Um pe de quê? Pé de Saci. Pe

Um pe de quê? Pé de Saci. Pe



Um pé Um pé Um pé de quê? Pé de Saci Pererê Pererê Pererê


Quando Sirius abriu os olhos na manhã seguinte, sua primeira impressão foi de confusão: o que ele fazia no mesmo quarto que Snape? O outro homem ainda dormia, ou fingia fazê-lo só para não conversar com ele, provavelmente, mas Sirius não ligou.
Levantando-se com uma disposição de causar inveja, saiu do quarto rapidamente, sem dar chance para que Snape resolvesse lhe dizer alguma coisa.
No corredor, ficou momentaneamente perdido, mas os sons vindos da cozinha o guiaram até lá.
Serenna – Sarah, ele lembrou seu pedido – já estava lá, preparando o café da manhã. Ao contrário da cozinha do Lar de Elizabeth, esta tinha todos os aparelhos trouxas possíveis, a maioria desconhecida para ele, que mal distinguia fogão, geladeira e, no máximo, um liquidificador elétrico. Por um momento, ele quis saber como ela conseguia conviver com tanto barulho… eram zumbidos de diferentes tons, e luzinhas piscando e apitos estranhos. Sarah percebeu sua chegada e lhe deu um grande sorriso, murmurando “bom dia!”, antes de continuar seu trabalho, transportando jarras de suco, travessas de bolo e outras coisas para a mesa.
- Quer ajuda? – ele perguntou, sabendo que ela preferia não usar magia o tempo todo e oferecendo suas mãos com um sorriso.
- Ah, sim, obrigada! A Lucy se ofereceu, mas achei melhor ela ir arrumar suas coisas. O nosso mensageiro logo chegará com a chave de portal e não quero que eles saiam apavorados, sem comer direito.
- Você às vezes fala como a Molly Weasley.
- Vou considerar isso um elogio. – ela piscou. E entregou-lhe uma tigela com o que lhe pareceu pãezinhos redondos.
- O que é isso? – ele perguntou, não reconhecendo o aroma convidativo.
- Pães de queijo. Os meninos adoram.
Ele tinha certeza disso, arriscando-se a pegar um, mesmo ainda quente. O gosto era realmente maravilhoso. Já estendia a mão para pegar outro, mas um leve tapa o impediu.
- Espere até estar tudo pronto, seu guloso! – o sorriso desmentia o tom zangado, e Sirius fitou-a com um misto de surpresa e encantamento.
Mas não conseguiu dizer nada, pois neste momento, um verdadeiro bando invadia a pequena sala de jantar, ou copa, como Sarah chamara, simplesmente. Seus filhos e sobrinhos logo encontravam seus lugares ao redor da mesa, seguidos por André, Susan e finalmente, Snape. A ele, Sirius sobrou somente uma opção, ao lado de Sarah, e ele pensou que não devia ser inteiramente por acaso. Ela não pareceu se dar conta disso, enquanto lhe perguntava por sua preferência para o café.

Quando ele percebeu que os meninos riam, após observarem que comera quase toda a tigela de pão de queijo, ele tentou se desculpar.
- Não se preocupe com isso, é natural. Todos se apaixonam por esse trem na primeira mordida. Devem ter enfeitiçado a receita. – ela disse, enquanto se erguia para buscar mais na cozinha.
Ao seu olhar intrigado, André comentou:
- É brincadeira dela, não tem nada enfeitiçado não. Mas todo mundo gosta de pão de queijo, principalmente por aqui. Somos mineiros, uai!
Os meninos riam e até Snape parecia sorrir, que coisa estranha de se ver. Ao seu olhar intrigado, este respondeu:
- Você vai descobrir logo, Black, que é impossível passar impune por uma casa Laurent. Eu descobri isso em minha primeira vinda aqui. E, acredite, minhas vestes não era mais tão amplas quando voltei para casa…
- Sério? – foi Sarah quem perguntou, fitando o irmão com expressão curiosa. – Não me parecia que você comia tanto assim…
- Porque você não via todos os lanchinhos que sua mãe me trazia. – ele replicou – Ainda bem que sempre fui comedido, ou teria voltado do tamanho do Hagrid.
Os meninos riram a essa afirmativa, talvez imaginando a figura que seria um Snape tão grande quanto Hagrid, mas Sirius preferiu evitar tal choque. E o café continuou com brincadeiras entre os meninos e conversa amena entre os adultos.

Eram quase oito horas, eles já haviam terminado e Sarah retirava a mesa, quando um fino assobio se fez ouvir.
- Ah, não! Ele está chegando. – Sarah exclamou, enquanto sacava a varinha, lançando um feitiço fixador sobre tudo que ainda estava sobre a mesa.
Sirius e Snape não entendiam o que estava acontecendo, mas Susan também sacara sua varinha, usando o mesmo feitiço em tudo que poderia ser movido na sala, enquanto os filhos de Sarah pulavam e batiam palmas felizes. Um redemoinho surgiu do nada, enquanto o assobio se intensificava. Quando parou, uma voz infantil e brincalhona se fez ouvir:
- Feliz em me ver, tia Sarah? – um garoto estranho, de pele escura e roupas vermelhas, um grotesco gorro na cabeça e um sorriso largo de dentes muito brancos estava agora parado em cima da mesa, tornando notório a todos que ele mantinha-se sobre uma única perna.
- Ficaria mais feliz se você descesse da mesa, Serelepe. – ela soltou um breve suspiro de impaciência, enquanto a estranha figura tomava um impulso e pulava para o chão, caindo em perfeito equilíbrio entre Leonardo e Aline, que o aplaudiram com entusiasmo.
- Muito bem, agora que você já fez o seu show do dia, onde está a encomenda do Prof. Paulo?
- Aqui. – ele estendeu a mão deixando ver um estranho utensílio de cerâmica
Sarah pegou o utensílio de sua mão e perguntou:
- O Prof. Paulo confirmou o horário de ativação?
- Sim. Às oito horas como combinado. Ele os receberá em pessoa. Agora… - o garoto deu uma piscadela travessa – Posso fazer uma boquinha?
- Claro… - Sarah deu um suspiro que tencionava ser de resignação, mas sorria divertida.
O garoto estranho sentou-se sem cerimônia e começou a comer, enquanto Aline voltava com alguns itens da cozinha.
- Hei, não tem pão de queijo? – ele parecia perplexo.
Antes que Sarah pudesse responder, Leo apontava para Sirius:
- Foi ele! O tio Sirius comeu tudo!
Sirius mal teve tempo de registrar o tratamento, pois já pulava para evitar o estranho menino de uma perna só, sacando sua varinha instintivamente, mas Sarah interveio antes que algo acontecesse.
- Serelepe, eu fiz mais, só para você. Ainda estão no forno, aguarde, sim?
- Ah, bom. Mas a chave já vai acionar. Vocês vão demorar muito?
Snape ia replicar, mas Sarah já o empurrava em direção ao quarto, dizendo que o Saci tinha razão, que estavam atrasados. Enquanto Alan, Peter e Lucy tratavam de buscar suas coisas também, Sirius indagou:
- Saci? O que é isso?
- Eu sou simplesmente uma criatura mágica excepcional, reconhecida por bruxos e até pelos trouxas como o mais fantástico ser mágico do país, representante de toda a classe mágica e até do que eles chamam de “folclore"…
- Com o talento único de causar confusão por onde passa.- Sarah retrucou, voltando à sala.
- Isso também. – o Saci ria, fingindo-se encabulado.
Sarah ergueu a mão em direção á sua cabeça, ao que ele reagiu pulando para trás, segurando o gorro:
- Tentando me pegar desprevenido? Tem que ser melhor bruxa do que isso!
- Eu não me chamo “Pedro Encerrabodes de Oliveira”! Só ia lhe fazer um “cafuné”, seu bobão! (1)
Mas o Saci não se deu por vencido e, perguntando pelos pães de queijo prometidos, aguardou que Sarah lhe entregasse seu precioso pacote e então sumiu num novo redemoinho.
- Eu nunca vou me acostumar com isso! – ela afirmou para os outros, enquanto o grupo de Hogwarts voltava de seus quartos, devidamente uniformizado.
Sirius observou logo que não estavam ali todas as casas.
- Se é uma delegação de Hogwarts – ele indagou – por que não vejo nenhum grifinório?
- Porque esta é uma viagem particular minha, não oficial. Eu convidei os meninos que, como meus tutelados legais, não precisavam de nenhuma autorização especial para esta viagem. Atualmente, não há moradores do Lar de Elizabeth na Grifinória.
- Por enquanto, tio Sev! Espere até chegarmos lá! – Leo afirmou, convicto, embora sua irmã não estivesse tão certa de ir para a casa que abrigara Harry Potter e seus melhores amigos. Intimamente, ela gostaria de estar com Lucy, na Lufa-Lufa, mas não ia dizer isso a ele, por enquanto. Não queria ferir seus sentimentos, ele ainda era tão criança!
Sarah interrompera qualquer discussão, despedindo-se dos três jovens e do irmão, apenas segundos antes do pequeño vaso de cerâmica começar a piscar em azul.
- Está na hora! Boa viagem.
- Não pegue muito pesado com o Black, dê uma chance ao homem, pelamordemerlin! – a voz de Snape ressoou em sua mente, e ela sorriu, ao retrucar.
- Por que eu seria dura com ele?
Mas ela não obteve resposta a esta pergunta, e talvez fosse melhor mesmo não saber o que seu irmão quisera dizer.
Já era difícil suficiente lidar com a presença de seu hóspede sem dar bandeira…
- Peraí! Dar bandeira de quê? – ela perguntou a si mesma, uma leve memória flutuando na superfície, a costumeira fincada na testa vindo novamente.
Só que, desta vez, pareceu mais fraca e, até… de certa forma, agradável, como um sinal de um amigo que chega. Sim, suas memórias seriam mesmo muito bem-vindas.
- Principalmente se esse homem estiver nelas, não é mesmo?
- Ora, cale-se!
Sarah retrucou em voz alta, fazendo todos a fitarem com estranheza.
- Err… desculpem, eu estava pensando alto.
Ela voltou para cozinha, resmungando algo sobre limpar toda a bagunça antes que já fosse hora de começar de novo.
De longe, Sirius a observava com uma expressão curiosa. Alguma coisa lhe dizia que ela começara a se lembrar… e que isso era muito bom.
Pela primeira vez, ele reconheceu, teria que agradecer a Snape. O Ranhoso realmente acertara, trazendo-o para a casa da irmã.

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(1) – “Pedro Encerrabodes de Oliveira” é o nome completo do Pedrinho, do Sítio do Pica-pau Amarelo, criado pelo Monteiro Lobato. Ele conseguiu tomar a carapuça do Saci, o que o tornaria um escravo seu. Mas, ao devolvê-la, ganhou um amigo muito especial.

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Gente, pra todo mundo que comentou, brigadão, viu? fico muito feliz em ver que ainda não perdi a mão, por mais maluca que a fic tenha ficado, e vocês continuam gostando.

Prometo que, se o próximo capítulo demorar muito, imito a Belzinha e posto pelo menos uma prévia no Multiply.



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