A sala trancada
Primeiro, o silêncio. Calmo. Relaxante. Silêncio que anestesiava os sentidos.
Depois... uma suave melodia, que foi começando bem baixinha... lentamente... Parecia que vinha de um lugar, de todos os lugares, de dentro de si mesmo.
Neville abriu os olhos. Sua cabeça ainda girava. No entanto, ele sentia uma paz inexplicável; por um momento, esqueceu completamente onde se encontrava ou tudo que tinha acontecido. Parecia que seu cérebro tinha se esvaziado, e que todos os problemas e angústias tinham sido arrancados de lá de dentro.
Ainda atordoado, ele sentou e olhou ao seu redor. O que viu o deixou ainda mais pasmo, se isso era possível. Aquele lugar não poderia ser real. Talvez Neville estivesse sonhando. Sim, deveria ser isso, não havia outra explicação.
A sala, ou o que quer que fosse aquele lugar, era excessivamente clara. De um branco tão claro, que parecia até transparente, mas, ao mesmo tempo, não era. Não havia paredes. Não havia teto, nem mesmo chão. Neville tinha a impressão de que estava flutuando numa névoa fina e alva, como se fosse uma nuvem, mas mesmo isso não era uma descrição exata.
Ele se levantou, confuso, procurando ao redor algo que destoasse daquela monótona claridade branca. Olhou para baixo, e viu que seus pés tocavam algo que parecia água, algo quase líquido, ao mesmo tempo, vaporoso, que tomava nuances diferentes por cada ângulo que se olhasse. E, à medida que esse líquido tomava cores, que destoavam daquele branco inicial, a paz que Neville sentia foi sendo substituída por outros sentimentos.
Um líquido amarelo muito claro começou a escorrer pelo lugar, escorrer, e não cair, como chuva; ao mesmo tempo, ele foi deixando rastros de fumaça da mesma cor por onde passava, preenchendo o ambiente. Neville olhou suas mãos e, chocado, percebeu que o líquido escorria de seus próprios dedos, de seu corpo... E ele sentiu uma sensação leve e agradável, como se tivesse acabado de pular um degrau de uma escada, sem querer. Um frio na barriga...
Neville sorriu. Tinha sentido aquela mesma sensação quando começou a ver Luna com outros olhos. Ele fechou os olhos por um segundo, e foi quase como se visse o rosto dela, seu sorriso... a melodia suave foi sendo lentamente substituída pelas risadas distantes dela...
Quando ele abriu os olhos, foi como se a imagem de Luna ainda estivesse gravada em sua retina, e ele conseguia vê-la ao seu redor, pra onde quer que olhasse. E o amarelo se transformou em um verde claro, e Neville sentiu aquela mesma esperança que tinha quando percebeu que realmente gostava de Luna, e ficava imaginando como seria estar junto dela...
O verde foi gradualmente escurecendo, tornando-se laranja, e Neville viu cenas passarem por sua mente, sentindo-se cada vez mais inquieto; parecia que uma angústia dolorida tinha se instalado em seu peito. O laranja passou para vermelho... e logo parecia que o vinho escorria ao seu redor... ele podia sentir até mesmo o seu odor... Neville teve a nítida sensação de ouvir as vozes de seus pais, vazias, seus rostos que não o reconheciam...
Neville fechou os olhos, mas as imagens não iam embora, nem as cores, muito menos aquela sensação de dor e sofrimento. Ele viu outras pessoas – sua avó, sua família, seus amigos –; ele viu objetos, viu ambientes, viu-se fazendo coisas que amava fazer e, em cada momento, sentia algo diferente, e um novo tom de cor escorria dele e para ele. A melodia era suave... rápida... desesperada... novamente tranqüila... e se misturava a vozes, risadas, gritos, lágrimas...
Então tudo parou, tão rápido como tinha vindo. Novamente o silêncio. A luz branca. A paz. Neville olhou ao seu redor, sem compreender. Que lugar era aquele? O que significava? O que estava acontecendo com ele?
Ele não saberia precisar há quanto tempo estava ali. Era como se o tempo não existisse. Era como se estivesse isolado do mundo fora daquele lugar. Aliás, existiria outro mundo além do que ele via ali?
Mas, então, Neville viu alguém ao longe, caído. Existiam outras pessoas naquele lugar? Ele começou a correr na direção da pessoa, seu coração batendo forte de ansiedade. Outras cores substituíram o branco dessa vez, cores que Neville desconhecia. Ele correu e correu, mas parecia que não chegava nunca. Ele viu a pessoa se mexendo... ela se sentou... Neville parou de correr, mesmo que ainda estivesse longe do seu destino. A boca dele estava seca quando sussurrou:
- Harry...?
Era ele, Neville tinha certeza. No entanto, ele não pareceu ouvi-lo; aliás, nem mesmo Neville tinha ouvido sua própria voz, o que era mais extraordinário. Nada ali fazia o menor sentido. Harry se levantou bem devagar, assim como Neville tinha feito, observando tudo ao redor, surpreso. Ele não parecia ver Neville; apenas fitava o lugar vagamente, seu semblante mostrando que ele estava tentando compreender o que acontecia.
Então, subitamente, Neville começou a ter outras sensações, completamente divorciadas das suas próprias. Ele sabia, com toda a certeza do mundo, que elas não lhe pertenciam. Aqueles mesmos líquidos, de várias cores, começaram a escorrer, e dessa vez vinham de Harry, que fitava tudo ao redor, abismado. E Neville viu outras cenas, outros rostos, refletidos nas cores... ecos de outras lembranças...
Primeiro, apareceram dois rostos, que Neville não conhecia; o primeiro, de uma mulher, ruiva, de olhos verdes... sorria e, sua voz era terna... cheia de amor. O outro rosto pertencia a um homem, tão parecido com Harry que poderia ser confundido com ele; tinha os mesmos cabelos bagunçados, o rosto quase igual, usava óculos como Harry, e a única diferença eram mesmo os olhos, que não eram verdes, mas sim castanhos. Ele ria, uma risada suave, feliz...
Harry deixou-se cair de joelhos, observando hipnotizado as imagens que apareciam entre as cores que escorriam ao redor. Parecia emocionado. Neville se surpreendeu ao ver lágrimas escorrendo por seu rosto, e se deu conta de que aqueles rostos pertenciam aos pais de Harry...
Então ele viu Gina, e sua voz doce aos ouvidos, dizendo coisas que Neville não conseguia distinguir com clareza. Depois, Rony e Hermione, seus rostos muito nítidos, rindo, felizes. Um líquido azul claro ia escorrendo... A imagem deles foi substituída por outros rostos... Neville viu várias pessoas com cabelos vermelhos, parecidos com Rony e Gina; depois, o Prof. Lupin... o rosto de Sirius Black, o barulho de uma risada forte, quase canina... Dumbledore e sua voz branda...
Harry ainda estava de joelhos; seu corpo se movimentava em espasmos, e ele cobria o rosto com as mãos; parecia soluçar. Mesmo que não quisesse, Neville não conseguiu deixar de sentir pena dele; inconscientemente, veio à sua cabeça que tudo aquilo por que Harry estava sofrendo poderia ter acontecido com ele. Todo aquele peso poderia ter recaído em seus ombros. No entanto, no último segundo, o destino escolheu Harry, e não Neville, e tinha dado aos dois vidas tão diferentes...
Mas... de uma maneira inexplicável... ao mesmo tempo, tão parecidas.
Um ruído seco interrompeu os pensamentos de Neville. Ele observou Harry, e percebeu que ele também estava atento ao barulho. Rapidamente, o rapaz limpou o rosto na manga das vestes, respirou fundo e se pôs de pé, completamente desperto e renovado. Ele se virou, e suas mãos estavam flexionadas; parecia tenso. Por vários segundos, Harry apenas esperou, assim como Neville.
Uma figura apareceu na direção que Harry olhava. E, assim como de Neville e Harry saía aquele líquido de cores diversas, dele também saía um “líquido”. Porém, este era espesso, escuro e seu odor era extremamente desagradável, fétido, como carne em decomposição. Ao seu redor, tudo era negro; uma névoa sombria pairava ao seu redor. Não apareceram imagens como das outras vezes, apenas o vazio e a escuridão.
Harry observava aquela figura com os olhos fundos, como se esperasse por aquele momento há muito tempo. O ruído de passos, misturados a um barulho aquoso de sapatos entrando em contato com líquidos, foi aumentando cada vez mais. A pessoa foi se aproximando, lentamente, de Harry que, por sua vez, não movia um único músculo; ele apenas permanecia parado, observando atentamente o ser. E, então, ele finalmente parou de caminhar e baixou seu capuz.
A visão que Neville teve foi horrível. Instintivamente, ele recuou assustado, esquecendo que não podia ser visto naquele lugar. Ninguém lhe precisava dizer de quem se tratava aquele bruxo, pois, em seu íntimo, ele já sabia. Porém, absolutamente nada poderia tê-lo preparado para aquela visão chocante. Tinha certeza; era ele... Voldemort.
Por alguns longos minutos, os dois apenas se encararam, Harry e Voldemort. Pareciam se medir com os olhos, até mesmo conversarem pelo olhar. Poderia parecer loucura, porém, Neville teve a impressão que, mesmo que houvesse entre os dois tanto ódio e ressentimento, ainda assim, de uma maneira incompreensível, eles se respeitavam.
Foi Voldemort quem falou primeiro. Sua voz era gélida, desprovida de sentimentos, e ele estreitava seus olhos vermelhos para Harry, com raiva e desconfiança.
- Então é esse seu grande truque, Harry? Esse lugar...? O que você vai fazer? Trancar-nos aqui por toda a eternidade, até que eu me canse e... – ele riu, sarcástico. – ... quem sabe, me arrependa?
Harry apenas meneou a cabeça de um lado para outro, sem tirar os olhos de Voldemort. Quando falou, sua voz era vazia, rouca e exausta. Ele nem parecia aquele Harry que Neville tinha um dia conhecido.
- Você jamais faria isso. Eu sei.
- Então...?
- Você não está sentindo, Voldemort? – Harry perguntou depressa, e depois respondeu à própria pergunta. – Não, não está, não é? Você é incapaz... Você não consegue sentir o quê essa sala encerra... Você nunca sentiu...
Voldemort pareceu um pouco mais furioso; ficou rígido, seu rosto ainda mais endurecido.
- Do quê você está falando, mole...?
- Eu deveria ter pena de você... – Harry continuou, impassível. Voldemort tencionou dizer alguma coisa, porém parecia que sua voz tinha ficado presa na garganta ao ouvir aquelas palavras. – Toda a sua vida... você jamais... jamais sentiu...
Parecia que algo muito pesado tinha atingido Voldemort em cheio. Então, depois de um primeiro instante de atordoamento, o esgar de um sorriso torto se fez em seus lábios, até que se transformasse num riso... numa gargalhada... uma risada oca, sem alegria...
Harry não disse absolutamente nada. Apenas esperou Voldemort parar de rir, pacientemente, como se tivesse certeza que seria isso mesmo que aconteceria. E ele tinha razão. A gargalhada foi diminuindo... tornando uma risada triste... um sorriso frágil... até que ele finalmente silenciou.
- Do que... você está falando...?
- Você jamais sentiu, Voldemort. – Harry explicou calmamente. – Nunca vivenciou as sensações, os sentimentos, que tornam uma pessoa viva e humana. Amor... alegria... tristeza... amizade... respeito... compaixão... carinho... confiança... e tantas outras coisas... Você não sabe o que isso tudo significa, Voldemort, porque você não é mais humano.
O bruxo permaneceu em silêncio, sério, apenas observando Harry. Parecia que tinha acabado de levar um tapa no rosto. Aquelas palavras tiveram um impacto muito maior do que se Harry o tivesse atingido com milhares de maldições. Consciente disso, o rapaz lentamente caminhou na direção de Voldemort; Neville queria gritar para que ele não fizesse isso, que era imprudência, que o bruxo poderia matá-lo, mas era inútil – sua voz tinha ficado presa na garganta. Porém, a cada passo que Harry dava para frente, Voldemort instintivamente recuava, como se temesse chegar perto demais do rapaz.
- Sabe, eu me pergunto... – Harry prosseguiu. – ...se você algum dia foi humano. Ao menos, quando você ainda era Tom Riddle. Mas, eu o conheci como Tom Riddle também e, mesmo assim... você não era humano. Porque você nunca deixou de sê-lo e, ao mesmo tempo, sempre foi Voldemort... E nenhum dos dois possui a mínima humanidade...
Voldemort continuou recuando, sua boca sem lábios trêmula, como se ele quisesse dizer várias coisas, e não conseguisse dizer nenhuma delas. Seus olhos vermelhos estavam arregalados em choque e nunca deixavam de fitar, apavorados, seu oponente, Harry, que, por sua vez, continuava assustadoramente calmo e impassível, como se soubesse o que fazer, como se apenas estivesse fazendo exatamente aquilo pela qual esperara uma vida inteira para fazer...
- Você se lembra? – ele desafiou, finalmente parando de andar, soltando um suspiro de exaustão. – Lembra-se, Voldemort? De quando você me possuiu, aqui mesmo, dois anos atrás? – as pupilas do bruxo se dilataram um pouco mais. – Quando você, por eternos segundos, esteve presente em meu corpo e minha alma?
Houve uma pausa, na qual as palavras de Harry pairaram agourentamente no ar. Neville não tinha a mínima idéia sobre o quê ele estava falando, mas parecia que fazia muito sentido para Voldemort.
- Você não suportou. – Harry continuou, estreitando os olhos, agora com uma estranha malícia. Um leve sorriso apareceu em seus lábios. – Você não suportou, Voldemort, conviver com os meus sentimentos... Com a minha humanidade... Foi demais para você, não foi? – ele provocou imprudentemente, dando um passo à frente. Dessa vez, Voldemort não recuou, e em seus olhos vermelhos tinha retornado aquele brilho febril de ódio. – Você se acha muito poderoso, mas não consegue lidar com algo tão... simples. – a voz de Harry não era mais calma; agora, ele parecia quase cruel, atiçando o inimigo de propósito... – Sabe o que você é, Voldemort? Um fraco. Você não passa de um fraco, débil, patético...
- CALE-SE! – o lorde gritou, e sua voz ecoou pelo ambiente, enregelante. Ele se agigantou, sua fúria transbordante ao seu redor. Harry sorriu suave e vitoriosamente. – CALE-SE, HARRY POTTER!
Os pêlos da nuca de Neville se arrepiaram, e o rapaz, trêmulo, apenas observou aquela transformação apavorante. Voldemort tinha desaparecido em meio à escuridão. Aquela névoa negra e fétida que estava ao redor dele foi crescendo assustadoramente até tomar proporções gigantescas; ela se espalhou por todo o lugar, envolvendo Harry como uma serpente. Ele, porém, não fez nada para impedir; parecia que era exatamente isso que queria, o que desejava. Neville, porém, não podia acreditar no que via, não podia permitir que ele fizesse aquilo... tinha que impedir, de alguma maneira, de qualquer jeito... Ele não sabia o que aquilo significava ao certo, mas tinha em seu íntimo uma sensação horrível, um pensamento tenebroso, que não podia deixar que se tornasse real.
Ele correu...
Gritou, desesperado, urgente, tentando impedir Harry de fazer aquilo... mas parecia que quanto mais corria, mais Harry se afastava, e quanto mais gritava, mais sua voz morria na garganta... Mas havia em Neville um pensamento obsessivo, de ajudar, de fazer qualquer coisa por Harry, e esse desejo era tão forte e angustiante, que foi como se uma barreira invisível tivesse sido destruída quando Neville gritou:
- HARRY, NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!
Foi como se o tempo tivesse parado. Harry o tinha ouvido. Em câmera lenta, ele se virou e seus olhos encontraram os de Neville; por um segundo interminável, os dois apenas se encararam silenciosamente, até que a névoa negra envolvesse Harry por completo, e Neville não pudesse mais se ver refletido em seus olhos.
O rodamoinho de cores serenou, deixando no ar apenas aquele leve zumbido e, por fim, nada mais além de um silêncio negro e vazio.
Todos estavam chocados, não importava se fossem Comensais da Morte ou membros da Ordem da Fênix. Ninguém esperava por aquele final. Aquele silêncio agourento permanecia, pois ninguém se atrevia a quebrá-lo, pois isso tornaria tudo ainda mais real, por mais que fosse inacreditável. Parecia que, no íntimo de cada um, todos ainda acreditavam que aquilo fosse apenas uma miragem e que, em instantes, Harry e Voldemort reapareceriam como que por mágica.
Mas muito tempo se passou... e nada aconteceu.
Passos secos. Lupin estava descendo os últimos degraus que lhe restavam, e se aproximava, solitário, do centro da sala, onde o véu negro ainda ondulava suavemente. A alguns metros jazia o corpo sem vida de Alvo Dumbledore e, depois de um olhar triste para ele, Remo Lupin alcançou o centro da sala, abaixando-se para observar as duas varinhas, quase idênticas, cruzadas uma sobre a outra. Ele estendeu a mão...
- NÃO TOQUE NA VARINHA DO MESTRE, MESTIÇO! – gritou uma mulher. Ela possuía cabelos louros e olhos claros, e descia correndo os degraus do anfiteatro de pedra, até alcançar o centro da sala. Ela se abaixou e, furiosa, apanhou bruscamente uma das varinhas, a maior. – Não ouse sujá-la com suas mãos imundas...
Lupin apenas fitou Narcisa Malfoy com nada além de desprezo e incredulidade. Com um meneio de cabeça, ele voltou novamente sua atenção para a outra varinha, a menor, de Harry, e estendeu os dedos para apanhá-la com cuidado, como se temesse quebrá-la. Ele se ergueu, ainda segurando-a e fitando-a com os olhos doloridos.
Novos passos. A Profª. Minerva McGonagall também se aproximou do centro da sala e, após um olhar melancólico para o corpo de Dumbledore, ela suspirou profundamente, apoiando uma mão no ombro de Lupin, como se tentasse confortá-lo de algo que ela mesma não conseguia aceitar.
- Não há nada que possamos fazer... Acabou.
- CLARO QUE HÁ! – uma voz soou ao longe. Hermione e Rony se viraram juntos e viram Gina que, do alto, gritava, transtornada. Ela tinha os cabelos embaraçados e os olhos inchados, o rosto ainda úmido pelas lágrimas recém-derramadas. Ao seu lado, Hagrid cobria o rosto com as mãos enormes como pratos. – NÓS PODEMOS IR ATRÁS DELE, AJUDÁ-LO! EU NÃO VOU FICAR AQUI... PARADA! – ela soluçou, e seu tom de voz foi diminuindo gradualmente. – Ele ainda está vivo... eu sei que está...
Houve um burburinho na sala. Os comensais também não pareciam conformados com o que tinha acontecido ao seu mestre e agitavam-se, espalhando-se por todos os cantos, correndo em sua busca. Por um momento, alguns membros da Ordem tencionaram detê-los, mas desistiram. O peso do que tinha acabado de acontecer em frente a seus olhos os tinha paralisado, e nada mais tinha importância.
- Eu não vou ficar aqui sem fazer nada! – Gina repetiu, zangada, fitando severamente as pessoas ao seu redor. Hermione não se lembrava de jamais tê-la visto tão decidida quanto naquele momento. Seus olhos brilhavam com uma determinação contagiante. – Eu vou procurar o Harry e encontrá-lo, nem que seja no fim do mundo! E ele vai estar vivo quando eu o encontrar!
Ninguém teve coragem de detê-la; Gina virou as costas e deixou a sala, sem olhar para trás ou dizer mais nada. Hermione procurou os olhos de Rony, a seu lado, e notou que ele observava a irmã desaparecer pela porta com o olhar distante, mudo. Ela deu um passo e apertou seu ombro.
- Rony... – ele se virou, os olhos cansados. Havia um rastro de lágrimas em seu rosto também. – Você vem?
Ele suspirou profundamente, desviando os olhos por um instante. Então, como se estivesse se enchendo de determinação, ele respirou fundo, limpou o rosto na manga das vestes e assentiu, sério, para Hermione. Porém, ela sentiu que havia algo de muito errado no olhar de Rony; ela jamais o tinha visto daquela maneira.
Eles, por fim, deixaram também a sala, juntos, e ninguém fez oposição alguma. Antes de sair, Hermione ainda se voltou por um momento para trás, e viu Tonks trocar um olhar com Lupin, que apertou a varinha de Harry firmemente entre os dedos e, com um aceno afirmativo de cabeça, seguiu Rony e Hermione junto a auror.
- Gina tem razão. – Hermione sussurrou para Rony. – Harry está vivo e nós vamos encontrá-lo.
Rony se virou para Hermione, com uma expressão exausta. Os seus olhos estavam assustadoramente opacos e sem vida.
- Sim, Mione... Nós vamos encontrá-lo.
Luna se apoiou na parede, juntando todas as suas últimas forças para ficar de pé. Suas pernas bambeavam, teimando em não sustentar o peso de seu corpo, mas ela se manteve firme e finalmente conseguiu se levantar. Não conseguia, porém, desviar os olhos da direção em que estavam desde que Neville desaparecera por aquela porta, mesmo que a sala já tivesse girado, e ela tivesse perdido a porta certa de vista no meio de toda aquela escuridão.
Ela não tinha a mínima idéia de como agir. Nada a tinha preparado para aquilo que tinha acabado de acontecer. Por sua cabeça, passavam os pensamentos mais assustadores, e ela não parava de imaginar coisas terríveis acontecendo a Neville. Para onde ele poderia ter ido? Que sala misteriosa era aquela? Por que só Neville conseguiu abri-la?
Luna não conseguia responder a nenhuma dessas perguntas. Sua cabeça rodopiava; ela estava esgotada. Só sabia que precisava encontrar novamente aquela sala, tentar abri-la de qualquer jeito, encontrar Neville. Não podia deixá-lo sozinho, tinha que ajudá-lo...
Foi então que uma porta se abriu abruptamente, deixando um faixo de luz que destoava de toda aquela escuridão. Luna ergueu os olhos contra a luz, esperançosa, mas não era Neville. Porém, mesmo decepcionada, Luna nunca tinha ficado tão feliz em ver Gina Weasley à sua frente.
- Luna...? – ela sussurrou, confusa. Então, depois do primeiro momento de incredulidade, ela se adiantou, aproximando-se da amiga. Sem pensar, Luna se jogou nos braços da amiga, fazendo força para conter as lágrimas. – Luna... o que aconteceu com você?
- Ele se foi, Gina... ele sumiu por aquela porta, e eu não sei como encontrá-lo... – a garota murmurou, escondendo o rosto entre as vestes de Gina, sentindo que estava começando a soluçar, mesmo que não quisesse. – Eu não quero que ele morra, Gina... Diga pra mim que ele não vai morrer...
- Quem, Luna? – Gina perguntou, mas a garota não conseguiu responder. Os soluços a impediam, e ela só conseguia chorar. Era como se tudo tivesse se tornado excessivo, e ela não pudesse mais suportar todo aquele peso. Todas as coisas que tentava negar a respeito de si mesma, tudo que aconteceu e que gostaria de apagar, tudo o que Sirius Black tinha lhe dito todas aquelas vezes que apareceu... – Quem, Luna?! – Gina repetiu, enérgica, sacudindo a amiga pelos ombros.
A imagem de Gina tinha ficado turva pelas lágrimas. Ao longe, Luna escutou outras vozes, outros passos, parecia que mais pessoas vinham entrando pela porta que Gina tinha deixado aberta ao passar. Tentando controlar os soluços, Luna murmurou:
- Neville...
Os olhos de Gina se arregalaram e, por seu rosto, passou uma expressão de incrédula compreensão. Ela largou Luna e recuou um passo, pensativa. Parecia que estava juntando as peças de um quebra-cabeças dentro de sua própria mente.
- Neville...? – ela repetiu devagar. – Será então que... o nome dele... naquela profecia... junto com... Harry...
- Profecia?! Do que você está falando?
- O que está acontecendo? – soou a voz de Hermione Granger. Luna se virou, e viu que ela estava acompanhada de Rony (que parecia que tinha visto uma assombração), e mais três adultos: o Prof. Lupin, Olho-Tonto Moody e uma mulher com os cabelos rosa-choque. Todos pareciam extremamente abalados. – Gina...?
Gina se desviou de Hermione, transtornada. Ainda parecia perdida em suas próprias conjecturas. O Prof. Lupin se adiantou e perguntou suavemente para Luna:
- O que aconteceu, Srta. Lovegood?
- Anh... Neville... Ele abriu uma porta que ninguém conseguia abrir, apareceu uma luz muito forte, e então ele desapareceu...
- Uma porta que ninguém conseguia abrir, foi o que você disse, menina? – Moody perguntou, seu olho mágico girando alucinadamente.
- Foi... eu tentei abri-la, e não consegui. E lembro que da última vez que estivemos aqui, Harry também tentou abri-la, e também não conseguiu...
Gina finalmente ergueu os olhos para Luna ao ouvir isso. Rony e Hermione também pareceram intrigados com aquela lembrança. Os outros, porém, trocaram um olhar significativo que ninguém mais compreendeu.
- Será que eles estão lá dentro? – a mulher de cabelo rosa perguntou.
- Há uma sala no Departamento de Mistérios que encerra uma força muito poderosa... – Moody explicou. – E ninguém consegue entrar lá...
- Harry e Voldemort só podem estar lá dentro. – o Prof. Lupin disse convicto. – Eu só não entendo como Neville conseguiu...
- ISSO NÃO IMPORTA AGORA! – Gina exclamou, irritada. Todos se voltaram para ela, pasmos. Luna nunca a tinha visto daquela maneira; seus olhos cintilavam com um brilho incomum, quase obsessivo. – Nós estamos perdendo tempo aqui! Temos que encontrar Harry!
- Mas... como saberemos qual a sala correta? – Hermione perguntou sensatamente. – Quer dizer, existem doze portas iguais por aqui, Gina!
- Dane-se! – a garota replicou zangada. – Eu vou encontrar, nem que tenha que abrir todas as portas!
- Gina... – a mulher de cabelo rosa segurou o braço da garota, que a fitou com os olhos furiosos. – Mesmo que você encontre a porta... não vai conseguir abri-la, é impossível...
- Pelo menos eu terei tentado. – Gina finalizou decidida, soltando bruscamente seu braço do aperto da bruxa.
Dessa maneira, Gina começou sua busca, abrindo todas as portas que encontrava pela frente. No começo, todos ainda estavam tão surpresos com sua atitude, que apenas conseguiram observar, pasmos, suas tentativas infrutíferas; Gina não desistia jamais, e então Luna percebeu como admirava a amiga e começou também a buscar pela porta certa. Depois disso, foi como se a força e a persistência de Gina os enchesse de esperança, e todos começaram a procurar juntos. Hermione marcou as portas com um feitiço permanente, de maneira que as portas que já tinham sido abertas não se confundissem com as demais quando a sala girava em meio à escuridão novamente. Gina já tinha aberto pelo menos umas cinco portas quando Rony, que até o momento tinha permanecido calado por todo o tempo, exclamou um ruído de surpresa.
- Você achou, Rony? – Hermione perguntou tensa. O rapaz forçou a porta, que parecia emperrada.
- Acho que sim... – ele murmurou, afastando-se um passo da porta e encarando-a pensativo. – Está trancada.
- Só pode ser essa, então. – o Prof. Lupin se manifestou. Gina passou correndo por ele, empurrou o irmão de lado e começou a forçar a porta, os olhos vidrados na maçaneta que não cedia.
- Isso... tem... que... abrir... de... algum... jeito! – ela disse, gritando um palavrão de raiva em seguida, chutando a porta, ao mesmo tempo frustrada e furiosa. Ela se virou brava para Luna. – Como Neville a abriu, Luna?
- Eu não sei, Gina... Ele apenas... girou a maçaneta! Eu tinha tentado abrir segundos antes, e não consegui e... com ele foi tão... fácil!
- Eu não compreendo! – Moody exclamou. – Como esse garoto conseguiu abrir a porta desse jeito?
- Isso tem que abrir... – Gina se virou novamente para a porta, seu tom de voz quase implorando para que ela abrisse. A garota forçou novamente a maçaneta e, exausta, encostou a cabeça na madeira. – Tem que abrir... por favor...
- Ei, olhem! – Rony, boquiaberto, exclamou, apontando a porta. Saía uma luz muito brilhante através de suas frestas fechadas, ofuscando os olhos. Gina recuou um passo, chocada, fitando a porta. Uma força muito forte parecia sair dela. Rony puxou a irmã pelo braço, colocando-se um pouco à frente dela para protegê-la, e os dois se afastaram vários passos da porta. – Está abrindo...
Primeiro, um silvo fraco, como se sussurrasse. Em seguida, um grito; apavorante, enregelante. Ultrapassava as barreiras do som e atingia até a alma. Parecia que era feito de duas vozes, e não dava para saber qual das duas sentia mais dor. Neville teve medo. Medo como nunca teve em toda a sua vida.
Aquela enorme névoa negra foi aos poucos se dissipando, como se estivesse sendo tragada por algo mais poderoso que ela. E, à medida que ela ia sumindo, Neville ia distinguindo a silhueta de uma pessoa, até que ela finalmente se tornasse completamente nítida, e a névoa tivesse desaparecido por completo.
Era Harry.
Ele permaneceu alguns segundos de pé, até que fechasse os olhos lentamente e, por fim, caísse de joelhos e alcançasse o chão.
- Não... por favor, não...
Neville correu desesperado, nem percebendo a estranheza do fato de, agora, ouvir sua própria voz e conseguir chegar até Harry. Ele se abaixou ao lado do amigo, segurando-o e virando seu corpo de frente para ele, sacudindo-o com urgência.
- Por favor, não esteja morto, Harry... por favor...
Tinha sido sua culpa. Neville nunca iria se perdoar se Harry morresse ali, em seus braços. Ele não tinha conseguido ajudar, não tinha conseguido impedi-lo de fazer aquilo... No início, Neville não tinha compreendido por que tinha sido levado até aquela sala, mas agora sabia que era para ajudar Harry, e não tinha conseguido fazê-lo. Seria sua culpa se ele morresse... sua culpa...
- Não, Harry... não morra, volta, por favor...
O corpo de Harry estava empapado em suor. Porém, ainda estava quente. Excessivamente quente até. Um filete de sangue escorria de sua testa para o chão, por baixo dos cabelos, que encobriam a cicatriz em forma de raio. Ele não poderia estar morto... não poderia... Neville continuou sacudindo-o, abaixou-se e tentou ouvir seu coração batendo, mas ele estava silencioso, seus olhos não se abriam, ele não se mexia...
- Volta... volta, vai ser minha culpa se você tiver morrido, Harry... me perdoa... volta... por favor...
Aquilo não poderia ser verdade. Neville não acreditava que Harry estivesse morto em seus braços. Ele não podia morrer. Era injusto! Depois de tudo que tinha acontecido... Ele não merecia morrer agora. Não podia... mas estava acontecendo... E a culpa era sua...
Alguma coisa envolveu o braço de Neville, despertando-o de seus devaneios. O rapaz abriu os olhos, sem acreditar. Lentamente, ele se virou e encontrou os olhos verdes de Harry. A mão dele segurava, trêmula, seu braço.
- Não é culpa sua, Neville... – ele sussurrou tão baixinho, que era difícil compreendê-lo. – Por favor... entenda...
Neville nunca tinha sentido tanto alívio e alegria na vida.
- HARRY! – ele exclamou, rindo tolamente e, sem se conter, abraçou o amigo, sentindo seu corpo trêmulo e febril. – Você está vivo! VIVO!
- Neville...
- Eu pensei que você... mas não importa, Harry, você está vivo! – Neville não conseguia parar de sorrir. Ele não percebeu que Harry parecia precisar dizer alguma coisa. – Vamos, Harry, eu vou ajudá-lo a sair daqui, você tem que ser tratado...
E ele tentou se levantar e ajudar Harry, mas o próprio o impediu, segurando-o firme pelas vestes, prendendo-o ao chão. Parecia terrivelmente sério.
- Espere, Neville. Antes, você precisa entender.
- Eu não... depois, Harry... agora você precisa...
- Não! – Harry exclamou enérgico. – Agora, Neville. Eu preciso que você me escute agora.
Neville engoliu em seco, sem compreender. Harry o fitava seriamente, como jamais tinha feito.
- Não importa o que aconteça... – ele sussurrou. – A culpa não é sua, entendeu?
- Mas...
- Você me entendeu, Neville?
Lentamente, o rapaz assentiu. Sabia que aquilo era uma promessa.
- Não foi por acaso que nós dois poderíamos ter sido os escolhidos naquela profecia, Neville. – ele continuou, urgentemente. – E mesmo que eu tenha sido escolhido por Voldemort, o que você tinha que fazer não acabava ali...
- Harry, eu não estou entendendo...
- Você vai entender logo, Neville. – ele disse com segurança. – Por enquanto, apenas preste atenção nas minhas palavras. Você fez tudo o que estava ao seu alcance. Eu tinha uma escolha, e você estava aqui para me lembrar disso. E eu fiz a minha escolha, sabendo quais seriam as conseqüências. E a responsabilidade por essa escolha, Neville, é somente minha.
- Mas...
- Prometa, Neville! Prometa que você não vai se sentir culpado por nada, que você vai entender que fez tudo que podia. Prometa!
Eles se encararam por alguns longos minutos, até que, finalmente, Neville assentisse.
- Eu prometo, Harry.
Parecia que ele tinha acabado de retirar um enorme peso dos ombros de Harry, pois todo o seu corpo relaxou imediatamente, e ele soltou um suspiro de gratidão. Ainda um pouco atordoado pelo o que tinha acontecido, Neville se deu conta de que precisava tirar Harry dali, e rápido.
- Vamos, Harry... vamos sair daqui...
Dessa vez, ele não fez objeção. Com esforço, Neville apoiou o braço de Harry por cima de seus ombros e o ajudou a se levantar. O corpo dele ainda tremia e estava muito quente. Parecia que suas pernas não queriam sustentá-lo, e Neville teve que buscar todo o resto de suas forças para mantê-lo de pé. De vez em quando, o corpo de Harry dava espasmos, como se estivesse soluçando ou se arrepiando. Ele começou a ranger os dentes, murmurando que estava frio.
- Harry, você precisa me ajudar... Consegue andar um pouco?
Ele assentiu de olhos fechados, com uma expressão de dor, sem forças suficientes para falar. Então, lentamente, os dois caminharam juntos, Neville sustentando quase todo o peso do corpo do amigo. Ele olhou à sua volta, procurando uma saída, mas não conseguia enxergar nenhuma. Sabia que tinha entrado ali por uma porta, portanto, ela tinha que estar em algum lugar. No entanto, não havia nada que destoasse daquela claridade branca.
Precisava tirar Harry dali. Ele estava vivo agora, mas não parecia estar nada bem, e Neville sabia que era sua responsabilidade ajudá-lo, fazer tudo o que pudesse por ele. Perdendo a paciência, ele finalmente gritou para a sala vazia:
- ONDE ESTÁ A SAÍDA, AFINAL?
Parecia que a sala só estava esperando pela pergunta. Uma porta, aquela mesma pela qual ele tinha entrado, apareceu do nada em meio à névoa branca. Neville apressou o passo, carregando Harry ao seu lado, temendo que a porta sumisse se demorasse um pouco mais para alcançá-la. Quando finalmente o fez, Neville estendeu a mão para maçaneta, que girou fácil e suavemente.
Uma pessoa gritou do outro lado quando ele abriu a porta.
- HARRY!
Gina não sabia se chorava ou se sorria quando a porta se abriu e, por ela, apareceu Harry, sendo carregado pelos ombros por Neville. Parecia que alguma coisa ia explodir dentro dela. A garota correu, sem se preocupar em ter esbarrado bruscamente em Rony pelo caminho. Ela só sabia que precisava chegar a Harry.
Os olhos verdes dele brilharam por um segundo antes de Gina se jogar sobre ele num abraço. Ela enterrou o rosto em suas vestes sujas e molhadas, trêmula, apertando seu corpo contra o dela para ter certeza de que ele era mesmo real. Havia seu calor, seu cheiro, sua respiração, e tudo isso era inconfundível para Gina. As lágrimas foram inevitáveis. Gina não conseguia falar. Ela sentiu um braço de Harry envolvendo-a suavemente no abraço e, então, aquela sensação tão familiar quando estava tão próxima dele a ponto de tocar seu corpo; um frio na barriga, um arrepio, uma falta de ar, as pernas bambas como se fossem feitas de gelatina. Ela ouviu ruídos aos seu redor, vozes, mas nada mais importava no mundo; Harry estava vivo. Ele estava ali, ele tinha voltado para ela... O seu Harry. Apenas o seu Harry...
- Ah, Harry... graças a Deus... – era Hermione.
- Você deu um susto na gente, cara! – Rony, parecendo mais aliviado do que jamais esteve na vida algum dia. – Por um momento...
Gina continuava segurando Harry pelas vestes, suas mãos tremendo, e então se afastou apenas alguns centímetros dele para que pudesse enxergar seus olhos. Ao seu redor, ela sabia que havia Rony e Hermione, Luna, checando se Neville estava inteiro, Lupin, Tonks e Moody mais atrás. Porém, mesmo com tantas testemunhas, ela não teve vergonha de dizer, emocionada:
- Nunca mais faça isso... Nunca mais me faça pensar, por um segundo sequer, que posso perdê-lo...
Harry não respondeu. Ele apenas fechou os olhos, exausto e, de uma estranha maneira, completamente devastado. Ele cambaleou por um segundo, e Rony apoiou braço livre nos próprios ombros, enquanto Neville continuava amparando-o do outro lado. Foi somente então que Gina notou o sangue escorria da testa de Harry. Ela se adiantou e, com a ponta dos dedos, tocou sua pele, afastando a franja de cabelos negros e extremamente rebeldes da frente da cicatriz. Os olhos de Gina se arregalaram, e ela, horrorizada, sentiu o peito comprimir-se dolorosamente. Ele abriu os olhos e pareceu notar a preocupação de Gina, pois suspirou profundamente.
A cicatriz de Harry estava aberta, como se tivesse sido feita exatamente naquele momento, e sangrava, sem parar...
- Oh, meu Deus... Harry!
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