Manhã de Natal (dele)



ESCLARECIMENTO: (tôpegando urticária dessa palavra, de tanta mp no Grimm...)
Esta fic não contém spoilers do Livro 7. Seus rumos não foram alterados por nenhum acontecimento por ventura narrado pela JK em sua obra final.
Podem ler sem susto.

Aproveitando:
A todas vocês, Sofiagw, Gina W.Potter, Sô, Priscila Louredo, Pamela Back, Ana carolina Guimarães, quero dizer que fico feliz por acompanharem esse meu pequeno exercício de escrever.
Pras duas que chegaram agora, Gessy Silva e Luiza Lima, espero que também curtam os encontros e desencontros desse casal que me tira o sono.

Um beijo especial pra Tina Granger (que passa mais lá no Grimm) e me atormenta no msn pra saber quando a Serenna toma jeito, e por isso mesmo acaba ouvindo spoilers...
Um beijo especial também pra Sally Owens que adotou a Serenna com bastante propriedade.

E, claro, Belzinha, que tem pacientemente feito o papel de betha, dando conta das minhas viagens e tudo mais...
Sem a parceria dela e a ajuda considerável da Ana, a Serenna não teria ido tão longe... hehe.
(e, claro, ela me emprestou o Hector também para esse capítulo, mas consegui não fazer nenhum spoiler do Segredo de Corvinal dessa vez)

Bem, vamos deixar de papo e vamos lá, né?
Se parecer que ainda falta alguma coisa sobre o presente... desculpem, mas vai demorar um pouco mais pra vocês descobrirem...


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Siris tirou a cabeça das chamas, mas permaneceu agachado em frente à lareira, pensativo e triste, o que não passou despercebido de seu velho amigo maroto.
- O que aconteceu, Almofadinhas? – ele perguntou.
- Nada… - Sirius respondeu, dando de ombros, enquanto se erguia finalmente e caminhava até o sofá, onde se deixou cair, num desânimo indisfarçável.

Seu olhar correu pela sala, observado a cena familiar que lhe fora estranha a vida inteira, exceto claro, nos tempos em que viveu na casa de James, após terminar a escola.
Mas, lá, por mais que fosse acolhido como membro da família Potter, ainda era apenas o “amigo de James”. Agora, entretanto, estava em casa. Era seu primeiro Natal, com a sua família. Bem, pelo menos era o que restara da família Black, e pelo menos era a “parte boa” da família…

Andromeda e Ted saboreavam uma taça de hidromel e conversavam alegres no sofá em frente, Tonks dava palpite no jogo de xadrez que seu marido e seu filho tentavam terminar no meio do tapete, e agora era repreendida tanto pelos dois quanto pelas peças indignadas no tabuleiro bruxo.

Fingindo-se ofendida, mas rindo, ela foi sentar-se ao lado do primo. Ele tentou sorrir, mas não foi feliz.
- Hei, cara, o que é isso? É Natal!
- Eu sei. Ele tem esse efeito sobre mim. – ele respondeu com ar dramático.
- Ele… ou “ela”? – Tonks indagou, astuta – O que foi? Sua conversa com a Serenna não foi legal?
Sirius a fitou de forma tão amargurada, que Tonks quase se arrependeu de ter tocado no assunto. Quase, para desespero dele.
- Olha, não se preocupe. Isso vai se resolver mais cedo do que você pensa. Ela gosta de você, só não está preparada ainda para admitir.
- Gosta de mim? E nem ao menos se preocupou em me mandar um cartão de Natal?
- Quem disse? – Tonks se sentou ereta, fitando-o com ar surpreso.
- Ela deu a entender que não se lembrou, quando falei com ela ainda há pouco.

Sirius não ia falar do sentimento de exclusão que sentira, ao ver a outra sala pela lareira: Snape lendo tranquilamente, indiferente aos garotos ruidosos que corriam à sua volta. Até ele, o Ranhoso, estava lá, compartilhando uma noite de Natal com uma família. E Sirius teria dado tudo para ouvir a sugestão de apanhar um pouco mais de pó de flu e atravessar a lareira de uma vez.

Mas Tonks o despertou de seu triste devaneio.
- Ela estava planejando algo especial, tenho certeza!
- O que?
- A Serenna! Ela me procurou outro dia. Estava completamente perdida sobre o que te dar de presente. Uma pena que não tenha aceitado minha sugestão… - a auror deu um sorriso malicioso, olhando de lado para onde o marido estava.
Remus pareceu ter percebido algo em sua fala, porque perguntou de lá:
- O que você andou aprontando, Dora?
- Eu? Nada…. Só sugeri que ela lhe desse uma coleira gravada com o nome dela, como a que te dei, lembra, amor?
Remus ficou ligeiramente vermelho, enquanto seu filho olhava de um para o outro. Afinal, eram raras as vezes que se esqueciam de que tinha “uma criança na sala” e tratavam o que parecia ser “assunto de adulto”.
- Sério? – Sirius sorriu pela primeira vez, desde que tinha se sentado ali. – E o que ela achou?
- Que ia “dar bandeira”… - Tonks respondeu, revirando os olhos. – Ficar na cara, entende? Ela queria uma coisa especial, mas que não fosse interpretada por você como sendo, sei lá, uma confirmação.
- Claro. Ela não quer nada comigo mesmo. – ele novamente estava acabrunhado.
- Bem se vê que você passou muito tempo longe de tudo, principalmente mulheres, primo. – Tonks ria da sua cara confusa.
- Mas não foi o que você acabou de dizer? Que ela não queria que eu pensasse que…
- Ela não queria dar bandeira, ou seja, “se entregar”. Entendeu agora? Para mim, ela até já sabe que o contrato mágico entre você é mesmo para valer e só falta… - Tonks se interrompeu de repente e olhou para o filho, como se só agora se lembrasse de sua presença – Bem, você sabe, o terceiro passo.
- Que terceiro passo, mãe? – pronto, Hector agora ficara curioso.
Tonks pareceu desconcertada, por um minuto, mas depois respondeu, com voz séria:
- O feitiço que trouxe Sirius de volta era um feitiço de contrato mágico, muito antigo. Mas outra hora seu pai explica isso para você. Agora, já para cama!
Ela se erguera do sofá, para falar com o filho, que a fitava indignado, enquanto Remus os olhava com expressão divertida, e Sirius segurava uma risada.
Será que ninguém ainda tinha dito à Tonks que garotos de 13 anos já sabiam de “certas coisas”?

Mas Hector não estava preocupado mais com os detalhes do feitiço, e sim com a ordem aparentemente absurda da mãe, numa noite como aquela.
- Pra cama? Agora? – ele olhou para o relógio na parede – Mas, mãe, ainda é cedo! E nem falei com o Andy ainda!
- Então, chame-o agora e conversem o que seja lá que tenham para conversar e depois vá dormir. Ou Papai Noel não traz seus presentes e…
- Mãe, não sou criança! Tenho 13 anos! Sei que essa história de Papai Noel não existe.
- Meu Merlim, onde nós estamos? Um bruxo afirmando uma barbaridade dessas? – Tonks ensaiou uma cara de terror.
- Crianças ou não, todos nós queremos presentes embaixo da árvore amanhã cedo, não? – Andromeda sorria para o neto – então, acho melhor nós nos recolhermos. Está mesmo muito tarde, ou então estou ficando demasiado velha.
- Que velha que nada! Você é uma flor que desabrocha com os raios da manhã, minha querida. – seu marido exclamou, aproximando-se de forma galante e depositando um beijo estalado em sua face.
- Ted, as crianças! – ela retrucou, subitamente enrubecida.
- Onde? – a expressão cômica dele despertou risadas de todos, mas foi Sirius quem pôs fim à discussão em família.
- Andromeda tem razão. – ele disse, espreguiçando-se ostensivamente – estou cansado e, claro, espero mesmo que tenham muitos pacotes embaixo dessa árvore. Aliás, vocês ainda estão me devendo presentes dos anos em Azkaban e dos anos atrás daquele véu…
Seu olhar se tornou tristonho por uma fração de segundos, mas ele sacudiu a cabeça de um jeito charmoso e foi beijar as primas, desejando boa noite.
- Você me acompanha, “Novo Maroto”?
- Claro, tio Sirius! – Hector sorriu, fazendo a mãe olhar para ele desconfiada – Boa noite, mãe. Boa noite papai.
- Boa noite, filho. E Feliz Natal. – eles responderam praticamente em uníssono.
- Boa noite, vovô. Vovó.
- Boa noite, querido.
- Feliz Natal!

Logo, apenas o casal Lupin permanecia na sala, Remus tentando guardar as peças de xadrez que se recusavam a deixar o tabuleiro sem o jogo estar terminado.
Quando terminou, Tonks estava praticamente colada a ele, e disse, envolvendo sua cintura:
- Não temos nenhum visgo aqui… mas acho que quero um beijo de Natal assim mesmo, Sr Lupin.
- Seu desejo é uma ordem, Sra Lupin. – Remus a enlaçou também e eles se beijaram longamente, sem perceber que alguém que pensara em voltar à sala parou de repente, e sem qualquer ruído que denunciasse sua presença, permaneceu alguns segundos olhando-os com um misto de admiração e inveja.

***

Embora pensasse que não conseguiria fazê-lo, Sirius dormiu como uma pedra assim que encostou a cabeça no travesseiro. E, quando acordou, demorou alguns minutos até que se localizasse, afinal aquele não era seu quarto no Largo Grimmauld, mas o quarto de hóspedes da casa de sua prima Andromeda Tonks.
Mas um sorriso ainda rondava seu rosto. Sonhara com ela.

Sim, o velho sonho, que agora não se transformava mais em um pesadelo ridículo no final. Pesadelo era ter acordado, ele pensou, porque queria que a sensação boa daquele beijo durasse um pouco mais.
Então, lembrou-se da caixinha de música, que àquela hora já deveria ter chegado ao seu destino. Mas… e quanto a ele? Receberia alguma coisa de sua amada indecisa? Teria algum pacote com seu nome sob a bela árvore ao lado da lareira?

Impaciente como um garoto, pegou seu robe e vestiu displicentemente sobre o pijama, deixando o quarto com os pés descalços, sem ao menos perceber isso.
Já amanhecera, mas nem mesmo Hector parecia ter acordado. Claro, pensou, apenas crianças acordam praticamente de madrugada para conferir seus presentes, e Hector não era mais uma criança. Quanto a ele, não se importava nem um pouco de ser considerado com tal, se fosse pego nesse momento.
Atravessou a casa em silêncio, e em poucos instantes estava ao lado da árvore, mas ainda sem coragem para verificar os inúmeros pacotes que já podia ver.

Intimamente, receava que Tonks estivesse errada, afinal. Mas a curiosidade foi mais forte, e ele acabou abaixnado-se, ficando de joelhos em frente aos presentes, e conferirndo um por um como se fosse um menino de seis anos.
Encontrou vários com seu nome: dos primos, de Lupin, de Harry e até o que parecia o infalível pulover de Molly Weasley. Sorriu, imaginando que ela finalmente teria vencido a antiga animosidade contra ele, mas continuou procurando.

Quando já pensava em desistir, viu o pacote diferente, um papel com estampas infantis representando cãezinhos, e sorriu, satisfeito e divertido. Apenas uma mulher escolheria um papel como aquele.
Aflito para ver o que era, mas não querendo dividir a descoberta com ninguém por enquanto, fez o caminho de volta para seu quarto, onde finalmente pode fazer luz e, sentado sobre a cama, abrir o pacote.
O belo papel logo era apenas uma lembrança, completamente rasgado por mãos impacientes.
Sirius revirou a broichura em suas mãos, intrigado. O que era aquilo? Um livro? Ela lhe mandara um livro?
Abriu-o, meio contrafeito, e seu espanto foi imenso, logo na primeira página:

“Sirius,
Acho que já lhe disse uma vez o quanto você e o grupo conhecido como “Marotos” era querido pelos fãs de Harry Potter.
Mas acredito que você não entendeu bem isso, então, tentei encontrar uma maneira de lhe mostrar que você é sim muito querido.
Essas ilustrações, conhecidas como “fanarts” são feitas por fãs do eterno Maroto conhecido como “Almofadinhas”. Espero que você aprecie.

Ah, não são fotos bruxas, não se mexem.

Feliz Natal!
Serenna”



Admirado, ele passou as folhas vagarosamente, vendo uma sequência de desenhos de vários estilos, representando o grupo dos quatro amigos ou apenas ele, Remus e James, ou então ele sozinho. A última, mostrava uma cena de Natal, onde ele identificou Lilian e Tiago rindo, enquanto ele e Remus brincavam com o pequeno Harry.

Ficou longo tempo admirando esse desenho, pensando em como os tais fãs conseguiam imaginar como poderia ter sido, quando nem mesmo eles se arriscavam a isso. Uma lágrima se formou, e Sirius se permitiu chorar, pela nostalgia do que não havia vivido, se isso fosse possível de alguma forma.
Passou a página, pensando encontrar uma nova foto, mas elas haviam terminado. Na última página, apenas o desenho de uma caixinha dourada. Ao tocar o desenho, entretanto, Sirius descobriu que era uma caixa real, enfeitiçada para ficar contida no papel.
Abriu-a, curioso, encontrando uma fina corrente de ouro em seu interior. Ergueu a corrente, percebendo um pingente também de ouro: uma pequena e quadrada placa, presa na corrente por um dos vértices, onde ele pode ver gravadas as suas próprias iniciais: SB.

Revirou a placa entre os dedos, analisando-a com cuidado, mas não encontrou nenhuma outra inscrição. Pensara, por um momento, que ela tivera talvez a mesma idéia que ele e, como Tonks dissera, acabara “dando bandeira”… mas era apenas as suas iniciais, ou seja, “Sirius Black”.

Ele lhe mandara um anel com as mesmas letras gravadas, mas um olhar mais apurado teria distinguido dois “S” praticamente superpostos. Alguém menos atento talvez apenas pensasse que o “S” fora gravado com um pouco mais de força, quando na verdade, a inscrição simbolizava o casal “Sirius e Serenna Black”.

Mas não era esse o caso. Não, ela não fizera isso. Mas, pelo menos, era uma peça muito bonita e que realmente significava mais do que ela gostaria de admitir.
Sirius permitiu-se sentir que vencia essa guerra, afinal. Serenna começava a encontrar maneiras de dizer que o queria perto dela, que em breve estaria sempre perto, como lhe prometera ao tirá-lo do véu.
Satisfeito, colocou a corrente no pescoço, disposto a não tirá-la novamente, sem perceber o pequeno lampejo dourado ao prender o fecho, e caiu sobre o travesseiro, sorrindo feliz.

Adormeceu novamente, murmurando os versos da canção, a mesma canção que, em outra casa, em outro quarto, alguém escutava com ar sonhador, tocando em uma pequena caixa de música.

“On the day that you were born
The angels got together
And decided to create a dream come true
So they sprinkled moon-dust
In your hair of gold
And starlight in your eyes of blue
That is why all the girls in town
Follow you all around
Just like me, they long to be
Close to you”




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