Nos Embalos dos Marotos



Gente, depois de muitos dias de muito sol, mas de pouca inspiração... consegui acertar os detalhes de mais um capítulo.

Depois de uma bethagem relâmpago da Belzinha e duas revisões minhas... se tiver passado algum errinho ainda, me perdoem!

estou fazendo um malabarismo pra editar o capítulo antes que o feb caia de novo... então, me desculpem os que lerem antes que eu termine de por tudo no lugar, ok?

ah, no finalzinho, o link para o video no Youtube (que eu tinha posto no capítulo anterior), assim vocês podem assistir ao mesmo tempo que o Sirius...

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Nos Embalos dos Marotos

- Sirius, venha agora, se quiser vê-la. Ela está aqui.
- Hein? – Sirius olhou assustado para a lareira. Estivera completamente concentrado na leitura da revista “O Pasquim”.
Harry – ou melhor – a cabeça de Harry se agitava em meio às chamas verdes. Ele parecia excitado e também estar com medo que alguém o visse se comunicando com o padrinho, pois falava meio sussurrado.
- O que aconteceu, Harry? – Sirius se aproximou.
- Pegue o pó de flu e venha pra cá, agora. Ou aparate se preferir. Serenna está aqui!
- Mas o que ela está fazendo aí? – Sirius perguntou, mas o afilhado já sumira e as chamas da lareira voltaram à cor natural.
Encafifado, pois não imaginava porque Serenna Snape estaria visitando os Potter sem mais nem menos, levou a mão ao pote de pó, pegou um punhado e jogou na lareira, exclamando:
- Casa do Harry!

Uma pequena nuvem de fuligem formou um redemoinho na sala de estar de Harry Potter, e dela emergiu seu padrinho, Sirius Black.
Mas sua chegada, aparentemente, só foi percebida pelo próprio Harry, que apontou para o canto oposto da sala, em silêncio.
Foi então que Sirius a viu. Sentada ao chão, de pernas cruzadas à maneira turca, de costas para onde Sirius e Harry estavam, ela conversava animada com um homem negro, que aparentava ser da idade de Harry e tinha os cabelos trançados, caindo até os ombros.
- Quem é ele? – Sirius perguntou.
- Andrew, o irmão trouxa dela..É casado com uma de minhas colegas de Hogwarts, a Susan Bones. E, atualmente, dá aula de capoeira para os aurores.
- Capoeira? – Sirius admirou-se. Já ouvira falar desse esporte originário das senzalas brasileiras, mas nunca imaginara que um dia poderia ver bruxos aprendendo a praticá-lo.
- O Quim achou que seria bom para o condicionamento físico e também para melhorar os reflexos.
- Mas o que ele está fazendo? – Sirius observou que o rapaz puxava o que parecia serem fios elétricos da parede
- Ele é perito em instalações elétricas e está ficando muito bom em adaptar parafernália trouxa em casas com isolamento mágico, como a minha. Conseguiu até recuperar a fiação antiga e restaurar o fornecimento de energia elétrica, pelo menos aqui na sala. Claro que a Sarah teve que dar uma ajuda com alguns feitiços e contrafeitiços, mas parece que conseguiram e tudo vai funcionar bem.

Os dois conversavam aos sussurros, mas Serenna percebeu e voltou-se ligeiramente, curiosa. Ao reconhecer o visitante, soltou um suspiro de exasperação, e voltou a atenção para o que fazia, como se ele não estivesse lá.
O cabelo solto teimava em cair no seu rosto, então, num gesto impaciente, ela o enrolou e prendeu com a própria varinha, fazendo Sirius sorrir e Harry comentar, aproximando-se dela:
- Ainda bem que Moody não está aqui... Era capaz de lhe fazer um belo sermão sobre as regras de segurança no manuseio da varinha!
- Mesmo? – Serenna apenas levantou os olhos e o fitou. Então, olhou ligeiramente para Sirius e disse a guisa de cumprimento - Não o vi chegar, Sr. Black.
Sirius ia dizer algo, pois tinha certeza de que ela mentia, mas Harry segurou seu braço e ele engoliu as palavras. Tinha que seguir o conselho que Lupin lhe dera, ainda na véspera: ir com calma.
Serenna deu um meio sorriso e se voltou para o irmão:
- E então, André? Já podemos testar?
- Um segundinho só. É o último cabo. – o rapaz sorriu para a irmã e, ao ver o visitante, olhou de um para o outro por alguns segundos, antes de dar de ombros e continuar o trabalho.
Serenna percebeu que ele já desconfiara de quem era o visitante. Ele já sabia de sua participação no resgate do bruxo preso no véu do Departamento de Mistérios. E rira há poucos minutos, quando ela comentara que podia contar nos dedos os minutos que faltavam para ele aparecer, pois percebera o movimento furtivo de Harry na lareira.

Os bruxos à sua volta, todos amigos do velho maroto, pareciam empenhados numa campanha para aproximá-los, como se achassem que podiam brincar de Cupido... E ela estava até se divertindo com isso, continuando a fingir-se de desentendida.
Era uma guerra de nervos, entre ela e Black, em que não imaginava quem sairia vencedor.
Ela ficaria surpresa se, como seu outro irmão, pudesse usar legilimência nesse instante: Sirius pensava praticamente a mesma coisa: se ela teimava em guerrear com ele, ele faria seu jogo, e veriam quem venceria aquela doce guerra!
Ele, pelo menos, tinha um trunfo: na noite anterior, Lupin lhe fizera uma grande revelação. Então, sua vitória era só questão de tempo...

***

- É o que estou dizendo Sirius. O feitiço de sangue que fizemos pra tirar você do véu era um contrato mágico.
-- Eu sei que feitiços de sangue são geralmente ligados a contratos mágicos indissolúveis, Remus. O que eu não entendo é como alguém aceita fazer algo assim sem saber as conseqüências! Eu perguntei a ela se sabia o que estava fazendo... e ela me respondeu que sabia o que precisava ser feito... Por Merlim, eu devia ter entendido. Ela não sabia!
Lupin o fitara, com ar desolado. Balançando a cabeça como quem se arrepende de alguma coisa, explicou:
- Reconheço que devia ter sido claro com a Serenna. Mas, no dia em que nos reunimos com todas aqui, quando as outras questionaram o porque dela estar participando do ritual de sangue, não fui muito claro, porque pensei que seu constrangimento era por não querer admitir os seus sentimentos na frente de pessoas praticamente estranhas para ela.
- Mas não tem como o Snape não ter entendido o fundamento do feitiço. Qualquer outro poderia pensar que era algo simples e sem perigo, não o Ranhoso! Como não disse nada a ela? Como deixou a irmã selar um contrato mágico de casamento bruxo sem dizer nada?
- Ah, isso você vai ter que perguntar a ele, porque eu também não imagino.
- Nem brincando!
Os dois amigos riram, balançando a cabeça. Questionar as ações de Snape era algo temerário, sem dúvida. Mas não conseguiam atinar de suas razões para esconder algo tão grave da irmã.
- Você tem mesmo certeza de que ela não sabe?
- Tenho. Serenna não é de fugir aos compromissos. Pelo contrário. Não agiria como se tudo fosse apenas um pequeno favor que lhe fez. Teria procurado você e “posto as cartas na mesa”.
- Então... ela não sabe mesmo que sua gota de sangue naquele cálice e o beijo que trocamos selou um compromisso mágico? Um casamento bruxo?
- Tenho certeza absoluta disso.
- Então, agora sou cunhado do Snape. Grandes possibilidades, hein?
- Por favor, Sirius, não reacenda velhas questões.
- Calma, só estou brincando! Quanto mais longe dele eu ficar melhor, ainda não engoli essa história toda de mudança dele... A única conclusão que eu posso tirar é que ele não vai facilitar as coisas pra mim, por isso não contou nada a ela.
- Pode ser. Ele chegou a entrar na mente dela, a ver os sonhos que ela tinha com você, e então me deu razão.
- Humm... essa história dos sonhos, ainda é confusa. Ela sonhava comigo, eu sonhava com ela... e passamos a vida inteira longe, sem ao menos imaginarmos a existência real um do outro.
- Coisa de... “contos de fadas”, como diriam os trouxas.
- Eles não fazem idéias de que tipo de peste sejam as fadas.
- Pois é.

***

- Prontinho, mana. Tudo “nos trinques”.
- Ótimo. Você é craque nisso mesmo!
- Posso deixar o resto por sua conta? Tenho uma turma pra dar aula daqui a pouquinho.
- Pode sim, eu dou conta do resto.
- Tem certeza?
– ele fez um gesto quase imperceptível em direção a Sirius Black.
- Sim – Serenna sorriu – Dele também.
- Então, tá.
– André caminhou até ela e beijou-lhe o rosto – Tchau, Sarah.
André sorriu ao perceber que os bruxos não haviam acompanhado o diálogo em português, mas a irmã apenas deu de ombros. Pegando suas coisas e colocando numa mochila, foi até Harry e disse:
- Minha parte está terminada, agora é com a Sarah.
Enquanto Sirius levantava a sobrancelha, intrigado, Harry sorria para o “técnico” e o conduzia até a porta, comentando algo sobre as aulas de capoeira e mandando lembranças a Susan Bones.

Sirius aproximou-se de Seenna, sentando-se a seu lado no chão, indagou:
- Por que ele a trata por Sarah?
- Porque é o meu nome. Quer dizer, é o nome pelo qual ele me conhece, desde criança. Minha família ainda me trata por Sarah. Até o Severus, de vez em quando, troca os nomes. Ele também me conheceu como Sarah, afinal de contas.
- Interessante. – ele voltou a atenção para o pequeno bloco que parecia feito de plástico, nas mãos dela. – O que é isso?
- Um controle remoto. Liga o aparelho e controla as funções. Assim – ela apontou-o para o fino aparelho ao lado do que Sirius já sabia ser uma TV e, quase instantaneamente, uma imagem surgiu.
Harry veio se juntar a eles, curioso, e Serenna explicou:
- Quando eu soube que sua mãe tinha levado seu pai e os amigos para ver esse filme, achei que você gostaria de assistir. É uma forma de saber um pouco mais sobre eles, sobre o que gostavam de fazer. E pensei que... você e Lupin também gostariam de rever...
Ela olhava agora para Sirius, de repente imaginando que talvez tivesse feito uma besteira. A lembrança poderia ser dolorosa, ao invés de agradável. Sirius entendeu seu olhar e tranqüilizou-a:
- Vai ser muito bom, sim. Fique tranqüila. Vamos poder lembrar daqueles tempos e contar muita coisa pro Harry. Histórias de antes dele nascer, que ainda não tivemos tempo de compartilhar. O ar de bobão que James assumiu, inclusive, a partir do momento em que soube que seria pai...
Ele sorria, mas tinha o olhar enevoado pela saudade dos amigos, e Serenna nesse instante se sentiu mais próxima a ele. Ela também perdera entes queridos e a saudade doía bastante ás vezes.
Sem se dar conta, pegara sua mão e apertara, como se quisesse amenizar a saudade dele, e comentou:
- Eles estavam junto a você o tempo todo, lá no véu. Devem estar sentindo sua falta, agora.
Sirius piscou, surpreso. Sim, lembrava-se de James e Lílian ao seu lado, despedindo-se dele, antes que aquela mulher o beijasse e o trouxesse de volta.
Sirius ia dizer alguma coisa, mas a própria Serenna quebrou a magia do momento, soltando sua mão e voltando a mexer no tal controle remoto.
- Agora é só “dar play” e... voilá!

O som de uma música animada invadiu a sala, enquanto na tela a imagem de um homem caminhando no ritmo da música surgia, apenas seus pés focalizados. Era o início do filme.
- Vocês querem ver agora, de uma vez, ou preferem esperar que Lupin chegue, para verem juntos?
- Você... vai ficar para fazer tudo isso funcionar? – Sirius perguntou, arrependendo-se imediatamente ao ouvir a resposta.
- Ah, não. Eu não posso. Tenho que ir. Harry, vou ensinar você a mexer com essa “tralha” toda, mas qualquer problema, pode me chamar, ou a Ana, ou a Hermione. Acredito que mesmo ela já deve estar familiarizada com esses equipamentos novos. Quando morou com seus tios, você chegou a operar vídeo cassete?
- Claro... – ele riu. O tempo na casa dos Dursleys era apenas uma lembrança vaga, agora – Foram poucas vezes, mas eu acho que ainda lembro de como era.
- Então é fácil, não tem segredo. Só está um pouco mais sofisticado, temos novas opções.
Ela mostrou a ele passo a passo: parar o filme, voltar, avançar, ligar e desligar, abrir para retirar o filme, como manuseá-lo, tudo com a mesma paciência que empregaria com uma criança.
- Aqui, tem outro DVD. Este é do último show gravado do conjunto que canta a trilha sonora. Os Bee Gees. – ela olhou de um para o outro, e pareceu pensar melhor – Vamos fazer o seguinte. Vou colocar esse para vocês irem assistindo, até Lupin e os outros chegarem.
- Os outros?
- Sim. Você acha que Arthur Weasley vai saber que tem um aparelho trouxa completamente novo em sua casa e não virá pra cá num piscar de olhos? Se não fizer isso, não é o Arthur que conheço dos livros!
Harry entendeu o que ela quis dizer e concordou, rindo. O sogro não ia querer perder essa. Enquanto ele convocava a todos pela lareira, ela começou a assistir o show, acompanhada por Sirius, que aproveitou para aprender a mexer naquelas coisas de trouxa também (uma boa desculpa para mantê-la ali por mais algum tempo).

Quando Lupin e Tonks chegaram – os primeiros de um grande grupo de curiosos – eles ainda estavam sentados no mesmo lugar. Lupin olhou para o amigo, que lhe sorriu, e pensou que talvez as coisas estivessem começando a ficar mais fáceis para ele.

Ou talvez não.

Assim que todos já estavam chegando, Serenna se ergueu, ajeitando-se logo.
- Gente, preciso ir. - Ela sorriu – Harry, tem uma vaga pra mim na próxima viagem de flu?
- Claro, Serenna, mas... você não pode mesmo ficar? – Harry ainda insistiu, enquanto mais uma leva de cabeças ruivas saía da lareira.
- Não, infelizmente, não. Bem, já vou indo. Boa noite a todos. Divirtam-se!
Ela correu os olhos pela sala já lotada de Weasleys, ruivos ou não, se despediu de todos com um aceno, mandou um beijo pra Ana e seu bebê e, ao fitar Sirius, por último, apenas sorriu e entrou na lareira.

***

- Mas como ela consegue essas coisas? Não está sob o feitiço de restrição que todos os outros nascidos trouxas estão?
- Bem... ela não é uma “nascida trouxa”, você sabe...
- Ah, mas viveu entre os trouxas por três décadas! Deveria ter passado pela “triagem” do Ministério da Magia.
- E vocês já foram ao Lar de Elizabeth, não foram? Como aquela parafernália trouxa funciona tão bem por lá?
- Ora, a casa era de trouxas antes, foi só restaurar a fiação, fazer umas ligações a mais, e o outro irmão dela, o trouxa, é um perito, vocês sabem.
- Ah, sim, Andrew Laurent. Tinha me esquecido. Foi ele quem veio aqui com ela, para ajudar a instalar e ver se ia funcionar direito. Harry disse que foi preciso isolar uma área sem magia, pra poder instalar essas coisas aí – Rony apontou para o conjunto de TV e DVD que parecia extremamente deslocado na sala.
- Ah, , eles fizeram aqui as mesmas adaptações que foram necessárias lá. Trabalharam nisso a tarde inteira, mas só foi possível, porque essa já foi uma casa trouxa.
- Mesmo assim... – Rony sacudia a cabeça, ainda incrédulo e desconfiado.
- O que você acha, Ana?

- Hein? – Ana, que não prestava atenção à conversa, olhou para os amigos procurando entender do que falavam. Rony e Hermione, os gêmeos, Harry, Gina e Sirius e também Lupin e Tonks e o casal Weasley conversavam animadamente.
Na verdade, eram dois grupos distintos. Os quatro primeiros discutiam alguma coisa acaloradamente, enquanto os outros assistiam ao filme “Os Embalos de Sábado à Noite”, já pela segunda vez, comentando alguns trechos com animação, enquanto o patriarca dos Weasley revirava o controle remoto nas mãos com evidente entusiasmo (tanto que já paralisara o filme pelo menos umas duas vezes, fazendo Ana balançar a cabeça, divertida, enquanto o acudia e punha tudo pra funcionar novamente). Molly Weasley olhava a tudo, admirada com tanta novidade e levemente irritada pela velha mania do marido

- A sua amiga Serenna. – Rony falou -Nós queremos saber como ela consegue essas coisas de trouxa... e como tem acesso a informações dos trouxas sobre... você sabe, sobre nós... se todos que têm conhecimento dos livros no mundo mágico sofrem um feitiço de restrição.
A curiosidade dos cunhados não a surpreendeu. Na verdade, ela mesma já se perguntara a respeito. Mas Rony parecia o mais curioso:
- Lembra quando Sirius voltou? Ela falou daquela tal de inte... inte...
- Internet – Hermione completou.
- Isso – Rony assentiu com a cabeça – Aquelas coisas que ela falou, de histórias que as pessoas inventam sobre Harry e sobre o Sirius também.
Ana fitou a todos. O filme terminara, por isso, agora também os outros acompanhavam a conversa e aguardavam sua resposta, curiosos.
- Bem... eu não sei direito. Mas a Hermione pode estar certa. Serenna não é uma nascida trouxa. É uma mestiça e... uma Snape.
- O que ser uma Snape tem a ver com isso? – Harry questionou, estranhando sua resistência em falar no assunto.
- Humm... – Ana se remexeu na poltrona, pedindo mentalmente que Carlinhos voltasse logo à sala, mas percebeu que teria que responder – Vocês nunca perceberam que Snape não sofre influência alguma desse tipo de feitiço? Talvez a irmã tenha a mesma proteção. Um efeito defensivo da oclumência, quem sabe?
- Ela é oclumente? – Hermione indagou, mais curiosa – Você conseguiu ensinar isso a ela, Remus?
- Eu? – Lupin foi pego de surpresa – Não, não eu, com certeza. Mas Snape pode tê-la ensinado. Ou então é dom natural mesmo, como a Tonks mudar sua aparência sem precisar de feitiços de transfiguração.
Harry sorriu, concordando:
– Você pode ter razão, sim. Eles têm uma espécie de telepatia também, já os vi chamando de “luz roxa” ou algo parecido...
Mas Gina parecia ter outra idéia:
- Sei lá, ela me parece meio maluca...
- O conjunto que canta a trilha do filme, vocês já conheciam? – Ana perguntou, mudando de assunto bruscamente.
- Os Bee Gees? Mamãe também adora as músicas deles – Hermione respondeu, sorrindo ao se lembrar da mãe. – E ela os acha uns... gatos. Papai morre de ciúmes.
- Você também é fã deles, Ana? – Lupin perguntou.
- Eles não são exatamente do “meu tempo”, mas... as músicas deles são muito boas, marcaram gerações e... eles são mesmo uns gatos, principalmente o Barry – Ana comentou com expressão divertida.
- Ah, é? Com quem ele se parece, você pode descrevê-lo? – Gina queria saber, curiosa.
Ana sorriu, disposta a brincar um pouco:
– Deixe-me ver... Alto, cabelos mais compridos, barba... um sorriso de derreter um iceberg e uma voz... ai, que voz!... – ela adotou comicamente uma pose de quem parecia suspirar pelo cantor.
- Deixa o Carlinhos ouvir você, cunhada, vai ficar bravo, hein? – George gracejou
- Ah, você está descrevendo o Sirius! – Fred atalhou – Mas ele não é um gato, é um cachorro!
Todos riram, enquanto Sirius e Lupin se encaravam por alguns instantes, como se ambos tivessem a mesma lembrança.
- Então foi isso que... – Lupin começou a dizer, mas parou a tempo. Todos o olharam, curiosos, mas ele emendou – Soube que um novo conjunto vai fazer uma versão bruxa das músicas deles, não é mesmo, Tonks?
- Ah, sim. – a auror confirmou – Minha amiga Myra que me contou. Ela será empresária deles, como é das Esquisitonas. O Myron está dando a maior força pra esse conjunto novo, são amigos antigos dele que só agora resolveram se juntar pra cantar profissionalmente. Tem um estrangeiro no meio, mas eu não o conheço ainda.
- Sirius, a Serenna continua gelando você? – Fred perguntou de repente, com ar malicioso – Notei que nem se despediu direito...
- Fred! – Gina estava envergonhada com a falta de tato do irmão.
- Deixa Gina, eu não ligo – Sirius disse, apaziguador, mas triste – Todo mundo sabe que ela está me evitando. Mas não se preocupem com isso. – Ele abriu um sorriso de antecipação – Isso é só uma questão de tempo. Não tenho pressa...
Ana o olhou com interesse. Não tinha pressa? Ela não precisava de nenhum poder especial para perceber o quanto Sirius estava ansioso por viver a vida intensamente, agora que recuperara a liberdade em todos os sentidos. Sua repentina demonstração de paciência e resignação soava tão falsa quanto... imaginar Snape dançando frevo!
O que o animago estaria tramando? Tudo levava a crer que tinha uma estratégia formada, para se aproximar da sua “salvadora”. Talvez ele já soubesse sobre o significado total do feitiço de sangue que o trouxera de volta e isso o tivesse deixado mais confiante.
- Será? – ela pensou consigo - Será que Remus já contou, por isso ele está tão tranqüilo?

Harry pusera o DVD do show, arrancando aplausos zombeteiros dos amigos por já saber mexer com “aquelas coisas esquisitas”. Quando o conjunto apareceu no palco, Ana foi solicitada a identificá-los corretamente. E ela mostrou quem era Barry Gibb.
- Ah, mas eu sou mais bonito que esse cara, com certeza – Sirius disse logo
- Ah, porque você não o viu mais novo! Era muito, muito bonito mesmo... Mas a idade chega pra todo mundo, né? – Ana retrucou – Uns mais, outros menos... mas ninguém escapa da ação do Senhor Chronos...
Todos riram e trataram de prestar atenção na apresentação. A seqüência de músicas, algumas bem animadas, outras mais melancólicas, agradava a todos. Até Molly já se rendera aos “encantos” do trio e se deixava embalar pelo ritmo das canções, mexendo-se como quem dança discretamente, sob o olhar admirado do marido.

- “... And how can you mend a broken heart? How can you stop the rain from falling down?”

A voz do cantor arrancava suspiros e gritinhos da platéia, que renderam uns comentários divertidos dos bruxos, mas Sirius não ouviu, atento à música.
Por Merlim, era exatamente como se sentia. Um homem partido, precisando de alguém que lhe colasse os pedaços novamente.

Alguém, não. Ela! Somente Serenna Snape seria capaz disso.
E ele teria que dar um jeito de fazê-la perceber que, mais do que um contrato mágico, um casamento bruxo indissolúvel, eles tinham um amor para compartilhar, e esse amor fora capaz de tirá-lo do véu, porque era a única força capaz de fazê-lo viver novamente.

And how can you mend a broken heart?
How can you stop the rain from falling down?
How can you stop the sun from shining?
What makes the world go round?
How can you mend this broken man?
How can a loser ever win?
Please help me mend my broken heart
and let me live again.


Link pra música:
http://www.youtube.com/watch?v=ovASg2ewwMw&mode=related&search=


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