Palavras não ditas



N/A: oiiiiiiiiii...e aí povo? Como anda a vida? Demorei pra aparece neh? Mas eu tenho uma justificativa, bom... na verdade naum tenhu naum... Só posso esperar q esse cap. compense de alguma forma a demora, mas já voh avisando, eu quero coments!!!! E pra naum c ingrata eu realmente tenho q agradece a Kika Martins (eu juro q as suas dúvidas mais cedo ou mais tarde serão sanadas, soh tenha paciência...) e a Kika (minha beta, q qnd le o final e v q eu acrescentei coisa d novo eu nem sei ql vai c a reação...) por darem sinal d vida e se manifestarem... E jah voh avisando uma outra coisinha... Gente td o q vcs lerem na primera cena sobre astronomia é invenção minha, coisa inventada pra c encaixa na história e causa suspense, tah? Sim, eu soh leiga em astronomia, sim... mas pelo menos admito... e c alguém aí entende alguma coisa de astronomia, fike a vontade pra fla o q sabe, pq apesar d naum sabe nd eu me interesso pelo assunto! E tem mais uma coisa... bom acho melhor vcs lerem, neh? Issu aki tah fikando longo... O cap tah grande e espero q esteja do agrado d vcs, mas eh claro eu soh voh sabe se vcs comentarem, eh sério gente, eu voh começa a faze cursinho e o meu tempo vai fika quase nulo... eu preciso, pelo menos sabe c vcs taum gostando, caso contrário eu voh desisti da fic d vez, com dor no coração mas voh, e sim isso é apelação! Mas é a mais pura verdade...



Boa leitura, espero q gostem e d preferência comentem e votem, fui!







Cap.15: Palavras não ditas

Tinha que admitir era cedo, muito cedo... Mas o que podia fazer se não tinha sono... Uma noite inteira sem pregar os olhos já era algo normal desde os sete anos...

E ao contrário do silencio que devia prevalecer ali, àquela hora da manhã, no corredor ouvia-se claramente o som de suas botas batendo no chão de pedra...

E podia ver claramente o sol nascente que se fazia presente do lado de fora das janelas a sua direita, um início de dia perfeito demais pra se manter daquela forma até que a lua aparecesse... Pensamento simples e pessimista, mas convivia com ele a tempo demais, comprovando sua veracidade vezes demais, pra acreditar que as coisas mudariam ou deixariam de ser previsíveis.

Parou apreensiva e respirando fundo em frente a porta que queria, torcendo pra que ele tivesse as respostas que precisava... Depois de bater de leve na porta e ouvir a autorização pra entrar, não houve como não sorrir perante a mudança drástica de ambiente... Tirou as botas pra sentir a grama sob seus pés...

--Não acha muito cedo pra estar aqui Samantha, a aula só começa em uma hora..._ aquele comentário veio acompanhado do barulho de cascos se chocando contra a grama baixa.

--Eu sei, mas precisava falar com você..._ disse vendo um vulto aparecer por entre as enormes árvores a sua frente.

E logo a figura imponente de um centauro se fez presente, trazia nas mãos algumas ervas e se dirigia a uma pequena fogueira no centro clareira onde estavam...

O centauro simplesmente riu tranqüilo perante o que Samantha falara, estava acostumado com as ‘consultas’ feitas pela garota fora do período de aula.

--Firenze..._ tornou a falar pausadamente, vendo que ele não falaria nada, mantinha a atenção fixa no fogo que mexia com um graveto buscando a temperatura ideal pra queimar as ervas, mas entendia que aquilo não o impediria de ouvi-la _... eu sei o quão inconveniente eu estou sendo... mas preciso da sua ajuda e conhecimento..._ disse receosa procurando um pergaminho na mochila_ faz quase um mês que estou procurando dados sobre uma constelação que vi na última lua nova, estava logo abaixo de marte pra direita... mas eu não encontro nada em livros ou cartas estelares, quando perguntei a professora de astronomia sobre a constelação ela me mandou procurar madame Ponfrey porque eu devia estar tendo alucinações..._ parou pra tomar ar já entregando o pergaminho que encontrara ao centauro a sua frente_ só preciso que me diga se pros centauros isso existe ou não e o que é, caso contrário eu vou ter que apelar pros elfos, só tenho certeza que não estou vendo coisas..._ completou quando via que o professor analisava a representação da constelação de sete estrelas principais que fizera no pergaminho com o cenho franzido.

--Fênix..._ foi só o que o centauro murmurou em resposta depois de alguns minutos de hesitação.

É definitivamente quem procura acha, pena que nesse caso seria mais piedoso se não tivesse achado, concluiu antes de repetir com a voz fraca e espantada.

--Fênix?

--Sim Samantha, são raros os casos no decorrer dos séculos de humanos que a viram, por isso os bruxos não lhe deram nenhuma resposta..._ ele tinha dito aquilo com um sorriso tão calmo e discreto o que em vez de tranqüilizá-la só lhe deu um início de dor de cabeça, fraca, porém constante.

--Fênix?_ repetiu de novo, suplicando pra ter ouvido errado.

--Fênix..._ confirmou simplesmente_ o curioso é que essa é uma das poucas constelações que não possui um consenso com relação a sua história... Nem os centauros conseguiam vê-la nos últimos dezesseis anos...Até...

--A última lua nova..._ completou murmurando.

--O único consenso que se tem é que essa constelação traz esperança... Perto de marte você disse?_ perguntou devolvendo o pergaminho e voltando-se pras ervas que já desprendiam um cheiro adocicado.

Samantha só balançou a cabeça confirmando. Aquilo não podia ser uma simples coincidência, simplesmente não podia... Há muito deixara de acreditar no acaso.

--O chefe dos centauros deve muito a sua mãe._ depois de mais alguns minutos de silencio o centauro tornara a falar.

--O que?_ perguntou estranhando a drástica mudança de assunto.

--Quando jovem ela o salvou da morte..._ respondeu baixo no mesmo tom enigmático.

--Porque está me contando isso Firenze?_ perguntou de novo já conhecendo os avisos incompletos de seu professor.

--Porque só você pode cobrar essa dívida._ respondeu simplesmente o centauro, quando uma fumaça negra começava a se desprender da fogueira, atento a aluna a sua frente.

Aos poucos a combinação da fumaça e do perfume adocicado fizeram-na entrar em um tipo de transe, emersa em seus próprios pensamentos e coincidências a fumaça perto da fogueira começou a tomar forma...

--Agouro..._ murmurou saindo do transe antes de fitar os olhos do professor a sua frente e ouvir o som dos alunos começando a entrar na sala pra sua primeira aula do dia.









“DRAGÕES ENLOUQUECEM NA ROMÊNIA...
No final da tarde de ontem o alerta máximo de perigo do instituto de Criação e Observação de Dragões da Romênia foi dado, ninguém sabe ao certo o porque do descontrole dos animais, mas os danos foram grandes... O lugar de estudos onde se deu a tragédia possuía mais de cem espécies de dragões de todas as idades e tamanhos, o caso é que todos sem exceção, dos mais pacatos e velhos aos mais violentos e jovens entraram em completo descontrole, atacando os tratadores, soltando fogo, destruindo o domo onde viviam, superando os feitiços de proteção e fugindo... Cidades trouxas foram atacadas e todo o ministério romeno está sob alerta, no momento muitos dragões ainda estão soltos e embora as autoridades estejam fazendo o possível, feitiços de memória estão sendo lançados pra segurança da comunidade bruxa local, mais de cem trouxas já foram enfeitiçados e o primeiro ministro da magia romeno acaba de comunicar, esta manhã, que cartas foram enviadas a países vizinhos pedindo ajuda...”


--Você está bem Gina?_ perguntou a ruiva que estava sentada a seu lado desviando a atenção do profeta diário daquela manhã.

--Não_ aquela resposta foi dada num sussurro quase inaudível.

Abraçou a garota pelos ombros dando então atenção à palidez e os olhos vidrados que ela mantinha em uma torrada solitária em seu prato e quando olhou pra frente pôde ver que seu melhor amigo também não estava em condições muito animadoras... Tinha a cabeça baixa apoiada sobre os braços escondendo o rosto embora ainda pudesse ver que as orelhas dele estavam vermelhas como nunca antes. E Hermione mexia no cabelo dele tentando em vão confortá-lo.

--Ih... O que aconteceu, alguém morreu?

Aquela pergunta feita por Ania assim que chegou a mesa, pareceu despertar Gina de seu estado de letargia fazendo com que ela se levantasse da mesa e saísse correndo quando as primeiras lágrimas começavam a cair. Pensou em ir atrás dela, mas um olhar de Hermione o fez mudar de idéia, fazendo-o ver que não tinha nada o que falar que a reconfortasse... Entregou o jornal a Ania pra depois voltar a brincar sem muita vontade com o cereal a sua frente.

--Dragões enlouquecem na Romênia..._ leu em voz alta e pouco caso, ainda não entendendo o porque das caras de enterro, fazendo cara de quem dizia claramente que não queria perguntar porque daquilo de novo.

--O irmão do Rony trabalha nesse lugar Ania..._ explicou Harry com cara de poucos amigos sem encará-la novamente.

Tudo o que a garota fez foi ficar muda e encarar a nuca do amigo, que ainda tinha a cabeça baixa antes de se postar atrás dele.

--Rony levanta._ ordenou encarando a cabeça do amigo.

O amigo simplesmente grunhiu algo ininteligível continuando com a cabeça baixa, mostrando toda a sua pouca disposição pra se mover.

--Rony levanta._ ordenou de novo no seu tom mais autoritário.

Rony então se levantou, com a cabeça ainda baixa tentando não encarar os amigos e escondendo o próprio rosto... Mas aquela atitude não seria necessária já que Ania o abraçou no mesmo instante em que ele se virava pra ela...








Sua visão mantinha-se turva, apesar de não haverem mais lágrimas a serem derramadas... Só haviam lembranças e possibilidades...

Engraçado como dificilmente se lembrava dos irmãos no período letivo, e uma simples nota no jornal fizera com que as lembranças se tornassem seu único alicerce... Uma simples nota da primeira página de um jornal, era isso que seu irmão se tornara, pior, menos que isso. Buscara da primeira a última linha e nada, nem mesmo uma lista de feridos.

Alguém precisava manter a calma ou ao menos o bom senso... Infernos! Aquele era o trabalho do Percy, a lesma amestrada que naquele momento devia estar lambendo a sola dos sapatos de Cornélio Fudge!

Ou então alguém precisava fingir que estava tudo bem, que ia dar tudo certo, mas pra’quilo também não tinha talento... Tudo o que recebera durante toda a manhã fora um bilhete rápido de poucas palavras de Fred e Jorge dizendo pra cuidar do Roniquinho...

Desde quando o Roniquinho precisava dela se tinha Harry Potter e Hermione Granger? Não conseguira nem assistir às aulas da manhã!

Provavelmente Gui estaria fazendo parte de missões de ajuda da Ordem naquele momento, o que não daria por um trabalho como aquele, onde se mantinha ocupada e fazia algo útil. Mas pelo contrário estava ali, segura, porém frustrada.

E além do mais... “E dela quem cuidava?” Pensou com uma raiva quase infantil ao sair do banheiro feminino no segundo andar, onde só tivera por companhia a Murta que Geme e suas lamúrias.

A carta que escrevera a sua mãe pela manhã ainda não tivera resposta... Nada.

Levantou a cabeça, mas aquilo não a fez se sentir mais segura...

Como quando tinha onze anos, era assim que se sentia, era aquilo que Tom Riddle fazia.

--Não devia estar na aula Weasley?

Aquela voz arrastada, tudo o que precisava num dia daqueles.

--Não devia estar se arrastando por um pouco de atenção do seu papai? Oh... me esqueci, ele anda se escondendo como um rato._ provocou áspera voltando-se pro sonserino e notando pela primeira vez que pelas janelas ao seu lado via-se um céu limpo, pensou com ironia no quão contraditório aquilo era com seu estado de espírito.

--Sabe, eu poderia colocá-la em detenção por desafiar um monitor e matar aula..._ o garoto não parara de se aproximar, no rosto uma expressão divertida e fria ao mesmo tempo, como se naquele momento provocar a garota fosse seu melhor passatempo.

--E eu poderia azará-la e a detenção valeria a pena.

--Uma Weasley pobretona desclassificada como você me azarando? É... isso é o que eu chamo de...

Bom, nunca saberia do que Malfoy chamava aquilo, não lhe interessava afinal de contas estava acontecendo.

--Conjunctivitus curse!

Aquilo poderia não resolver seus problemas, certamente só criaria mais alguns... Mas quem ligava quando a pessoa que estava azarando era o detestável Draco Malfoy num dia de extremo mau humor e apreensão?

--Protego!_ o sonserino sacara a varinha e conjurara o feitiço bem a tempo_ Estupefaça!

Se não estivesse tão preocupada e entretida pra se defender e contra atacar sem dúvida ficaria abismada com a rapidez do monitor.

--Impedimenta!

--Weasley tem certeza que não é você que está precisando ir pra área psiquiátrica do St. Mungus? Levicorpus!

Era impressão sua ou aquele sonserino estava só brincando de conjurar feitiços?

--Protego! Diffindo! Parece até que está com medo da pobretona Weasley Malfoy..._ provocou novamente vendo com certa satisfação que seu último feitiço causara um pequeno corte no rosto do garoto.

--Ahm...Já entendi..._ não gostou nem um pouco daquele murmúrio sarcástico, lhe lembrava algo como uma cobra prestes a dar o bote_ Está descontando em mim a raiva que sente por ser inútil, já que seu irmão está morto?

Depois daquilo hesitou por um segundo, afrouxou o aperto da varinha por um segundo. Não, aquilo não podia ser verdade... Aquele sorriso afetado indicava claramente que ele estava se divertindo as suas custas...

Depois disso foram necessários menos de dois segundos, onde ambas as varinhas se ergueram e os oponentes conjuraram ao mesmo tempo, o mesmo feitiço...

Inerte a toda a informação e medo que sentira durante o dia Gina agora se encontrava deitada de costas no chão... O feitiço expulsório lançado pelo sonserino lhe acertara em cheio, mas tinha plena certeza de que por mais ágil que Draco Malfoy fosse, daquele feitiço ele não tivera tempo de se esquivar ou se proteger.

Fechou os olhos sentindo o chão gelado e a dor na cabeça causada pela pancada brusca... Era como se pela primeira vez no dia fosse capaz de realmente sentir alguma coisa... E mais uma lembrança aflorou facilmente, havia sido Carlinhos quem lhe ajudara a aperfeiçoar aquele feitiço sem que ninguém na Ordem ou na família soubesse durante as últimas férias.

--Chega, eu realmente estou sem paciência pra suportar a presença de Weasleys intragáveis hoje.

Engraçado como apesar de sentir o chão e uma dor latejante na própria cabeça, a voz dele agora lhe parecia tão distante.

--Atirando a varinha ao inimigo Malfoy?_ provocou apoiando-se nos cotovelos pra levantar a cabeça e vê-lo levantar-se do chão.

--Sabe de uma coisa Weasley? Vendo a potência dos seus feitiços e o quão patética você é, eu realmente posso acreditar que você só sobreviveu ao Lord na Câmara secreta por causa do testa rachada.

Aquilo realmente fez com que seu sangue subisse lembrando-a de uma promessa que havia feito a si mesma ao termino do segundo ano... E antes que ele desse mais dois passos, já estava de pé e com a varinha em punho novamente.

--Expelliarmus!_ pronunciou mesmo que ele estivesse de costas.

--Revertum!

Foi a última coisa que ouviu antes de perder sua varinha e se chocar com uma parede intensificando a dor na cabeça a ponto da semiconsciência.

Passos apressados soaram muito distantes. “É, aquele feitiço não tinha sido brincadeira”, pensou ao sentir que alguém a sacudia. A mão que apertava e balançava seu rosto de forma brusca era gelada.

--Já tenho problemas suficientes... Vê se acorda garota!

Quando começou a piscar pra que sua visão se normalizasse aquela mão deixou seu rosto...

--Ai..._ gemeu baixo tentando levantar a cabeça.

Mas sua visão só entrou completamente em foco pra encarar, mais perto do que deveria, olhos acinzentados e gélidos.

Tudo o que precisava naquele momento era acordar em sua confortável cama no dormitório grifinório e descobrir que tudo aquilo não passava de um pesadelo... Um pesadelo que infelizmente não parou por ali...

Fosse o que tivesse ocorrido alegaria ter sido atingida pelo feitiço da confusão ou que seu crânio se rachara em várias partes com as seguidas pancadas e no momento impedia o correto funcionamento do cérebro, tamanha a insanidade que estava cometendo. Estava tonta, lesada, com gripe draconiana ou alucinações por infecção de fadas mordentes, estava beijando Draco Malfoy!

Em nenhum momento suas mãos saíram da posição de apoio do chão ou as dele a tocaram novamente. Por mais repugnante que fosse a idéia lembrou-se que já ouvira algumas garotas tolas suspirando pelo monitor, diziam que ele beijava bem e que era como chegar ao céu. Como aquilo era idiota?! Pra ela era como beijar uma pedra de gelo. Não havia nada ali, só o acaso e talvez o ódio entre suas famílias, então porque aquilo estava acontecendo? Só uma palavra chegava perto de descrever aquilo... estranho.

E da mesma forma inusitada que começou, acabou, tudo o que fez foi virar o rosto e conservar a expressão mais fria que possuía apesar da confusão em que se encontrava sua cabeça e ele retomou seu caminho com uma expressão de confusão e estranhamento, nenhuma palavra foi dita.

Naquele momento tudo o que fez foi se levantar e caminhar pelos corredores vazios; tomando é claro, o cuidado de ir pro lado oposto ao usado pelo sonserino; apreciando o silêncio e tentando esvaziar a própria mente.

--Gina, até que enfim te encontrei, como você está?

Quando virara um corredor a altura do que deveria ser o meio da tarde a figura espantada e incomum de Luna estacou à sua frente.

Seu irmão podia estar morto, não tinha notícias de boa parte da sua família que provavelmente estava correndo riscos em missões da ordem e ela beijara Draco Malfoy.

--Se eu te dissesse que se um hipogrifo me atropelasse nesse instante meu estado mental e físico não mudaria muita coisa você acreditaria?

Aqueles olhos grandes e azuis a fitaram com curiosidade e paciência por alguns segundos...

--Bom, normalmente eu te diria pra arranjar um bockller, mas como eles são raros então tudo o que eu posso te oferecer é um abraço._ ela dissera tudo aquilo com seu costumeiro tom simples, pensativo e sonhador.

Um abraço, era tudo pelo que esperara e ansiara o dia inteiro... Luna era realmente a amiga mais especial que poderia ter arranjado.











Encontrava-se cabisbaixa, aparentemente concentrada na poção que preparava.

Mas na verdade a fumaça que saia de seu caldeirão chegava a sua mente e se enevoava pra logo em seguida lembrar-lhe o vulto de um centauro... O mesmo que vira durante a manhã quando fora buscar respostas e encontrara outras tantas...

Terminou de mexer a poção trinta vezes no sentido anti-horário e olhou a sala a sua volta antes de começar a cortar as raízes necessárias pra fazer a infusão...

Encontrava-se no fundo da sala e ao contrário dos outros estudantes trabalhava sozinha por imposição do professor, estranhou quando ele proibiu Neville de ser sua dupla, estranhamento logo substituído pela certeza. Snape dissera que aquela poção requeria atenção e especial cuidado, notara seu modo peculiar de preparar as poções e a deixara sozinha na esperança de que não conseguisse prepará-la, embora Neville não fosse de grande ajuda num momento daqueles notava-se a clara intenção do professor por detrás do sorriso enviesado que lhe era reservado. Mas faltava alguma coisa... Sabia disso.

Com os pedaços perfeitamente cortados sobre a mesa respirou fundo ao notar a impaciência de alguns sonserinos e frustração de grande parte dos grifinórios, Snape certamente estava planejando um grande show, já que até aquele momento ele se contentara em sentar-se em sua mesa e observar de longe e sem provocações o fracasso de seus alunos. Se fosse inocente e tola certamente acreditaria na possibilidade daquele homem amargurado ter-se comovido com a tragédia que ocorrera na Romênia e fizera metade do corpo docente de Hogwarts correr de um lado pro outro o dia inteiro ou sair por alguns momentos no meio das aulas da manhã.

A seu lado, na mochila mal fechada podia-se ver um exemplar do jornal daquele dia, atirado de qualquer jeito e amassado. A cada palavra que lera era como se a sua frente se tornasse mais real e mais sólida a imagem daquela pedra que lhe custara tanto pra saber a localização e no momento lhe intensificava a fraca, porém latejante e incomoda dor de cabeça que certamente lhe acompanharia o resto do dia, já que esquecera de preparar um novo estoque de poções pra seu próprio uso. Sentiu uma pontada mais forte e dolorosa quando ouviu Rony a alguns lugares a frente soltar um palavrão depois que sua poção borbulhou mais fortemente e liberou uma fumaça asfixiante com odor de ovos podres... Onde estaria Jack a uma hora daquelas? Esperara pela resposta que poderia acalmar o amigo a manhã inteira, mas até ali nada.

Acrescentou duas gotas de sangue de dragão enquanto via Snape esvaziar o caldeirão de Rony e retirar pontos de sua casa sob o olhar nada amigável do protótipo de trasgo.

Não pôde deixar de sorrir divertida ao presenciar aquela guerra muda onde ambos apenas se encaravam... Zairus tinha muito do que se orgulhar...

Era interessante... E por algum motivo agradecia a dor de cabeça que não lhe permitia pensar com clareza... “Eu o subestimei.” Talvez aquele não fosse o único problema.

Começava a sentir que suas pernas fraquejavam, gritos começavam a ecoar em algum lugar distante, muito distante.

Batidas na porta encerraram aquele confronto de orgulhos e chamou a atenção dos alunos, inclusive a sua, respirando fundo afastou de si com um simples exercício de oclumência aquelas imagens pra ouvir mais claramente os cochichos que se espalhavam pela sala quando uma cabeça loira se tornou reconhecível... Mas mais claramente que os cochichos o que ouviu foram as palavras nada doces que Ania proferia ao lado de Hermione.

Depois da estadia de quase uma semana no St. Mungus causada pelo confronto e liberação de magia negra involuntária por parte de uma aluna, nas palavras complacentes de seu padrinho, a mídia teve seu momento de furor ao descobrir mais um escândalo no qual Samantha d’Loryen se fazia presente e ativamente atuante. Desde então o garoto fazia constantes visitas a sessão psiquiátrica do hospital para realização de exames e evitar recaídas...

--Com licença, professor.

Realmente ele sabia esconder a própria arrogância quando lhe convinha.

--Entre senhor Malfoy.

Era cômico como a voz de Severo Snape se tornava afável ao se dirigir àquele sonserino em especial. Não pode deixar de rir ao se lembrar dos boatos que Ania espalhava pra quem quisesse ouvir.

Ainda lembrava da expressão de Suzana Bones quando a prima no banheiro feminino lhe dissera que uma fonte muito confiável revelara-lhe que Severo Snape e Draco Malfoy tinham um caso.

Crescera com Ania, mas isso não impedia que ainda se surpreendesse com a criatividade da prima em contar “casos”. Ela realmente tinha talento pra convencer as pessoas da veracidade das coisas mais estapafúrdias que já ouvira ser inventado.

--Vejo que não trouxe seu material senhor Malfoy.

--Acabei de chegar do hospital professor._ tinha certeza de que não era a única que tentava segurar as gargalhadas com aquela medíocre pose de “sou um sobrevivente da guerra, mas ainda posso ser eficiente”.

--Sente-se com a senhorita d’Loryen então, creio que ela não vá se recusar a compensá-lo pelo mal que lhe fez.

Por mais que se perguntasse quantas pedras tinha atirado no túmulo de Merlin, ela sabia que o motivo de metade de sua circulação sanguínea ter se concentrado no rosto não era por vergonha ou raiva, era a dificuldade de conter as gargalhadas mesmo. E o protótipo de trasgo rindo a poucos lugares de distancia como a lhe fazer inveja por ela não poder rir tamanha a atenção que já lhe era voltada por Malfoy se dirigir a seu lado não ajudava muito, pior só lhe dava vontade de transformá-lo em uma salamandra.

Aos poucos cada um dos alunos começou a voltar a atenção pras suas poções praticamente arruinadas e com pouco tempo pra serem consertadas, Malfoy ainda não lhe dirigira a palavra, olhava do quadro negro pros ingredientes em cima da mesa e pra coloração arroxeada que sua poção tomava cozinhando a fogo baixo.

--Esse é mais um dos seus truques Loryen?

Terminou de colocar as raízes para a infusão quando ouvia aquela pergunta venenosa... Os breves momentos em que sentira vontade de rir agora lhe pareciam distantes, as pontadas retomavam agora com força maior causando-lhe tontura.

--Vai me dizer que foi isso que usou no velho?

“O velho...”. Seu avô...

--O que quer que seja que eu tenha usado no meu avô não lhe interessa Malfoy, mas quanto aos meus truques eu só os uso em gente da sua laia mesmo..._ murmurou perigosamente e com sarcasmo sem encarar o sonserino ao seu lado.

Não se permitiria dominar pela raiva novamente.

--Sabe, eu ouvi falar que se seu pai não tivesse sido tão tolo ainda estaria vivo.

--E eu certamente não sentiria nenhum orgulho dele._ retrucou seca quando jogava o último ingrediente que fazia sua poção ficar roxo escuro e apagava o fogo pra encarar o sonserino sabendo exatamente ao que ele se referia.

Estranho, por breves segundos o cheiro da poção pronta tinha sido substituído por cheiro de queimado, mas tinha acabado de apagar o fogo.

--Ele foi um traidor._ o ouviu retrucar com o costumeiro tom de desdém e nojo, o sorriso sarcástico ainda estava ali.

Foi então, no início de uma breve tontura que notou que perto do olho do garoto havia algo, algo escondido por magia... foi isso que a fez duvidar da própria visão ao discernir um corte.

--Ele não foi o capacho que você vai ser._ sua voz firme desmentia sua tontura, sentia –se fraquejar...

Estava prestes a desmaiar quando o sinal tocou e Snape dava as últimas instruções... Não podia cair bem ali perante Draco Malfoy, mas realmente teria caído se alguém não a abraçasse por trás, reconhecia aquele toque.

--Algum problema Malfoy?

Não conseguiu identificar nada na voz ameaçadora que lhe dissesse o porque dele estar fazendo aquilo.

--Nenhum... Só estava conversando com a filha do traidor._ a falsa e irônica afabilidade na voz do loiro a sua frente fez com que se sentisse enojada além da tontura e dor de cabeça que já lhe abatiam.

Mesmo tonta e hesitante afastou-se do garoto atrás de si arrumando uma amostra da poção quando o sonserino se fora.

--Porque fez isso?_ questionou sem encará-lo, tentando manter-se firme nas próprias pernas.

--Porque você não estava bem.

Aquela simples resposta foi como se uma pedra caísse-lhe no estômago e a fez parar no meio do caminho de arrumar sua mochila. E depois disso sua resposta foi praticamente maquinal... Encarou-o nos olhos por alguns segundos antes de pegar sua mochila, abaixar a cabeça, ir embora pra entregar a poção e sair da sala sem lhe dirigir nenhuma outra palavra, fosse de agradecimento ou grosseria.

Sempre tomava cuidado pra que as pessoas não percebessem quando se sentia mal e realmente ninguém percebia, até aquele dia.











Realmente aquilo era frustrante, presenciava pela primeira vez uma reunião da Ordem feita às pressas no castelo, mas não havia humor pra tal...

A seu lado Lupin tinha o olhar vago e vazio, o pensamento completamente distante de qualquer assunto que ali fosse tratado, observou novamente as pessoas a sua volta.

Cerca de 50 pessoas muitas as quais não conhecia e outras, as que conhecia, com alguns arranhões a mostra, deviam ter ido a Romênia pessoalmente. Mas triste mesmo fora assistir as aulas do dia a espera de uma resposta dos Weasley que não davam notícia, aparentemente apesar dos dragões já terem sido controlados e recapturados as medidas de segurança ainda atrapalhavam a comunicação e a locomoção via flu... Levantava-se nas repartições ministeriais a hipótese do envolvimento de Voldemort com aquilo, mas ele sabia, era a pedra do fogo, só não sabia se ela estava de fato com a cobra criada.

A voz de Dumbledore ali naquele momento soava-lhe extremamente monótona e insignificante, ao longo do dia esbarrara com alguns alunos chorosos ou assustados e envelopes negros foram entregues por corujas na hora do almoço, “Condolências ministeriais pela morte de entes queridos...”.

Ele sabia, porém, que aquilo ia muito além de tais formalidades, crianças eram deixadas sozinhas no mundo, as que não tinham pra onde ir, passariam as férias de natal e de páscoa no castelo e depois seriam enviadas a orfanatos... Via de perto o desespero do amigo que não recebera cartas ou notícias animadoras, McGonagall só pudera lhes informar que por pertencerem à Ordem Artur e Molly receberam carta branca pra ir em busca do filho, saíram tão desesperados que não deixaram nem sequer um bilhete a Rony e Gina...

Fechou os olhos com força tentando manter aquela aparente calma...

--Alguma sugestão, senhor Potter?

Levantou o rosto rápido depois daquela pergunta feita ele não sabia nem por quem, não se dera conta do barulho que fazia ao bater o pé inconscientemente no chão...

--Ahm... nenhuma._ murmurou com pouco caso e sem nenhum sinal de vergonha.

Após isso observou novamente e com mais atenção as feições e o estado de cada um ao seu redor... Aquela reunião não estava adiantando em nada, não faria diferença alguma já que tanto o ministério inglês quanto o romeno estavam impedindo a ação direta da Ordem por medo de perder o controle da situação e os créditos quando tudo se resolvesse e todos ali, sem exceção, dos mais inexperientes aos mais marcados pela guerra sabiam daquilo.

Foi então que viu, Dumbledore que até aquele momento mantinha-se em pé conversando com todos e ninguém em especial sentar-se numa cadeira que estava ao centro de todos no escritório; ampliado magicamente pra comportar todas aquelas pessoas sem causar danos aos curiosos objetos ali dispostos; com uma expressão que nunca vira antes no velho diretor, que por sinal já não se encontrava numa posição tão alta em seus critérios... frustração.

--Isso não está adiantando em nada..._ já estava demorando pra que ela em seu canto escondido e apoiada em uma parede se manifestasse_ Todos estão frustrados, cansados, preocupados ou no mínimo querendo lançar alguma azaração nos idiotas ministeriais... ficar aqui debatendo o que todos sabem não adianta nada.

Quando ela terminou de falar teve que agradecer ao que quer que fosse que o impedira de prometer que idolatraria a pessoa que falasse algo parecido, na verdade aquelas palavras estavam entaladas em sua garganta, só não as dissera por já estar ali contra a vontade de muitos, coisa que a ela que se encontrava na mesma posição parecia não importar.

--Quem você pensa que é pra decidir o rumo de uma reunião da Ordem?

Segurou o riso, tinha certeza que aquela voz arrastada e com sotaque estrangeiro era a mesma que lhe chamara a atenção anteriormente... Um rapaz alto, magro, com profundas olheiras e uma cicatriz aparecendo no braço que onde antes deveria estar coberto por uma manga longa, teve pena do rapaz que certamente nunca vira em Hogwarts e passara todo o dia na Romênia, Samantha sempre tinha uma resposta aquela pergunta.

--Samantha Elizabeth Lancart d’Loryen, ao seu dispor._ a viu responder com a costumeira arrogância e aproximando-se do centro e ficando visível a todos ali.

--Ela está certa..._ Dumbledore, cansado, murmurara o suficientemente alto pra que todos ouvissem em resposta ao grunhido revoltado que o rapaz soltara antes que Samantha pronunciasse qualquer coisa_ Estamos cansados e frustrados... Talvez fosse melhor fazermos outra reunião amanhã, provavelmente os meios de locomoção até lá estejam liberados e nossos informantes consigam se comunicar.

Alguns murmúrios ainda se mantiveram enquanto sua atenção na verdade estava presa em Dumbledore, o mesmo homem que no momento se levantava e lentamente se afastava sem dar indícios que querer mais conversa ou discussão... O mesmo Dumbledore que sem dizer palavra alguma e recebia um olhar nulo dado por Samantha; que também não disse nada; retirou-se por uma porta escondida atrás da visão de qualquer um no escritório... E foi pelas palavras não ditas que teve certeza, Samantha faria alguma coisa ainda naquela noite.









--Ania o que você entende sobre perder alguém da família? É fácil falar pra mim levantar a cabeça quando não é o seu irmão que pode estar morto, ou melhor, me esqueci você não tem irmãos!

Foi o que ouviram claramente antes que o quadro da mulher gorda se virasse por completo... Parecia que Rony enfim explodira...

--É Rony eu não tenho irmãos, mas sei muito bem o que é perder alguém da família, ou melhor, quase não ter família... Tudo o que me resta são minha tia e minha prima, nos álbuns de família nós nem nos atrevemos a tocar, porque sabemos que lá só há fotos de pessoas que amamos e certamente amaríamos se não estivessem mortas... Todos mortos Rony. A única diferença aqui é que você tem possibilidades, eu tenho certezas.

Por causa do treinamento foram os únicos no salão além de Rony que ouviram aquele murmúrio de Ania antes que ela saísse em direção ao dormitório sem dizer mais nenhuma palavra.

--Ela está mal..._ murmurou hesitante quebrando por fim o silêncio que mantinham durante todo o caminho da sala de Dumbledore até ali.

--Eu sei..._ sussurrou sabendo que ele ouviria.

Porém mais do que aquilo sabia do que Ania estava se lembrando naquele instante... E não podia fazer nada pra animá-la, estava na hora da prima começar a encarar os próprios medos e receios.

--Tente acalmar o Rony e descobrir onde a Mione está._ disse sem nenhum sinal de provocação, não era hora pra levar ao pé da letra o que as vozes diziam.

E sem dizer mais nada, porém consciente que ele parecia vigiá-la se dirigiu a uma das poucas mesas ocupadas... Reparando no olhar vago da garota que se encolhia numa cadeira... Já vira aquela expressão demasiadas vezes pra se enganar.

--Gina..._ murmurou sem se sentar ou querer assustá-la_ Pode vir comigo..._ pediu ignorando o olhar que a garota lhe dirigia, sabia que ela não ia com a sua cara e principalmente, se ela soubesse legimência sua mente estaria sendo friamente devastada naquele momento tamanha a desconfiança com que a garota a encarava.

Agradeceu-se por ter aprendido o tom a ser utilizado com cada pessoa pra obter os resultados certos e quando colocou a mão dentro do bolso de sua capa, certificando-se que ainda estava ali a única coisa que se passava por sua mente é que não haveria como dar errado, se recusava a isso.


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