Capítulo IV
N/A De presente dois caps pra vcs!!! Espero que gostem... e comentem!!!! Desculpem pela demora, mas agora estou de volta.
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Hermione acordou com a exata impressão de que alguém a vigiava e, ao levantar a mão sonolenta para afastar os cabelos dos olhos, viu Draco parado na porta do quarto, encostado indolentemente no batente. De terno azul marinho, era perturbadoramente másculo, e Hermione estremeceu sob as cobertas, puxando-as até o queixo numa atitude quase defensiva.
A expressão do rosto de Draco tornou-se cínica, ao perceber sua reação espontânea, e ele endireitou-se abruptamente.
- Não se preocupe que minhas intenções sobre você não mudaram. Dirigi a noite inteira, estou exausto, mas queria falar com você antes de ir para cama.
Draco mudou de posição no umbral da porta.
- Vamos viajar no fim de semana. – Disse calmamente. – Foi tudo combinado ontem à noite. Tentei telefonar, mas ninguém atendeu. Você saiu?
Hermione não conseguiu evitar o rubor que invadiu seu rosto. Deitada ali daquela maneira, incapaz de se mover sem revelar alguma parte de seu corpo, sentia-se em completa desvantagem.
De repente, Draco entrou no quarto, seu olhar foi direto para a saia de veludo que ela deixara em cima de uma cadeira.
- Então você saiu a noite passada. – Observou secamente. – Será que eu poderia saber aonde foi?
- Você não é meu carcereiro, sabe muito bem disso, Draco! – Exclamou contrariada.
- Não sou? – Os olhos de Draco adquiriram uma expressão desagradável. – Então, me diga... quem é seu carcereiro?
- Quer fazer o favor de sair do meu quarto? – Hermione ficou furiosa. – Eu quero me levantar.
- Levante-se! Não a estou impedindo. – Draco cruzou os braços e parou na frente dela.
- Eu odeio você, Draco!
- Por quê? Porque voltei e estraguei as coisas com seu amigo Potter? Foi com ele que você saiu a noite passada, não foi? Oh, não se preocupe em responder. A Sra. Latimer já me disse.
- Então você pôs a Sra. Latimer para me espionar! Como pôde ser tão mesquinho?
A expressão de Draco endureceu.
- Quando liguei a noite passada e ninguém atendeu, fiquei preocupado. Então telefonei para a Sra. Latimer...
O rubor no rosto de Hermione aumentou.
- Mas não quero perder tempo com Potter agora. Podemos tratar dele mais tarde. – Draco prosseguiu. – Desconfio que não está interessada em saber onde vamos passar o fim de semana.
Hermione franziu a testa. Por causa da discussão, tinha se esquecido do motivo que fizera Draco voltar antes do previsto.
- Claro que estou interessada. – Falou sem jeito.
Draco aproximou-se da cama e ficou de pé olhando para ela, com um brilho estranho nos olhos.
- Está mesmo? – E depois de alguns segundos falou: - Ndana tem uma casa de campo. Ele e a mulher nos convidaram para um fim de semana com eles.
- Ndana... – Repetiu Hermione surpresa. – Mas... Mas ele não é...
- O embaixador de Tsaba? Sim, ele mesmo.
- Então era ele... A pessoa com quem você conversava na noite da recepção?
- Era ele. – Draco mexeu os ombros. – Agora compreende por que esse fim de semana é muito importante?
- Sim... Quando eles nos esperam?
- Para a ceia hoje à noite. Portanto, temos de sair por volta das quatro.
Durante a primeira hora de viagem, Draco estava muito absorvido na estrada para prestar atenção em Hermione. Chovia muito e, na hora do rush, o tráfego de uma tarde de sexta-feira era muito complicado. Mas uma vez passado o grande movimento, já na via expressa, Draco acomodou o corpo numa posição mais confortável. Então, deu um rápido olhar em direção à esposa e disse:
- O que foi que Potter disse?
- Potter? Você está falando do telefonema que dei antes de sair?
Hermione havia dado um telefonema a Jennifer, cancelando o jantar que combinara para o domingo. Talvez Draco tivesse ouvido e pensado que ela estava falando com Harry...
Os dedos fortes de Draco apertaram o volante e ele disse, de maneira controlada:
- Não tente bancar a esperta comigo, Hermione. Já devia saber, depois de tanto tempo, que não funciona. Perguntei o que foi que Potter disse quando você avisou que não ia poder jantar com ele no domingo.
- Oh, isso! – Hermione sacudiu os ombros contrariada. – Ele não disse nada! – Ela retrucou.
- Hermione, eu aviso...
- Pelo amor de Deus, Draco. – Os olhos de Hermione brilharam de indignação. – Pare de agir como um pai ranzinza! Para sua informação, eu não tinha compromisso algum com Harry Potter para jantar no domingo!
- E espera que eu acredite?
- Faça como quiser! – Hermione voltou sua atenção para a estrada, irritada por ter permitido que ele a deixasse tão furiosa.
- Então para quem você estava telefonando?
- Oh, por Deus! – Hermione se virou para ele. – Por que tenho de dizer para você com quem estava conversando? Que importância tem isso? Eu não pergunto sobre suas atividades... Por que quer saber sobre as minhas?
Um silêncio constrangedor tomou conta do interior do veículo, e foi assim que permaneceram por muito tempo: num silêncio total. Até Draco sair da estrada rumo a um restaurante.
- Acho que poderíamos jantar... Sei que é cedo, mas evitará que paremos mais tarde, em lugares que não conhecemos.
Hermione concordou com um gesto de cabeça. Quando Draco estacionou a Ferrari, Hermione soltou o cinto de segurança e saltou do carro aliviada. Era bom esticar as pernas. Nem a chuva forte podia estragar aquele momento. Levantou a gola do casaco, emoldurando seu rosto com a pele macia e, depois que Draco fechou o carro, acompanhou-o por alguns metros em direção à entrada iluminada do prédio.
Lá dentro estava confortavelmente aquecido. Deixaram seus casacos na portaria e foram direto para o restaurante.
Draco falou pouco durante a refeição e Hermione fez alguns comentários sobre a comida. Finalmente, quando estavam tomando café com licor, ela disse:
- Se quer saber, eu estava falando com Jennifer. Foi ela quem nos convidou para jantar domingo à noite!
Draco não respondeu nada e Hermione ficou nervosa.
- Você ouviu o que eu disse? – Perguntou em voz baixa e irritada.
- Sim, ouvi, Hermione. – Draco levantou os olhos azuis acinzentados para ela.
- Bem, não tem nada a dizer?
- O que você quer que eu diga?
Hermione apertou os lábios, constrangida, percebendo que estava a ponto de explodir em lágrimas. Que ridículo! Só porque Draco tinha resolvido ficar carrancudo por causa da briga, ela, mais uma vez, tinha cedido e dado a ele outra oportunidade de humilhá-la.
Sem responder, afastou a cadeira, levantou-se e saiu rapidamente da sala. Pegou seu casaco num cabide no hall de entrada e, jogando-o descuidadamente nas costas, saiu e enfrentou a chuva, respirando com esforço ao receber o impacto do vento gelado.
Andou às cegas em direção à Ferrari, mas naturalmente estava trancada e ela não tinha a chave. Colocou o casaco, fechou-o bem e ficou ao lado do carro. Nunca tinha se sentido tão angustiada em toda a sua vida.
O barulho da porta do restaurante fez com que Hermione se voltasse, apreensiva. Viu Draco andando a passos largos para o carro. Olhou para ela, furioso, percebendo seu cabelo ensopado caindo grudado ao rosto, seus ombros frágeis curvados, os lábios cerrados e o rosto abatido. Sem uma palavra, abriu o carro, pegou-a pelo braço e a fez entrar. Depois, bateu a porta com força e, andando rapidamente, deu a volta e sentou-se do outro lado, passando a mão pelos cabelos loiros e grossos que, molhados ficaram ondulados.
Quando Draco se virou para ela, Hermione esperou pelas palavras zangadas que viriam. Mas ele falou com voz baixa e relutante:
- Sinto muito, Hermione!
Hermione virou o rosto para ele, os olhos abertos e incrédulos.
- Você... Você sente muito? – Repetiu com voz fraca.
- Sim! Não acreditei em você. Agora acredito.
- Oh, Draco.
Para seu desespero, sentiu lágrimas quentes deslizando pelos cílios e correndo rosto abaixo. Ele devia ter suspeitado que algo estava errado quando Hermione colocou as palmas das mãos no rosto, tentando esconder sua tristeza, pois acendeu a luz de dentro do carro, olhando para ela com um brilho estranho no olhar.
- Hermione... – Falou suavemente. – Eu já disse que sinto muito! Não chore, por favor! Eu não mereço isso, acredite!
- Não se preocupe. Logo ficarei bem.
- Ah, Hermione... – Gemeu ele muito baixinho e depois passou o braço sobre seus ombros, puxando-a para perto. Hermione enterrou o rosto em seu peito. Era a primeira vez que ficava tão perto dele e, por alguns minutos, sentiu-se bem apenas por estar ali, na segurança envolvente dos braços másculos.
Mas, aos poucos, conforme as lágrimas iam rareando, Hermione tomava consciência de outras sensações, que eram igualmente desastrosas para sua paz de espírito. O calor do corpo de Draco penetrava a lã fina do suéter, e ela estava intensamente sensível ao contato daquele corpo forte e àquele cheiro forte e másculo. Por mais que soubesse que devia se afastar dele e enxugar os olhos, não desejava isso.
No fim, a iniciativa foi tomada pelo próprio Draco que, segurando-a pelos ombros, recolocou-a com carinho, mas também com firmeza, no seu banco. Então, apagou a luz que ainda estava acesa e finalmente deu partida no carro.
Ninguém mais falou e, logo, as luzes da via expressa os envolviam.
Hermione continuava imóvel, trêmula e consciente de que, pela primeira vez, não tinha achado indesejável o contato com Draco...
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