Natal



Fic: Presente de Natal

Capítulo Quatro – Natal


— Lils? – eu chamei, assim que a via passar pelo buraco do retrato. Ao contrário da grande maioria das vezes, ela não estava acompanhada de ninguém. Nem mesmo Melanye, com quem ela é tão grudada, estava com ela.
Lils pareceu não ouvir. Eu a chamei, mais alto dessa vez.
— HEI, LILS!
Ela olhou meio assustada. Parecia distraída.
— Chega aí. – falei rindo. A expressão dela melhorou levemente. Pontas estava ao meu lado, mas ela não lhe dirigiu o olhar. Mesmo que ele não tirasse os olhos dela.
— Fala. – ela disse calma. Meio distraída ainda.
— O desânimo bateu de vez?
— Desânimo?
— Desinformação?
— Você tá bem, Sir? Precisa de um psiquiatra?
— Ah, eu tô bem, obrigado. Você é que parece fora do ar. Tá looonge... parece que foi atacada pela Lula-Gigante!!
— Sirius... – ela suspirou. – Eu estou com SONO!
— Sono? Mas às nove horas da noite?
— Nove horas? – ela levantou uma sobrancelha. – Só se o seu relógio estiver atrasado umas... duas horas e meia. Ou mais.
— Como? – Não são nove horas??
— Eu te aconselho a olhar para o relógio. – ela pôs as duas mãos na cintura.
— Eu perdi o meu. Mas isso não vem ao caso... – não vem ao caso mesmo. Até porque eu sei onde ele está perdido.
— Olhe no relógio do Potter então! – ela “sugeriu”.
Eu puxei o braço do Pontas, e como ele estava na poltrona ao lado, um tanto quanto “desligado”, ele veio junto com o braço, praguejando. Lils riu.
— Bah, você tem razão, ruiva. – ela adquiriu sua postura de “eu te disse...”
— Sempre, Sir, sempre. Agora... – ela sentou-se na poltrona em frente a minha. -...alguma sugestão de assunto?
Mas... como...
— Você não estava caindo de sono? – perguntei, levemente curioso.
— Você me acordou. Agora... o que sugere?
— Como é Natal, acho que Peru. Algo leve acompanhando, para que o estomago não pese e você passe mal. Pra beber, talvez vinho. O Vinho dos Elfos Franceses é muito bom... mas só o vinho. Eu não confio muito na comida francesa, eu comi um prato uma vez e... bom, pra sobremesa talvez pudim de abóbora, mas se você preferir...
Eu não precisei continuar. Lils e Pontas estavam rindo desde peru. Duvido que tenham chegado a ouvir pudim de abóbora, mas nesses momentos as pessoas geralmente ouvem... só não prestam atenção. Como diria o Aluado.. Ouvem, mas não Escutam. Vai entender. Ele tem dessas. Toca, mas não Sente; Olha, mas não Vê; Ouve, mas não Escuta... Frases Aluadas. Bem di-lua mesmo.
Eu sorri enquanto via os dois rindo juntos. Por mais que Lils não concorde, qualquer dia ela ainda vai me agradecer e dizer que eu, Sirius Black, fui o cupido dessa história.
Assim que eles pararam de rir – embora mantivessem sorrisos felizes nos rostos – voltamos ao assunto. Aliás, Pontas sugeriu o assunto.
— Se eu puder me intrometer... – Pontas começou, e animado com a falta de resistência de Lils, continuou. – talvez a gente possa “voltar no tempo”.
— Voltar no tempo? – Lils perguntou para Pontas, intrigada. Ele, feliz com a repentina atenção da ruiva, explicou sorrindo.
— Bom, por exemplo, como você ficou amiga da Rebecca? E da Melanye?
— Ah, bom, eu as conheci no Expresso...


__flashback__


Uma garotinha ruiva, de olhos muito verdes, estava sentada sozinha numa cabine do último vagão; olhava para fora, admirando a paisagem. O trem já estava andando há pouco mais de meia hora.
Foi então que a porta da cabine se abriu com um estrondo, desviando sua atenção. A mesma pessoa fechou a porta ao mesmo tempo em que começava a falar sem parar, e muito rápido...
— Ah, oi. Meu nome é Melanye Grant. M-E-L-A-N-Y-E G-R-A-N-T. Minha família sempre foi toda da Grifinória, desde que Hogwarts foi fundada. Aliás, eu sou descendente do próprio Godric Gryffindor. Sou completamente apaixonada por quadribol. Não deve ter nada no mundo que eu goste mais do que quadribol. Eu o considero a oitava maravilha do mundo. E, aliás, torço pelo Chuddley Cannons desde que me entendo por gente...
— Lílian Evans. Quer que eu soletre?
Melanye, morena, cabelo levemente cacheado, olhos incrivelmente azuis, faladeira, e muito bonita por sinal, além de outros vários adjetivos, calou-se por um momento. As duas se encararam. E então, após alguns segundos, Melanye dirigiu-se até o assento em frente ao de Lílian e se sentou. Falou, dessa vez calmamente.
— Não, não precisa soletrar. Em que casa quer ficar?
— Eu não sei bem como funciona...
— Quer dizer que você vem de família trouxa...?
Alguém abriu a porta da cabine violentamente pela segunda vez em menos de cinco minutos.
— Muito bem, foi aqui que você se meteu, né, engraçadinha?
Uma garota loira, os cabelos batendo na altura dos ombros, olhos cor de mel, e completamente encharcada falou. Ela parecia no auge de sua ira.
Melanye deu uma risadinha.
— É, acho que foi. – a garota bufou.
— Assim que eu achar um monitor você vai se ver comigo. Aliás, assim que eu achar o monitor-chefe.
— Monitor-chefe? Você não acha que está exagerando? Fala sério. Você não concorda comigo, Lílian?
— Hei, eu acabei de te conhecer e não tenho nada a ver com essa história. Me inclua fora dessa. – Lílian falou, num tom de indignação, cruzando os braços.
— Acabou de conhecê-la, não é? – a loira falou. – Pois se mantenha longe dela se não quiser meter-se em confusões. Aliás... eu sou Rebecca. Rebecca Clarice Ettow.
— Que tipo de pessoa diz o nome do meio numa apresentação? – Melanye caçoou.
— O tipo de pessoa que gosta do próprio.
— Ah, pára vai. Rebecca Clarice Ettow. Sou muito mais o meu nome.
— E qual seria? – Rebecca apoiou as mãos na cintura.
— Interessada? – Melanye repetiu o gesto da outra.
— Será que vocês podem parar com isso, por favor? Ou vai ser muito difícil? Sabe, se vocês querem brigar, que briguem, não fiquem com gracinhas, isso irrita. – Lílian falou, gesticulando. As duas a olharam levemente espantadas. – E se decidiram que não vão mais brigar, peçam desculpas e dêem as mãos. Mas façam o favor de calarem a boca. Muito obrigada pela atenção. – a ruiva então voltou a cruzar os braços, olhando para as duas, enquanto esperava alguma reação. Melanye soltou um muxoxo. Rebecca bufou...


__fim do flashback__


— Poxa... – falei, recostando-me na poltrona. – Ela já é tagarela assim desde sempre, então.
— Pode crer. – Pontas comentou. – Desde antes de aprender a falar. Eu quase posso me lembrar dela bebê, resmungando pelos cantos.
— Nós não precisamos ter essa imagem interessante, Pontas. Mesmo que os Potter e os Grant se conheçam desde sempre.
— Há tanto tempo que já perdemos a conta. Acho que foi em Hogwarts... ouvi uma vez, há muito tempo e de um parente não muito confiável, que talvez até tenhamos a mesma árvore genealógica...
— Obrigada por me excluírem da conversa, rapazes.
— Ah, foi mals, ruiva. – falei, meio que me desculpando. – Hei, daqui a pouco é Natal. Faltam uns vinte e cinco minutos para a meia-noite.
— Faltam dezoito minutos, Almofada. – Pontas falou. – Se vai olhar o relógio alheio, olhe direito. – Eu apenas balancei os ombros.
— Que seja.
— Mas e vocês? Como se conheceram? – Lils perguntou.
— Foi no Expresso também. Mas eu não me lembro exatamente de como... – respondi. Certo, eu me lembro muito bem de como. Mas deixemos o caro Pontas falar alguma coisa pela qual a ruiva se interessa. – Você se lembra, Pontas?
— É, eu me lembro. – ele falou, risonho. Talvez pela lembrança. – E não foi bem no Expresso...


__flashback__


— Mamãe, eu vou ficar bem... – um garotinho de onze anos, os cabelos completamente rebeldes e de óculos, tentava se livrar do abraço da própria mãe, enquanto o pai apenas observava. - ...Hogwarts é completamente segura...
— Ah, Ti... mas você é tão pequenino... tão frágil e tão inocente... – o garoto buscou o pai, que agora estava rindo, em busca de apoio.
— Char... – o homem falou, risonho – Eu devo descordar de você agora... de inocente, frágil e pequenino, ele não tem nada...
— Mas ele é o meu garotinho...! E Hogwarts é tão longe...
— Acalme-se mamãe... você está me sufocando. – ela afrouxou um pouco o abraço.
— Isso, acalme-se Char. Hogwarts não é tão longe assim. E ele vai escrever toda semana, não vai?
Os dois adultos olharam para o garoto, esperando a confirmação. A mãe apreensiva e o pai cúmplice.
— Vou. – ele respondeu. – Se vocês jurarem que só vão escrever mais de uma vez por semana caso ocorra algo extremamente importante. Certo, mamãe?
Ela demorou-se um pouco. Mas respondeu, por fim.
— Certo. Eu irei escrever uma vez por semana, independentemente do seu pai.
— Ótimo.
— Mas eu posso...
— Mamãe...
— Os bolinhos que você adora tanto... toda quarta-feira, que tal?
O garoto e seu pai se entreolharam.
— Está bem, mamãe. Mas apenas porque eu realmente adoro os seus bolinhos. E porque você não me deixaria ir caso contrário. Mas... será que tem como a senhora me soltar?
Charlotte Potter soltou o filho, um tanto quanto contra a sua vontade.
— Certo. Mas... cuide-se. E não vá arrumar confusões, Ti... – ela ia falando enquanto ele arrumava os óculos.
— Você já me disse isso há meia hora atrás, mamãe. Será que eu posso subir e colocar as minhas coisas no trem antes que...
— Monstro, me deixe em paz! – um outro garoto vinha andando. Os três Potter olharam para ele. Os cabelos negros cobrindo-lhe parte do rosto, já que olhava para baixo ao falar com o Elfo Doméstico, parecendo irritado. – Como se já não me bastasse ser acompanhado por você, ainda tenho que ouvir você resmungando sobre o que a minha mãe é! Ela é uma chata, isso sim. – a Sra. Potter franziu a testa.
— A Sra. de Monstro é a melhor senhora que se pode ter.
— Ah, claro, se você for um elfo doméstico babaca e imbecil. Não sei porque eu ainda lhe dirijo a palavra. – o garoto então levantou o olhar, e percebeu os Potter observando-lhe. Olhou-os intrigado. – Eu já não os vi em algum lugar?
— O Sr. não deve falar com estranhos. Monstro ter ordens para...
— Ah, cale a sua maldita boca! – resmungou. – E então? Onde é que devo tê-los visto?
— Ah... – Adam Potter ia falar qualquer coisa quando o filho o interrompeu.
— Nós nos vimos no Beco Diagonal. Aliás, nos esbarramos no Beco Diagonal. E você estava com a sua família, não estava?
— Família? Eu não gosto nem um pouco de lembrar quem são os meus parentes. – Monstro resmungou algo incompreensível. – Fique quieto, seu abutre. Mas... – ele estendeu a mão. – Sirius Black, prazer. – o Sr. e a Sra. Potter se entreolharam enquanto Tiago apertava a mão de Sirius.
— Tiago Potter. Esses são os meus pais. Charlotte e Adam.
Sirius olhou para Monstro.
— E esse é o Monstro. – falou numa careta. – Mas não é necessário lembrar que ele existe.
— E os seus pais? Porque não vieram trazê-lo? – a Sra. Potter perguntou. Sirius a olhou como que pensando no que responder.
— Ah... é costume na minha família, sabe...? Mandar o elfo doméstico levar os filhos na estação...


__fim do flashback__


— Não dá pra negar que é interessante. – Lílian falou.
— E também não dá pra negar que o Tiago é o filhinho da mamãe. – falei, fazendo Lílian rir e Pontas mostrar-me a língua.
— Certo, certo. Quanto tempo falta para a meia-noite? – ela perguntou. Pontas olhou para o relógio.
— Dois minutos.
Lílian – estranhamente, muito estranhamente – bateu palmas, sorrindo.
— Você está bem? – perguntei, levantando uma sobrancelha.
— Tô. Talvez um pouco ansiosa.
— Por quê? – Pontas perguntou. – Algum motivo especial?
— Não sei. – ela respondeu pensativa. – Eu geralmente fico animada com o Natal, mas não o espero ansiosamente desse jeito. Acordei assim, só.
— Menos de um minuto. – Pontas anunciou. Lílian levantou-se da poltrona e se dirigiu à janela.
— Quase Natal! Natal... alguns segundos mais, e então... – ela respirou fundo. – Eu quase posso sentir o...
Antes que Lílian terminasse a frase, o chão da sala comunal começou a tremer. Cadeiras tombavam, poltronas viravam, e a lareira se apagou. Toda a iluminação vinha da janela, e do reflexo que alguns enfeites natalinos pendurados no teto faziam. E foram esses mesmos enfeites que começaram a balançar perigosamente.
Eu e Pontas nos levantamos automaticamente. Lílian ficou parada, grudada na janela, por uns dois, talvez três segundos, até que os enfeites começaram a cair. Quando um deles passou perigosamente perto dela, ela resolveu se mexer. Uma poltrona tampava o caminho para as escadas. Nos entreolhamos. Para onde iríamos? Estávamos num castelo medieval, quase no topo de uma torre! Se a sala comunal estava “tremendo”, todo o resto estaria! Lílian deu uma volta em torno de si mesma, procurando algo, ao mesmo tempo em que Pontas me empurrava, e um enfeite caia exatamente onde eu estivera.
E foi então que aconteceu.
Para me empurrar, Tiago desviara sua atenção. O sofá estava tombando, e caiu em cima dele. Ele ficou preso da cintura para baixo. Lílian gritou. Eu me abaixei para tentar virar o sofá, ao mesmo tempo em que ela vinha correndo, desviando de enfeites, pulando poltronas. Pude ouvir Pontas murmurar um “Lily, não...”. Ela então chegou perto o bastante para me ajudar a virar o sofá, ao mesmo tempo em que falava.
— Rápido. Estamos bem embaixo do enfeite principal...
Eu olhei para cima. O enfeite balançava perigosamente. E se caísse em cima de nós... bom, nenhum sobreviveria. Voltei minha atenção para o sofá. Tiago tentou ajudar... não sei se conseguiu. Mas Lílian foi fundamental.
Nós não tivemos – pelo menos não eu – tempo de pensar. Num segundo estávamos virando o sofá. No outro, o enfeite começava a despencar. Bastava-me pular para longe para fugir da morte certa. Mas os dois... Vi tudo em câmera lenta:
Tiago, livre do sofá, levantando-se... Lílian, de pé, ajudando-o a se levantar... dos três, apenas Lílian estava realmente encrencada. O enfeite se soltando... Tiago pulando na direção dela... os dois voando... eu sendo derrubado para trás... – já que eles conseguiram cair exatamente em cima de mim – e então, assim que eu fui atingido pelos dois, uma luz branca, brilhante de cegar, nos envolveu. Caímos no chão bem longe da sala comunal.


o.o.o.o.o.o.o.o


“Ai.” Foi tudo em que consegui pensar quando caímos. Mas tudo bem. Almofadinhas amorteceu a queda. Bem, trocadilho infame.
Ficamos alguns segundos parados. E eu resolvi abrir os olhos. Que não sei quando foi que se fecharam, aliás. A primeira – e única, depois que percebi o que era – coisa que vi, foi ela. – posso retirar o ‘coisa’? – Os olhos dela. O verde mais bonito que já vi. Nenhum de nós dois piscou. Demorei um pouco para registrar, mas percebi o quanto estávamos próximos. Praticamente grudados. Eu podia sentir ela respirando debaixo de mim. Não teria me mexido. Não quis me mexer. Mas Almofada resmungou qualquer coisa sobre estarmos pesando, e ela piscou, para depois me empurrar para o lado, graciosamente. Bom, preciso dizer que caí no chão? Duro e gelado? E que dessa vez não havia nada para amortecer a queda? O “Ai” foi sonoro dessa vez. Ela se levantou sorrindo fracamente. E perguntou:
— Onde estamos? Como foi que viemos parar aqui?
— Só posso dizer que estamos em Hogwarts. E que estamos no terceiro andar. – Almofadinhas respondeu. Lílian murmurou um: “Nem vou perguntar nada sobre...” – Já que da outra pergunta, eu não faço idéia nenhuma da resposta.
Eu me sentei, e olhei em volta. Não muito longe – eu podia puxar com o braço – havia uma cadeira. Após puxá-la, me apoiei nela para levantar. Não estava muito seguro sobre as minhas pernas no momento.
— Você está bem? – Lílian perguntou, dando um passo na minha direção. Eu juro que falei sem pensar. As palavras fugiram da minha boca.
— Milagre. Lílian Evans preocupada comigo. – Soou irônico. Mas eu não quis... ela parou o segundo passo no meio. E me observou por alguns segundos. Pareceram anos. Ela então bufou, irritada, e andou até a porta, dizendo.
— Ótimo. Da próxima vez, Sir, não me deixe lhe ajudar a levantar sofá nenhum. No que depender de mim, daqui pra frente, ele que se vire.
Almofadinhas olhou estranho para mim antes de chamar...
— Lils... aonde você vai? – ela já estava com a mão na maçaneta.
— Procurar a McGonagall. Se aqui está normal, o castelo todo já deve ter voltado ao normal.
— Pra que? – ele indagou. Mas eu me antecipei a ela.
— Pode ter acontecido alguma coisa com a gente.
— Ah, claro. – ela falou, visivelmente irritada. – Trocamos de dimensão! Ou, melhor, o castelo está no fundo do lago! Ou então...
— Lils... – ele interrompeu-a. – Pare com isso. Você está sendo mimada.
— Estou sendo realista! – ela parecia exasperada. – O que pode ter nos acontecido? Provavelmente foi só a magia do Natal!
— Magia do Natal? – Eu e meu amigo cachorro estávamos perdidos.
— Se nós três tivermos desejados, juntos, unidos e ao mesmo tempo, ficarmos seguros, ou melhor, num ato altruísta, ter pedido pela segurança dos outros, bem... estamos em Hogwarts! Um castelo mágico. Somos três bruxos. À zero hora do dia 25 de dezembro... Ah, por Merlin, o castelo só nos trouxe para um lugar seguro! Pensem , crianças...
— É, tem coerência... – Almofadinhas falou. Só então eu percebi que ele ainda estava sentado no lugar onde caíra. – Mas... se o castelo nos trouxe para um lugar seguro, pra que sair daqui? – eu ouvi vozes. Será que estou ouvindo demais ou tem alguém lá fora?
Foi então que a porta se abriu, lentamente.


o.o.o.o.o.o.o.o


— De quem foi à idéia maluca de esperar pela zero hora-a... – Rony bocejou. – E então abrir os presentes?
— Sua. – eu respondi, contendo um bocejo.
Nós quatro estamos na sala comunal, em frente à lareira. Hermione está lendo. Na verdade, estava observando as letras. Quando não sou eu que a interrompo, é o Harry. Ou então ela olha para o relógio. Ela e Rony estão ignorando um ao outro desde o começo.
— Pelo menos faltam apenas dois minutos. – Harry falou, e Hermione deu um pulo. – Que foi, Mione?
— Harry, será que você se importa de me deixar ver uma coisa no mapa? – ela parece meio animada, meio apreensiva. Aliás, esteve assim o dia todo
— Será que eu vou descobrir finalmente o porquê de você ter pedido para que eu andasse com a capa e com o mapa hoje? – Como?
— Vai. Agora... será que... – ela falou, gesticulando, exasperada.
— Calma. – Harry falou. Ele então tirou um pedaço de pergaminho do bolso. Deve ser o Mapa do Maroto. Como eu descobri a existência de tal mapa? Ah, foi no ano passado. E eu não tenho certeza da data. Enfim. – Juro Solenemente Que Não Vou Fazer Nada De Bom. – ele então o entregou a Hermione.
Ela passou os olhos pelo mapa, murmurando coisas como: “Aqui não... nem aqui... hum, talvez... não... Será que apenas depois da meia-noite...?”
— Já é meia-noite. – Rony resmungou, ao mesmo tempo em que ela exclamava...
— AQUI! – Mione pulou.
Harry e eu nos entreolhamos intrigados. Aqui o que?
— Harry, você tem que vir comigo... – ela falou, tudo muito rápido, enquanto pegava a varinha. – E coloca a capa.
Minha amiga então se virou e saiu correndo pela sala comunal, até o quadro da Mulher Gorda, que ela empurrou, saindo para o corredor. Harry saiu correndo atrás dela, tentando colocar a capa ao mesmo tempo. Eu o segui. Rony pareceu pensar por alguns segundos, mas resolveu vir atrás também.
Hermione parecia correr o mais rápido que podia, e com Harry invisível, me era fácil perceber que ela olhava freqüentemente para o pergaminhos em suas mãos.
Nós descemos várias escadas, viramos alguns corredores, até que ela parou bruscamente. Eu trombei com Harry, e quase caí para trás. Como, raios, eu ia adivinhar onde ele estava? Ele estava invisível!!!
— Mione! – exclamei, sem fôlego. Harry abaixou o capuz. Estávamos em frente a uma porta.
— Será que agora você pode explicar o que exatamente nós estamos fazendo aqui? – ele perguntou. É estranho ver uma pessoa apenas do pescoço pra cima. Em lareiras é normal, mas... enfim.
— Harry... - Hermione parecia apreensiva. Estava... com medo? – Você tem que prometer que não vai brigar comigo...
— Mione... isso tá muito estranho.
— Apenas prometa. – eles se encararam por alguns momentos.
— Certo. Eu prometo.
Mione respirou fundo algumas vezes. Várias vezes. Para tomar coragem talvez.
— Bom... acho que talvez não dê para explicar tudo agora, mas eu vou resumir. Aliás, você vai resumir, Harry.
Ele levantou uma sobrancelha. Afinal, ela iria ou não falar o que estava acontecendo?
— Como? – Harry indagou. Ele havia tirado a pergunta da minha boca. Eu estava prestes a perguntar a mesmíssima coisa.
— Digamos que é um feitiço um pouco antigo. Lembre-se. O que foi que você escolheu.
— O que eu escolhi? Quando?
A cada momento a conversa ficava mais estranha para mim. E aparentemente para Rony e Harry também.
— Lembra-se da nossa conversa? Eu não lhe perguntei o que você gostaria de ganhar este Natal? Então...
Harry franziu o cenho. Parecia pensar. Talvez procurar algo escondido na memória. Então deixou escapar uma exclamação.
— Claro. Como pude me esquecer?! Mas eu não compreendo como...
— Diga-nos, Harry – Hermione continuou. – O que foi que você pediu?
— Meus pais. E Sirius.
— Exatamente. – ela respondeu, como se explicasse a coisa mais óbvia do mundo. Harry piscou. Uma. Duas. Três vezes. E deu um passo parar trás.
— Não... – Falou num fiozinho de voz. Nós quase não pudemos ouvi-lo falar.
Hermione olhou para baixo, e respirou fundo. Muito fundo.
Nesse momento de silêncio, pudemos ouvir vozes, vindas de dentro da sala. Hermione olhou para Harry, mas ele ainda estava quieto.
O que raios Hermione estava dizendo? Eu não estou conseguindo entender nada! Talvez Harry esteja entendendo, já que me parece ser algo sobre os pais dele e Sirius, mas... o que seria, exatamente? Eu não consigo sequer imaginar.
— Harry... – Hermione falou, finalmente, quebrando o silêncio.
— Eu não consigo entender o que seria, Mione... eu... é algo sobre, ou relacionado...? – É, parece que ele está tão perdido quanto eu.
Vi Mione vacilar. Mas um segundo depois me pareceu mera impressão. Porque ela disse, firme.
— Certo. Preparem-se. Ponha o capuz de volta, Harry. E silêncio. - Hermione suspirou, aparentemente cansada. – Venham comigo...
Harry colocou o capuz. Hermione olhou para mim, e depois para Rony. Voltou o olhar para mim. Murmurou algo inaudível. Não me pareceu um feitiço. Parecia um comentário, talvez uma preocupação. Pela minha presença, quem sabe...
Assim que ela respirou fundo mais uma vez – coisa que eu nunca a tinha visto fazer com tanta freqüência – ela deu um passo à frente e abriu a porta.

N/A: Sim, eu sei... esse cap tah meio grandinho, não? Sete pags d word... mas eu jah tinha o cap todo na kbça, entao foi rapido...
bom, cap 4 postado... eu me vou...
Bjinhs...
Eu, a autora

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