Capítulo XIII



N.A.: Okay... Se da outra vez eu abusei, desta vez eu realmente estrapolei! xD Perdoem-me, por favor. Podem matar-me, estrangular-me e similares. Mas, lembrem-se, que se isso acontecer, não vai ter mais Imortal! ;D Anyways... Perdão a demora. Passei por umas semanas de correria e viajei para o fim do mundo por um mês inteiro. xD Voltei esse fim de semana, e agora vou me dedicar totalmente às minhas fics.

Alguns avisos que eu quero deixar aqui, pois é a minha fanfic mais acessada.

Imortal vai ser a minha última fanfic. Tenho uma lista das fanfics que vou escrever nesses próximos meses. E, quando acabar Imortal, bye bye FanFiction World! o/ Tenho obras originais que quero escrever! ;D
Eu criei, tipo, um plano de metas. Então já está definida a ordem de fanfics/capítulos que vou vou escrever e/ou postar. Se quiserem que eu poste o “calendário”, make me know.
Só estou publicando este capítulo porque tem reviews aqui e na FF.net que me fizeram querer postá-lo. Ele está pronto há meses, mandei pra beta, mas pedi para ela não corrigir porque queria mudar algumas coisas. Acabei não mudando droga nenhuma, e não pedi pra beta corrigir. xD Então, qualquer erro, make me know.

Acho que isso era o de mais importante que eu queria avisar. Agora, respostas às reviews! ;D

Luana Caroline Luchesi Vaz: Thank you! *-* Eu também gusto muito de Severus & Lily, sabe, mas da maneira como a Jo criou. Mesmo o meu ship favorito sendo Remus/Lily, por exemplo, a Lily é do James, fazer o que. ¬¬” Eu sou uma amante do Cannon! xD Mas vai haver coisas bem SevLy aqui, okay? Espero que acompanhe! Beijos ;*

Liisa Prongs ♥: Agora eu postei xD Está aí o capítulo, e o mais comprido até agora, pra compensar os três meses sem atualização! =p Espero que continue lendo e que goste, right? Beijos ;*

Pottergirl02: comfas/ xD Continua lendo e amando! *-* Desculpa a demora pra att., mas como eu disse acima as coisas ficaram meio complicadas. Mas agora tudo vai se desenrolar com mais calma, pode apostar. Beijos ;*

Jessica M. Adams: Oi e Bem-vinda e MUITO obrigada pelo excelente comentário! Realmente me deixou toda lufa! xD Anyways, eu não pretendo escrever detalhadamente cada único dia dos sete anos deles em Hogwarts. Vou retratar apenas os momentos mais importantes. O período entre o segundo e o quarto ano vai passar num flash.Só acho o primeiro ano importante por causa da formação das amizades e da descoberta da magia. Por isso ele demora um pouco. xD Eu procuro mesmo escrever uma narrativa parecida com a da J.Killer, porque essa é a minha versão dos Marotos e eu queria que ela escrevesse assim xD Não passei na Universidade =/ Mas no fim do ano tem outro vestiba! \o/ E vi sobre o prólogo dos Marauders e DE-TES-TEI a notícia xDdhausduasdhuashdau Jokin’. Na verdade achei um must, fiquei boba. Mas eu, DEFINITIVAMENTE, não quero um livro dos Marauders, Jessica. Aposto como a Rowling ia acabar com os meus sonhos. =/ E, que coisa, certeza que não achou o link do flog? Bom: www.fotolog.com/marauders4ever Preciso voltar a postar nele, dei uma abandonada legal lá. =/ Anyways, obrigada mais uma vez pelo super comentário. Beijos!

Reviews respondidas. O próximo capítulo de Imortal deve vir até julho, no mais tardar. Tenho uns Challenges para avaliar e tals. Nada tão demorado assim e as fics que estão a frente de Imortal no meu plano de metas, estão com o Plot praticamente pronto.

Me façam saber se querem que eu poste a ordem das fics que escreverei em algum lugar, okay?

Ah, e peço desculpas à minha Beta, Puppy, por ter postado este capítulo sem que ele passasse pelas mãos mágicas dela. Tenho certeza que ela vai me perdoar, NÉ, PUPPY??? xD Luv ya, Filhote.

E aproveito também para agradecer as reviews que eu tive nas minhas outras fics: “The Sound of Sand”, “Esboço”, “In Sepia”, “Autumn Dust” e “Mãos” particularmente, já que não vou atualizá-las para agradecer os leitores xD.

That’s all for now, folks! Agora, finalmente, antes tarde do que nunca, o décimo terceiro capítulo de Imortal! Espero que vocês gostem, certo? ;D E me perdoem, mais uma vez pela demora. Eu sou realmente uma autora relapsa! xD

Beijos,
LeBeau


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Capítulo XIII




— Nós poderíamos perguntar para ela. – Sirius sugeriu, no sábado à tarde, enquanto ele e James rabiscavam o dever de Transfigurações, mesmo que não o quisessem fazer.

— Ela não vai dizer. Você ouviu o que a Alice falou. – James disse, coçando a cabeça enquanto lia o seu pergaminho, riscando as palavras. – Jean não abre a boca desde que pisou no dormitório ontem à noite.

Os dois estavam realmente levando a sério a idéia que tiveram na noite anterior, de dar uma lição nos Slytherins que haviam importunado Jean. Os únicos problemas eram: descobrir quem eram os agressores e atacá-los sem entrar em confusão. Depois que acordaram, quase à hora do almoço, James e Sirius só se permitiram conversar sobre o assunto quando estavam sozinhos. Sabiam bem que Remus não só desaprovaria o que eles iriam fazer, como os denunciaria. Haviam percebido isso na noite anterior. Além do mais, aquilo era algo que os dois e apenas os dois queriam fazer, e não havia necessidade de envolver os outros nisso.

— O irmão delas não viu quem foi? – Sirius opinou, enrolando o pergaminho de sua lição, já terminada. – Tenho certeza que ele não quer deixar o que fizeram com a Jean impune.

— Discordo. – o outro também enrolou o pergaminho. – Acho que ele já se acostumou com o que a irmã passou, depois de tanto tempo estudando aqui. E Jean mal conseguia falar quando chegou aqui ontem à noite, com certeza não disse nada ao irmão.

— Hum... É verdade, talvez você esteja certo. – ele se espreguiçou, apoiando a cadeira nas pernas traseiras. – Podemos descobrir sozinhos.

James riu.

— O que? Por exclusão? – curvou-se para frente, erguendo sete dedos das mãos, um para cada ano de Hogwarts. – Sabemos que não pode ser ninguém do primeiro ano, duvido que qualquer primeiranista de Slytherin saiba algum feitiço como o das Pernas Bambas. – baixou um dos dedos, mas ele nem precisaria continuar, pois Sirius já havia gemido, derrotado. – Isso nos deixa com seis anos inteiros, multiplique por dez que é a média de alunos por sala. E temos sessenta suspeitos.

— Cinqüenta e nove, a ‘Dromeda não faria algo assim. – se debruçou sobre a mesa, emburrado.

— ‘Dromeda? – James também se debruçou sobre a mesa, apoiando o queixo nos braços.

— Minha prima favorita. – Sirius explicou, com um suspiro. – As irmãs, Narcissa e Bellatrix, não prestam, mas a Andromeda é legal. Com ela o sangue falou mais alto e foi parar em Slytherin. A sorte é que esse é o seu último ano. Vai sair de casa e casar um nascido-trouxa. Talvez assim os Black me esqueçam um pouco.

— Ah, mas então você não foi o primeiro Black a sair dos moldes! – zombou, fazendo a sua pena levitar, brincando.

— É... Mas fui o primeiro a vir para Gryffindor! – declarou, cheio de orgulho.

— O que o seu pai vai fazer quando você chegar em casa? – James perguntou o que estava incomodando-o desde que Sirius recebera o bilhete do Sr. Black, no dia anterior. Pelo pouco que já ouvira Sirius dizer da família, achava que a reação do pai do amigo não seria a melhor possível.

Uma sombra passou pelo rosto de Sirius, mas ele conseguiu controlar um calafrio que lhe passou pela espinha. O que aconteceria quando ele chegasse em casa? Embora desconfiasse, jamais poderia ter certeza. Poderia sempre ser bem pior do que ele já esperava. O seu pai poderia estar com mais raiva do que Sirius imaginava. Ainda assim, o garoto tinha a esperança de que, depois de tantos meses, a amargura do pai diminuísse, e o seu castigo por ter ido para Gryffindor abrandasse.

— Sei lá. – finalmente respondeu, dando de ombros para a pergunta de James e agarrando a pena que ele fazia levitar, para esmagá-la entre os dedos. – Nem me importa.

Sirius jogou a pena na lareira apagada e ambos caíram em silêncio. James tentava não imaginar o pai de Sirius poderia fazer. Queria estar preocupado com o próprio pai, em como ele o receberia nas férias de Natal, se mostraria o seu orgulho por ele ter ido para Gryffindor. Mas, até aquele dia, não havia recebido nem uma carta de sua casa. Patricius Potter não havia se comunicado. Nem Harrison Potter. Mas James entendia o silêncio do avô.

Harrison Potter ocupava um lugar muito importante no Ministério da Magia, era o Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia e, pelo que o garoto sabia, ele estaria sempre em constantes viagens, cansativas e entediantes. Pelo menos era o que o avô lhe dizia. Ele já era o chefe antes de James nascer, mas durante os últimos anos, as viagens de Harrison Potter haviam sido muito ocasionais. Quando James nascera, o velho bruxo cedera o seu lugar a um substituto e se contentara em servir em um cargo baixo. Tudo para poder ficar com o seu único neto, educando-o e vendo-o crescer. Mas, quando o garoto recebeu a carta de Hogwarts, o Ministro da Magia em pessoa veio visitá-lo e oferecer-lhe novamente a chefia do Departamento, o que Harrison aceitou com prazer.

Já a mãe de James não poderia se comunicar com ele, nem que quisesse.

— E se perguntarmos a alguma das meninas?

A voz de Sirius o fez levantar a cabeça. Do que ele estava falando? Perguntar a uma das meninas o que o pai dele faria quando Sirius voltasse para casa? Estava quase rindo de si mesmo quando se lembrou do assunto que estavam discutindo ainda há pouco.

— Mas Alice disse...

— Não digo ir perguntar agora, imediatamente! – Sirius sentou-se reto na cadeira, olhando para o outro de lado. – Acho que uma hora ou outra ela vai acabar falando pras outras.

James pensou por um instante. Não era tão má idéia assim.

— É, pode funcionar.

— Certo, então. Na Segunda ou na Terça, vou até a ruiva e...

— Até a ruiva?! – riu, balançando a cabeça. – Ela te odeia, Sirius. Não vai nem olhar pra você.

— Quem disse que ela me odeia?! – retrucou, cruzando os braços.

— Depois do que você fez ao amiguinho dela... – Sirius suspirou, desanimado. – Perguntamos pra Natasha no meio da semana.

— Eu não vou perguntar nada pra essa menina mimada! – ralhou, raivoso.

Eu pergunto, ok?

Sirius deu de ombros e pegou a mochila debaixo da mesa. Preferia não envolver a garota mimada na história. Só ao pensar que poderia depender dela para alguma coisa, ele sentia arrepios de nojo. Queria a maior distância possível de Natasha LeBeau. Tirou o livro de História da Magia da bolsa, abrindo-o e pegando uma folha de pergaminho nova. Se tinha que fazer as lições que fizesse logo.

— Preparado? – James perguntou, com um suspiro cansado. Ele também havia pegado o seu livro.

— Tenho escolha? – mas não foi nem preciso o olhar compassivo do amigo para Sirius suspirar e começar a ler.

– x –


Embora tentasse não aparentar, Lily não se sentiu bem ao lado de Severus durante todo o fim de semana. Ainda temia que o que havia acontecido com Jean pudesse ter acontecido com ela, por não estar devidamente prevenida. Será que Severus havia realmente pensado que não seria necessário que ela soubesse, que ela jamais seria discriminada como Jean? O silêncio de Severus com relação a isso realmente a incomodou. Mas todo o tempo ela procurava lembrar-se de que ele fizera isso pensando no bem dela, que fora com a melhor das intenções. Severus jamais faria ou diria algo que a machucasse, não é?

Sentada naquela noite de domingo em sua Sala Comunal, Lily não conseguia tirar os olhos de Jean que não se desgrudava mais da irmã, as duas ao lado da janela. Ouvira na noite anterior, quando elas pensavam que todas estavam dormindo, que Jean queria voltar para casa. Mary parecia estar tentando convencê-la do contrário desde então. A ruiva sabia que aquilo era um assunto muito particular e, por mais que quisesse interferir e ajudar Jean, ela não se sentia no direito. Mas, se por acaso a garota continuasse com a idéia idiota de desistir de Hogwarts por causa do que havia ocorrido, ela teria de tomar providências.

Sempre se julgara uma pessoa de grande poder de persuasão. Desde criança, Lily tinha um jeito muito especial de convencer os pais, Petunia e os poucos amigos que tinha a fazerem o que ela bem entendesse. Agora que estava em Hogwarts, perguntava-se se isso não era uma característica mágica, tinha quase certeza. E, no momento em que se fizesse necessário, ela usaria todo o seu poder de persuasão para convencer Jean que aquilo era um caso isolado e que não voltaria a acontecer.

Pelo menos é o que esperava. Seus olhos foram novamente para as gêmeas e Lily viu perfeitamente os lábios de Jean formando a palavra “CASA”. Ela tinha que admitir que, mesmo apenas estando longe a menos de uma semana, já sentia saudades de sua cidade, de sua família.

“Aberração...”

Lily balançou a cabeça, tentando afastar a lembrança das palavras de Petunia. Do fundo do seu coração, ela acreditava que a irmã havia dito aquilo da boca para fora. Mas os olhos escuros da irmã fitando-a com desprezo ainda estavam mais do que vivos na memória de Lily.

— Onde você está?

Ela se assustou com a voz tão perto da dela e levou à mão ao peito, virando-se. Remus Lupin, com um enorme sorriso no rosto, se sentava ao lado dela no sofá.

— Finalmente consegui assustar alguém! Estava cansado de ser eu o que levava os sustos!

— Você é um sem coração, Remus Lupin!

Remus riu e ajeitou uma almofada em suas costas, os olhos se estreitando enquanto olhava para Lily.

— Eu não disse isso das duas vezes em que você quase me enfartou!

— A primeira foi sem querer! – Lily apontou o dedo para ele, com um biquinho nos lábios, encostando as costas no sofá e suspirando. – O que foi que você me perguntou?

— Perguntei onde você estava. – Remus repetiu, sorrindo um pouco mais. – Parecia bem pensativa.

Remus se lembrava bem de ver os olhos dela bem embaçados quando ele entrou. Ele conhecia bem aquela expressão porque era exatamente igual à expressão que ele e o pai assumiam quando se perdiam em pensamentos e lembranças, o que ocorria com muita freqüência.

Ela sorriu tristemente.

— Estava me lembrando de minha irmã.

— Você tem uma irmã? – Remus não conseguiu conter a pergunta.

Lily aquiesceu com a cabeça e baixou os olhos, olhando para a lareira acesa. Remus sentiu uma pontada de inveja de Lily Evans. Ele sempre quisera ter um irmão, durante toda a vida. A solidão era um fardo muito grande para Remus Lupin. Mas talvez tenha sido melhor que ele fosse filho único. Se ele tivesse um irmão, talvez ele também pudesse ter sido atacado como Remus, ou então sofreria tanto quanto o Sr. e a Sra. Lupin. Abriu a boca para falar qualquer coisa sobre ser filho único, mas Lily cortou-o.

— Ela me chamou de “aberração”.

A boca de Remus abriu-se e ele sentiu um calafrio percorrendo a sua espinha. Como alguém poderia chamar Lily Evans de aberração? Aquela era a denominação que devia ser dada a ele e somente a ele. Nunca a alguém tão gentil quanto Lily. Ela continuou.

— Petunia é trouxa, sabe? Sou nascida trouxa. Na plataforma ela me chamou de aberração.

E mais uma coisa foi adicionada às preocupações de Remus. Ele havia se esquecido completamente de que Lily era nascida trouxa e temeu pela segurança dela, temeu que algo fosse feito a ela, como à Jean. Mas Lily não precisava saber das preocupações de Remus Lupin. Ele olhou para o rosto dela e viu que os seus olhos estavam marejados de lágrimas. Corou. Não tinha a menor idéia do que fazer quando alguém chorava.

Um pouco incerto do que estava fazendo, ele tirou o seu lenço do bolso e entregou-o à Lily. Ela deu um sorriso de lado e pegou-o, agradecendo-o num sussurro. Remus observou-a enxugando os olhos enquanto pensava em palavras para dizer-lhe. O que poderia confortá-la? Tentou colocar-se no lugar de Lily e imaginar o que o faria melhor.

— Hum... Sa-sabe? – ao perceber que começava a gaguejar, pigarreou. – Ela não quis te chamar disso. Aposto que ela está arrependida e com muitas saudades suas. Acho que sua irmã só queria ficar perto de você, não é? – Remus ficou impressionado com a facilidade com que disse aquilo. Impressionado e orgulhoso de si mesmo. Era um verdadeiro avanço nas suas relações sociais com outros bruxos. Ele mal falava mais de dez palavras em uma mesma frase! – Sou capaz de apostar com você que a sua irmã só está com ciúmes.

Lily virou-se para ele e segurou a sua mão. Pela segunda vez, Remus chocou-se com o gesto e corou violentamente. Olhou direto para os olhos molhados de Lily e ela lhe sorriu, estendendo o lenço de volta e soltando a sua mão.

— Obrigada, Remus.

Ele engoliu em seco e apenas conseguiu acenar com a cabeça, um sorriso muito vacilante nos lábios. Lily levantou-se, desejou boa noite e subiu para o seu dormitório. Remus acompanhou-a com os olhos até que ela desaparecesse escada acima e então se voltou para o fogo na lareira, seu corpo “desmontando” de qualquer jeito no sofá. Ergueu a mão diante dos olhos admirando-a, como se ainda pudesse ver a mão de Lily ali. Estranho, pensou. Mas ela não teria coragem, se soubesse...

Aberração...

Ele era a verdadeira aberração.

– x –


Severus foi o primeiro a chegar à porta da sala de Poções. Ele esperava por aquele dia desde que vira o seu horário. Era a sua primeira aula em conjunto com Lily, a única matéria que cursariam juntos. Ele se apoiou na parede e olhou para o relógio de pulso, velho e antiquado. Ainda faltavam alguns minutos para a aula, mas ele não conseguiu esperar. Assim que a sineta bateu, anunciando o fim de sua aula de História de Magia, ele correu para esperar junto à porta daquela antiga masmorra.

A maior vontade de Severus era ficar perto de sua amiga. Talvez por isso as segundas-feiras seriam os dias mais ansiados por ele, quando os dois poderiam realmente fazer o que Severus imaginara durante todo o ano anterior: dividir conhecimentos, aprender juntos, ajudarem-se mutuamente. Ele realmente nunca se interessara muito pelo preparo de poções. Mas aprenderia a gostar da matéria. Tinha certeza que, com Lily ao seu lado, isso não seria nada difícil.

A sineta finalmente tocou e ele retesou-se, virando-se para o corredor de onde vozes de aproximavam. A primeira pessoa que viu foi Lily. Mas isso não o alegrou tanto quanto ele gostaria. Ela vinha conversando muito animadamente com o mesmo garoto do qual Severus a vira acompanhada na primeira manhã de aulas. Os dois seguidos de toda a patota de Gryffindors. Severus apertou com força os livros entre as suas mãos quando Lily o viu, vindo em sua direção, puxando o Gryffindor pela manga.

— Ah, você já está aqui, Severus! – ela sorriu e Severus quase conseguiu relaxar os nós dos dedos que já estavam brancos de tão forte que apertava os seus livros. Mas então Lily se virou para o menino que a acompanhava. – Quero que conheça o Remus. – Lily apontou o outro. – Remus, este é o meu melhor amigo em todo o mundo! – e passou para o lado de Severus, colocando um dos braços sobre os seus ombros. – Severus Snape.

— É um prazer. – Remus estendeu a mão para Severus e foi só o fato e Lily estar ao seu lado agora, abraçando-o, foi o que o fez retribuir o aperto de mão. Mas ele não estava tão inclinado a mentir, dizendo que também era um prazer.

— Olha, se não é o Ranhoso!

Os três se viraram instantaneamente e, como Lily já esperava, James Potter e Sirius Black se aproximavam deles, com idênticos sorrisos convencidos nos lábios. Ela soltou Severus e deu um passo a frente, ficando entre ele e os dois garotos, as sobrancelhas ruivas quase unidas de tão franzida que estava a sua testa.

— Cale a boca, James Potter! – ela sibilou, colocando as mãos nos quadris.

James riu e colocou as mãos nos quadris, exatamente como Lily, imitando-a e curvou-se um pouco para frente.

— E por que eu deveria?

Lily já estava pronta para responder, mas foi atrapalhada por um burburinho que se aproximava. O Professor Slughorn chegava ao corredor, seguido pelos outros alunos de Slytherin.

— Por que estão todos aqui? – ele inquiriu, abrindo caminho entre os Gryffindors. – Eu não pretendo dar a aula no corredor, sabem?

Quando ele abriu a porta da sala de aula, Lily foi a primeira a passar por ela, pisando duro, não querendo olhar novamente para o rosto de James Potter. Ela jogou a sua mochila sobre a mesa da frente e largou o corpo sobre a cadeira, o humor abalado. Não demorou para Severus ir sentar-se na cadeira vaga ao seu lado. Mas ela não o olhou. Seu olhar estava fixo em frente, tentando criar para James Potter um apelido tão odioso quanto o que ele inventara para Severus.

James ainda sorria ao nervosismo de Lily quando se acomodou em uma das últimas carteiras, ao lado de Sirius. Ele relaxou, jogando a mochila embaixo da mesa e se virou para o amigo, que empinava a sua cadeira nas pernas traseiras, o olhar perdido à frente, um esgar em seus lábios.

— O que está pensando?

Sirius alargou um pouco mais o seu sorriso e abriu a bolsa, pegando um pergaminho de dentro dele.

— Você vai ver.

— Não dê atenção ao que aquele garoto diz. – Severus falava para Lily, enquanto os alunos se acomodavam em suas carteiras e Slughorn escrevia no quadro-negro. Ele tocou o ombro de Lily, mas ela ainda parecia não ouvi-lo. – Ele vai ter o que merece, escreva o que eu estou...

Nesse instante ele sentiu uma pancada em sua cabeça. Virou-se para ver a origem, mas parecia não haver nada suspeito às suas costas. Franziu as sobrancelhas para James e Sirius que estavam duas carteiras atrás dele e tinha sorrisos estranhos em seus lábios e sussurravam entre si. Severus baixou os olhos e encontrou o que o havia acertado. Um pequeno aviãozinho de papel. Ele se abaixou e pegou-o, pronto para rasgá-lo. Mas então viu umas linhas escritas. Aproximou os olhos da única palavra em letra fina e seu sangue ferveu ao ler o que estava escrito. Shampoo.

— Acertou bem na cabeça, mas acho que não fez efeito, Sirius. – ouviu James Potter dizer ao outro, abafando o riso.

Severus estreitou os olhos e virou-se para frente, o aviãozinho de papel esmagado em sua mão. Se aqueles dois achavam que ele nunca reagiria estavam muito enganados. Eles não perdiam por esperar...

— Sejam bem-vindos, alunos do primeiro ano! – da frente da Sala, o professor Horace Slughorn começou a falar, as suas mãos gorduchas sobre a pança, seus pés balançando de frente para trás. – Acho que todos já sabem quem eu sou, mas não matará ninguém se eu lembrá-los. Sou o professor Slughorn e, durante os próximos sete anos – eu espero – serei seu mestre de poções. E eu espero que nenhum de vocês espere que Poções seja como cozinhar! Não...

Pois Natasha já estava achando que Poções era exatamente como cozinhar, algo que ela nunca nem tentara nem sentira vontade de fazer. Só pelo professor ser o ”Senhor Morsa”, ela já tinha a mais absoluta certeza de que odiaria a matéria. Apoiou o queixo em uma das mãos, as palavras de Slughorn saindo de um de seus ouvidos e exatamente ao mesmo tempo em que entravam pelo outro. Ao seu lado, Remus Lupin parecia extremamente concentrado em cada palavra do professor e ela bem que gostaria de saber como.

Sentiu um toque em seu ombro e um baixíssimo “Psiu!”. Virou-se muito levemente e viu que James estava logo atrás de si, requisitando a sua atenção. Natasha empurrou a sua cadeira o mais para trás que pôde e curvou-a nas pernas traseiras, esperando que o garoto falasse logo. Por mais que não estivesse interessada na matéria, não queria ser repreendida.

O quê?! – sibilou, pelo canto dos lábios.

Precisamos de sua ajuda. – Natasha arqueou uma sobrancelha. Se “precisamos” incluía Sirius Black ela estava absolutamente... – Preciso de sua ajuda. – ele rapidamente corrigiu, como se tivesse lido os seus pensamentos. Mas a verdade é que Sirius havia lhe dado um cutucão.

O que? – repetiu, os olhos fixos em Slughorn, que ainda discursava, mas os ouvidos atentos à James.

Queremo-... Quero saber quem azarou a Jean.

Não faço idéia de quem foi.

Descubra, por favor. – ele insistiu.

Pra que? – ela desconfiou. Ao seu lado ela reparou que Remus Lupin havia se mexido desconfortavelmente, e perguntou-se se ele poderia ouvi-los.

A mesma idéia pareceu passar pela cabeça de James, pois ele rapidamente encerrou o assunto:

Apenas descubra. – e calou-se.

Natasha empurrou a sua cadeira de volta para frente e reparou que Slughorn já havia acabado de falar e quase se deu um soco na cabeça. Tinham que fazer alguma coisa. Ela já ia erguer a mão para perguntar - e ser repreendida -, quando a voz baixa de Remus lhe impediu.

— Temos que fazer a poção que está na lousa.

Ela respirou aliviada e se virou para o garoto, sorrindo.

Temos? É em conjunto, é? – sorriu, alegrando-se com a idéia. Mas sua alegria durou pouco.

— Não. – Remus começou a pegar os ingredientes em seu kit, arrumando-os sobre a mesa. – Cada um faz o seu. Mas um parceiro pode ajudar o outro.

Sorrindo o mais simpaticamente possível, Natasha imitou Remus, passando a tirar os mesmos ingredientes que ele do seu kit.

— E você vai me ajudar não é, Lupinzinho?

Remus virou-se para ela, com expressão dura. Neste minuto Natasha percebeu três coisas: 1- Remus havia ouvido toda a sua conversa com James... 2- ...E não iria ajudá-la. E... 3- ...ela iria tirar uma nota muito ruim em Poções.

Lily admirou-se consigo mesma quando percebeu que poderia fazer a Poção Simples para Furúnculos com extrema facilidade. Enquanto cortava os ingredientes e os misturava em seu caldeirão, ela sentia como se houvesse feito isso a vida toda. Olhando o líquido começar a borbulhar, parecia que ela estava em mundo à parte, fazendo algo para o qual havia nascido.

E, não foi à toa que, no fim da aula, Slughorn teceu os maiores e mais infindáveis elogios à poção de Lily, ressaltando como ela havia adicionado as presas de cobra com perfeição e misturado no tempo cronometradamente certo.

— É a melhor poção feita por um primeiranista que eu já vi em minha vida! – ele exclamou, os olhinhos brilhando de excitação. – Também pudera, não é? – ele acrescentou, mas Lily não entendeu o que ele quis dizer com isso. Slughorn caminhou até a sua escrivaninha e puxou um pergaminho. – Isso é um dez para você, Srta. Evans. E mais dez pontos para a sua casa!

A garota saiu de sua primeira aula de Poções radiante. Enfim, ela era realmente excelente em alguma coisa na magia, não é?

– x –


Era quase um consenso na mesa de Gryffindor. Poções era uma droga. Os nove alunos do primeiro ano já haviam eleito Poções como a pior matéria da grade, conseguindo magnificamente superar a entediante aula de História da Magia. “Pelo menos na Aula do Binns dá pra dormir!” fora o argumento de Natasha para que História da Magia não fosse a pior matéria.

— Eu realmente não sei do que vocês estão reclamando... – Lily declarou ao jantar, sorrindo indulgente. – Não foi tão terrível assim!

— Isso porque você é um prodígio! – Mary falou, apontando o garfo com um pedaço de carneiro na ponta para Lily.

— Eu acho que nunca vou me recuperar. – Alice gemeu. Durante a aula, ela havia deixado um monte de sua poção respingar para fora do caldeirão e a sua pele havia se enchido de feridas por conta disso.

Lily abriu a boca para falar, mas Natasha ergueu as mãos para que ela se calasse e a ruiva desistiu. Já havia percebido que, por mais que defendesse a matéria em que melhor se saíra até o momento, jamais venceria a batalha contra as oficiais “odiadoras” de Poções.

Jean se levantou.

— Preciso ir ao banheiro. Venha comigo, Mary!

— Estou comendo! – a gêmea respondeu, com a boca cheia de comida.

— Mas...

— Eu vou com você, Jean. Já terminei. – Natasha se ofereceu já se levantando.

Jean não pareceu muito confiante em ficar longe da irmã, mas Natasha não lhe deu discussão. Puxou-a pelo braço e logo as duas já estavam saindo do Salão Principal. Natasha havia achado a situação perfeita para o que James havia lhe pedido mais cedo. Ficando sozinha com Jean, talvez ela conseguisse fazer com que a colega de quarto falasse alguma coisa. Longe dos ouvidos e da presença dos outros, Natasha tentaria se tornar a melhor amiga e confidente de Jean.

— Você já está melhor, Jean? – Natasha começou enquanto subiam a escadaria de mármore.

A outra não respondeu, apenas balançou a cabeça displicentemente quando viraram para um corredor no segundo andar e seguiam para o banheiro feminino mais próximo. A primeira coisa que Natasha reparou no banheiro é que havia um alto e incomodo lamento ecoando nas paredes, algo com que Jean pareceu não se importar, pois foi logo entrando em um dos cubículos reservados.

Natasha olhou bem ao redor e logo achou a origem. Uma fantasma de aparência mirrada estava sentada à uma curva, gemendo enquanto olhava o teto. Preferindo não chamar a atenção da fantasma, foi direto para outro cubículo, mais para se esconder já que não estava realmente necessitada de usar o sanitário.

As lamúrias da fantasma aumentaram a uma altura que quase feriu os ouvidos de Natasha. Mas ainda precisava falar com Jane. Ela sentou-se sobre a tampa do vaso sanitário e pigarreou, quase mandando a fantasma calar a boca.

— Jean? – chamou. Mas não ouviu resposta. Talvez os gemidos da fantasma impedissem Jean de ouvir ou Natasha de ouvir a sua resposta.

Fechou os olhos e encostou as costas na parede, tapando os ouvidos com as mãos. Mas ainda conseguia ouvir perfeitamente os gemidos cada vez mais altos. Respirou fundo. Teria de esperar para falar com Jean. Ela nunca ouviria com esses “gritos”.

Não passou nem dois minutos dentro do cubículo e Natasha já não agüentava mais ouvir os gemidos da fantasma. Saiu do cubículo, pronta para gritar um sonoro “CALA A BOCA”, mas a visão da porta entreaberta do cubículo onde Jean estava a alertou. Olhou em volta. A entrada do banheiro também estava aberta. O fantasma gemedor não estava mais sentado e sim voava de um lado para o outro, lamentando.

Natasha correu até onde estaria Jean e o que encontrou a fez levar a mão à boca. A menina estava ali, mas o seu corpo estava completamente duro e enrijecido, como se houvesse virado pedra. Não podia acreditar. Quem havia feito aquilo? E como?! Não ouvira ninguém entrando nem Jean gritando. Também, quem ouviria algo com aquela maldita fantasma?!

Já ia correr para chamar ajuda quando uma idéia surgiu em sua mente. Ela voltou-se para a fantasma e tentou falar o mais alto que pode, para que ela pudesse ouvi-la.

— Hey! VOCÊ! Fantasma!

A fantasma girou no ar e baixou um pouco, fixando o seu olhar transparente em Natasha.

— Eu tenho um nome, sabia? – ela reclamou com a sua voz esganiçada.

— É, estou vendo ele bem na sua testa mesmo! – Natasha revirou os olhos e a fantasma fez uma cara ofendida. – Não importa! Você viu quem fez aquilo com ela? – apontou Jean.

— E se vi? – a fantasma, dando as costas para Natasha.

— Poderia me mostrar quem foi?

— De que isso me interessaria, ham? – ela começou a flutuar para longe de Natasha e mais uma vez ela revirou os olhos.

— Olha, me desculpa, ok? – falou, mesmo que não fosse do seu feitio desculpar-se. Mas precisava da informação. – Não quis ser grossa com você. Qual o seu nome mesmo? – emendou, tentando ser a mais educada possível.

— Sou Myrtle. – ela respondeu, coçando o nariz. – E eu vi quem fez isso com a menina.

— E você pode me mostrar, Myrtle? – ofegou, dando um passo à frente. – Por favor?

— Você vai fazer alguma coisa com eles?

Natasha hesitou. O que será que Myrtle gostaria que ela respondesse. Olhou bem para o rosto da fantasma. Parecia ansioso. Então, deu um sorriso de lado e respondeu, cruzando os braços.

— Eu não. Mas conheço alguém que pode fazer.

Myrtle coçou o queixo e desceu até o nível de Natasha. Então os seus lábios branco-perolados se abriram em um enorme sorriso malvado.

– x –


Se antes Jean já estava tremendamente abalada pelo ataque, agora ela simplesmente se recusava a sair do quarto. Na manhã da terça-feira, ela escondeu-se sob os cobertores de sua cama e nenhuma das garotas conseguiu convencê-la a sair de lá para ir ver as aulas. Quando Natasha desceu para o café da manhã com as outras, todas estavam em silêncio, cada indignada pelo que havia voltado a acontecer com Jean.

Mary havia ficado com a irmã no quarto e se sentia extremamente culpada com o ocorrido. Afinal, os garotos que atacaram Jean pela segunda vez a haviam confundido com ela. Logo, Jean havia sofrido o atentado no lugar na irmã. O mínimo que Mary achou que poderia fazer era ficar ao lado de Jean durante aquele dia. Não mataria ninguém perder uma aula.

Assim que colocou os pés no Salão Principal, Natasha se afastou das outras e caminhou direto para onde James e Sirius estavam sentados, as cabeças juntas. Ela se sentou na frente dos dois e logo se curvou sobre a mesa, fazendo com que os dois se virassem para ela.

— E meu dia já começa mal! – Sirius gemeu, virando o rosto na direção oposta.

Ela simplesmente ignorou-o e começou a conversar com James.

— Tenho a informação que me pediu.

James também se curvou sobre a mesa e juntou cabeça com Natasha. Ela começou a sussurrar e Sirius fez um breve movimento para tentar ouvi-la.

— Os caras são de Slytherin, do quarto ano. – disse e apontou para a mesa de Slytherin. – Está vendo o amigo da Lily lá?

— O Ranhoso? – James perguntou, virando-se e procurando por Severus na mesa da outra casa.

— Ranhoso? – Natasha inquiriu, arqueando uma sobrancelha.

— Depois explico. Continua. – ele falou, agora observando atentamente os alunos de Slytherin.

— Bem, conte três pessoas a partir da esquerda dele. Vê o cara altão e magrelo, mal encarado?

— Hum? – James encontrou. O garoto não parecia ser do tipo “boa gente”. Os cabelos dele eram totalmente ensebados e desgrenhados. Chegavam a ser mais oleosos que os de Severus Snape.

— O nome dele é Amycus Carrow. – Natasha continuou. – E os dois caras ao lado dele, o louro gordo e o careca são os outros. Jugson e Gibbon.

James voltou-se para Natasha que se sentava à cadeira, servindo-se de salsichas, um sorriso superior nos lábios.

— Como descobriu isso tudo? - exclamou, impressionado.

— Conheci uma fantasma muito simpática que sabe realmente tudo sobre o que acontece entre as paredes do castelo de Hogwarts. – ela piscou e cortou um pedaço de salsicha, enfiando-o na boca.

– x –


James bem que planejou matar a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas para poder discutir com Sirius de que maneira eles iriam azarar três garotos do Quarto Ano que, definitivamente, sabiam mais de magia do que os dois. Mas não conseguiram. Porque, enfim, uma matéria parecia realmente interessante para eles. Ouvindo o Professor Quintin falar, eles conseguiram se prender a cada uma das palavras dele.

Sirius era de longe o mais interessado. Afinal, nunca havia colocado as mãos em um livro de Defesa Contra as Artes das Trevas. Nunca um livro assim parava muito tempo na casa do Black. Nem o seu tio Alphard tinha um exemplar. Na Casa dos Black apenas livros de Artes das Trevas eram realmente bem-vindos.

O único defeito da aula era realmente o professor. Lynx Quintin era extremamente velho e a sua voz era fanhosa, chegando quase a provocar risos nos alunos de Gryffindor. Não fosse por isso a matéria seria perfeita e sem nada para reclamar. E ninguém discordou disso. Nem Lily, que geralmente ia contra toda e qualquer opinião que James ou Sirius dessem, conseguiu dizer algo contra a matéria.

— De qualquer maneira, - Sirius cortou James e o puxou para longe de onde estavam Peter e Alice. – O que vamos fazer quanto aos engraçadinhos de Slytherin? – ele sussurrou. Ninguém além dele e de James precisavam saber do que queriam fazer.

— Olha, eu estive pensando... – James disse olhando para o teto do Salão Principal. – A gente podia acertar eles pelas costas, que acha?

Sirius ficou calado por alguns instantes, parecendo pesar a idéia até enfim responder.

— Embora eu não ache lá muito justo... – ele mordeu o canto dos lábios e sorriu. – Eu adorei a idéia! Quando vamos fazer?

James esticou o pescoço para enxergar a mesa de Slytherin. O trio estava se levantando da mesa e James fez um gesto com a cabeça para Sirius para que ele se levantasse. Os dois esperaram que o trio saísse do Salão Principal e foram logo atrás deles, em silêncio e a uma distância segura. A única coisa que não se atentaram é de que eles também estavam sendo seguidos.

– x –


— Sabe, eu realmente acho que deveríamos levar o caso a um professor. – Alice disse, não se sentindo nem um pouco faminta. Ela brincava distraidamente com o seu almoço, a cabeça apoiada em uma das mãos. – Simplesmente não é certo o que esses Slytherins fizeram!

— Você pode ser a próxima, Lily. – Peter falou, menos temeroso por si, afinal ele era puro-sangue. A ruiva sentiu um arrepio na espinha só em imaginar-se vítima daqueles ataques. – Esses caras são horríveis, vão intimidar todos os nascidos-trouxas.

— Eu acho melhor aprender alguns feitiços. – Lily suspirou, desistindo de comer. – Para me defender caso algo assim aconteça.

Remus também não sentia o menor resquício de fome. O ocorrido daquele dia parecia ter tirado completamente a vontade de comer de todo aluno do primeiro ano de Gryffindor. Ele nunca imaginara que algo do tipo poderia haver em um lugar como Hogwarts. Sempre imaginara a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts como um local de pessoas civilizadas, não um antro de bárbaros. Imaginava o que poderiam fazer a ele se descobrissem o seu segredo.

— QUE DROGA! – Natasha gritou, batendo com as duas mãos na mesa, sobressaltando a todos. – Eu me sinto tão inútil! Queria poder fazer alguma coisa contra aqueles caras!

— O que nós podemos fazer? Somos apenas primeiranistas, não sabemos nada de nada. – Lily disse, desanimada.

Mas Natasha pareceu não ouvi-la. Ela olhava para os lados, decididamente procurando alguém. Algo lhe dizia que James Potter iria fazer alguma coisa. A expressão que ele fizera quando lhe contou sobre os garotos que atacaram Jean fora bastante suspeita. E ausência deles à mesa também era completamente suspeita. Aqueles dois... Podiam ao menos tê-la chamado para ver o que iam fazer, afinal fora ela quem conseguira a informação.

— Aonde você vai? – Lily perguntou quando Natasha se levantou.

—Procurar alguém. – disse, simplesmente, dando as costas para os outros e rumando para a entrada do Salão Principal.

— Quem ela procuraria? – Peter falou, bastante confuso.

E não era o único confuso. Na verdade ninguém tinha idéia de quem Natasha poderia procurar em Hogwarts. Lily também se levantou. Sentia que seu peito iria explodir de tanta curiosidade e desconfiança. E, sem falar nada a ninguém, apenas seguiu os passos de Natasha, deixando os outros ainda mais atordoados.

– x –


O trio de Slytherins havia finalmente parado. Estavam encostados à parede ao lado da entrada da sala de aula de Transfigurações, conversando em sussurros. E James e Sirius os observavam atrás de uma armadura, que parecia vigiá-los pelo canto dos olhos. Sirius parecia um cão apreciando a sua presa enquanto olhava para os Slytherins. Mas James mantinha a expressão séria.

— Temos que fazer rápido. – ele sussurrou, coçando o queixo. – Eles estão em três. Acertamos os dois magros primeiro, depois o gordo que parece ser mais idiota.

— Concordo. – Sirius disse, no mesmo tom. – Você cuida do careca, eu acerto o outro.

— Hey, por que você que tem que azarar o líder?! – James desviou os olhos do grupinho para amarrar a cara para Sirius.

— Porque eu sou mais inteligente. – sorriu, convencido.

— E quem te disse essa besteira? – James continuou reclamando.

Eu dominei o Lumus antes de você. Logo, sou mais esperto.

— Eu só consegui depois de você porque o Peter me atrapalhou. – emburrou, cruzando os braços. Suspirou e voltou a analisar os Slytherins. – Tudo bem, pode azarar o líder.

— Excelente! – sorriu e olhou para James pelo canto dos olhos. – Que azarações você sabe?

James permaneceu em silêncio e Sirius arqueou uma sobrancelha. Só faltava James apenas ter se gabado e não saber nem ao menos uma magiazinha. Já ia dar um belo tapa na nuca do outro quando James finalmente respondeu.

— Corpo preso, Pernas Presas, Pernas Bambas, Risadas. – suspirou. – São as únicas que me atrevo a testar. Mas, olha, vai ser a primeira vez que as uso.

— Humm... Certo. – Sirius tirou a varinha do bolso. – Eu sei umas duas a mais. Vou usar a dos Furúnculos, o que acha?

— Simples demais. – disse uma voz, que não era a de James, vinda das costas deles. – Mas, já que você faz tanta questão... FURNUNCULUS!

Sirius não teve chance nem ao menos de se proteger. Quando James e ele se viraram, a azaração já havia sido lançada e acertou o rosto de Sirius em cheio. O sorriso de satisfação ainda estava estampado no rosto de Severus Snape quando horríveis pústulas cheias de pus começaram a surgir pela pele de Sirius.

Ranhoso! – Sirius gritou, largando a varinha no chão. Sua mão também estava cheia de feridas e era praticamente impossível empunhar a varinha com perfeição.

Petrificus Totalus!

Protego! – Severus foi rápido em defender-se, e James ainda mais rápido em abaixar-se quando seu feitiço foi refletido contra ele. O Slytherin sorriu, superior. – Vocês dois estavam se achando o máximo no trem, não é? Que tal agora? Quem é o inteligente?

— Qualquer um sabe ler um livro e dizer as palavras, Ranhoso. – James disse, apertando com força a sua varinha entre as mãos. Sirius gemia com a dor que suas pústulas estavam lhe causando. – Você não me assusta. Tenho mais medo do seu cabelo seboso do que da sua varinha.

O rosto de Severus se contorceu em uma careta de desagrado, apontando a varinha para James. Este também apontou a varinha para Severus, as palavras de um feitiço que havia lido há alguns meses em sua cabeça. A Azaração para Rebater Bicho-Papão. Será que conseguiria?

— Você não sabe com quem se meteu, Potter... – Severus sibilou entredentes, os olhos negros faiscando. – Para você eu vou dar uma azaração pior que a do Black ali. Carnif...

— SEVERUS?!

Severus virou-se de onde vinha a voz que sabia ser de Lily e que o fez estacar; não precisou de menos de um segundo para reconhecê-la. E James aproveitou-se da distração do Slytherin e murmurou o feitiço. Severus virou-se quando ele terminou o encantamento, mas era tarde. Ele foi acertado bem no meio do peito e lançado para trás, batendo pesadamente contra a parede. A varinha rolou de sua mão e feios tentáculos começaram a surgir de seu peito, rasgando as suas vestes.

— Acho que saiu errado... – James reclamou, mas logo abriu sorriso de lado. – Mas serviu ao seu propósito.

— Boa cara. – Sirius gemeu, no chão.

James ouviu passos vindos de ambos os lados. De sua direita, Lily e Natasha se aproximavam correndo. A ruiva tinha a expressão de mais profundo desagrado enquanto a outra parecia estar se segurando para não rir. Da esquerda, e aí James se apavorou, vinham os três Slytherins acompanhados de ninguém menos que Minerva McGonagall.

— O que você pensa que está fazendo?! – Lily gritou quando chegou, indo direto encarar James. – Por que fez isso, seu idiota?!

— Ele começou, Evans. – James sibilou apontando para Sirius, no chão. Natasha soltou uma sonora risada, mas logo se conteve.

— Não me interessa! – a ruiva empurrou James com força pelo peito, fazendo-o perder o equilíbrio. O garoto já ia empunhando a varinha para lançar outra azaração contra a garota, mas não teve tempo.

— O que está acontecendo aqui?! – McGonagall parecia escandalizada.

Lily se afastou de James e foi ajoelhar-se ao lado de Severus, que olhava para James com os mais marcantes traços de ira. Ele ofegava, o rosto vermelho pela situação a que fora exposto. O trio de estudantes de Slytherin acabava-se em risadas. Prof. McGonagall colocou as mãos na cintura, olhando de Sirius, cheio de feridas, para Severus, com os tentáculos.

— Quem vai me explicar o que aconteceu aqui?! – sua testa estava tão franzida que as sobrancelhas pareciam ligadas uma à outra.

— Snape azarou Sirius, Professora. – James disse no mesmo instante.

— Eles iam azarar aqueles ali. – Severus falou, com dificuldade, apontando os três outros Slytherin. Os garotos fizeram uma cara levemente impressionada e definitivamente pararam de rir.

McGonagall passou a mão pela face, respirando fundo.

— Não acredito que terei que dar uma detenção para um aluno do primeiro ano da minha casa logo na primeira semana de aula. – virou-se para James. – Potter, sinto muito, mas são dez pontos a menos para Gryffindor e uma detenção.

— Mas... – ele abriu a boca para reclamar, mas só olhar que McGonagall lhe deu foi o suficiente para calá-lo.

Severus já havia começado a sorrir vitorioso, mas McGonagall se voltou para ele também.

— E quanto a você, Sr. Snape, o mesmo castigo.

— Você não é a diretora da minha casa. Não pode me punir. – Severus retrucou, muito mal-educado.

— Vai descobrir que eu posso sim, Sr. Snape. – a professora parecia ainda mais irritada ao ser desafiada por Severus. – E conversarei com professor Slughorn sobre você.

O rosto de Severus corou ainda mais e ele tentou não ver o sorriso satisfeito que James Potter exibia nos lábios. Mas foi impossível.

— Agora, faça-me o favor de levar Black para a enfermaria, Potter. E a Srta. Evans pode acompanhá-lo, Snape.

McGonagall girou nos calcanhares e deu as costas ao grupo sem mais nada dizer, voltando para a sua sala. O trio de Slytherins a seguiu, ainda olhando James e Sirius pelo rabo dos olhos, desconfiados. A tensão entre os primeiranistas era palpável. Apenas Natasha parecia estar à parte desse clima, abafando as risadas com a mão.

Sem desviar os olhos de Lily, que ajudava Severus a se levantar, James pegou a varinha de Sirius e ajudou-o a colocar-se de pé, ouvindo vários gemidos em protesto. Os dois caminharam pouco atrás de Severus e Lily em direção à enfermaria, Natasha atrás deles, muito divertida com a situação.

— Você é realmente um inútil, não é, Babaca? – ela disse, em um tom bem audível e ferino. – Além de não conseguir pegar três Slytherins pelas costas, ainda é acertado pelo Snape?! – ela gargalhou ainda mais. – Deprimente!

— Se eu não tivesse com o corpo cheio de buracos, eu ia te mostrar quem é o inútil, sua Mimada de uma figa. – ele rosnou para si mesmo, entredentes.

— Onde você estava com a cabeça, Severus? – Lily sussurrou para ele, enquanto caminhavam, a irritação e a decepção eram bem visíveis em sua voz.

Ele não respondeu, ainda muito envergonhado por ter se deixado azarar por James Potter. Mas podia garantir que não seria igual da próxima vez. Potter iria pagar muito caro por mais aquela humilhação.

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