malcom e Grão, artilheiros, e claro, nossa mais nova mais nova aquisição... Nosso novo e eficiente mascotinho apanhador...

Harry, Rony e o time da Grifinória baixaram os olhos. Atrás dos homens encorpados da Sonserina via-se uma garota com um rabo de cavalo e um sorriso tímido, mas muito iluminado, e particularmente conhecido de Harry e Rony.

- Bom dia, meninos...

Harry sentiu o estômago gelar, e Rony ficou branco.

- He... Hermione?...


**************

N.A 1: Faz um tempão q não atualizava. Sorry! Isso é chato, pq se vcs lêem a fic e gostma, ao invéz de lerem por aqui acabam migrando para o fanfiction.net. O q não ajuda em nada em aumentar a popularidade da fic por aqui. Snif. T_T

N.A 2: Não se preocupem com as expressões da fic. A partir de agora vcs sabem a diferença crucial entre EdD e HP original: ESPADAS! Sim, os bruxos começam a usar magias sem a varinha e com armas. E SIMísos é referencia de anime e mangá, que eu adoro.

N.A 3: Sobre as técnicas de espada: os nomes Gatotsu, Battoujutsu e outros que aparecerão são técnicas básicas de espada japonesa. Esssas em especial fazem parte do universo do mangá Rurouni Kenshin (samurai X), mas só serve de introdução e explicação, nemse preocupem, pq com o tempo esses nomes somem. É só para treinar os personagens e os leitores, rs.

N.A 4: Vou spoilear vcs desde já: a EdD (Espada dos Deuses, ora pois!) NÃO é a unica espada/arma mágica da série. Logicamente a EdD foi a arma que deu certo, a mais cobiçada e poderosa. Mas depois dela muitos bruxos tentaram fazer outras iguais, que deram errado. Desses "erros" surgiram as Espadas Mágicas que a maioria do pessoal vai usar: cada uma tem como fortaleza um elemento da natureza, e também são valiosas. Até o proximo!!!

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