O tumulo de lírios



Cap 6 – O tumulo de lírios.


 


Harry acordou cedo naquela manhã por estar muito ansioso, hoje ele iria até Godric´s Hollow. Rony ainda roncava na cama ao lado, e assim que se vestiu resolveu descer. Devia ser muito cedo ainda pois parecia que somente o Sr Weasley tinha acordado para ir trabalhar, nem mesmo a Sra Weasley estava acordada ainda, já que a cozinha parecia impecável.

Foi até os jardins para tentar passar o tempo, e se sentou em baixo de uma árvore, que ficava de frente para os fundos da casa, de onde dava pra ver a janela do quarto de Gina. Passou quase duas horas ali, até perceber uma movimentação na casa e ver que todos já estavam acordados. Levantou-se e entrou na cozinha, onde Gina, Rony, Hermione e a Sra Weasley tomavam café.

- Harry querido, onde você estava? – perguntou a matriarca se assustando ao vê-lo entrar pela porta dos fundos.

- Estava no jardim, Sra Weasley, não consegui dormir muito – explicou ele se sentando ao lado de Gina na mesa – estou muito ansioso.

- Entendo, querido – concordou a Sra Weasley servindo uma generosa porção de mingau para todos na mesa – agora comam logo, por que Remo deve estar chegando.

Nem menos a Sra Weasley concluiu a fala, Remo bateu na porta da frente, sendo atendido por Fred e Jorge que desciam para tomar café.

- Quer tomar café, Remo? – perguntou a Sra Weasley indo até um armário para pegar outro prato.

- Não obrigado – agradeceu o homem sorrindo – Tonks não me deixa sair de casa sem comer alguma coisa.

Harry abafou risinhos que não passaram despercebidos por Remo que corou intensamente.

- E então, prontos? – perguntou ele quando todos acabaram de comer o mingau.

- Pronto – concordaram se colocando em pé – podemos ir agora mesmo.

- Certo – respondeu ele sorrindo.

- Mas como nós iremos – perguntou Gina curiosa.

- De transporte trouxa – falou Lupin – somente Hermione pode aparatar e nós não podemos usar a rede de Flú, por que ela está sendo monitorada. A melhor alternativa é um trem, já que é pouco provável toparmos com um Comensal na Londres trouxa.

Os quatro saíram acompanhados por Remo. Andaram por algum tempo até chegarem na estação de Ottery St. Catchpole. Um dos trens sairia em meia hora. Remo comprou as passagens e eles foram até a plataforma de embarque. O trem já estava parado no seu lugar, e já se preparava para começar a viagem. Eles entraram e logo conseguiram uma boa poltrona, já que o trem parecia completamente vazio, a não ser por eles e mais um casal, que pareciam ser namorados, que sentaram três poltronas à frente deles.

Gina se sentou ao lado de Harry e apoiou sua cabeça no peito do moreno dando um enorme bocejo, e Harry passou a acariciar a cabeleira da ruiva.

- Vocês dois querem parar com isso – falou Rony fazendo cara de nojo – estão me deixando enjoado com toda essa melação.

- Cala boca, Rony – retrucou Gina encarando o irmão desafiadora – fica ai me enchendo só porque a Mione não faz isso com você.

Rony e Hermione coraram intensamente, Rony pareceu se camuflar nos seus cabelos ruivos, enquanto Harry e Remo não conseguiam parar de rir e a ruiva ainda encarava o irmão com um ar desafiador.

- Vejo que vocês se entenderam – falou Remo a Harry quando o trem começou a andar e a ruiva dormia com a cabeça ainda escorada em seu peito.

- Digamos que sim – respondeu Harry passando a mão de leve no rosto da garota, fazendo a ruiva ter um arrepio gostoso e sorrir.

Remo sorriu e os dois continuaram a conversar a viagem inteira. Na maioria sobre e Ordem ter sido transferida novamente para a antiga casa dos Black, e que Remo agora era o fiel do segredo, já que Dumbledore tinha morrido e Snape sabia da localização exata da casa. Rony e Hermione não falaram nada pelo resto da viagem, pareciam envergonhados de mais ainda com o que a ruiva tinha dito. Depois de quase uma hora de viagem eles chegaram a estação de Godric´s Hollow.

Parecia abandonada, poucas pessoas passavam por ali, e na sua maioria eram funcionados da estação. A cidade era deserta, haviam poucas casas bem cuidadas, a sua maioria estavam quase caindo aos pedaços.

- A casa fica lá naquela colina – falou Remo apontando para o norte onde havia uma colina, um pouco afastada do resto da cidade – e o cemitério é logo ali – completou ele apontando para a esquerda onde tinha um pequeno cemitério.

Ninguém falou nada, apenas seguiram Remo em direção ao cemitério, que para combinar com a cidade também estava abandonado. A maioria das lapides estavam cobertas por folhas secas e algumas estavam rachadas, por causa da queda de alguns galhos mais pesados das árvores que cercavam o lugar. Os cinco passavam entre as lapides silenciosamente, com medo de que alguma coisa pudesse ouvi-los. Depois de algum tempo Gina chamou a atenção de todos. Ela estava parada na frente de uma lapide imaculadamente branca, onde se pediam ler, em letras grandes e douradas:


“Tiago e Lílian Potter, pais dedicados, amigos fieis e bruxos excepcionais”.

Harry, Rony, Hermione e Gina, não puderam deixar de notar que o tumulo, diferente de todos os outros ali, estava limpo e sem nenhum arranhão, e um lindo buquê de lírios estava delicadamente colocado ao lado da fotografia do casal.

- Sirius e eu viemos aqui no ano retrasado - falou Remo tentando manter a voz firme, o que pareceu uma tarefa muito difícil – o tumulo estava quebrado e mau-cuidado como todos os outros, e o concertamos e enfeitiçamos para que fique sempre assim, as flores também, nunca vão murchar.

Harry apenas desviou seu olhar um instante para Remo e percebeu que os olhos do ex-maroto estavam lacrimejados e a encarar a foto dos pais, agora pareceu perceber o quanto o seu ex-professor também devia ter sofrido com a morte de seus pais, e por um minuto não pode deixar de pensar e como ele se sentiu culpado por não acreditar em Sirius. Remo percebendo que era um momento muito doloroso para Harry, chamou silenciosamente os outros três para que deixassem ele a sós.

Quando ia saindo Gina apertou de lave a mão do namorado como se quisesse lhe passar forças, mas quando ela fez menção de soltar e se afastar o moreno ele não permitiu, fazendo a ficar ali com ele. Os outros três continuaram saindo, e logo estava fora do campo de visão de Harry e Gina.

- Você realmente é muito parecido com seu pai, Harry – falou a ruiva tentando acabar com o silêncio incomodo que pairava no ar. Harry apenas forçou um sorriso em resposta e voltou a fitar a foto dos dois.

- Eles pareciam tão felizes – falou o moreno pela primeira vez desde que chegaram ali.

- Realmente, Harry – concordou a ruiva apartando ainda mais a mão do moreno entre a suas. - Ela era tão linda – sussurrou ele passando a mão sobre a pequena foto de sua mãe

– Devo admitir que meu pai tinha bom gosto. E eu acho que isso é de família – completou ele olhando a ruiva que agora tinha um lindo sorriso nos lábios.

Harry pegou sua varinha e conjurou outro buquê de lírios e o enfeitiçou para que também não murchassem. Quando colocou sobre a lapide, Gina pode ver uma fina lágrima descer pelos olhos do garoto, que foi seca rapidamente para que ela não notasse. Ele continuou olhando para as flores mais algum tempo, mas quando se virou para falar com a ruiva já tinha a velha expressão determinada no rosto.

- Acho melhor agente ir – falou – Remo já deve estar ficando preocupado.

- Você está bem? – perguntou a ruivinha acariciando o rosto do namorado.

- Estou – respondeu ele forçando um sorriso e dando um beijo em Gina.

Os dois caminharam de mãos dadas até a entrada do cemitério onde Remo, Rony e Hermione os esperavam. Os três pareciam preocupados e encaravam Harry tentando notar algum sinal de fraqueza e só pararam quando Gina fez um gesto mudo indicando que ele estava bem. Eles percorreram quase a cidade inteira, sempre guiados por Remo, todos em silencio, somente Rony soltava algum muxoxo de tempos em tempos sobre estar com fome ou cansado recebendo, na maioria das vezes, repostas bem mau-educadas de Hermione.

A cidade era pequena e deserta, tinha apenas algumas casas com jardins, mais a sua maioria estava abandonada e com tabuas bloqueando as portas e janelas. Eles andaram até a colina indicada por Remo e puderam encontra a ruína do que um dia foi uma bela casa. O que pareceu ser o segundo andar da casa tinha caído quase que completamente, junto com o resto da casa, ficando somente algumas pilastras em pé, mais todas também prestes a cair.

- Depois que Hagrid o tirou daqui ninguém mais além de mim e Sirius esteve aqui, eu suponho – falou Remo chegando mais perto de Harry.

O garoto chegou mais perto dos escombros e tentou tirar algumas das pedras existentes ali, depois de algum tempo pode ver alguns indícios de que um dia ali foi uma limpa e bonita sala de estar. Entre os escombros Harry conseguiu achar o que parecia ser um porta-retrato, o vidro estava quebrado o a fotografia estava consumida pelo tempo. A foto parecia ter sido tirada em um belo campo com um lago no fundo, que Harry presumiu ser Hogwarts. Cinco adolescentes acenavam alegres para a câmera, e Harry reconheceu ser, Sirius, Remo, seu pai, sua mãe, e uma garota morena muito bonita que ele não se lembrou ter visto em lugar algum.

Tirou a foto do porta-retrato e pode ver uma inscrição quase apagada no verso. Tiago Potter, Lílian Evans, Remo Lupin, Sirius Black e Natalia Espanck, amigos para toda a vida. A caligrafia era fina e caprichosa que Harry presumiu ser de sua mãe. E pode perceber no cantinho inferior com a mesma letra quase que totalmente apagado uma data: 11 de julho de 1980. Harry saiu do meio dos escombros e andou até Remo, que assim como os outros também tentava tirar algumas fotos, para encontrar algo entre os escombros, e mostrou a foto a ele.

- Eu me lembro dessa foto – comentou sorrindo – foi tirada no nosso ultimo final de semana na escola.

- Remo, quem é essa garota? – perguntou Harry, não conseguindo conter a curiosidade. - Era Natalia, ela era melhor amiga da Lily, assim como Sirius e Tiago, elas eram inseparáveis – falou ele analisando a garota da foto – ela também era a namorada do Sirius – completou sorrindo, como se lembrasse de alguma coisa – ela e sua mãe eram totalmente anti-marotos, mas no final acabaram ficando com os dois piores marotos que já passaram por aquela escola.

Harry forçou um sorriso, e não pode deixar de pensar no que teria acontecido a ela, já que Sirius nunca tinha tocado no assunto, e nunca tinha visto ela, nem mesmo em uma das reuniões da Ordem.

- Depois que soube da suposta traição de Sirius ela se mudou para a França – falou ele como se lesse os pensamentos do garoto – ela me escreveu algumas vezes me contando como era lá e como ela estava. Eu sempre respondia, mais depois de um tempo ela parou de escrever, eu fiquei preocupado e mandei uma carta. A resposta veio de uma amiga dela lá da França, Natalia tinha ficado muito doente e acabou morrendo. – completou ele devolvendo a foto ao garoto. Harry apenas suspirou cansado e guardou a foto no bolso interno das vestes. - Ela era sua madrinha, Harry – falou Remo quando o garoto ia se afastando, fazendo ele voltar para perto de Remo.

- Mas, Sirius nunca me falou dela - falou ele quase se sentindo traído pelo padrinho.

- Depois que fugiu de Azkaban, só uma única vez ele me perguntou sobre ela, acho que ele ficou muito triste por ela não ter confiado nele, e ainda mais por saber que ela nunca conheceria a verdade – explicou Remo – mas tenho certeza de que ele nunca a esqueceu.

Harry pareceu se sentir incomodado com o que Remo falava mais não demonstrou, estava curioso, sempre tinha se perguntado se o padrinho nunca tinha se apaixonado.

- Ele me disse, algumas semanas antes da morte de seus pais que iria pedi-la em casamento – continuou ele, como se custasse muito falar aquilo, com os olhos voltando a lacrimejar – mas pelo que eu soube, nunca chegou a fazê-lo.

Depois de algum tempo de silêncio entre os dois, Harry voltou a andar por sobre os escombros e acabou achando algumas coisas que o interessaram muito, coisas que o faziam lembrar de seus pais. Entre elas, o que lhe pareceu ser um pequeno cervo de pelúcia, que estava sujo, e até um pouco rasgado, um pequeno e delicado pomo-de-ouro, com uma das assas quebradas, e uma escova de cabelos, que ele presumiu ser de sua mãe, e ainda mais alguma fotos, entre elas duas ou três dos marotos e Natalia e uma que Lílian e Tiago seguravam um pequeno bebe que sorria muito.

Guardou tudo cuidadosamente na mochila que trazia e voltou a sair de cima dos escombros.

- Acho melhor agente voltar – falou Remo – já está ficando tarde e nenhum de nós come nada há horas.

E com um muxoxo de alivio de Rony, os cinco voltaram a andar em silencio até a estação de trem, e continuaram praticamente em silencio até chegarem à Toca.

Assim que chegaram na casa, foram recebidos pela Sra Weasley, que se mostrou estar muito preocupada com todos eles, e um belo café preparado pela matriarca. Assim que se livrou do abraço da matriarca Harry subiu as escadas correndo e se deitou na sua cama, no quarto que dividia com Rony.

- O que aconteceu com ele? – perguntou a Sra Weasley preocupada.

- Muitas emoções, Molly… - respondeu Remo, no que os outros concordaram - acho que vou até lá falar com ele.

- Não, deixa que eu vou – interrompeu Gina.

- Certo querida – concordou a Sra Weasley – aproveite e leve alguma coisa para ele comer. A ruiva concordou com a cabeça, e junto com a mãe preparou uma bandeja, com algumas torradas com geléia, e um copo de suco de laranja, e subiu a escada cuidadosamente.

Bateu na porta três vezes, e mesmo não recebendo resposta do garoto entrou.

- Harry – chamou ela, colocando a bandeja em cima da cama que pertencia a Rony e se sentando ao lado do namorado. O garoto que estava deitado com a cabeça enterrada no travesseiro e de tempos em tempos deixava escapar um soluço, que significava que ele estava tentando conter as lagrimas.

- Harry – chamou ela de novo – você está bem? Quer comer alguma coisa, eu trouxa torradas.

- Não estou com fome – murmurou o garoto ainda com a cabeça enterrada no travesseiro.

- O que você tem, Harry? – perguntou ela preocupada. Dessa vez Harry se virou na cama e tirou a cabeça do meio do travesseiro, passando a encarar o teto. Gina pode perceber que seus olhos ainda estavam vermelhos, e algumas lagrimas ainda jaziam ali.

- Eu não sei - respondeu ele e mais algumas lagrimas escorreram pelo seu rosto – só estou com vontade de chorar. E isso é estranho, Gina, por que eu nunca chorei pela morte dos meus pais, nunca. – completou ele limpando as lagrimas – é claro que eu ficava triste quando era menor, e em algumas noites não conseguia dormir, mas eu nunca chorei.

- Talvez seja por isso, Harry – falou a ruiva carinhosamente – você sempre guardou isso só pra você, e agora que você foi até a sua antiga casa todo esse sentimento voltou e explodiu dentro de você.

Harry abraçou a ruiva como se nunca mais fosse fazer isso novamente. Ficaram assim por muito tempo, até que Harry se afastou carinhosamente e voltou a falar.

- Quando isso tudo acabar, se eu estiver vivo – falou ele recebendo um olhar de reprovação da ruiva – sim Gina, se eu estiver vivo, vou reconstruir aquela casa e vou ir morar lá.

- Que legal, Harry – falou a ruiva sorrindo – Mas agora Sr Potter, você precisa comer. Está tão magrinho – completou a ruiva colocando as mãos na cintura, em uma imitação perfeita da mãe.

 Harry não conteve o riso e antes de pegar uma das torradas na bandeja, roubou um caloroso beijo da ruiva.



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N/A OiEs...! Cap 6 postado...! Desculpem a demora...! Espero que tenham gostado..! Continuem lendo...! Comentem por favor...! Cap 7 vem rapidinhos...!
BjO

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