A Lua e a Almofada



[center][b]CAPÍTULO 12: A Lua e a Almofada (EdD12)[/b][/center]


Sirius e Lupin caminhavam pelo corredor, e não deixaram de piscar um olho para Harry e Rony. Eles chegaram à frente de Dumbledore e ajoelharam-se, fazendo reverência, como cavaleiros medievais. Dumbledore sorriu e fez um gesto para eles se levantarem.

- Ah, não, por favor, parem... Levantem-se - os dois levantaram. - Esqueçam essas formalidades de antigamente.

- Nunca devemos esquecer os bons modos, professor - disse Lupin, sorrindo.

- É - concordou Sirius -, além do que eu estava curioso pra saber se minhas juntas não tinham travado depois de tantos anos.

Apesar do clima de descontração, os alunos permaneciam em silêncio.

- Espero que ainda estejam em forma - disse Dumbledore.

- Ah, é só tirar o pó... - confirmou Sirius.

- Nesta semana os treinos começarão. Quem sabe vocês não aceitam minha humilde sugestão e "tiram o pó" num amigável duelo contra Leah? - Dumbledore disse isso e indicou a professora, que já não se agüentava de ansiedade e veio de encontro aos antigos amigos. O primeiro que abraçou foi Lupin.

- Meu Deus, há quanto tempo... - disse, para em seguida abraçar Sirius. - Vocês não imaginam a falta que senti de vocês.

Sirius continuou segurando as mãos da professora e lhe deu três 'amigáveis' tapinhas na cabeça.

- Nós também sentimos sua falta, criança - em seguida desceu as sobrancelhas e falou num tom muito brando. - ...Aqui estamos nós de novo, reunidos pelo mesmo motivo de 20 anos atrás...

Leah olhou Harry de esguio e voltou a olhar Sirius.

- Me perdoe, Sirius... Você saiu de Azkaban só para encontrá-lo, enquanto eu...

- Não se culpe. Seria perigoso para vocês dois. Como diria Alvo, tudo a seu tempo - Dumbledore sorriu por debaixo da barba. - Ele decidiu nosso futuro naquela noite, e eu não tenho dúvidas de que aquela foi a melhor saída. E, de mais, você cuidou tão bem de mim quando eu saí de lá que quase esqueço do menino!

Dumbledore sorriu satisfeito e pôs a mão no ombro de Lupin, ao seu lado.

- Bem, creio que vocês dois estejam precisando descansar um pouco e almoçar. Depois, terão todo o tempo do mundo.

O trio voltou e se sentou à mesa dos professores.

Na saída, era de se esperar, Harry, Rony e uma perdida Hermione vieram ao encontro dos novos professores.

- É bom saber que você pode andar por aí sem meia dúzia de dementadores atrás de você - sorriu Harry ao rever o padrinho.

- Lamento dizer... - disse Sirius. - Mas acho que daqui pra frente serão duas dúzias...

- Ah, não seja tão pessimista - resmungou Leah entre os dentes. - O Lord das Trevas não os está controlando... Pelo menos ainda não completamente...

Sirius e Lupin pareciam se divertir com a idéia, menos Leah. Sirius resolveu puxar mais conversa com o afilhado.

- Como vai seu último ano, Harry?

- Muito bem - sorriu -, e Bicuço, veio?

- Claro, ele está matando saudades de Hagrid e sua cabana. Ele, aliás, saiu do almoço correndo, vocês viram? - virou-se para Rony. - E você, Weasley, como vai? O clã parece que finalmente está se formando... - Rony sentiu as orelhas queimarem.

- Você tem noção - continuou Lupin - que após a formatura de Gina... Os Weasley serão uma das famílias mais tradicionais de bruxos sangue puro da história?

- Imagina - resmungou Rony.

- Os Malfoy serão caquinhas perto de vocês - completou Sirius, estufando o peito. - Aliás, eles sempre foram.

Mas Lupin tinha baixado os olhos em Hermione, atrás dos amigos, meio acanhada, como medo de ser reconhecida. Ficou muito encabulada ao ver o ex-professor sorrindo e a olhando docemente.

- Ora, ora - começou, sorrindo -, se não é a 'grande' Hermione Granger. - ele desceu mais um pouco o olhar e parou no brasão e na gravata verde e prata da menina. - Sabia... Que você fica bem de verde?

- Lupin, meu amigo, você é quem devia saber - completou Sirius - que não importa a roupa, porque... Quando uma bruxa é bonita, qualquer uma ficará ótima.

Os dois riram. Lupin protestava que não era culpa dele, ele nunca foi tão entendido no assunto quanto Sirius. Rony olhava os professores como se estivessem dizendo uma grande asneira, Hermione tentava sorrir, mas estava com tanta vergonha que mal tinha reação, enquanto Harry resolvia reparar melhor na amiga, depois do comentário.

- Q... Que foi? - perguntou a menina, olhando Harry.

- Ahn?... Ah... - Harry deu de braços, sorrindo. - Não é nada, é que já faz uns dois anos que eu escuto esse tipo de comentário, mas nunca tinha parado pra pensar e reparar melhor...

- Então continue NÃO pensando e NEM reparando - pontuou Hermione. Harry ergueu as sobrancelhas, rindo.
- Credo, Mione. Não vai arrancar pedaço.

- Arranca sim. SEU pedaço.

O início do bate boca chamou a atenção dos outros e olharam. O casal calou a boca e olhou os demais espantados. Harry ergueu as mãos.

- Eu não fiz nada...

- Espere até o próximo Clube dos Duelos, Potter - rosnou Hermione, cruzando os braços.

- Onde vocês vão ficar? - perguntou Harry a Sirius, mudando o assunto.

- Em Hogs...

- Aqui mesmo - interrompeu um sorridente Sirius. - Lá no quarto da Leah.

Os meninos olharam Leah, que respondeu naturalmente.

- É. Minha cama é mesmo muito grande. Cabem os dois.

- Conversa - riu Lupin. - vamos ficar em Hogsmeade, pelo menos por enquanto. Depois, talvez, a gente venha para Hogwarts.

- Eu acho mais seguro - suspirou Leah, para em seguida olhar os três garotos. - Bem, bem, vocês já estão muito atrasados para as aulas, vamos, circulando, circulando.

O trio se afastou e saiu do Salão, enquanto os outros três continuaram de pé, olhando os garotos. Lupin mexeu na longa capa branca.

- Esse três me fazem lembrar de nós mesmos. Dois grifinórios, uma sonserina, e...

Leah o interrompeu olhando o teto e com voz desgostosa.

- Lupin, poupe-me desse momento saudosista.

- Bem, é claro - insistiu o amigo, mas com uma voz meio falhada. - Falta ali Tiago, Lílian... Até mesmo Pedro, quando era só o idiota gordinho dos marotos.

Leah continuou com voz desgostosa e amargurada:
- Você fala isso como se Lílian e eu fôssemos muito chegadas. Como se fôssemos o toque feminino dos marotos. Nós nem sabíamos que vocês existiam - e o olhou de esguio, debochada. - Nós lá íamos saber que vocês se juntariam numa panelinha e usar identidades secretas para fazer baderna do castelo?

Lupin soltou um "ah..." muito longo e desapontado, mas Sirius virou-se sério para Leah.

- E aí? Por que não contou a ele?

- Por que VOCÊ não contou a ele? - retrucou Leah, descendo as sobrancelhas. Lupin pareceu suspirar e olhar o chão. - É o padrinho dele. Ele tem muito mais contato com você - ela pareceu vacilar para continuar. - E também... Eu não... Tenho coragem...

- Leah, pare de bobagens, vai tirar um peso enorme das suas costas.
- Não sei... Não seria justo...

- Ah, Leah. Eu sei. Remo e Alvo sabem, Lílian e Tiago também sabiam. Nós não nos importamos com isso.

- Mas Harry... Se eu contasse e... De repente... Nós nos aproximássemos muito...

Depois de um silêncio momentâneo, Sirius completou:

- Você tem duas coisas para contar para ele. Conte a segunda.

- É uma boa - disse Lupin, finalmente entrando na conversa. - Bem, agora... Dá pra gente ir conversar lá fora? A gente em muita coisa que falar... E aqui não dá...



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- Quem vai ser o capitão do time?

Essa foi a primeira pergunta que Rony fez ao chegarem na Torre da Grifinória de noite, ao fim das aulas e do jantar. Gina balançava a cabeça enquanto, já de camisola e roupão, guardava os pergaminhos.

- Rony, que neura...

- Por mim, seria Harry - disse Dennis, também de pijama, passando por trás de Rony.

- Tá doido? - exclamou Rony, apontando Harry sentado na poltrona que estava em frente à lareira e fora da visão de todo mundo. - O nosso 1º jogo é contra a Corvinal! O que você acha que o Harry vai fazer se for o capitão? No mínimo vai embrulhar o pomo num pacotinho de presente e dar pra Cho Chang antes do jogo! Vai ser o 1º pomo de noivado da história! Vai bater até o lendário jogo em que o Rodolfo Brand pediu em casamento a Gwendolyn...

Gina precipitou-se em interromper o irmão:

- Harry não vai atrapalhar um jogo importante só por causa de Cho Chang. Não é, Harry?

Um silêncio se fez. Dennis e Rony, lado a lado, esperavam a resposta. Poucos instantes depois Harry respondeu com uma voz firme:

- Não, não vou - ele se levantou e olhou os jogadores presentes, muito sério. - Se nós formos unidos não precisaremos de nenhum capitão. Agora, se me dão licença, eu vou dormir - e foi pro dormitório.

Gina o seguiu com o olhar espantada, assim como Rony e Dennis. Quando ele sumiu de vista, os três se olharam.

- O que deu nele? - perguntou Rony. - Desencantou da Cho, foi?

Gina deu de ombros, como se não se importasse, e saiu.



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Não era só na Torre da Grifinória que o clima estava meio tenso, não. Nas masmorras da Sonserina também. Hermione teve uma péssima surpresa quando chegou no dormitório. Parecia que um furacão tinha passado em suas coisas. Estava na cara que suas “queridas e amáveis” colegas de quarto tinha resolvido destruir tudo e jogar os pedacinhos e as tintas por toda a cama da garota.

Quando as garotas entraram no quarto, algumas soltaram exclamações de espanto, outras - mais precisamente as do sétimo e sexto ano - seguravam risinhos. Entre elas, com um particular olhar de triunfo, Pansy Parkinson. Hermione sentiu um ódio muito grande crescer dentro de si, apertou os punhos, sentiu o rosto esquentar e mordeu os lábios com força, estreitando os olhos. Não podia chorar ali, naquela hora, mas parecia que não agüentaria. Foi quando alguém entrou sorrateiramente pelo quarto, fazendo o ar se encher de uma energia muito estranha e as meninas calarem a boca e abrirem caminho. A pessoa olhou calmamente para os lados e perguntou com uma voz extremamente fria:

- Posso saber o que está acontecendo aqui?

Era Leah. Hermione se sentiu aliviada, mas ao mesmo tempo um pouco amedrontada ao virar-se e dar de cara com a professora com um olhar e uma expressão mais intimidadora do que aquela que ela viu quando a conheceu no parque. Leah se aproximou.

- Algum problema... Granger?

- Não... - respondeu, como se aquilo não fosse nada. - Só acho que terei de trocar o lençol...

Leah olhou o estado da cama da menina e sabia que ela tinha dito aquilo pra não cair aos prantos na frente de todo mundo. Então correu os olhos em tudo que ainda era usável, moveu sua varinha, fazendo a mala da menina quase instantaneamente. Assim que a mala foi para suas mãos, Leah deu as costas e foi saindo.

- Vamos, Granger. Acho melhor você passar a viver em um lugar menos... repugnante – Hermione não teve o prazer de ver o sorrisinho debochado que a professora deu quando passou pelas meninas do sétimo ano à porta do dormitório.

Hermione e Leah subiam escadas sem parar durante a noite, e a garota não conhecia aquele lugar. Até que, por intermédio de uma passagem em uma estátua (que provavelmente só quem tinha o Mapa dos Marotos saberia encontrar), chegaram a um corredor que Hermione conhecia. E muito bem.

- É o corredor que liga o quarto dos monitores ao retrato da mulher gorda.

Andando para o lado esquerdo do escuro corredor, Leah parou defronte uma estátua de Grifo. O coração de Hermione deu um pulo - ela já conhecia aquele quarto há um ano.

- É o quarto do monitor chefe da Grifinória... - murmurou.

- É o seu quarto. - disse Leah sem expressão. - Hum... Deixa eu ver... Battoujutsu.

O Grifo deu uma grunhida, abriu as asas e deu passagem. Assim que entraram e o Grifo fechou a passagem, Hermione respirou fundo aquele cheirinho que só os monitores chefes tinham o privilegio de sentir. O quarto de um monitor chefe era realmente de babar. Um degrau de mármore dava acesso ao quarto que, do lado direito, tinha uma grande mesa para estudos, as estantes de livros e outros badulaques e a pequena lareira. Ao centro, a grande cama de casal que, na opinião de todos era um casal do porte de Hagrid. O colchão e os travesseiros eram de penas e os lençóis de seda, fora os edredons. Na parede ao fundo pesadas cortinas vermelhas tampavam as janelas e as portas da varanda em meio circulo. Do lado esquerdo estava o armário de roupas e o grande banheiro. Pelo chão, tapetes macios e coloridos, tipo persa. No mundo real, os únicos trouxas capazes de ter um quarto desses deveriam dispor de bastante dinheiro para hospedar-se em um quarto cinco estrelas, mas ali em Hogwarts era só ser um bruxo suficientemente estudioso podia ter um. Ou, pelo menos, suficientemente bom para ser tão CDF quanto Hermione.

- Mas, Leah... - disse Hermione. - Eu não sou mais da Grifinória...

- É seu último ano, Hermione, não haverá tempo para escolher um novo monitor chefe, só um ‘quebra galho’. Esse quarto ainda é seu, mesmo que escolham um novo monitor chefe - Leah andou tranqüilamente e pôs a mala da menina na mesinha ao pé da cama. Olhou o ambiente com as mãos na cintura. - E, convenhamos, é melhor que aquela eca da masmorra. Bem, fique à vontade, eu estou de saída. Não se importe com as sonserinas, elas não suportam...

Ela a interrompeu, cabisbaixa:

- Elas não suportam ter de agüentar uma sangue ruim como eu entre elas.

- Elas não suportam a idéia de se olharem no espelho e saberem que na escola há uma garota trouxa muito mais inteligente, popular e competente que elas. Hermione, serem corroídas dia após dia por essa inveja deve realmente ser bem chato. Agora, tenha uma boa noite.

Leah saiu, deixando Hermione no mesmo lugar. Ela ainda ficou um tempo parada, olhando o chão do quarto, iluminado apenas pela grande lua do céu. Várias coisa vieram à sua cabeça como um turbilhão de lembranças e recordações, ela sentiu os olhos se encherem d’água. Quando respirou fundo e deixou o choro sair, um vulto prateado atravessou a parede e veio resmungando.

- Hunf. Que eu saiba quem geme e chora por aqui sou eu. Não é? Granger.

- Ahn? - exclamou Hermione, erguendo a cabeça. - Murta?

A Murta que Geme atravessou a garota, pairou sobre a cama e continuou resmungando:

- Quem imaginaria isso? Hermione Granger, a inteligente, a perfeita... Também fica triste... Também chora... E não imagina a penca de inimigos que tem.

- Murta, eu sei que sou odiada, você não precisa ficar me lembrando...

- Você é odiada! Mas aqueles que a odeiam tem medo de você! E eu? A Murta, feia, desgraçada, ninguém está nem aí pra ela! Ninguém teme a Murta porque ela é um fantasma!

Hermione suspirou, tirou o roupão que já usava sobre o pijama desde as masmorras e se jogou na cama, com a Murta ainda flutuando em sua cabeça.

- Ah... Eu preciso dormir... Descansar...

Murta continuou gemendo e chorando. Hermione abriu um dos olhos.

- Quer parar de gemer? Preciso descansar.

- AH! -gritou a Murta. - Pra você é fácil, não está em meu lugar! Saber que nunca será correspondida...

- Hein? - Hermione torceu o nariz sem entender. Murta continuou gemendo.

- Saber que ninguém pensa em você! Claro, é fácil falar da Murta esquecida se você tem certeza de que tem alguém pensando em você!

Murta mordeu o dedo e voltou a chorar. Hermione não entendeu nada.

- Não me leve a mal, Murta, mas... Acho que descer junto com a descarga está te deixando meio...

- Eu também te odeio! - berrou a Murta se debulhando em lágrimas, sumindo pela parede. Hermione continuou boquiaberta.

- O que deu nessa coisa?

Já era tarde quando Rony foi para a cama e deu uma travesseirada em Harry, que olhava o teto, acordado.

- Escuta, não vai dormir? Amanhã começam os treinos dos jogos. Durma, ao invés de ficar pensando na vida!

Harry resmungou e virou para o lado.

- Ah - continuou Rony, ajeitando-se nas cobertas -, a Gina tava resmungando lá no salão porque foi dormir, mas a Murta passou por lá gemendo e deixou ela incomodada...

- Ela também passou por aqui - resmungou Harry.



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Até o Dia das Bruxas, Harry teve treino todo dia. Sem dúvida o mais empolgado era Rony, que não parava de gesticular e gritar em campo. Olívio achou ótimo e não tardou em lhe dar o titulo de capitão, e Rony não admitia, mas estava igual a um Percy do Quadribol. Gina, é claro, levava uma bronca a cada 5 minutos, mas ninguém sabia por quê, afinal, ela era a melhor artilheira em campo.

Na festa do Dia das Bruxas a primeira cena que Harry presenciou ao entrar no Salão foi Rony, lá na Grifinória, querendo a todo custo impedir Gina de comer a torta de abóbora.

- Gina, você não pode comer tanto nessa noite! Amanhã é nosso jogo!

- Rony, eu estou com fome! Eu tenho que jantar!

- Mas... Mas... Você vai pesar na vassoura!

- Rony, por que você não pega o pudim... E senta nele?

- Olá, boa noite... - disse Harry meio relutante. Gina calou a boca, puxou o prato que Rony segurava e se sentou. Rony continuou de pé balbuciando.

- O Rony tá insuportável, Harry - disse Gina, mal humorada.

- É eu sei...

- Como assim, sabe? É um complô, agora? - resmungava Rony.

Mesmo contrariados a cada mordida, Harry e os outros jantaram. No fim das contas, até Rony jantou. Quando estavam terminando, Dennis cutucou Harry, meio acanhado.

- Tenho um recado para você.

- ...Diga.

- Bem... É... Que... A Cho quer... Falar com você.

- Quem? - Harry quase caiu do banco e Rony quase cuspiu o suco na risada.

- Ela disse... Que vai te esperar perto do lago depois do jantar... Mas antes que os portões se fechem.

- O que ela quer?

- Não sei. Foi só isso que ela me disse. Bem... Até.

Harry ainda olhou Dennis sair, incrédulo. Rony ria com a taça de suco na mão.

- Olha o Harry, olha o Harry...

- Cuidado com o que vai fazer, Harry - disse um risonho Simas à frente dos dois. - Não vai arranjar confusão com Olívio.

- Por que ele arranjaria? - perguntou Rony, enchendo a boca com o suco de abóbora. Simas se debruçou na mesa e cochichou para os dois:

- Vocês não sabiam? Ela namora Olívio.

Dessa vez Rony não agüentou e banhou a cara de Simas com o suco. Ele continuou imóvel, enquanto Harry e Rony o olhavam, chocados.

- Olha o que você me fez fazer! - exclamou Rony.

- Eu?... Te fiz fazer? - resmungou Simas com a cara pingando. Harry continuava chocado e com o corpo anestesiado.

- Olívio... Namora a Cho? Desde quando?...

Rony pôs as mãos sobre os ombros do amigo:

- Harry, seja forte.

Harry o mandou para um palavrão. Simas pedia silêncio com um “Shhh” com o dedo.

- Shhh! Ele deixou escapar um tempinho atrás, quando nos encontramos no Caldeirão, lá no Beco Diagonal. Mas pediu segredo absoluto. Se cair nas garras da imprensa...

- Rapaz... - disse Rony, com o rosto se iluminando de felicidade. - De repente... Me deu uma saudade da Rita Skeeter...

- Vou lá ver o que ela quer - disse um decidido Harry, e saiu.

Rony e Simas o seguiram com o olhar e quando ele estava próximo dos portões, Hermione sentou no lugar de Harry, ao lado de Rony.

- Ué? Onde ele foi?

- Foi beijar na boca. - disse um sonso e provocador Rony, rindo.

- Vai o quê? – Guinchou Hermione. Rony riu e voltou a pegar a taça de suco.

- Não, eu tô zoando. - Rony examinou a taça e voltou a deixá-la na mesa. - Não, melhor não arriscar de novo... Não é pra beber suco nesta noite.

A amiga roubou uma tira de cenoura do enfeite do pernil e começou a roer, ainda olhando o fim do corredor.

- O que a Cho quer?

- Acho quer pôr um par de chifres no Wood.

- Hein!? - voltou a exclamar. Rony riu ao ver o desespero de Simas gesticulando para falarem baixo.

- Olívio e Cho namoram, Mione - disse Rony ao pé do ouvido da amiga. Ela ficou boquiaberta.

- Nãããããão... Jura?... Nossa... - e roeu o resto da cenoura. Rony confirmou a história com a cabeça.



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Harry chegou nas margens do lago e viu Cho olhando a lua refletida nas águas. Ele chegou cauteloso, mas esfregou as mãos na calça e tentou parecer natural:

- Diga, Cho - ela se virou e veio sorrindo.

- Ah, oi, Harry. Que bom que veio.

Ficaram alguns instantes em silêncio.

- Então?... - perguntou Harry.

- Bem... É que... - Cho parecia nervosa. - Eu queria... Falar sobre...

- Hum? - Harry queria sair dali logo, não sabia direito porquê.

- Sobre o jogo de amanhã.

- Eu... Quero... Que vença o melhor. Certo?

- ...Certo. - o que ela queria, afinal? Harry deixava o nervosismo de lado para dar lugar a um fino medo.

Alguns instantes a mais e Harry começou a sentir um aperto no coração. De alguma forma, ele sabia que Cho não estava ali para lhe dizer aquilo. “Mas ele não queria acreditar que a garota estivesse ali pelo motivo que ele achava que ela estava”...

Cho deu mais um passo e ficou de frente para Harry. "Esse olhar...", pensou Harry, sentindo o coração bater cada vez mais rápido. Cho foi vagarosamente aproximando seu rosto do dele e ele repetia "não, isso não" para si mesmo. Foi aí que...

- Eu não acredito que você esteja sendo capaz disso - disse Harry. Cho se espantou e se afastou.

- Quê?... Mas... Eu só queria... Te desejar boa sorte...

- E você acha... Que com esse tipo de "boa sorte" vai vencer amanhã? - Harry parecia estar desmoronando dentro de si mesmo, mas tinha que se manter firme.

- Não era essa minha intenção.

- Olívio sabe que você está aqui?

- Ele... Deveria? - gaguejou Cho.

Harry não respondeu. Ela fitou o garoto, espantada e sem palavras. Harry engoliu em seco, deu as costas e foi em direção ao castelo.

- Harry - chamou Cho. - Você deveria saber... Que eu sempre gostei de você - Harry parou. - De verdade.

- Eu também sempre gostei de você - disse Harry.

- Bem... - Cho estava muito desconsertada e parecia buscar palavra por palavra. - Acho que no fundo nós sabíamos disso, mas... Nessa idade não se tem muita coragem de falar sobre isso, né...?

- Se você achou uma boa ficar esse tempo todo nessa situação... - falou Harry, virando-se para Cho. - Eu acho que perdemos um bom tempo de nossas vidas.

- Você está querendo dizer que nós... Desperdiçamos tudo?

- Você eu não sei. Mas eu... - Harry não conseguiu terminar, e achou melhor voltar para o castelo. - Bem, Cho, até amanhã. Espero que a gente tenha um bom jogo. Um jogo limpo.

Harry subiu sem dizer um "a", passou por Hermione e Rony à frente da mulher gorda e foi direto para a cama.

- Que deu nele? - perguntou Rony.

- Sei lá... Não deve ter sido boa a conversa - suspirou Hermione.

- Ih, será que a Cho tem bafo?

- Rony! - exclamou Hermione, dando um tapa no braço dele.

Rony ainda olhou Hermione rindo e esfregando o ombro quando alguma coisa encheu o corredor de um longo e doloroso gemido.

- Oh... Partiram o coração do Harry...

Hermione e Rony se olharam. Conhecia aquele gemido agudo. A Murta aparecia da parede, com um misto de ironia e tristeza no rosto prateado.

- Puxa, Murta, como você está sociável neste ano, não? - resmungou Hermione.

- Corta essa, Murta! Fal'aí, que foi? Ai! - Rony levava outro tapa da amiga, cortando a empolgação.

- Rony, quer parar de bisbilhotar? Se o Harry não quiser contar, ele não conta. Será que você pode respeitar?

- Mione, querida... Por que você faz questão de ser desmancha prazer?

- Por acaso você vai varar a noite enchendo o saco do Harry para não dormir e amanhã chegar no jogo e pagar aquele mico básico na frente de todo mundo?

Foi a frase mágica. Rony estufou o peito muito ofendido.

- Claro que não! Quem você pensa que eu sou? Boa noite, garota. Ah, e não tome mais meu tempo, Murta.

Rony entrou rapidinho pelo retrato da mulher gorda e foi dormir. Hermione ainda olhou a Murta que, assim que o corredor silenciou novamente, ficou flutuando de um lado para outro do corredor e gemendo:

- Tadinho... Harry não merece Cho... Feia! - resmungava, fazendo bico. Hermione deu um sorrisinho cínico.

- É. Eu também acho que não merece. Boa noite.

Hermione foi dormir, mas a Murta ainda continuou no corredor, olhando o teto, flutuando e choramingando "Pobre Harry... Pobre Harry..."

[center][b]*****[/b][/center]

[b]N.A 1: feliz Páscoa para todos os Coelhos da Floreios!!! (coelhos é uma gíria antiga do fandom, nascida na primeira versão do site Aliança 3 Vassouras, para todos os H² - H/Hr) O Dia é nosso! =) E feliz páscoa pro resto do povo, também.

N.A 2: Lembrando que a EdD tem spoilers até o livro 4, e poucos do 5. Por isso Harry e Cho ainda não tiveram nada, e Sirius não morreu.

N.A 3: Até o próximo capítulo.[/b]

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