Adeus!



Rony nem ao menos soube como foi parar em seu quarto.
Quando havia reparado, já estava deitado em sua cama com uma revista em quadrinhos que fazia parte de sua coleção.
Quadrinhos à mão, porém, sua atenção estava no que acabara de acontecer.

- Desisto! – disse, jogando a revista de lado desistindo de tentar distrair-se um pouco.

Nada o faria esquecer do artigo, no qual, Rita Skeeter escrevera sobre Os Weasleys.

- Vaca Skeeter! – disse o ruivo, ao lembrar-se do que a “profetisa da verdade” publicara.

Mil perguntas o atormentavam.“Por que isso ta acontecendo comigo?” “Por que tenho de sofrer?”
“Nada dá certo pra mim” “Por que, eu?”

Rony pôs-se de pé. Andava de um lado para o outro sem cessar.

“Não é justo”, pensou ele agoniado.

- É, não é justo que eles sofram por minha culpa!

Dirigiu-se até o seu guarda-roupa, cujo este, era cheio de figurinhas animadas dos Chudley Cannons, time de quadribol pelo qual Rony torce, pegou de cima do seu guarda-roupa, uma antiga mala de couro de dragão que estava toda empoeirada.
Rony tirou a poeira da mala e a colocou sob a cama. Pegou todas as suas roupas, depois de dobradas, ele as colocou na mala. Rony iria embora D’A Toca.

Deu uma última olhada em seu quarto.
Por mais simples que fosse, ali era o seu canto, o seu refúgio. Olhava-o saudosamente.
Como sentiria falta se seu cantinho! Sentiria falta de tudo nele. Da sua cor alaranjada, dos pôsteres dos Chudley Cannons, da sua coleção de revista em quadrinhos, de seu baralho de cartas que se auto-embaralhavam, de seu tabuleiro de xadrez de bruxo, de tudo!
  - Adeus! – disse triste, porém decidido.

Já estava na sala, próximo à porta de saída D’a Toca carregando sua mala, quando alguém o chamou.

- Rony?

Rony se virou e lá estava Hermione à sua frente.

- O que você está fazendo?
- Er....
- Não acredito que você está pensando em fugir...como você é egoísta Rony.
- OPA! Não diga o que você NÃO sabe.
- Claro que eu sei.
- Ah! É claro, você sempre sabe de tudo, não é?  - disse amargurado.

Os olhos de Hermione brilharam, a garota estava a um triz de cair aos prantos.
Rony ao perceber, ficou com remorso e abraçou a amiga.

- Desculpa Mione! Eu não queria lhe ofender... Mione olhe pra mim.

Mione quebrara o abraço para fazer o que Rony pedira, mas, Rony a entrelaçou de volta e disse:

- Não gosto de te ver chorar – disse Rony, limpando com o polegar uma lágrima que caíra dos olhos da amiga - Me desculpe! É que não concordo com o que você disse.
- O que foi que disse, que te deixou desse jeito, Rony?
- Você me chamou de egoísta...
- Você acha que deixar sua família não é um ato de egoísmo? Lembra do Percy, ele fez o mesmo!
- É diferente Mione. Por minha culpa, olha o escândalo que minha família está metida.

Rony abaixara a cabeça envergonhado.

- Rony, levanta a cabeça! Você tem de enfrentar tudo isso!
- Fácil falar...
- Sei que não é fácil, Ron. Mas, não adianta chorar pelo sapo de chocolate derretido. – riu-se.
- Falar em chocolate, estou morrendo de fome! Por que vocês não me chamaram pra jantar.


- Para quem queria ir embora... - Quer que eu vá...? - Ora. Se eu quisesse não teria lhe impedido. – Rony enrubesceu. – Vamos? - Aonde? - Ué, você não disse estar com fome? - Oh, sim. - sorriu encabulado.     
Já na cozinha, a garota fez um prato para o amigo, esquentou e serviu-o com um copo de suco de abóbora.

- Engole! – ela o advertiu ao ver o ruivo abrindo a boca para falar.
- Por que vocês não me chamaram para jantar? – falou após engolir um pedaço do bife.
- Eu queria, mas, sua mãe preferiu deixar você fazer isso por vontade própria.
- Ela está muito decepcionada comigo, não é?
- Acho que não, e se chegou a sentir isso por você, ela já te perdoou, Rony. Ela é mãe... as mães sempre perdoam.
- Mas as mães podem ser cruéis às vezes...
- Mas ela quer o seu bem, Rony.
- Eu também quero o bem dela e de todos, por isso queria ir embora.
- Já disse que isso pioraria tudo Rony. Sua mãe ainda sofre pela ausência de Percy... aliás você não acha que isso não seria usado por aquela Vaca Skeeter.
- É...Pensando bem, seria sim...Mione, andei pensando, por que a Vaca daquela loira de farmácia, não escreveu sobre a briga que tive com o Krum?
- Talvez isso não soasse tão interessante quanto uma briga entre irmãos. Nada venderia mais do que um artigo sobre uma família tradicional como a sua.
- Mas, Mione, o Krum é famoso... Acho que aquela mulherzinha não perderia a oportunidade de acabar com a reputação dele.
- Pensando bem... É estranho. Mas, talvez, ela não terminou com essa história. Se ela alcunhou o artigo que fez de “Weasleys: A Novela”, creio que teremos muitos capítulos.
- Se eu pego aquela...
- Você não vai fazer nada! Parece que ela não teme que falem sobre ela, de ser uma animaga ilegal...

Mione o ajudou a guardar suas roupas, mas ambos dispensaram a mágica.
Rony não achou ruim, pelo contrário, queria estar mais tempo possível junto a amiga.

- E Harry?
- No ex quarto de Percy. – o r uivo esteve tão deprimido que nem notou a ausência de Harry em seu quarto. – Pronto! – disse Mione, ao por a última peça de roupa no cabide. Disse boa noite a Rony e estava próxima a porta quando Rony lhe falou:

- Fique.
- O quê?
- Fique mais um pouco.
- Para quê?
- Você gosta das Flús Addicted?
- Eu gosto mais das Esquisitonas...


- Eu também, mas essa música é bem legal. Você vai gostar... - Rony pegou o disco das Flú’s Addicted, Floo Powder, e pôs na vitrola que recentemente ganhara de presente de aniversário de seu pai.

Ambos estavam no chão do quarto de Rony perto de onde estava a vitrola.
Os dois se encararam, enquanto ao fundo soava a música... Era a oportunidade que Rony esperava: ela e ele a sós.


 


- Você realmente iria embora sem se despedir de mim, quer dizer, de todos?
- Pensei que você não queria mais falar comigo.
- Não queria, mas somos amigos... E quando um amigo está em apuros, não devemos deixá-lo sozinho.
- Hermione, eu...

Hermione aproximou-se de Rony. Seus olhos se encontraram novamente, mantiveram o olhar e música inundava o ambiente, e deixaram-se levar por ela.

Flú onde estás tu?
Toc-toc
Bato em sua porta, mas
Nada ouço de volta!


Estavam a um centímetro de distância um do outro.
Hermione mergulhou dentro daqueles olhos azuis que tanto ela admirava. Enquanto Rony olhava para os lábios de da garota.

O coração de Rony batia descompassado, por muito tempo esperou por aquele momento, e agora que estava prestes a acontecer, sentia uma estranha sensação, era como se borboletas voassem dentro dele.

Por que você me disse “Adeus!”.
Se a única pessoa que te amo sou eu?


Não havia mais nenhuma distância entre eles.
Estavam unidos por um beijo, o beijo tão esperado.
Rony segurava a cintura dela e Hermione afagava aqueles cabelos de fogo macios. Aquele instante durou mesmo quando a música já havia terminado. O beijo parecia não ter fim.


- Linda essa música! – foi o que Rony conseguiu dizer após se separarem.
- Bem, eu vou indo, você sabe... já está tarde.
- É.

Hermione cruzou o quarto, mas antes de sair virou-se e disse:

- Você tinha razão – Rony a olhou sem entender e ela continuou – Gostei da música.   Tudo tinha sido tão perfeito! O beijo. Rony sorriu... Largou-se na cama e não demorou muito para que ele pegasse no sono, dormir seria uma maneira de continuar com aquele beijo, em um sonho talvez.

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