XXIV - Quando se retorna algo

XXIV - Quando se retorna algo



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::N/A :: 1 - Dramatização - Teatro

2 - Demora por causa das provas.


Kisses para vocês.



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..:: QUANDO SE RETORNA ALGO MAIS ::..

Capítulo XXIV




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Foi um pulinho de Hogwarts até a estação.


Estava um belo dia de sol, com um pouco de vento na plataforma.


Ao Entrar no trem Catherinne e Kitty se ofereceram para ver em qual lugar ficaríamos.


Não sei porque mas eu não estava legal aquele dia.


Está bem, eu me rendo.


O.k. Vou ser sincera, uma vez pelo menos. Eu sabia tão perfeitamente o que me atormentava. Mas deixei estar.


Normalmente fico animada quando sei que estou voltando, ainda mais quando temos grupos grandes como companhia pois seriam duas cabines.


Aquelas coisas de bagunça gratuita, por exemplo. Sempre era assim.


E então eu poderia ser considerada anormal também.


Por que todos pareciam tão "felizes" e "contentes".


Pensei que queria falar alguma coisa á ela. Mais especificamente á uma tal de Anne Glayds, vocês conhecem? Ela me olhou meio torto na mesa hoje pela mãnha. Talvez quisesse falar algo.


Não sei, é tão estranho. Eu só tinha exatamente, e especificamente ela para falar sobre isso.


Acho que isso me submetia a pensar mais no assunto do que o normal.


Eu simplesmente não me sentia normal.


Any não é um saco de desabafos, não posso ficar tagarelando para ela á toda hora (Infelizmente).


Enquanto andávamos percebi que subitamente ela começara a andar mais devagar (Eu era a última do grupo).


Na verdade, ela agora parecia estar meio que se excluindo do grupo.


- Aonde você vai, Any? – perguntou Catherinne preocupada.


- Comprar alguma coisa na moça do carrinho, não tomei café-da-mãnha direito – respondeu bagunçando o cabelo com uma das mãos, uma estranha mania que tinha desde sempre.


Velha desculpa essa que acabara de falar porque eu me lembro até hoje quando no 2 período, ela falou isso exatamente 4 vezes, só para comprar guloseimas.


O que era uma perca de tempo porque nós não a impediríamos de fazer nada que ela gostasse.


VAAALEEEUUU CATHERINNEE!! Valeeeuu mesmooo! Estou andando quinze minutos atrás de vocês com cabeça baixa e ninguém falou nada. O que custava?


Catherinne riu com a resposta dela.


Não, eu não a culpo, ela não sabia mesmo o que ocorria.


Any olhou para mim com aquele olhar fraternal e alegre no estilo de "Ai Gina, você sabe que te adoro né?" .


Vão por mim: A maioria das vezes que uma pessoa me olha assim, é porque quer alguma coisa.


- Gina, você me acompanha?


E depois que falo que os seres vivos são verdadeiros subordinados uns dos outros, ninguém acredita.


- Claaro – falei a imitando por contra vontade.


Nos separamos do grupo andando na direção contrária.


Eu e acho (tenho certeza) que ela, também sabia que a Moça-do-carrinho começava passando pelas primeiras cabines e não no fim do trem.


Se ela era tão feliz á ponto de querer andar o trem inteiro, eu não podia fazer nada.


Ta, eu podia sim.


Tanto que acabei fazendo.


Informei-lhe sutilmente que estávamos indo pelo lado errado.


E quer saber o que ela fez?


Nada.


Isso mesmo.


Parecia que eu era invisível.


Tratei de arranjar um espelho.


Sim, eu só podia estar invisível.


Devia achar que era uma voz de sua consciência, tinha que ser isso.


De súbito, ela parou no meio do corredor.


- Escuta, olhe para mim. Você vai se afastar, eu estou lhe expulsando da nossa cabine!


Ah legal. Any bebe meio litro de cachaça e nem me avisa.


- Ãhn?


- Ai Gina você pensa que eu não percebi seu "ânimo" desde que acordou? Onde está Draco Malfoy? – perguntou ela com entonação grave na voz.


- Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe! – respondi amena.


- É sério. Não se preocupa que eu invento qualquer coisa para o pessoal da cabine.


- Se você tivesse dito "Eu não vou falar nada" com certeza me convenceria mais rápido.


- Que seje! – disse ela se exasperando – E dessa vez até falei algo convincente.


- Any, o que você está sugerindo? É loucura e nem tenho o que falar.


- Lógico que tem. Está estampado na sua cara.


Não entendi o que ela quis dizer.


CADE O ESPELHOO ??


- Você entendeu. Aquele pergaminho, você respondeu?


- Er... Não – disse incerta rolando os olhos para cima.


- Gina, estamos fora da cabine – nesse momento eu olhei para os lados, não falávamos muito alto mas também não era um ato de cochichar – Você não quer nem ao menos tentar? É a última vez que você vai vê-lo até o próximo período.


Olhei para o chão momentaneamente.


Era difícil admitir que ainda sim isso mexia um pouco comigo?!


Any as vezes franzia o cenho estranhamente.


Ela não opinava a favor, eu sabia, não ao menos totalmente.


Devia ser um grande exercício fazer aquilo, então.


Ao menos minha indecisão estava muito visível, pois ouvi-a exclamar:


- É só tentar. Se não quiser tudo bem – falou ela como se soubesse terminantemente que eu queria.


- Any... – comecei replicando negativamente.


Sim, eu sou um bicho teimoso.


Ela cruzou os braços, parecia muito nervosa, e olha que eram poucas as vezes que via ela assim.


- Ah sim, ótimo então! Então faça-me o favor sim? Eu bati o pé hoje de mãnha e ainda ele está doendo muito, quero dizer, se você tivesse alguma dúvida ainda de como todas as garotas acordaram cedo, saiba que esse era um dos motivos. Você poderia comprar feijãozinhos de todos os sabores para Kitty?


- E você? – perguntei assustada.


- Não precisa... – disse ela num aceno de indiferença enquanto dava meia volta.


Maravilha, mais essa agora...


Naquele momento percebi que estava errada sobre a moça do carrinho.


Eu tinha comparado igual a nossa vinda á Hogwarts. Como o trem agora voltava em direção contrária, então nossas cabines eram as últimas e não as do primeiro vagão.


Isso por que Mamãe diz que sou inteligente.


Inspirei fundo momentaneamente.


Algumas coisas nunca mudavam, naquele expresso. Observei isso enquanto eu via aquelas cortinas escuras de veludo, as mesmas portas fechadas.


Continuava andando o corredor, dessa vez sozinha.


Por uma porta entre-aberta vi Wesley Bonfligiot rodeado de alunos que o via contar uma história empolgante.


Agora refletindo mesmo (E não pensando em besteiras como, quando é que iam trocar as cores das cortinas, por que convenhamos! Eles nunca mudam) Isso era terrível.


Sentir que é incapaz de fazer o que quer.


Era um dos maiores conflitos internos que já tive.


Será que alguém se preocupava com isso também?


Tinha umas duas portas abertas mais á frente e eu não queria ver quem estava em seu interior.


Dois alunos do 3 período passaram por mim e foi só.


Quando passei para o 1 vagão eu acabei esbarrando em Simas.


Havia vozes no corredor.


Um momento, o que eu pensei mesmo?


Hun hun, "Havia vozes no corredor" é?


- Oi Gina, conseguiu falar com seu irmão? – perguntou ele animado.


Como sou discreta. Aquilo não era simplesmente "vozes" era um estardalhaço. Não sei como os alunos não abriam as portas para verem o que ocorria.


- Hun... Não – respondi pensativa.


Olhei para o lado naquele momento.


Havia 4 pessoas; Mila Bulstrode, Parkinson, Crabbe e Goyle.


Essas duas primeiras estavam mais para o meio do corredor, Crabbe e Goyle, para dentro da cabine.


Parecia que Parkinson e Crabbe estavam se xingando.


AHHHHHHHHHHH EU VOU ESGANAR A ANNE!! Isso mesmo, "Anne".


E não "Any".


Que raios e por Merlin! Ás vezes eu esqueço que Any fez 6 anos de curso de dramatização.


Ás vezes esqueço que Any queria ver eu (segundo uma definição dela própria) "feliz".


E às vezes esqueço que ela poderia me obrigar de uma forma meio incomum para fazer isso. O que exatamente tinha recusado.


O quê?? Os monitores ficam nos primeiros vagões!


E esse amor que os Sonserinos tem um pelo outro? O que me digam, não? É realmente incrível!!


A questão é que era a primeira vez que poderia dizer que fiquei feliz de ver eles.


Quero dizer, a cena se ocorria mais ao fim do corredor e Simas parecia "TÃO" sem assunto...


Ele simplesmente emendou um "Ãhn, então ta, Boa sorte, em todo o caso", falou distraído, sem nem ao menos olhar para trás.


A Moça-do-carrinho (ás vezes faz falta saber o nome verdadeiro das pessoas) começara a passar entre os vagões e tinha um olhar de censura para o grupo, que ainda discutia calorosamente.


E lá ocorria a mesma cena de quando eu vinha para Hogwarts. Draco Malfoy ao lado daquele carrinho cheio de tranqueiras com ar de indiferença perante o barulho, enquanto remexia os bolsos internos.


Aquela mesma pose do que chamaria de "esnobe" ou qualquer coisa do gênero se fosse há um ano atrás. Os cabelos caídos á frente dos olhos cinzentos.


Parkinson não percebeu minha presença de passos vacilantes pois nesse instante a mesma foi chamada de "vadia" por Crabbe.


Ela e Bulstrode saíram batendo o pé ainda lançando "elogios" nada bonitos.


Mas a verdade é que só tive uma vaga impressão disso.


Naquele momento também Draco Malfoy parara de mexer em sua capa.


Senti um leve nervosismo no momento. Eu não gosto de admitir, mas é.


Ele começara a andar com olhar vago, os braços rentes ao corpo.


Era tão absurdo. Tinha que ser a Weasley. Tinha que colocar minha máscara de falsidade no rosto.


Porque eu não pude ser eu mesma e fazer o que queria? Por um instante?


Quando passei por Draco, não houve qualquer alteração em seu rosto de susto ou surpresa como eu já esperava.


Apenas recomeçou a mexer os bolsos fingindo procurar algo.


Não me pergunte como eu sabia que ele fingia. Simplesmente sabia.


Como algo que fosse dito ou exclamado, e no entanto essa exclamação nunca tinha ocorrido. Talvez aquele brilho mínimo do olhar tivesse se extinguido.. Talvez...


Não conseguia ouvir os sons ao meu redor derrepente.


Falei palavras qualquer para aquela moça á toda covinhas.


Sei lá, por mais que isso fosse o normal a ocorrer, isso ainda tinha-se um efeito.


- Mais alguma coisa? – perguntou ela piscando serenamente para mim.


- Não... – respondi um pouco paralisada.


Ela empurrou o carrinho para o lado direito de uma das portas, deixando para trás.


Fiquei ali parada, tentando pensar em fazer algo rapidamente.


Não vinha nenhuma idéia.


Quase não havia som, só de uma porta que se bateu.


- Querida está tudo bem? – perguntou ela com um estranhamento suave.


- Tudo. Não me lembro qual era minha cabine – falei sem me virar.


Eu realmente estava paralisada. Any, seu plano falhou.


Mexia numa embalagem sem-graça como desculpa para não encara-la.


- Ah sim, pois saiba que essa outra ta vazia. Alguém a tinha fechado, esses alunos... – murmurou ela num tom de desconsideração.


Ouvi ela se encaminhar para outra cabine e o som abafado de "Vão querer algo queridos?".


Então era isso?


Sério, estava cansada de pensar nisso.


O corredor continha um certo silêncio. Agoniante.


Tudo bem. Não podia ficar lá o dia inteiro. Respirei o mais fundo que podia disposta a voltar os vagões.


Dei um passo para trás e nesse passo para meu espanto eu pisei em algo.


Antes que pudesse me virar para ver o que era, senti ar frio em minha nuca. Braços envoltaram os meus que permaneciam cruzados.


Toque frio.


Devia ter desconfiado...


Uma voz rouca em tom baixo chegara a mim.


- Achou mesmo que ia escapar? – a voz soara um pouco acima de meus ouvidos, perto e perto, fazendo estremecer.


Fechei os olhos momentaneamente não ousando olhar para trás, eu queria tanto xingá-lo por ter feito aquilo, e queria tanto não dizer nada. E quantas besteiras afinal eu já disse nessa mãnha?


Só que com a mesma rapidez que aquele gesto apareceu, Draco se afastou.


Olhei para ele um pouco assustada virando.


- Weasley – disse ele numa voz cortante e grave.


Percebi o intuito quase imediatamente. Perguntei por gesto labial o que ele ia fazer, e ele fez um sinal.


Aquela moça quase senhora olhava a cena intrigada.


- Você que verá Malfoy – disse num tom letal, mas rindo internamente daquele pequeno teatro.


Credo, precisava treinar dramatização mesmo.


Então tive uma idéia, igual àquelas idéias repentinas que qualquer pessoa tem de vez em quando.


Fiz um aceno de concordância enquanto indicava a cabine vazia e entrava na mesma.


Antes disso só vi a Moça-do-carrinho menear a cabeça negativamente, no mínimo pensava que estávamos prestes a nos matar.


Encostei a porta levemente e me dispus a observar a paisagem verde intenso. Esperava sinceramente que ele tivesse entendido.


Já disse como aquela paisagem podia ser hipnotizadora? Sério, eu não conseguia pensar muita coisa só olhando pra aqueles vultos.


Alguns minutos se passaram até ouvir um baque de porta novamente. Prefiri evitar alguma chegada de súbito por parte dele, olhando rapidamente por cima do ombro e desviando em seguida.


Tive a ligeira impressão que ele percebeu esse gesto enquanto se aproximava defronte a janela também. Manti as mãos apoiadas levemente.


Então o barulho de sapatos se cessará. Olhei pelo reflexo e percebi que ele olhava também para o lado de fora.


- Interessante! E não é que são verdes mesmo? – perguntou ele ironizando.


- Uma observação formidável – disse ainda olhando para o lado de fora, como se fosse um desafio.


Não consegui ver sua expressão.


- Tem algo em seu cabelo... aqui.. – disse Draco subitamente se aproximando á um passo atrás de mim. Enquanto senti alguns dos seus dedos passarem entre as mechas de meu cabelo, ele o colocou para frente e em seguida mostrou um pequeno ramo de flor.


Normalmente as pessoas podem achar que um toque frio na nuca não significa muita coisa e eu estou certa que essas pessoas não devem ter conhecido Draco Malfoy.


No entanto, Draco continuara mexendo em algumas mechas e pousando seus dedos frios de vez em quando em minha nuca, encarei-o através do reflexo da janela, ele fazia o mesmo, parecia divertido.


- Ei .. – eu não ia deixar ele descobrir meus pontos fracos tão facilmente.


Me virei, tinha estremecido levemente.


- Que foi? – perguntou ele com fingida curiosidade e ao mesmo tempo segurando levemente meus ombros para que eu continuasse virada de frente para a janela.


Teria estremecido de novo.


- Ela não estranhou nada? – disse visivelmente desconsiderando o que ia falar anteriormente. Viu sua expressão às vezes pelo reflexo.


- Não, se distraiu facilmente depois – disse ele ainda com uma das mãos sobre meu ombro, sentia um cheiro marcante vindo dele.


- Sobre aquele pergaminho...


- Imagino qual seje – murmurará Draco.


- Porque você não mandou o pergaminho por uma coruja? – minha voz saíra com um tom desconfiado.


Era minha vez de cruzar os braços. Ele próprio quis ficar frente á mim nesse momento e com passos lentos fizera isso.


Pela primeira vez daquele dia olhou-me diretamente com seus olhos cinzentos e deixando aquele maldito vidro no seu devido lugar.


. Podia tudo ao meu redor acabar bem ali. Não faria diferença...


- Achei que seria melhor, a não ser que você tenha medo de algo... – disse ele instigando-me sutilmente.


- Não, eu não – disse lentamente – mas eu apostaria que você sim.


Sua expressão titubeou por alguns segundos, virando um leve sorriso obscuro.


Parece que alguém tinha começado a aprender lidar com as mudanças bruscas de Draco Malfoy.


Vaguei a olhar o chão.


- Então olhe para mim. E veja se acha algum motivo – dissera ele com uma voz grave e séria.


Tive observando a porta, os bancos e novamente o chão com o cenho levemente franzido.


- Para – nesse instante ele levantara meu rosto com suas mãos, para que ficasse na altura de seus olhos – mim.


Ele sempre tinha mãos frias?


- Não vale – disse como se considerasse um jogo perdido – você sabe manter a face trancada muito bem.


"Face trancada".



Expressão familiar essa.


- Quer que eu chegue mais perto para que você veja melhor? – perguntou Draco


cortesmente porém com um toque de malícia.


- Não acho que seje preciso Sr. Malfoy – disse como se não tivesse reparado naquela indireta.


Ele apenas fez questão de ficar é um palmo de distância, quando finalmente falou.


- Eu não receio nada, só isso.


Fiz cara de que não acreditava muito.


- Olha... – E então senti uma respiração junto a minha, obedeci àquela ordem de quase imediato. O ar de importância tinha se esvaído – Foi realmente uma pena não poder ter visto direito sua cara de espanto.


Não. Ele não podia ter visto isso...


- Você já não estava nos archotes – observei desconfiada.


- Tenho meus métodos – disse ele misterioso.


- Sei. Já ouvi falar sobre seus métodos.


Senti ser observada com algum tipo de propósito.


- Face trancada? – perguntou ele pensativo.


Lembrei imediatamente quem primeiro citara essa expressão.


Concordei num aceno.


- Poderia te ensinar se quisesse...


- Seria interessante – disse achando a idéia até atrativa.


Um silêncio se estabilizou.


Mesmo estando próximo eu continuava a evitar o olhar dele.


Draco neste instante fizera uma coisa que me impressionará. Quero dizer, se me disessem que ele faria isso, eu falaria "Bobagem..." mas não, eu vi com meus próprios olhos.


Ele acenara o banco para me sentar, quero dizer, como um gesto cortês, quem olhasse de longe até acharia que era típico de cavalherismo ou qualquer coisa do gênero.


- Ah, obrigada - murmurei meia em choque


Ele agiu com uma certa normalidade naquele gesto, se reconstando no banco á minha frente.


Com minhas mãos cruzadas sentia necessidade de torcer, ora pra trás.


- Eu... – comecei sem-jeito – Eu melhorei em Transfiguração.


Observei Draco com suas roupas impecáveis. Aquele ar meio esnobe parecia que nunca se dissiparia.


Ele não respondera nada.


Por que faltava coragem pra completar a setença?


O que custava dizer você estava certo" r que ele realmente estava certo, sabe, era somente uma má fase.


Ele percebera do mesmo jeito.


- Nervosa – perguntou ele desdenhosamente.


Não, que isso Draco. Estou torcendo os dedos por quero, quero que eles fiquem doloridos.


Não, não será possível, da onde estava tirando esse ironismo todo... ??!!


- N... – deixei de lado o que ia falar, não queria discutir – Quer jogar algo? – atentei mudando de assunto.


Estava meio apreensiva na verdade.


Quero dizer, desde alguns minutos atrás e sinceramente, só existia um jogo que talvez poderíamos jogar, Snap explosivo, tinha em um dos bolsos internos da minha capa.


Ele atalhou como se estivesse pensando numa proposta. Ah ta, eu já imaginava que ele


não ia querer de modo algum.


Pelo menos consegui mudar de assunto, concordam?


- O.K. Vamos jogar – respondeu ele divertido.


Ãhn.. bem... Sabe que eu não esperava por isso?


Ah ótimo, vamos jogar.


Retirei-as do bolso lentamente ainda espantada.


Quando começamos a primeira partida, somente jogávamos em silêncio.


Pode? Não sei como ele consegue uma coisa dessas. Já sabia há muito tempo que Draco não era muito de sorrir.


Qualquer frio indigesto na barriga que pudesse ter se foi totalmente quando acabei ganhando-o. Achei que talvez ele fosse falar alguma coisa mas só se limitou á um sorriso misterioso. Sim, sim, daqueles... Bem daqueles...


Sei lá, era tão estranho. Quem diria que ele era um Malfoy?


Com o passear de algumas partidas me senti mais livre para comentar algumas jogadas.


Já tinha falado como Draco pode parecer sério enquanto joga?


Sério!


E eu não consigo me manter assim. Quando dava-me por mim eu já começara a rir.


Ele parara de embaralhar as cartas e levantou os olhos para mim.


- Nada, nada... – realmente tinha que aprender a me conter.


Quero dizer, eu sou de falar de tudo, até das minhas próprias jogadas.


Draco ás vezes inclinava-se um pouco, com cara de pensativo.


Ele estaria pensando que sou louca por rir assim? É que me atrapalhava muito...


Oras, essa sou eu! E até ele começou com isso também (Dessa vez não fiquei tão desconcertada).


Então, como mencionei antes, era estranho, no entanto engraçado também. Eu estava me divertindo, por incrível que pareça.


Draco começara com uma série de jogadas em que comecei a perder feio, me atrapalhando mais um pouco.


Depois da terceira partida ele paralisou o jogo


Não percebi muito porque estava ocupada, com 2 cartas em que começaram a pegar fogo, atirando para o chão.


- Vou te ensinar alguns truques, Sra. Weasley – disse ele respeitosamente.


Draco acenou com a varinha para as cartas.


- Ãhn, certo... – murmurei ainda meio sem entender – Não é trapaça, é? Ou você chama isso de outra coisa? – disse rindo.


- Ah não, seria algumas jogadas em que esqueceram de adicionar nas regras – falou ele despreocupadamente passando um dos dedos por trás da orelha.


Ta, eu disse que tudo bem.


E até que ele ensinava bem porque logo voltei a ganhar dele novamente.


Não sei se consideraria um com professor. Já imaginou, Draco Malfoy numa bela mãnha, não digo em Hogwarts, mas em uma masmorra pedindo que a pág 352 do livro fosse aberto, com seu leve tom arrastado? Te garanto que ele não estaria muito humorado...


Olhei para o relógio.


Draco percebendo esse gesto guardou disciplemente as cartas.


Me levantei rapidamente a fim de verificar a porta, ele ficou de pé posteriormente, devia ter pensado que eu já ia sair.


- Você está esquecendo de algo.


Me virei a fim de saber do que se referia. As cartas, talvez.


Provavelmente eu falaria num tom retraído algo como "Sempre esqueço", quero dizer, se fosse isso mesmo.


Ele apenas colocou um de seus braços em volta de minha cintura e envoltou-me puxando para mais perto dele.


Falou algo? Não. Estava ali, o encarando há milímetros de distância de seu rosto com traços claros, seus olhos cinzentos que não pareciam mais cinzentos e sim azuis elétrico de perto. Sentia o ar de sua calma respiração, levemente em meu rosto. Ao contrário da minha, que já petrificará.


Ele fazia questão de direcionar sua atenção aos meus olhos e eu não poderia evitar ou desviar.


E eu poderia até morrer naquele momento, o.k? Não faria a menor diferença.


- Sim? – murmurei lentamente.


Isso demorou alguns longos segundos, estava tendo dificuldade de raciocinar.


- Draco, escreva-me nas férias – disse repentinamente. Não sei o que me fez falar isso, só sei que quando vi já tinha falado.


A sua resposta foi um aceno.


- Espero poder desempatar o jogo logo.


- Desempatar? Eu ganhei a primeira partida muito bem!


- Ah – disse ele como se tivesse lembrado de algo que não devia ser recordado – mas eu deixei...


- Draco! Não, você não deixou! – disse fingindo-se indignada – E eu pensei nisso...


- No que? Em mim? – perguntara ele apreciativo.


Fiquei surpresa pela rapidez dele.


Me vi dentro de um beijo, quente, parecia que o toque frio não existia ali, o cheiro de colônia me confundia, o seu toque estridente me fazia estremecer mais ainda, fraquejando um pouco em seus braços. Tudo ali, naquele momento.


E parecia que aquilo só queria se aprofundar.


Quando perdemos o contato, olhei espantada para minha própria mão, que segurava a nuca dele.


Praticamente eu confessei que não queria me soltar dali de jeito nenhum.


- Draco... – comecei num tom receoso são que ele me interromperá no meio da frase.


- Você não vai agora, vai? – perguntou ele com um pouco de malícia na voz, brincando com uma de minhas mechas novamente, com certeza gostava de fazer isso.


Ele devia saber perfeitamente que era exatamente isso que precisava dizer.


Legal! Podia mandar todas as outras pessoas ao inferno, naquele exato momento, permanecendo ali. E aquilo era bom demais pra ser verdade!!! (Chega, agora voltando ao que dizia...).


- Você sabe – disse em tom baixo. Era engraçado o movimento que Draco fazia ás vezes para tirar o cabelo de seus olhos. Recomecei numa voz preocupada – Eu realmente tenho...– Ele voltara a curvar-se levemente para ficar no mesmo nível que o meu – que ir... – percebi que meu tom diminuía – para que... – Ele aproximara o rosto devagar – ninguém perceba... – as coisas que eu falava pareciam tão sem sentindo – E.. - Fechei os olhos quando percebi que seus lábios encostariam-se aos meus.


No entanto isso não ocorreu. Abri os olhos um pouco assustada.


- Esquece isso – disse ele num sussurro rouco e grave ao mesmo tempo.


Despedi-me dele com um beijo suave. Retomei meus movimentos ainda um pouco abalada, os pensamentos caóticos tomando forma. Mesmo querendo seu toque frio.


Enquanto isso um quadrado e um peso pequeno se formou novamente no meu bolso.


As cartas estavam lá novamente.


Separei-me de Draco pensando um pouco no que poderia acontecer... Era difícil saber.


Sai da cabine muda.


Fechei os olhos tentando esquecer aquela expressão por alguns momentos e novamente observei aquelas vidraças com cortinados espessos.


Demorou um pouco mas na outra cabine, coincidentemente as garotas jogavam Snap explosivo também.


Any olhou espantada para mim, ela devia ter usado alguma desculpa com elas pois nenhuma teve alguma reação de surpresa.


- Gina, quer entrar no meu lugar? – disse Kitty numa voz entendiada.


Fechei a porta um pouco insegura.


- Se ta legal? – perguntou Catherinne com estranhamento.


Sinceramente, só agora é que perguntam isso?


Disse que sim.


E agora? O que adiantava?


Um Malfoy, um inimigo de minha família e talvez, pensando agora com um pontinho de esperança e reciprocacidade que não fosse verdade, um Comensal.


Este último fazia-me recuar, não consegui dormir direito às últimas noites da semana em Hogwarts por causa disso.


Não que nunca tivesse pensando nessa circunstância.


Mas eu evitava, Não havia muito o que se fazer sobre isso.



Any continuava me olhando espantada.


Sairia daquela cabine muito certa que estava apaixonada por um certo loiro daquele trem.


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"Enviado por uma coruja especial...."

..:: Angelina Michelle ::..



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