Cap 5 (p II) – Madrugada Conti

Cap 5 (p II) – Madrugada Conti



Fic: Presente de Natal

Capítulo Cinco – Dia de Natal

Parte II – Madrugada, continuação


— Certo. Agora que nós já estamos aqui, será que você pode nos dar algumas respostas? – Pontas perguntou, cruzando os braços. Gina o olhou e revirou os olhos, enquanto fechava a porta. – Foi você quem falou que nós teríamos respostas quando chegássemos.
Está certo, respostas eu também quero. Mas não é assim que nós vamos consegui-las. Gina não vai falar apenas porque ele a está pressionando.
— Pontas... será que dá pra você se acalmar? Nós teremos respostas quando tivermos que tê-las. – falei, tentando fazê-lo se aquietar para poder tentar alguma coisa. – E não adianta, ela não foi com a sua cara.
Pontas jogou-se na cama contrariado. Mas calou a boca. Talvez agora eu e Lils, consigamos descobrir alguma coisa. Virei-me para olhar Gina, e a vi sentada em uma das camas – um tanto quanto bagunçada – com um sorriso um tanto quanto satisfeito. É, parece que há algo no Pontas que repele as ruivas. Vai entender...
— E então, Gina? Rony? – eles se entreolharam.
— Ahn... – Gina falou, parecendo indecisa. – Eu não sei... talvez... – é impressão minha ou ela está desorientada? – Rony?
— A Mione nos disse para trazê-los aqui. E mais nada. Talvez nós devêssemos esperá-los.
— Esperá-LOS? – Pontas voltou a falar. Eu suspirei cansado. – LOS?
— É. – Gina falou calma, e isso pareceu afetá-lo. Talvez ele esperasse uma reação mais explosiva da parte dela. Ele abaixou a guarda, isso é fato. – Esperá-los.
— E quem seria LOS? – Lils perguntou. Rony virou-se para ela para responder.
— LOS, seria... – ele fez uma leve pausa. – Básica e simplesmente falando, o motivo de vocês estarem aqui.
— Então vocês sabem o motivo pelo qual estamos aqui? – eu perguntei. Gina confirmou com a cabeça.
— Sim. – ela fez uma pausa. – E não.
— Como assim? Sabem ou não? – Lils perguntou, um tanto quanto perdida.
— Na verdade, nós temos uma leve idéia sobre como vocês vieram parar aqui. E porque logo aqui.
— Você quer dizer... – incentivei, gesticulando. Devo ter feito um movimento muito idiota com os braços, porque Lils esboçou um sorriso.
— Pra simplificar – Gina falou, misteriosa. Olhou pra Pontas, Lils e eu antes de falar –: quem os trouxe aqui.
— Aqui? – perguntei. – Aqui aonde? Nós não estamos em Hogwarts?
— Vocês estão em Hogwarts, sim. Só não estão quando acham que estão.
— Mas... não é Natal? – Pontas perguntou, intrigado.
— É. – Rony falou. – Mas é o Natal de 1996.

o.o.o.o.o.o.o.o


Som de passos. Passos levemente apressados. Era tudo o que podia ser ouvido no corredor que levava ao escritório de Slughorn. Se a pessoa fosse boa observadora, perceberia que eram os passos de duas pessoas. Harry e eu. Mas ela não poderia nos ver. Exceto talvez por parte de nossos pés, que apareciam às vezes. Estávamos, decididamente, ficando grandes demais para andar acompanhados debaixo da capa.
Faltavam agora poucos passos. Mas eu parei Harry antes que chegássemos.
— Espere. – sussurrei, ao mesmo tempo em que diminuía os passos. Ele demorou mais uns dois passos para parar.
— Que foi? – perguntou no mesmo tom de voz. – O que aconteceu?
— Nós precisamos saber que desculpa vamos dar ao professor. Para aparecer à uma hora dessas, acordá-lo e ainda ficar fazendo perguntas esquisitas.
Ele franziu o cenho.
— Você tem razão. Bom... por partes. Faça as perguntas mais óbvias.
— Antes me diga como é que você vai tocar no assunto.
— Ahn... eu queria a Felix Felices aqui...
— Harry...
— Certo. Aa... eu estava pensando, como eu sei pouco sobre a vida dos meus pais...
— Seja mais dramático.
— Dramático?
— Sabe, professor... suspiro... eu estive pensando... pausa breve... eu sei tão pouco sobre a vida dos meus pais...
Harry levantou uma sobrancelha, aparentemente divertido com a minha atuação.
— Eu não preciso falar ‘suspiro’ e ‘pausa breve’, preciso?
Eu lhe dei um tapa de leve no braço. Ele riu silenciosamente.
— Certo, Mione. Eu já sei o que fazer. Você só completa.
— Completar?
— Você vai saber o que fazer. Você soube o que fazer quando foi a Umbridge, então o Slugue será fichinha. Venha. – eu não tive tempo de fazer uma reclamação sobre improvisos não serem bem o meu forte ou de o fato com a Umbridge ter sido uma situação única, e já estava sendo puxada rumo à primeira porta que havia à direita.
Paramos em frente à porta.
— Pronta?
— Não. Mas vamos logo. – ele levantou a mão para bater à porta. – Tire a capa.
Harry tirou a capa e a colocou no bolso.

Toc Toc Toc

Nós nos entreolhamos, ansiosos. E nervosos, claro. Um barulho de algo se arrastando dentro do cômodo nos fez voltar a olhar para a porta. Eu mordi os lábios, apreensiva.
— Tente parecer relaxada. – Harry murmurou. – Ele ficará um pouco menos intrigado. – Eu confirmei com um aceno da cabeça.
Mais alguns segundos – que pareciam horas – se passaram, e Harry voltou a bater na porta.

Toc Toc Toc

— Professor? – Chamou baixinho.
A porta foi aberta ao mesmo tempo em que eu colocava um leve sorriso em meu rosto.
— Harry? Srta Granger? – ele pareceu... preocupado e curioso – O que fazem aqui à uma hora dessas? – e, definitivamente, estava sonolento. O bocejo dele, logo após a última frase, confirmou qualquer suspeita de que estivesse dormindo.
— Será que podemos entrar, professor? Há algo que apenas o senhor pode nos dizer.
Slughorn piscou.
— Você não é nenhum Comensal da Morte tentando se passar por alunos indefesos a fim de me levar para o lado negro, é?
Harry levantou as sobrancelhas.
— Se eu fosse um Comensal da Morte, professor, eu com certeza já o teria enfeitiçado. E, aliás, eles não são espertos o bastante para tal, senhor. Agora, hum, será que...
— Claro, claro. Entre... entrem, aliás.
Eu tenho que admitir. Harry sabe levar o professor na conversa. Slughorn abriu um pouco mais a porta, de forma que pudéssemos passar, e assim que eu terminei de entrar na sala, a porta foi fechada.
O professor indicou duas cadeiras, e nós nos sentamos. Ele conjurou uma poltrona para si mesmo. Verde.
— Diga-me, meu caro. O que os trás ao meu humilde escritório às... – ele olhou para o relógio na parede – à uma e meia da madrugada, mais ou menos...?
— Na verdade, professor, é um assunto meio delicado... – Harry falou.
Slughorn desviou o olhar de Harry para mim, e me observou por um momento.
— Ah, Harry... – voltou a olhar para Harry, indeciso.
— Eu acho que talvez seja meio fora de hora agora, mas...
— Mas...? – Slughorn incentivou-o.
— Eu gostaria de conversar sobre... os meus pais.
Harry ficou em silêncio, como que esperando a reação de Slughorn.
— Sobre os seus pais? – Slughorn falou, depois de um espaço de tempo relativamente breve. – Mas... à essa hora?
— Senhor, o caso é que eu não estava conseguindo dormir... eu descobri algumas coisas sobre eles, sabe, e eu fiquei pensando... se seria verdade... - isso não é, necessariamente, uma mentira, se pararmos para pensar. Slughorn, que no começo parecera desconfiado, agora sustentava uma expressão suave. Como se algo digno de compaixão estivesse se desenrolando à sua frente. – E então eu me lembrei que o senhor... tendo convivido com eles... poderia, talvez, me contar algumas coisas...
— Deve ser muito difícil para você, não é mesmo? Crescer sem seus pais, sem saber quem foram ou o que fizeram.
— Exatamente, senhor. – Harry assumiu um ar melancólico – E eu achei, que como o senhor esteve com eles aqui em Hogwarts, talvez fosse a pessoa mais indicada, a pessoa mais certa...
O professor se remexeu inquieto na poltrona, sem olhar para Harry ou para mim.
— Hum... a pessoa mais certa é? Bom, já que você já me acordou mesmo... – ele olhou inquieto para Harry – o que gostaria de saber?
Eu sorri internamente, e tenho quase certeza de que Harry também.
— Aa... qualquer coisa incomum... algo que aconteceu no sexto ano deles...
— Algo incomum...? Mas a vida de seus pais não foi algo que se pode chamar de comum, não é? – Slughorn deu um sorrisinho torto. – Principalmente a de seu pai. Maroto, não era?
— Era sim, senhor.
— Creio que tendo morado com a sua tia, você não saiba de muito fatos sobre os seus pais. Ela não se dava muito bem com Lílian...
— Não mesmo.
— Tão jovens, tão jovens...
— Professor... – Harry interrompeu. – Se o senhor puder se concentrar, seria de grande ajuda.
— Certamente, meu caro, certamente.
Harry ficou em silêncio, e fez um aceno quase imperceptível com a cabeça, como que me incentivando a falar.
— E então, professor? Algo no sexto ano deles, que ficou, por exemplo, marcado. O senhor pode se lembrar?
Slughorn me olhou pensativo.
— Deixe-me ver... são tantos fatos, tantas lembranças... será que vocês não querem algo específico?
Harry piscou e abaixou a cabeça.
— Bom professor... o senhor parece tão disposto a ajudar... – voltou a olhar para Slughorn, os olhos fixos nos do professor. - que eu me sinto até mal. Eu devo abrir o jogo com o senhor. – falou de mansinho. Slughorn inclinou-se na poltrona, a fim de chegar mais perto.
— Abrir o jogo? O que você quer dizer...?
— Professor, eu lhe disse que descobri algumas coisas... na verdade, eu ouvi alguns comentários... e eu não soube se devia acreditar. Aí eu pensei: quem será que poderia me dizer? A sua imagem me veio na hora...
— Estou lisonjeado, meu caro.
—... os meus pais, e Sirius, meu padrinho sabe? Eles... sumiram durante algum tempo no sexto ano deles?
— Eu me pergunto – Slughorn falou, parecendo aéreo, ao voltar a se recostar na poltrona. – onde é que vocês conseguem essas informações.
— Pessoas da Ordem, fantasmas...
— Certo, certo. – Slughorn parece, um pouco assustado? Mas... por quê? – Talvez.. no sexto ano, é? Você disse sexto? Mil novecentos e... mil novecentos e setenta e,,,
— Quatro. – eu completei. – 1974, professor.
— Ah, obrigado. – voltou-se para Harry. – Sim, eles sumiram. Foram algumas semanas. Ou alguns meses talvez... perdoe essa velha memória que quase já não serve pra nada. Não me recordo quanto tempo foi que sumiram. Mas foi na época do Natal. Disso eu me lembro. Alguns até mesmo suspeitaram d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Mas no final estavam a salvo. E voltaram amigos. Você já deve saber que antes Lílian e Tiago eram como gato e rato, não? Brigavam sempre...
— Será que o senhor não pode falar mais sobre o sumiço deles?
— Bom... – Slughorn pausou. – Fora o que eu já falei, eu me lembro que quando eles sumiram, Dumbledore passou algum tempo trancado em seu escritório. E alguns dias depois da volta de Alvo, eles também voltaram. Acho que isso é tudo o que sei
— Mas... – Harry insistiu. – Eles não mencionaram para onde foram, como voltaram, o que aconteceu?
— Apenas para Alvo. Se alguém conhece bem essa história, é ele.
— Pena que ele não esteja em Hogwarts. – Harry falou, pensativo.
— É, pena. Mas se você quisesse saber qualquer outra coisa... talvez do sétimo ano...
— Não. Obrigado, professor. A minha curiosidade é sobre esse fato em particular... - Harry então se levantou. Eu o segui. – mas se o senhor conseguir se lembrar de mais alguma coisa...
— Eu sei onde encontrá-lo, sei. – Slughorn comentou aéreo, parecendo querer terminar o assunto.
— Acho então que nós devemos ir, né, Harry? E parar de atrapalhar o sono do professor.
— É, nós devemos, Mione. – Harry falou, levantando-se. – Vamos? – eu também me levantei. O professor fez o mesmo.
— Vocês vão andar por todo o castelo à uma hora dessas?
Nós nos entreolhamos.
— Vamos. – Harry respondeu.
— Mas... e se o Filch...
— Não se preocupe, professor. Chegamos bem aqui. E voltaremos bem. – respondi, enquanto Harry abria a porta.
— O senhor foi de grande ajuda, professor. Obrigado.
— Ahn... de nada, creio.
Nós então saímos da sala e a porta foi fechada. Harry retirou a capa de invisibilidade do bolso, e a jogou sobre nós.
Nos mantivemos em silêncio até atingir a última escada. Foi Harry quem falou primeiro.
— Já aconteceu antes, pelo menos. – falou num tom de voz muito baixo.
— Pois é. Agora a gente já sabe que aconteceu e não fica tão...
— Preocupado? – eu sacudi a cabeça, afirmando. Nós seguimos no corredor, rumo ao quadro da Mulher-Gorda. – Agora eu tô é pensando em outra coisa.
— No que?
— No que nós vamos falar pra eles.
Eu o olhei, preocupada.
— Eu tinha me esquecido disso.
Ele suspirou.
— Você não vai contar que eles... morreram, vai?
— Não. Seria meio forte: “Oi, eu sou Harry Potter, filho de dois de vocês e afilhado do outro, e, aliás, todos vocês estão mortos!” Você não acha?

o.o.o.o.o.o.o.o

Futuro? 1996? Eu sabia que o que havia nos acontecido não era algo exatamente comum. Mas eu nunca chegaria a imaginar que alguém teria nos trazido aqui. E que aqui seria em 1996! Na verdade, eu achava que podia ter sido algum feitiço involuntário do castelo, do Natal ou qualquer coisa parecida. Mas... ir parar no futuro já não é algo que aconteça com todas as pessoas, não é? Ainda mais acompanhada por Sirius Black e pelo... Feto. Eca! Não pelo Sir, claro, afinal, ele é um grande amigo meu. Mas estar na companhia do Feto já é irritante. Imagina ser forçada a conviver com ele! Ai, Merlin, o que arranjaram pra mim?!
Certo. Eu sou uma pessoa forte. Eu posso agüentar a presença do Potter. Mas apenas se isso for contribuir para a minha volta ao presente. Aliás... eu já nem sei mais em que tempo estou! Oh, Merlin! Socorro!
— O que você quer dizer com “quem os trouxe aqui”? Você quer dizer o que eu acho que você quer dizer? Por que... eu MATO o infeliz que me tirou do meu presente!
Gina e Rony se entreolharam após essa frase de Sirius.
— Acho que não mataria, não. – Rony falou, parecendo aéreo. Se ele estava mesmo ou se era apenas para Sir ouvir o que ele ia falar, eu não sei. – Porque quando alguém quer respostas, ele não mata quem as tem.
Sirius olhou de Rony para Gina, e ela confirmou com a cabeça.
— Quer dizer então que nós estamos esperando alguém chegar. Alguém esse que nos trouxe aqui e que provavelmente poderá responder o que queremos?
— Basicamente, é isso sim. – Gina falou.
Uma idéia apareceu na minha mente. Eu me virei para Gina.
— Então é assim que você sabe quem nós somos?
Ela me olhou por um momento antes de responder.
— Pode-se dizer que sim.
— Mas... o que nós somos pra vocês? Porque nós devemos ter uns... 38 anos?
— Co-mo? – Sirius perguntou, engasgando. E, conseqüentemente, interrompeu Gina, que ia começar a falar alguma coisa. – Nós estamos adultos?
Potter riu.
— Nós inevitavelmente iremos envelhecer, Almofada. Eu posso me ver beeem velhinho, naquelas cadeiras de balanço. – ele falou, e levantou as mãos, tentando enquadrar a imagem. Inútil. Depois afofou um travesseiro. E como se percebesse apenas agora que não estava na própria cama, perguntou: - De quem é essa cama?
— Neville. – Rony respondeu, quase que automaticamente.
— É? Que Neville?
— Longbottom. Neville Longbottom. – Gina completou.
— Longbottom? Filho de Frank Longbottom? – Sir perguntou.
— Hum... é. – Gina confirmou, e olhou para Rony.
— Legal isso. Com quem mais você divide o dormitório? – Potter perguntou a Rony.
Rony piscou duas vezes. Gina remexeu-se inquieta na cama, ao mesmo tempo em que puxava um pergaminho do bolso. Pareceu-me um pergaminho velho.
— Simas Finnigan...
— Nunca ouvi falar de nenhum Finnigan... – Sirius comentou.
— Talvez a mãe seja bruxa. Ou a família toda seja trouxa... – Potter concluiu, sacudindo os ombros.
— Dino Thomas. – Gina falou, ainda olhando o pergaminho. Rony fez uma careta.
— Dino Thomas? Thomas não me é estranho... mas eu não sei de onde... Almofadinhas?
— É, também não me é estranho, Pontas. Mas devem existir muito Thomas por aí. Vai saber se foi em Hogwarts mesmo que você ouviu...
— Pode ser. Mas... espera... Longbottom, Finnigan e Thomas. Com você quatro. Tem cincos camas aqui. Quem foi que você não falou?
— Ah...
— Você é um Weasley, não é? – Sir perguntou. Rony virou-se para olhá-lo.
— Sou. Por quê?
— Weasley... eu conheço um Weasley. Arthur Weasley. É seu pai?
— É.
— Ele ainda está com a Molly? Por que, afinal, se passaram 22 anos...
— Sim, eles estão juntos. - Gina respondeu, tirando, finalmente, os olhos do pergaminho. – E se vocês fizerem o favor de olhar para a porta...
Sir e o Feto se entreolharam, mas logo olharam para a porta. Gina também olhou, e eu a imitei. Rony recostou-se em um travesseiro.
Quando Potter abriu a boca para falar qualquer coisa inútil, a maçaneta girou, e ele fechou a boca. Eu não conseguia entender nada. Foi então que a porta se abriu, e duas pessoas passaram por ela. Um momento de silêncio e então...
— Quem é você? – Potter perguntou, levantando-se.
Eu estava sem palavras. Ele é igualzinho ao Potter! – meus pêsames a ele - Hum... olhando bem, há algo diferente. Os olhos. Enquanto os do Potter são castanhos – esverdeados, mas castanhos –, os dele são completamente verdes. Engraçado.. parecem com os me...
— Harry. Harry Potter. – ele falou. Eu engoli em seco. COMO?

o.o.o.o.o.o.o.o

— Harry. Harry Potter.
Harry Potter? Espera... eu devo estar ficando maluco. Acho que devo ter batido com a cabeça ou qualquer coisa do gênero. Ele não pode ser Harry POTTER! Porque isso implicaria em ele ser meu filho!
— Harry? Você disse Harry? – Lily perguntou, num fiozinho de voz. – Harry?
Ele a olhou, intrigado. Bom, eu também. Qual é o problema de o nome dele ser Har... Harry! Isso quer dizer... ele é meu filho... com a Lily? Pensando bem, ele deve ser mesmo filho dela. Os olhos dos dois são idênticos! Então... Eu tive um filho com a Lily? Um filho com Lílian Evans? Ah, isso é simplesmente...
— É, eu disse Harry. – ele respondeu para Lily. Ela fechou os olhos, balançando a cabeça negativamente.
— Não. Isso é simplesmente... – ela começou a falar, mas foi interrompida por Almofadinhas.
— Então... você é filho do Pontas?
Ele o olhou, seriamente. E confirmou num aceno de cabeça.
— Mas... eu não consigo entender a sua reação, Lils... ele é filho do Pont... FILHO do... PONTAS? – Sirius se jogou dramaticamente na cama, gargalhando. Eu encarei Lily. Ela voltou a sacudir a cabeça de um lado para o outro, negativamente. Ela parecia... não querer absorver em nada a notícia.
— Não. Não, não, não, não, não... – ela repetia sem parar – por favor, me diz que não... o que eu fiz pra merecer isso, Merlin? Será que eu fui tão má assim em toda a minha existência?
Harry parecia perdido nos observando. Na verdade ele parecia beber cada movimento de Lily. Ela virou-se para Harry, e eles se encararam, pela primeira vez. Nenhum deles piscou. Mas ela parou de negar e sorriu. Será... amor materno? Esquisito, esquisito.
— Eu... – ela murmurou. – quem... você... eu não posso, não consigo... acreditar... entende? – ele sacudiu a cabeça, em compreensão. – Mas... eu... sou sua mãe?
Ele parecia estar esperando a pergunta. Sorriu enigmático.
— Será. Em 1980.
— Mas... por que logo com o Potter? Digo... eu...
— O detesta. Odeia. Abomina. Ele te irrita de todas as formas possíveis e imagináveis.
— Inimagináveis também. – ela murmurou.
Almofadinhas parara de rir, e agora observava a cena assim como todos nós. Como, eu me pergunto, Harry – eu posso chamá-lo assim? – sabe que a Lily diz tudo isso? Que me odeia e tals? Tiago Potter, deixe de ser idiota! Se ele é seu filho e dela, certamente conhece a história de vocês.
Mas o que realmente me anima... é o fato de que um dia, Lílian Evans – finalmente! – será minha. Só minha.
— Ah, eu me sinto uma sobra. – Almofadinhas resmungou. Todos os olhares se viraram para ele. – Se eles são seus pais, eu sou o que? Apenas o amigo do casal vinte?
— O padrinho. – isso foi decididamente engraçado. Nós três respondemos juntos. Lily, Harry e eu. Almofada abriu um grande sorriso.
— Você ainda quer as suas respostas, Potter-pai? – Gina perguntou risonha.
— Decididamente, eu prefiro você rindo. – falei. Ela deu de ombros, rindo. – E sim, eu quero.
— Que respostas? – a outra garota perguntou, sentando-se ao lado de Gina. Herm... Mio... Hermione. – Bagunçada a sua cama, Harry. – ela comentou. Ele fingiu não ouvir e sentou-se na ponta da cama de Rony.
— Primeiro: como foi que nós viemos parar aqui? Como foi que viajamos no tempo? Segundo...
— Uma pergunta de cada vez, Tiago. – Gina me interrompeu. – E acho que não é só você quem tem perguntas.
— Se vocês puderem me chamar de Pontas, seria de grande ajuda. – Falei. É mais confortável ser chamado pelo apelido. – Agora... se você quiser me chamar de pai...
— Ah... não, valeu. Pontas serve. E acho que a Mione poderia responder essa pergunta, não?

o.o.o.o.o.o.o.o

Harry está lidando muito bem com essa situação. Eu estaria arrancando minhas mechas ruivas.
Ele até mesmo ri com ‘os pais’. É algo que não se vê todo dia, claro. Um filho encontrar com os pais na mesma idade. Ainda mais quando esses pais estão mortos. Quer dizer... encontrar com eles já seria completamente esquisito. Porque, afinal, eles estão mortos! E, nenhum feitiço pode trazer os mortos de volta à vida. Nenhum!
Mas acho que Harry estava precisando de algo assim. Não digo algo assim, exatamente, mas algo assim. Confuso, não? Eu sei. O que eu quero dizer é que... pelo fato de ele ter visto a profecia e ela falar o que ela fala, ele precisava de algo que o fizesse continuar. Não que ele não tenha. Mas de algo a mais, entende? Talvez o fato de os pais dele estarem aqui ajude, de alguma forma... que eu não sei qual, diga-se de passagem. Na verdade, eu não sei de nada. Eu só sei que é estranho. E, há algo que não sai da minha cabeça: como eles voltaram para a época deles. Porque eles não podem ficar aqui pra sempre, certo?
Eles estão conversando. Mas eu não consigo prestar atenção na conversa que se desenrola a minha frente. Eu sei que eles estão conversando algo sobre como eles vieram parar aqui. E eles não parecem saber exatamente. Coisas como ‘talvez seja porque...’, ‘eu não tenho certeza...’, assim que Dumbledore voltar...’ chegam aos meus ouvidos. Mas eu não as escuto realmente. Eu sequer as processo. Apenas as deixo vagarem pela minha mente. Entrarem por uma orelha e saírem por outra, como diria a minha mãe.
Falando na minha mãe, acho que ela surtaria se soubesse o que está acontecendo. E pelo o que me parece, quanto menos pessoas ficarem sabendo, melhor. Até porque, isso não pode cair nos ouvidos das pessoas erradas. E atualmente, nós não temos certeza de quem elas são.
— RONY! – Gina gritou perto da minha orelha. Eu dei um pulo, levando a mão à orelha.
— Será que da próxima vez você pode achar um jeito de me chamar que não estoure os meus tímpanos? – Gina olhou-me descrente.
— Se da próxima vez você ouvir no máximo na segunda vez que nós chamarmos... claro.
Eu suspirei.
— O que foi?
— Isso é exatamente o que nós queremos saber. Você está completamente... perdido hoje.
— Eu estou como sono. São mais de duas da manhã. Porque nós não dormimos agora e terminamos essa conversa na hora em que acordarmos?
— Eu concordo com o Rony. – Lílian falou, e eu sorri. – Eu também estou podre de tanto sono. Ela bocejou. – Onde há uma cama para eu dormir?
— No meu quarto. – Hermione se pronunciou. – Gina está dormindo lá também.
— Não tem mais ninguém na Torre? – Sirius perguntou.
— Uns pirralhos do primeiro e segundo anos. Mas eu nem lembro que eles existem, na maioria das vezes.
— Ronald! – Hermione exclamou.
— Será que estamos tendo melhoras? Agora você já fica no mesmo cômodo que eu, e já até grita comigo. Um progresso e tanto.
— Cale a boca, Weasley. Eu esperaria os ferimentos dos passarinhos sumirem primeiro, antes de arrumar outros, se fosse você. – ela retrucou, os olhos em fendas. E então, virou-se para os outros, como se nada houvesse acontecido. – Vamos, Lílian? Gi? Boa noite, Harry, Sirius, Tiago.
— Boa noite. – eles responderam juntos, como se fossem uma só pessoa. Lílian se levantou e ela e Gina, após murmurarem ‘boa noite’, saíram com Hermione do dormitório.


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