Capítulo VIII
N/A Desculpem a demora... Adorei os coments.... Estive fora, mas agora já voltei... e pretendo continuar postando a fic...
Espero que continuem gostando e comentando!!!
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Hermione rolou na cama preguiçosamente e olhou para o relógio. Ficou surpresa ao descobrir que já eram dez e meia e, imediatamente, pulou da cama. Foi até o banheiro e tomou um banho rápido. Depois vestiu uma calça azul marinho e uma malha listrada e, deixando os cabelos soltos, desceu as escadas.
Mujari estava sozinho no living. Ao vê-la, sorriu. Hermione hesitou um momento, depois perguntou:
- Onde estão todos, Mujari?
- A Sra. Rose está na cozinha e o Sr. Lucien e o Sr. Draco estão fora. Quer que avise a Sra. Rose?
- Não é necessário, Mujari. Já estou aqui. – Rose entrou vagarosamente na sala. – Você dormiu bastante, Hermione. Draco disse para não incomodá-la.
- Hum... Onde estão Lucien e Draco?
- Foram dar uma volta. – Explicou Rose, fazendo um gesto. – Visitar a vila, eles disseram. Acho que estão conversando sobre negócios outra vez. Lucien está muito interessado em ter um complexo de Draco, em Tsaba. Vai criar uma porção de empregos e trazer para o país tanto prestígio quanto dinheiro.
- Entendo. – Hermione respondeu. – E Lucien disse quando pretende partir?
- Nos próximos dias, creio eu. Por que não vai com ele? Você não tem que ficar na Inglaterra, tem? Não tem compromissos, tem?
- Não, mas... – Hermione prendeu uma mecha dos cabelos atrás da orelha. – Eu... Eu não sei...
- Eu não teria dúvidas, se fosse comigo...
Draco e Lucien chegaram na hora do almoço, quando Hermione estava sozinha no living e Rose na cozinha, supervisionando a refeição. Lucien entrou primeiro, esfregando as mãos para esquentá-las.
- Alô, sua dorminhoca! A que horas acordou?
- Às dez e meia. – Respondeu Hermione, um pouco sem graça.
Lucien estava fazendo algum comentário sobre as vantagens de se deitar cedo e acordar cedo quando Draco entrou na sala.
Tinha uma expressão preocupada no rosto, e foi impossível para Hermione adivinhar o que ele estava pensando. Sentiu um calafrio percorrer-lhe o corpo. Como fora estúpida por imaginar que o que haviam partilhado tinha, para ele, um significado especial!
Quando Lucien deixou a sala, Draco aproximou-se dela e disse, sério:
- Hermione, preciso falar com você.
- Não agora...
- Hermione! – Exclamou Draco com voz atormentada. – Olhe para mim!
Mas, justamente naquele momento, Gina Weasley entrou na sala.
- Draco! Então você voltou! A Sra. Ndana disse que você tinha ido passear com o marido dela. Vi você tão pouco neste fim de semana!
Draco fez um movimento de ombros, como se estivesse se desculpando.
- Foi uma visita muito curta. – Sua voz saiu naturalmente. – Vamos voltar hoje mesmo, logo depois do almoço.
- Oh, Draco! Mas você vai nos ver em Londres, não vai?
- Com licença. – Hermione levantou-se subitamente.
Apesar da tentativa de Draco de segurar seu braço, conseguiu se desvencilhar dele e ir direto para o quarto. Naquele momento, o que queria era morrer...
O som da voz de Rose chamando por ela trouxe-a de volta à realidade. O almoço estava pronto e Hermione sabia que tinha de descer e se comportar naturalmente.
A refeição parecia não acabar mais e, quando terminou, ela ficou imensamente satisfeita ao ver Mujari colocando as malas na Ferrari.
- Bem, Draco, foi bom ver você. – Falou Lucien calorosamente. – Telefono na segunda-feira, quando voltar para a cidade, e combinaremos os detalhes finais, certo?
- Ótimo, Lucien. Até logo, Rose!
- Até breve, Draco! Até breve, Hermione.
A Ferrari afastou-se suavemente e Hermione acenou até perdê-los de vista. Depois, recostou-se no banco e tentou relaxar. Sentia-se esgotada.
Draco dirigiu por diversos quilômetros em silêncio e, quando finalmente chegaram à estrada principal, disse:
- Bem, agora vamos conversar sobre ontem à noite, certo?
- Eu... Eu preferia não falar nisso, se não se incomoda. – Hermione respirou fundo.
- Bem, mas me incomodo! – Falou impetuosamente. – Pelo amor de Deus, Hermione, pelo menos me dê a oportunidade de pedir desculpas!
- Pedir desculpas? – Hermione olhou espantada e confusa para o marido.
- Sim! Com os diabos, pedir desculpas! Deus, eu não sei o que aconteceu comigo! E, depois, quando descobri que você era... Bem... Virgem, nem assim deixei você em paz. – Suas mãos apertavam o volante. – Não sei se vai acreditar, mas não acontecerá outra vez!
- Draco, por favor! – Hermione reteve o fôlego. – Pare de fazer um caso sério disso! Eu... Eu não sou mais uma criança, afinal de contas. Eu... Eu sabia o que estava fazendo.
- Sabia? Sabia realmente?
Depois disso, fez-se silêncio por um longo tempo e, uma vez entrando na via expressa, Draco aumentou bastante a velocidade e logo estavam nos arredores da cidade.
A Sra. Latimer os recebeu quando chegaram na praça Kersland, e perguntou se já tinham jantado.
- Não. – Respondeu Draco sacudindo a cabeça. – Ainda não. Mas não se preocupe comigo. Eu... Eu vou sair.
O rosto de Hermione ficou sombrio. Tinha vontade de gritar: “Não vá! Fique comigo! Me ame como ontem!” Mas não teve coragem, e em vez disso, falou calmamente:
- Não faça nada para mim, também, Sra. Latimer. Vou direto para a cama.
A Sra. Latimer se retirou e Draco ficou parado, indeciso, no hall. Tinha levado as malas para cima e agora olhava pensativo para Hermione, os olhos escuros e brilhando.
- Você parece muito cansada. – Falou em voz baixa. – Sinto muito...
- Oh, pare com isso! – A voz de Hermione soou irritada. Não podia suportar aquela solicitude dele.
Draco olhou para ela, hesitante.
- Hermione, não deixe que isso... Estrague as coisas...
- Estrague outras coisas! Estrague outras coisas! – Hermione infundiu à voz um proposital tom dramático. – O que eu poderia estragar? Céus, Draco, em que século você pensa que vivemos? Atribua o que aconteceu às circunstâncias... Ao vinho particularmente bom que tomamos. Era um bom vinho, não?
- Hermione? – A voz de Draco soou tensa. – Pare com isso!
- Parar com o quê? Você é muito antiquado, Draco. Eu nunca acreditaria, mas você é!
- Hermione! – Draco agarrou-a pelos ombros e a sacudiu com força. – Pare com isso! Não pense que pode me enganar, comportando-se desta maneira! Sei melhor do que ninguém o que fiz! Tudo o que quero, agora, é não pensar em mais nada... Muito menos sentir!
Hermione soltou-se dele.
- Então vá! Eu não incomodo.
Draco não se moveu. Apenas perguntou:
- O que você vai fazer?
- Eu? Como já falei, vou me deitar!
- Tem certeza de que está tudo bem?
- Sim, tenho certeza! – Hermione ergueu orgulhosamente a cabeça. – Ah, a propósito... Quando você parte para Tsaba?
- Na quarta-feira, provavelmente. – Draco levantou os ombros ligeiramente. – Por quê? Você prefere que eu não vá?
- É completamente indiferente para mim você ir ou ficar. – Respondeu Hermione com um aceno demão, fingindo um grande desprezo.
Como se isto bastasse para ele, Draco virou-se e caminhou com passos firmes até a porta, batendo-a com força.
Hermione subiu para o quarto sentindo uma grande angústia. Fingira não sentir nada. Fingira indiferença. Mas o que mais poderia fazer? Implorar amor a Draco?
Despiu-se, tomou um longo banho e atirou-se na cama, a exaustão tomando conta de seu corpo.
Algum tempo depois ela acordou com Draco debruçado sobre ela.
- Hermione! Hermione! Calma! Você está bem. Você está bem! Está... Aqui... Em casa. Você estava tendo um pesadelo. – Sorriu, os olhos muito carinhosos, como jamais Hermione tinha visto. – Está bem agora?
Hermione respirou fundo, os olhos com expressão apaixonada fixos nele.
- Já vou então. – Disse Draco, levantando-se. – Boa noite, Hermione.
- Espere! – Hermione levantou-se, apoiada no cotovelo, e segurou os dedos dele. – Draco... Não vá!
O rosto de Draco ficou vermelho.
- Pensei que você estivesse melhor agora... – E então, ao encontrar os olhos dela, murmurou atormentado: - Pelo amor de Deus, Hermione você não sabe o que está pedindo!
- Eu sei... – Hermione levou a mão dele até os lábios, mas Draco livrou-se dela subitamente, andando rápido para a porta. Sem olhar para trás, saiu e bateu a porta.
A estação de trens de Selby não era dos lugares mais inspirados, numa noite úmida de novembro, e Hermione deu graças por estar protegida pelo calor do casaco de pele de carneiro e do terninho de lã grossa. Levava somente uma pequena valise e, após apresentar seu bilhete, saiu para arranjar um táxi. Tinha o endereço da Sra. Malfoy no caso de precisar se comunicar com ela, e deu-o ao motorista, acomodando-se no banco, esperando ansiosa o momento de chegar lá.
Não sabia realmente por que tivera a idéia de ir até a casa da mãe de Draco.
Durante o café solitário tentou avaliar a sua situação e acabou chegando à única conclusão possível: não podia mais continuar vivendo com Draco, sabendo que ele a desprezava, e tinha medo de que sua fraqueza pudesse criar nova situação para ser mais uma vez humilhada. Ia pedir a ele o divórcio e, depois, de alguma maneira se arranjaria. Então, deu-se conta de que não poderia mais continuar vivendo na casa de Draco.
Pensou então na viagem que ele faria para a África. Se pudesse ficar fora de seu caminho até lá, quando ele estivesse de volta já teria readquirido o equilíbrio. Neste momento sentia-se emocionalmente instável, incapaz de enfrentar mais discussões.
Então telefonou para Jennifer e disse o que pretendia fazer. Jennifer ficou muito abalada, como ela não tinha idéia das verdadeiras causa, sua opinião também não valia muito.
Foi então que teve a idéia. Se fosse para Selby, na casa da mão de Draco, ele não descobriria onde ela estava. E, certamente, nem pensaria em procurá-la lá. Ele ia para Tsaba e, assim que tivesse deixado o país, ela voltaria para Londres, arrumaria suas coisas e entregaria o caso para um advogado.
As janelas molhadas do táxi mostravam o cenário cinza das ruas. Aquela era a cidade natal de Draco.
Hermione suspirou. Era chocante que em todos aqueles anos de casamento ela nunca tivesse ido para Selby.
Pensou na acolhida que teria da mãe de Draco. Já tinha planejado tudo o que ia dizer. Afinal, a Sra. Malfoy nunca quis que ela se casasse com o filho. Mas será que entenderia sua preocupação, sabendo que Draco ia procurá-la em Londres? Será que a forçaria a voltar?
Quando o motorista chegou ao endereço dado por Hermione, ela rapidamente pagou-o e desceu do táxi. Seu coração batia descompassadamente.
Hermione bateu na porta. Uma velha senhora apareceu e Hermione reconheceu a Sra. Malfoy.
- Sim? – Perguntou calmamente e, depois, engasgou e levou a mão à boca. – Meu bom Deus, é... Hermione, não é? Aconteceu alguma coisa? Algum acidente? Draco está doente?
Hermione sacudiu vigorosamente a cabeça.
- Não, não, nada disso. Draco nem sabe que estou aqui. Ele... Ele está muito bem.
A Sra. Malfoy franziu o cenho, mostrando toda a sua surpresa, e depois recuou abruptamente.
- Acho que é melhor entrar, então.
- Obrigada. – Hermione entrou no hall estreito, que ia de frente até a parte de trás da casa.
A Sra. Malfoy fechou a porta da rua e depois abriu outra porta.
- Pode entrar aqui. – Falou, solícita.
A sala era a que tinha a cortina de rendas, que Hermione vira da rua. Era fria e pouco aconchegante, sem lareira, muito arrumada e limpa. Obviamente, muito pouco usada.
- Oh, por favor, tenho certeza de que não era aqui que a senhora estava. Não podemos ir para lá? – Falou Hermione timidamente.
A Sra. Malfoy hesitou.
- O que você quer me dizer vai levar muito tempo?
- Acho que sim. – Falou Hermione, suspirando.
- Está certo, vamos para a cozinha. Certamente lá está bem mais quente.
A cozinha era tão grande quanto a outra sala, com uma lareira muito agradável. A Sra. Malfoy fez um gesto para que Hermione se sentasse numa das poltronas e só então pareceu notar a maleta que ela segurava, pois franziu novamente o cenho. Depois disse:
- Vou pôr uma chaleira no fogo para o chá.
Hermione sorriu e se afundou na poltrona, desabotoando o casaco. De repente sentiu-se exausta e aquela sala parecia o lugar mais aconchegante do mundo. Sentia-se mais confiante ali, e também mais segura. Segura para não fazer papel de tola na frente do filho daquela mulher.
A Sra. Malfoy voltou e ficou diante dela, esfregando uma mão na outra, apreensiva:
- Agora vamos, moça, o que há de errado?
Hermione respirou fundo.
- Não quer também se sentar?
- Está bem. – Falou, encolhendo os ombros. – Vamos... Agora me conte o que há.
Hermione procurou o melhor jeito de começar a contar.
- Antes de tudo, devo dizer à senhora que Draco e eu vamos nos divorciar.
- O quê? – A Sra. Malfoy parecia espantadíssima. – Mas ele nunca me falou nada sobre isso!
- Não... – Hermione inclinou a cabeça. – Bem, isso foi resolvido muito de repente. Para falar a verdade, Draco ainda não concordou realmente.
- Como vai conseguir um divórcio de Draco se ele ainda nem concordou?
- Bem, eu quero o divórcio, Sra. Malfoy. E isso é tudo. Oh, eu sei que a senhora não queria que ele se casasse comigo, no começo. Bem, a senhora tinha razão. Nós não combinamos...
- Entendo. Mas por que está aqui?
- A noite passada... A noite passada houve algo. Então... Eu saí de casa. Quis ficar fora de Londres até Draco partir para Tsaba, e eu sei que ele nunca pensaria em me procurar aqui.
- Tsaba? – Perguntou a Sra. Malfoy, levantando-se e indo buscar a bandeja de chá. – O que é isso?
- É um país... na África Central. Draco é amigo do embaixador.
A Sra. Malfoy franziu novamente a testa.
- Oh, sim, me lembro agora. O nome dele não é Ndana, ou coisa parecida? Draco levou Gina Weasley para trabalhar na casa deles.
Hermione sentiu um frio no estômago.
- Isso mesmo. – Concordou, disfarçando o nervosismo. – Bem... Bem, Draco irá pra lá na quarta-feira, eu acho. Se... Se eu pudesse ficar aqui até que ele deixasse a cidade...
- Ficar aqui? – A Sra. Malfoy estava completamente atônita. – Eu achei que Draco fosse feliz. Ele sempre parecia bastante satisfeito quando vinha me visitar.
Hermione levantou-se.
- Bem, acho que é melhor eu ir embora...
- Não, Hermione. Você veio até aqui e vamos resolver isto direito. Sente-se. – A Sra. Malfoy parecia uma mulher decidida. – Casamento, para mim, significa mais que um pedaço de papel, minha filha!
- Significa mais do que isso para mim também. – Protestou Hermione rapidamente. – E por isso mesmo quero o divórcio.
A Sra. Malfoy estava muito confusa.
- Mas não entendo. Eu sempre tive a impressão de que tinha se casado com Draco... Bem, porque ele poderia garantir para você uma vida boa para sempre! O que aconteceu agora?
Hermione sentou-se outra vez na poltrona.
- Casei com seu filho pelas razões que a senhora já conhece. Mas muita coisa mudou...
A Sra. Malfoy a interrompeu:
- Você pode ficar aqui, se quiser. Pode dormir no quarto de Draco. Ele não vai precisar.
- Muito obrigada, Sra. Malfoy!
A Sra. Malfoy meneou a cabeça, duvidando.
- Não me agradeça. Nem ao menos sei se estou fazendo a coisa certa. Mas você está tão abalada que não é hora de discutir. Vamos, vou mostrar o quarto e depois vejo alguma coisa para você comer.
Hermione acompanhou a Sra. Malfoy silenciosamente. Havia alguma coisa forte e sólida naquela mulher. Como Draco, ela não tinha tempo para fingimentos.
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