Sem cerimônia



(ou "Sem contar o santo nem o milagre")

O jovem olhou para o homem à sua frente, sem saber o que pensar da proposta que ouvira. Proposta não, pedido. A coruja no meio da tarde fora uma surpresa, seu remetente e o conteúdo da mensagem, um choque.
E ali estavam eles, sentados em um pub ao final da tarde, brincando com seus respectivos copos sem dar nenhuma importância à bebida contida neles. O silêncio já começava a incomodar, quando o rapaz resolveu dizer alguma coisa:
- Me perdoe a franqueza, mas não vejo em que isso poderia ajudar.
- Se não ajudar, atrapalhar também não vai. O que você tem a perder?
- Eu? Nada! Mas ela não vai gostar de saber que participei disso, sem avisá-la.
- Ela sabe de todos que passam pela sua...
- Academia. – o rapaz falou.
- Sim. – o homem se aproximou por sobre a mesa – Ela precisa saber de todo mundo que passa por lá?
- Não, não precisa. Mas é que muitos dos que passam por lá são seus conhecidos ou amigos de seus amigos. Como você teria certeza de que nenhum deles contaria a ela?
- Mas não tem nenhum horário que isso não possa ser um risco?
O rapaz coçou o queixo, pensativo, mas acabou sorrindo, depois de alguns minutos:
- Olha, acho que podemos dar um jeito sim. Eu vou remanejar algumas pessoas, aí poderemos ficar tranquilos. Quanto ao segundo favor, é mais tranquilo, lá eles não vão, tenha certeza, não é algo que possa atrair algum deles, não é?
- Concordo. Seria... “cultura inútil”... – o homem riu ao se lembrar do termo usado por uma velha amiga, muitos anos antes.
- Vai ser bem mais fácil, e acredito que conseguiremos nosso objetivo em pouco tempo, porque parece que vocês têm uma facilidade natural para isso. Mas esqueça o resto, já vai ser demais pra mim, cara! Eu me sentiria muito... desleal com ela fazendo isso...

O homem ia replicar, mas ao invés disso, soltou um longo suspiro de desânimo, passando a mão pelos cabelos longos e meio revoltos. Enquanto pensava em um bom argumento para convencer o rapaz em seu plano ousado, começou a ouvir um som insistente e irritante.
O rapaz sorriu, sem jeito, enquanto tirava algo do bolso: um celular:
A conversa foi breve, entre exclamações de surpresa, risadas e comentários ora irônicos, ora preocupados. Por fim, o rapaz desligou e voltou-se para seu companheiro com um sorriso largo:
- Cara, você está com sorte! Encontrei a pessoa ideal pra te ajudar. Ele acaba de chegar a Londres, e está vindo para cá. Ele vai resolver nosso problema, tenho certeza!
O homem fitou-o, curioso. De quem estaria falando?

Em menos de meia hora, teve sua resposta: um homem louro, de cabelos quase tão longos quanto os seus, e olhar curioso, trajando um jenas surrado e casaco de couro, entrou no “pub”, indo direto até eles. Abraçou o rapaz efusivamente e, quando este o apontou, virou-se para ele, estendendo a mão sem qualquer cerimônia e se apresentando num inglês carregado de sotaque:
- Olá. Sou o Murilo. Muito prazer.


=====================

Gente, capítulo curtinho, só pra dar um prenúncio do que vem por aí.
ah, editei algumas partes dos capítulo 6 a 8, tá? pra ficar mais clara a questão do "contrato mágico"...

Em tempo: o título foi sugestão da minha irmã Malu, que praticamente betou este capítulo por telefone.
(Sim, desta vez é inédito até pra Belzinha! hihi... Regina sai correndo antes de levar um feitiço...)

e quem quiser saber quem é o novo personagem... vai ter que ler "O Paciente Inglês"!
(e só pra ajudar um pouquinho, imaginem o Sawyer de "Lost" uns dez anos mais velho... só não deu pra colar a foto dele aqui...)




Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.