Damas Convocadas (editado)

Damas Convocadas (editado)



Aquela parecia uma estranha reunião de mulheres... Ana, Tonks, Gina, Hermione, Molly, Minerva e, completando o grupo de sete, Serenna.
Reunidas em torno da mesa da sala de jantar da casa dos Lupin, elas se entreolharam, curiosas. Lupin convocara aquela reunião, sem dar nenhum detalhe. E, além dele próprio, o único homem presente, e pelo visto a contragosto de ambos, era Snape.
Lupin o olhava de vez em quando, desconfortável. Snape respondia seu olhar com uma sombra da antiga animosidade. Serenna olhava de um para outro e depois para suas companheiras, apreensiva, pois tinha certeza de que o assunto seria um só: Sirius Black.

Lupin raspou a garganta, chamando a atenção de todas sobre si, antes que a conversa inicial se transformasse em algum assunto interminável sobre crianças ou qualquer outra coisa comum quando tantas mulheres estavam juntas em um lugar tão pequeno.
Elas emudeceram, prestando-lhe atenção, com expressões em que variavam os graus de curiosidade e expectativa, que se acentuou ao verem que ele abria nada mais nada menos que o Livro de Fausto sobre a mesa.
- Pedi que vocês estivessem aqui, porque tenho um pedido a fazer. – Lupin começou – Preciso da ajuda de todas vocês... ou melhor, preciso pedir a vocês que realizem um ritual deste livro.
- Mas este livro só contém rituais de sangue e de morte! – Minerva exclamou, aturdida. Você mais do que ninguém sabe o quanto são perigosos.
Antes que as outras também começassem a expressar sua perplexidade, Lupin continuou firme:
- Sim, você tem razão, todos são rituais de sangue, mas nem todos são de morte. Um deles foi responsável pelo ressurgimento de Lord Voldemort, contando com o sangue de Harry, se todos se lembram. – ante o movimento afirmativo de que todos sabiam do que ele falava, Lupin continuou. – Era um ritual em que o sangue do inimigo era exigido à força, para compor um novo corpo. Este, entretanto, é diferente. Pede o sangue de amigos e inimigos – e ele olhou para Snape – mas dados de bom grado para fazer retornar alguém que passou pelo véu da morte e, contudo, continua vivo.
- Você quer dizer... Sirius Black? – Ana perguntou, espantada – Isso é mesmo possível?
- Sim. Eu consegui traduzir os versos confusos e descobri que precisamos basicamente de doze gotas de sangue para executar o feitiço de retorno.
- Mas somos apenas nove aqui... – Minerva retrucou – E porque você só chamou a nós? Harry e Rony, por exemplo, assim como outros membros da Ordem, se alegrariam em poder ajudar, com certeza.
- É um feitiço muito especial, Minerva. Será preciso inclusive a ajuda de Hagrid, porque uma gota de sangue em especial talvez apenas ele possa recolher.
- Não estou entendendo... envolve novamente animais... como os testrálios? – só de recordar os relatos de Rony e Harry sobre o sangue encontrado no arco do véu já causou mal estar a Ana, já no final de sua gravidez.
- De um animal sim, mas não um testrálio. – Lupin sorriu – É um ritual de vida, lembre-se, os testrálios são ligados à morte, não à vida.
Os murmúrios entre elas recomeçaram, mas um gesto decidido de Snape as silenciou como se fossem uma turma de primeiranistas.
- Senhoras, se vocês não deixarem que Lupin explique, nunca saberemos o que tem que ser feito.
Um aceno e um breve sorriso foi o único sinal de agradecimento que Lupin emitiu para Snape, antes de retomar a palavra com maior segurança.
- Para este ritual, é necessário que amigo e inimigo se unam para chamar o ausente. No caso, eu e Snape... já que é o único ... inimigo de Sirius que conhecemos.
- Parece que tenho a honra de ostentar tal título... – Snape não conseguiu evitar o sarcasmo, e Serenna o fitou de cenho franzido, mas ele lhe sorriu tranqüilizador.
- “Sangue de inimigo e amigo se misturam para que a harmonia seja estabelecida” seria a tradução mais simples desse trecho do ritual. – Lupin elevou a voz – A amizade sem barreiras de dois animais e o respeito de um servo... Aí, temos uma dificuldade.
- Qual? – todas perguntaram praticamente em coro.
- Monstro, o elfo da família Black, talvez fosse o único servo possível... e mesmo que estivesse vivo, duvido que contribuiria de bom grado.
- Dobby não atenderia? É um elfo liberto, mas trabalha para Harry, que é afilhado de Sirius. De certa forma, é da família. – o raciocínio rápido de Hermione renovou a esperança do grupo que já se mostrava desanimado.
- Claro! Ele atenderá com prazer a qualquer pedido que possa significar a felicidade de Harry – Gina completou – Quer que eu o chame e pergunte a respeito?
- Sim, por favor.

Atendendo ao chamado imediato da Sra Potter, o elfo surgiu entre eles, sorrindo e perguntando em que poderia ser útil. Lupin explicou a situação e, como esperado, o elfo se prontificou, feliz por ajudar.
- Amigo, inimigo, servo. Já temos três. Você disse: dois animais? – Hermione perguntou.
- Sim. Animais que tiveram algum convívio com ele e possam reconhecê-lo como amigo. Pensei em Bicuço e – ele olhou para Hermione – Bichento. Ele ajudou muito a Sirius no período que ficou escondido em Hogwarts procurando por Rabicho.
- Eu me lembro desse fato. Você tem razão. Aquele gato era amigo dele. – Snape informou.
- Para isso você precisará do Hagrid, com certeza. Já não é fácil tirar uma pena de um hipogrifo, quanto mais uma gota de seu sangue. – Tonks observou.
- Com eles temos cinco gotas. Para doze faltam... – Gina começou, mas Lupin já concluiu rapidamente.
- Sete. Sete bruxas, para ser exato, e é aí que vocês entram. Ligadas por laços familiares, de amizade e admiração, vocês são as bruxas escolhidas pelos vínculos de afeto.
- Entendo que nós todas - Molly abrangeu as quatro mulheres mais próximas com um gesto amplo – temos nossa ligação com Sirius Black. Tonks é prima, as meninas o conheciam e podem se considerar amigas. Minerva foi sua professora Eu tinha pequenas diferenças com ele, mas eram dias difíceis aqueles... Mas, Ana e Serenna não o conheceram. Como poderão ajudar? Que vínculo têm com ele?
- Eu ficaria muito feliz em ajudar Sirius Black, sem sombra de dúvida! – Ana exclamou – Um dos meus pesares é não ter chegado aqui a tempo de conhecê-lo, podem acreditar!
- Mas... e a Serenna? – Gina olhou para a irmã de Snape, com curiosidade – Por que está aqui? Que motivos teria para ajudar Sirius?
- Ah, o maior de todos! – Lupin disse, sorrindo, fazendo com que Serenna corasse intensamente e o fuzilasse com o olhar. Mas ele não se deu por vencido, e explicou – Serenna tem poderes especiais que, somados aos de Ana e Gina, e com a contribuição de todas vocês, permitirão que ela entre no véu e encontre Sirius.
- Entrar no véu? Você não me contou esta parte! – agora era Snape quem retrucava com fúria, vindo até onde Lupin, que ergueu-se para encará-lo.
Todas olharam dele pra Lupin e depois para Serenna. Ela Fora até o irmão e segurava seu braço, pálida ao extremo, mas quando falou, tinha a voz firme:
- Severo, eu sei que sou eu quem tem que fazê-lo e porque. E você também sabe. Estou assustada com tudo isso, mas confio no poder de todos vocês pra me socorrerem se algo der errado...
- Se algo der errado? – ele continuava completamente transtornado, fato completamente novo pra a maioria delas. - Estamos falando do véu da morte, que bruxo nenhum da atualidade sabe como funciona!
- Severo, eu vou fazer isso. Eu preciso fazer, ou os pesadelos nunca vão me abandonar. – Serenna o encarou,
- Pesadelos? Do que você está falando? – Hermione perguntou, confusa com tudo aquilo.
Depois de alguns segundos de silêncio, Serenna explicou em voz baixa, como se conversasse consigo mesma:
- Tenho pesadelos freqüentes com Sirius Black... sempre os tive. Até meu bicho papão tem a sua forma... Ele me chama constantemente, pedindo ajuda para sair. Por isso, sou a indicada para essa tarefa.
- Como assim, sempre teve? – Molly Weasley manifestou a pergunta que todas tinham em mente.
- Eu sonho com ele... desde criança... – ela baixou os olhos, corando levemente como se fosse uma adolescente confessando um delito pra mãe.
Ana lembrou-se da conversa com Lupin e Harry há muitos meses atrás... em que ele contava um estranho sonho de Sirius.
- A moça de vestido verde... que depois se transformava no Snape! Claro! A irmã do Snape!
- Do que você está falando? – Gina perguntou, tão curiosa quanto as outras.
- Ah... o Remus nos contou sobre um sonho de Sirius, certa vez. Quando Harry quis saber se o padrinho tinha alguma namorada. E Remus nos contou que ele vivia suspirando pela “garota dos seus sonhos”...
A explicação foi uma surpresa para todos, mais ainda para Serenna. Saber que Sirius também sonhava com ela foi um choque.
Snape correu para ampará-la numa tontura momentânea.
- Estou bem... não se preocupe. Só foi inesperado. – e virando-se para Lupin – É verdade, Remus? Sirius... sonhava comigo?
- Acredito que sim. A descrição que você fez dos seus sonhos bate com as dele, nos tempos de escola.
- Por que você não me contou? – ela perguntou num sussurro.
- Bem... porque pra mim também foi um choque saber disso... Somando-se ao seu bicho papão... eu não quis impressioná-la.
- Entendo...

Depois de alguns minutos de silêncio, em que todos absorviam com cuidado aquelas informações totalmente novas, Minerva McGonagall fez valer seu velho lado pragmático. Era preciso saber exatamente o que deveria ser feito e quando. Os planos foram traçados em uma longa e exaustiva conversa, em que a velha bruxa se surpreendeu ainda mais pela coragem daquela jovem desconhecida em enfrentar um ritual como aquele. Por um momento, desejou questionar se ela sabia exatamente quais as consequências de sua concordância em selar o ritual completo... mas um olhar para o rosto sério e concentrado foi o bastante para perceber que Serenna não recuaria, mesmo que lhe dissessem que tal ato lhe custaria a vida. A mulher repetia em voz baixa cada palavra do feitiço a ser declamado, decorando-o. As outras faziam o mesmo, sem saber exatamente em que tipo de ritual estavam participando, ela tinha certeza. Aquela era uma arte muito antiga...
Severus Snape percebeu a preocupação da bruxa mais velha e, por um momento, eles se fitaram, tensos. Minerva suspirou, como se finalmente tivesse compreendido que as coisas estavam como deveriam estar e voltou ao debate que seguia acalorado entre Remus, Ana e Hermione.
Todos comeeçaram a questionar qual dia seria mais apropriado, inutilmente, pois a data era clara e só poderia ser uma: a noite do Dia das Bruxas, o dia em que os dois planos da Vida se aproximariam um pouco mais...

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Gente, desculpe a demora. Ia postar antes do Natal, mas tive uns probleminhas...
Mais uma vez, agradeço à Belzinha pelas correções e palpites mais do que felizes.

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