Vagas Compreensões
N/A/ Lisa entrando de fininho / Bem, depois de "alguns meses", o capítulo finalmente está pronto. / Lisa ouvindo coros de aleluia ao fundo / Igualmente ao anterior, ele teve suas mil e uma versões... até que chegamos a uma definitiva. / eu já falei que um dia ainda enforco meu perfeccionismo? ¬¬' /
Er, bem, vocês já devem estar acostumados com minhas desculpas, mas não custa eu pedir novamente, não é? XD. Desculpem-me por mais uma demora. / se esconde / Muitos sabem que eu estou estudando para concursos, além de estar numa faculdade, então, tempo é realmente algo raro para mim... e, mesmo nas férias, a faculdade resolveu me perseguir com alguns problemas... bom, fazer o quê? Ela me ama... / risos /
São muitos comentários... / não que eu esteja reclamando. XD. / E eu estou meio perdida neles, então, daqui que eu me ache, vocês certamente me matariam – mais uma vez- se eu decidisse fazer isso... mas eu vou ler todos e, qualquer coisa, eu acrescento aqui posteriormente, mas desde já agradeço a todos eles.(^.^)
Bom, como último aviso antes do capítulo... Realidade e ilusão se confundem novamente nesse capítulo, mas acho - olha para todos com receio - que dá para entender o que acontece. XD.
Ah, e, excluindo a primeira cena do capítulo, as partes do capítulo intercaladas por flashbacks compõem uma cena única. XD.
E, mais uma vez, desculpem pela super-hiper-mega-ultra demora e agradeço a paciência de vocês a espera de um novo capítulo. n.n.
Beijos a todos que estão lendo e/ou comentando a fic.
Cap. 44 – Vagas Compreensões
-Lílian?
A ruiva, de imediato, se surpreendeu pela voz que a chamava e desviou o olhar de Thiago, tonta. Ainda meio desnorteada, mirou cuidadosamente a pessoa que tinha a mão sobre o seu ombro, reconhecendo as feições serenas de Ana próxima a si.
-Você está bem? – um sorriso amável povoou os lábios da garota.
-Eu estou... – ela pigarreou para fazer sua voz não sair tão rouca. – Eu estou bem, Ana, obrigada pela preocupação. – ela forçou um sorriso para a amiga antes de dar uma atenção maior ao recinto no qual se encontrava, percebendo, perplexa, que estava na Ala Hospitalar. Como viera parar ali era um mistério para ela...
Forçou a memória e veio-lhe a vaga lembrança do moreno de cabelos arrepiados indo de encontro ao chão pouco tempo depois de ter perguntado a ela se estava mesmo bem. Depois disso, a única coisa que ela se recordava antes de Ana tê-la chamado fora Lisa falando que tinham que levar o rapaz para a Ala Hospitalar. Inspirando fundo, sentiu uma súbita vontade de questionar o que havia acontecido e como ela chegara até ali, mas ao reparar a estranheza que aquela pergunta traria, resolveu ficar calada.
-Tem certeza de que está mesmo bem? – Ana insistiu; seu olhar ainda denotava preocupação e sua mão apertou de leve o seu ombro, num gesto mudo de conforto. – Você me parece um pouco abatida, Lils, quer que eu chame a enfermeira?
-Eu... – ela respirou fundo. – Eu estou bem. – completou num murmúrio, sabendo que estava mentindo. Procurou algo para desviar a atenção da amiga para outra coisa que não fosse ela e quase sorriu quando seu olhar bateu em Sirius e Lisa sentados na maca a sua frente. – O que aconteceu? – ela fez um gesto com a cabeça para indicar o casal, que ainda trocava olhares emburrados diante do olhar de censura de Remo, que estava entre eles. Ana sorriu e meneou a cabeça, fazendo com que Lílian se sentisse aliviada por conseguir o seu intuito.
-Não sei bem ao certo, mas eles conseguiram desviar o assunto do desmaio de Thiago para os defeitos um do outro. Remo foi o mediador, reclamando com eles para que M. Pomfrey não nos expulsasse antes do horário combinado. – Lílian arqueou uma sobrancelha, procurando demonstrar certa confusão. Seu olhar parou em Thiago por alguns instantes antes de mirar a amiga.
-E por que os outros não estão aqui?
-O Thiago estava falando algumas coisas sem sentido; você veio para perto dele, então, ninguém resolveu incomodar. – fora Lisa quem respondera, lançando-lhe um sorriso que a ruiva soube interpretar de imediato o significado. – O que não significa nada, é claro. – ela completou, risonha, ao ver que Lílian revirara os olhos em resposta.
-Além do mais, você estava segurando a mão dele com tanto afinco... – Sirius completou, esquecendo-se por alguns instantes de que ainda tinha algo a tratar com a namorada e indo se juntar a ela, que já estava ao lado do leito do moreno, com Remo. – Sabe, Lílian, M. Pomfrey nos disse que ele esta fora de perigo, então, não vejo a necessidade de agarrar-se à mão dele como se desejasse prender o último fio de vida que resta em seu corpo.
A priori, Lílian não entendera muito bem o significado da frase do maroto até perceber realmente o que estava a fazer. Ruborizando de leve, olhou para baixo e deparou-se com sua mão a segurar a de Thiago firmemente. Como foi que ela chegara a isso? Ela não saberia explicar... muito menos porque ele também a segurava com igual persistência, como se o fato de manter-se afastado dela o incomodasse. Arquejando um pouco, ela rompeu o contato gentilmente, puxando sua mão para perto de si.
-Eu... – ela começou, incerta do que dizer, torcendo um pouco uma mão na outra, incomodada. O corpo de Thiago pareceu relaxar e ele soltou um longo suspiro. – Eu estava aqui e então... ele... bem... ele segurou minha mão e...
-Tudo bem, Lílian, eu só estava brincando. – Sirius comentou, risonho, piscando o olho para ela. – Não precisa ficar tão acanhada porque gostou de segurar a mão de Thiago.
-Sirius! – ela o repreendeu, ainda mais envergonhada. – Não é nada disso que...
A ruiva não chegou a completar a frase, pois todas as atenções, inclusive a dela, foram desviadas para Thiago, que havia resmungado algo e abria os olhos com certa ociosidade.
-Querem falar baixo, por favor...? – ele pediu, ainda meio sem rumo, ajeitando os óculos que ainda estavam no seu rosto. Lançou uma olhadela para as pessoas que estavam ao seu redor e, quando parou em Lílian, ficou ligeiramente lívido. A ruiva lançou um olhar intrigado para ele. – Você...
-Você está bem, Potter? – ela questionou num tom rouco. O moreno pareceu relaxar um pouco e menear a cabeça, como quem espanta algo.
-O que aconteceu? – ele questionou, encarando também os outros. – Como eu cheguei a Ala Hospitalar?
-Vai dizer que não sabe? – Lisa retrucou, meio sarcástica, cruzando os braços e olhando feio para ele.
-Bom... – ele começou, franzindo um pouco o cenho. – tecnicamente não. – Eu me lembro de... – ele se calou, mirando Lily quase que de modo imediato antes de prosseguir. – posso dizer que não me lembro de muita coisa além do fato de estarmos saindo dos testes para artilheiro e...
-Você desmaiou, Pontas. – Remo falou num ar calmo, lançando olhares repreensivos para Sirius e Lisa, que não estavam muito satisfeitos em permanecerem em silêncio.
-Desmaiei...? – ele questionou, contudo, ainda tinha o olhar fixo em Lílian, que ainda não entendia muito bem a razão de ele estar a observa-la tanto. – Mas... como?
-Como alguém desmaia? – Sirius questionou evasivamente. – Desmaiando, Pontas. Você está bem num momento e no outro... estatelado no chão. – ele sorriu meio de lado. – Quer que eu encene para que você entenda melhor?
-Sirius, isso não é hora para brincadeiras. – Remo o repreendeu num ar sério.
-Eu não estou brincando. – ele retorquiu, carrancudo. – Ele podia muito bem ter cancelado os testes, mas não. Thiago Potter sempre tem que achar que está bem... – ele respirou fundo, tentando manter a calma. – Se você não estava bem, podia ter nos avisado, Pontas.
-Mas eu estava bem! – Thiago se justificou, alteando um pouco a voz.
-Falou certo, estava bem. – Sirius resmungou. – Estava tão bem quanto ontem.
-O que aconteceu hoje foi algo eventual, não tem nada a ver com minha febre de ontem.
-Será? – Lisa questionou, emburrada. – Eu não tenho tanta certeza.
-Eu estou bem agora, é o que importa, não? – ele disse num tom de quem encerra o assunto e tornou a encarar Lílian, pigarreando. – Posso te fazer uma pergunta meio estranha? – a ruiva apenas deu de ombros. – O nome Agatha te diz alguma coisa, Lílian?
A ruiva franziu o cenho, confusa, enquanto os olhos castanho-esverdeados de Thiago a estudavam minuciosamente, como se procurasse a resposta em suas feições.
-Por que você está me perguntando isso?
-É que eu tive um sonho meio esquisito agora, e ele me pareceu bem real. – Sirius resmungou algo como ele ter endoidecido de vez e que não lhe restou dúvidas de que ele havia batido a cabeça quando caiu no chão, recebendo uma cotovelada repreensiva de Lisa como resposta. – Ele lhe é familiar? – ele questionou sob os olhares confusos de Ana e Remo.
-Eu não conheço nenhuma Agatha. – Lílian respondeu seriamente. – Você não deve se deixar levar tanto por sonhos, Thiago, eles não são reais.
-Mas não é porque os sonhos não são reais que eles não deixam de ter certa importância, Lílian. – ele falou num ar sério, mas, antes mesmo que ele ou qualquer um dissesse qualquer coisa, M. Pomfrey veio ao encontro deles, alegando que eles tinham que ir embora.
-Eu posso ir também? – o maroto questionou, sorrindo, recebendo um olhar de censura como resposta. – Está bem, eu não insisto.
Os amigos prenderam o riso, menos Lily, que apenas sorrira de leve. Instantes depois, eles estavam de volta aos corredores de Hogwarts, deixando Thiago remoendo-se com sua suspeita. Ouviu muito vagamente M. Pomfrey dizer que ele estava um pouco febril e que teria que permanecer ali o resto do dia e, passado um breve instante, a resposta lhe chegou como trazida pelo vento.
“Ela não sabe o que carrega dentro de si...”
“Mansão dos Potter, Agosto de 1976, Biblioteca.
As estrelas brilhavam no céu um poucos mais aquela noite e o seu reluzir eram refletidos de forma tênue através dos olhos de Lílian. Ele ainda não podia vê-la por completo, mas, mesmo assim, a imagem se formava em seu rosto como se fosse algo sólido. Sorriu. Thiago observou a ruiva soltar um longo suspiro e se recostar no vão da porta meio distraída. Reprimiu um suspiro e passou a mão pelos cabelos numa vã tentativa de controlar o nervosismo.
-Lily? – ele a chamou, cauteloso.
Ao ouvir a voz do rapaz, a ruiva se virou para ele num gesto calmo. Ela o observou de modo perspicaz e notou que ele estava segurando algo dentro do bolso do sobretudo que estava usando. Estreitou os olhos de leve ao ouvir um sussurro ininteligível que, ao seu ver, vinha de uma leve brisa que cortou-lhe o rosto de leve.
-Sim; o que você quer falar comigo? – ela perguntou num sorriso. Era completamente estranho vê-lo tão encabulado na sua presença. Ela gostava disso? Não sabia dizer.
-Er, bem... – ele corou um pouco e passou a mão pelos cabelos. Lílian revirou os olhos, divertida. – Sabe, eu tenho isso guardado desde o ano passado, esperando a melhor das oportunidades para te dar... – ela o viu encarar o chão rapidamente, como quem toma coragem. – Pensei em te dar no Natal ou no seu aniversário, mas sabia que você poderia recusar. – ela o ouviu suspirar. – Bem, acho que essa oportunidade é única, não?
-Eu não estou entendendo... – ela começou, confusa, mas parou automaticamente ao notar que o rapaz tirara algo do bolso do sobretudo. Era uma caixa de veludo azul. – Potter, o que é isso?
-Abra...
Ela pegou a caixa que ele lhe estendia e sentiu um leve arrepio percorrer o seu corpo.
“Talvez fosse só o vento...” pensou, incerta. Passou a mão em sua superfície de modo meio receoso.
-Eu não enfeiticei, Lily, pode confiar em mim... – ele disse num sorriso.
A ruiva se controlou para não ter um leve sobressalto e se limitou a encara-lo, surpresa, ainda recostada ao vão da porta. Era estranho. Aquilo pode ter soado como brincadeira, mas, para ela, parecia outra coisa.
-O que é isso? – ela repetiu, calmamente.
-Um presente.
-Para mim? – ela disse, surpresa. Talvez essa sensação esquisita fosse coisa da sua cabeça. O que teria de mais nisso?
-Não, Lílian, eu comprei para você me dar de presente... – ele falou num revirar de olhos. Ela sentiu vontade de rir, mas, no lugar, limitou-se a reprimir uma falsa careta e abrir a caixa.
Seus receios foram dissipados da sua mente no exato momento em que se deparou com o que havia dentro da caixa e se controlou para não soltar uma exclamação de espanto. Dentro havia um par de brincos de prata, com um pingente de uma pedrinha de esmeralda, acompanhada de fios de prata que pendiam ao longo dele. Mas o que mais chamara-lhe a atenção fora o colar prateado, cujo pingente em formato de coração, com contornos em prata, parecia brilhar de um modo diferente para ela. Ainda surpresa, ela passou a mão de leve pelo colar, depois de sentir que ficara minutos sem, ao menos, respirar. Aquilo tudo era realmente... divino. Apesar de todo torpor que aparentava estar, ela sentiu um olhar sobre si e, ainda ligeiramente boquiaberta, voltou-se para Thiago e notou que ele esperava por uma resposta.
-Acho que combina com seus olhos. – ele confessou, corado.
Os lábios da ruiva se abriram num sorriso radiante.
-É realmente maravilhoso... – ela começou, tentando parecer um pouco menos admirada do que estava de verdade. – mas eu não posso aceitar. – ela completou, fechando a caixa levemente. Claro que ela não podia aceitar. Ela não era nada dele e aceitar isso seria como dar a entender que ela estava querendo algo com ele. O que não era verdade. Por mais próximos que eles estejam por agora, não significa que ela não o considere mais como o Potter de sempre. Ele, de certa forma, ainda era imaturo e inconseqüente e... mas no que ela está pensando?
-Não? – ela viu que ele franzira o cenho e o ar que tinha em seu rosto era um quê de decepção.
-Merlim, Thiago, isso deve ter custado uma fortuna! – ela estendeu o objeto para ele segurar, satisfeita por ter uma justificativa rápida para isso e com receio de mudar sua decisão. – Você... você não devia ter se dado a esse trabalho. – ela conteve um suspirar. Eram esses tipos de reações do rapaz que a deixavam completamente confusas no que dizia respeito a veracidade ou não do amor que ele dizia sentir por ela.
-Não custou, Lily; este conjunto está na família Potter há séculos... A última a usa-lo foi a minha bisavó.
-Da Vivian? – ela questionou, surpresa. Por que aquele quadro lhe trazia um certo quê de mistério que não era visto nos outros daquele recinto?
-Dela mesma.
-Ainda mais isso; - ela falou, meio rápido. Mais um motivo para ela continuar firme em sua decisão. Talvez ele não entendesse o que ela realmente queria dizer com isso. – Eu não posso aceitar, Thiago!
-Ela mesma que me pediu para que te entregasse.
Ela arqueou uma sobrancelha, desconfiada. Por que tanto interesse em entregar aquele colar a ela? Aliás, por que ela pensara logo no colar? Certo, estava pirando.
-Mas você não disse que pretendia me dar no Natal ou no meu aniversário? Ela me conhece de poucos dias!
-Você não entendeu, Lily... Ela disse, muito antes disso, que eu poderia dar esse colar a quem quer que eu desejasse. A pessoa escolhida foi você!
-Eu? – ela questionou, na falta de coisa melhor a dizer. Talvez aquilo tudo fosse paranóia da sua cabeça; alguma forma inconsciente de arranjar desculpas e teorias para o interesse do maroto nela. Talvez, fosse mesmo verdade que ele gostasse dela.
Ela o viu revirar os olhos.
-É o que parece, não? – ele falou, depois sorriu pelo canto dos lábios.
-Mas... – ela disse num quê de incredulidade. Pessoa escolhida; ela se lembrou e achou o fato muito estranho... Se controlou para não balançar a cabeça, a fim de espantar os novos pensamentos loucos que invadiam a sua mente.
-Bom, eu não o quero de volta. Faça o que quiser com ele; pode até jogar fora. – ele abriu um sorriso maroto.
Lílian tornou a abrir a caixa e lançou um olhar para o colar e depois para Thiago, alternando entre um e outro.
-J-jogar fora? – ela questionou, como quem não acredita. O.k., ela nunca soube que Thiago Potter era um poço perfeito de sanidade.
-Sim, e se você me dar de volta; ele terá esse fim. – ele tornou a sorrir. Lílian se controlou para não fechar a cara.
-Mas... ISSO É CHANTAGEM, SABIA? – ela disse, de repente. Ele estava jogando com ela. É claro que ele queria que ela aceitasse. E Lily sabia que, ao aceitar aquilo, estaria dizendo a ele que ele não era tão ruim quanto ela dizia que ele era.
-Eu sei, mas, quando se trata de você, tenho que tomar medidas drásticas. – ela sentiu ele beijar-lhe a face e se afastar dela calmamente. – Boa noite, Lily.
A ruiva conteve um longo suspiro. Só restava a ela aceitar...
-Boa noite, Potter. – ela falou, ainda vendo-o se afastar e, logo após, voltou o olhar para a caixa de veludo. Sim, só restava a ela aceitar...”
Ela abriu os olhos e piscou, um tanto quanto desnorteada. O recinto no qual se encontrava estava imerso num profundo breu, ao que sua mente processou com certa dificuldade que a noite caía alta lá fora. Demorou um pouco para sua visão entrar em foco e, após alguns instantes, reconheceu-se sentada aos pés de uma cama e com a cabeça repousada sobre macias cobertas vermelhas... a cama do dormitório dos Leões.
Apesar de sentiu-se um tanto quanto zonza, Lílian, com certo esforço, impulsionou o corpo para cima, a fim de erguer-se e pôr-se de pé, mas uma nova vertigem fê-la cair sentada no chão novamente. Ofegou, só então notando o estranho gosto amargo que tomava a sua boca. Respirou fundo e recostou a testa ao colchão, num ar que demonstrava cansaço.
-O que está acontecendo comigo, afinal? – murmurou para o nada, tendo como resposta o silêncio do dormitório e o piar de uma coruja, ao longe. Incapaz de lutar contra a própria fadiga inexplicável, a ruiva tornou a fechar os olhos. Um dos punhos se cerrara sobre as cobertas da sua cama, ao passo que o outro se fechara sobre o colar no exato momento em que seu corpo dera um impulso quase que imperceptível e uma tênue luz esverdeada irradiara no quarto, antes de desaparecer por completo.
“Mansão dos Potter, Agosto de 1976, Dormitório.
Ela esperou alguns instantes nos quais achou adequado para que desse tempo suficiente de ir para o quarto em que agora dormia sem que o visse novamente.Respirando fundo, Lily tentou não olhar mais uma vez para caixa de veludo que trazia em mãos e admitir que, sim, ela amara muito aquele presente. Porém, algo da sua estúpida intuição – ou do seu orgulho – dizia que a proposta de jogar fora o mesmo, e que ainda lhe povoava a mente, era bastante tentadora..
Talvez, de certa forma, ela fosse um pouco sensitiva. Talvez, todo aquele receio, fosse nada mais nada menos do que o alerta de que ela estava se envolvendo demais. Não parecia crer muito bem que o odiava tanto assim no ano passado, que lhe parecia tão distante no momento, e que agora...
Balançou a cabeça, a fim de espantar seus pensamentos. Não, não chegava a tanto. Não poderia chegar a tanto. Ela não queria; ela... queria desistir de pensar no assunto. Aquela dúvida a assustava e ela não gostava de sentir-se, assim, tão indecisa.
Estava tão absorta em seus pensamentos que nem reparara que já havia passado do seu quarto. Corou furiosamente e, depois de alguns instantes a observar o corredor vazio e quase imerso numa penumbra acolhedora, girou os calcanhares e retomou seu caminho com um menear de cabeça.
Abriu a porta do seu quarto sem muita cerimônia e, com um longo suspiro, adentrou o recinto. O cheiro dele ainda estava ali. Foi quando ela reparou que havia algo no quarto que não estava ali anteriormente, e que ele ainda estava dormindo ali..
Sufocou a respiração e, num leve girar de calcanhares, saiu do quarto de fininho, fechando a porta cautelosamente ao passar. Respirou fundo, recostando-se a porta por alguns instantes antes de caminhar até o quarto em que estava dormindo.
Mordeu o lábio inferior, ouvindo a porta se fechar calmamente enquanto voltava o seu olhar para o quadro de Vivian, que ressonava tranquilamente. Sorriu de leve, sem ao menos saber o real motivo, e caminhou até a cama, sentando-se nela de modo gentil.
Tornou a abrir a caixa de veludo, pousando-a em seu colo lentamente. Logo depois, voltara o olhar para o quadro e seus olhos se arregalaram momentaneamente ao notar que, diferente das outras vezes em que a vira, Vivian estava usando aquele mesmo colar que agora segurava.
Respirou fundo, tentando acalmar o ritmo do seu coração, pensando que isso talvez seja normal entre quadro bruxos, então, limitou-se a dar de ombros.E, foi quando ela fez menção de desviar o olhar do quadro, reparou que Vivian tinha aberto os seus olhos de súbito. E que eles eram estranhamente negros.
-Eu... eu... – ela gaguejou, ainda a se recuperar do susto. – Nossa, você me assustou, Vivian.
A garota sorriu em resposta e Lílian sentiu-se ligeiramente incomodada com isso. Aquele não parecia ser o sorriso da bisavó de Thiago.
-Quem é você? – ela questionou, confusa.
Ela sorriu ainda mais e, paralisada, Lílian notara que os cabelos dela estavam clareando. Estavam dourados, como os fios que adornavam os braços da poltrona em que ela estava sentada.
-A avó de Alan Potter morreu já muito velha. Por minha causa. – a garota falou com um ar meio etéreo. – Como eu era ela e, ao mesmo tempo, ela era eu, parte da minha essência permaneceu nesse quadro. E parte foi-se com ela. – Lílian sentiu a caixa de veludo tremer em suas mãos, mas não se importou. – A parte que me permitia transitar pelo mundo dos vivos como tal. – um grito foi sufocado na garganta da ruiva ao notar que as roupas de Vivian, aos poucos, transformavam-se em um manto negro como os seus olhos. – Eu, um dia, tive uma relação com essa família e, agora, estou ligada a ela. Não posso ir embora enquanto as coisas não voltarem aos eixos.
-E... por que você está me dizendo isso? – Lílian questionou num ar ruidoso.
-Porque eu preciso de você, Lílian Evans.
-E por que você precisa de mim...?
A garota tornou a sorrir, misteriosa.
-Acredita em destino, Lílian Evans?
-Eu... – ela começou, meio confusa. – Por que você está me perguntando isso?
-Você acredita. – Lílian soube que aquilo era uma afirmação. – Acredita, então, que quem se atrever a contrariá-lo, não deverá permanecer impune? Que o destino de alguém não pode ser modificado?
-Eu... – ela respirou fundo, mas, por fim, assentiu. Sempre acreditara que a pessoa nascia por algum propósito, contrariar isso seria vir de encontro a razão da sua própria existência. – Mas, você ainda não respondeu minha pergunta. – ela prosseguiu num murmúrio. – Por que você precisa de mim?
-Talvez, um dia, você descubra realmente. – ela disse num ar gentil. – Mas não serei eu a pessoa que lhe contará.O que você está vendo não é real, Evans.Eu perdi a capacidade de me comunicar com humanos, mesmo como espírito. Então, eu crio ilusões, forjo sonhos, induzo palavras, frases, reações... que as pessoas só aceitam se assim desejarem. Então, eu preciso de você.
-Você disse que não me contaria, mas está contando. Então, para quê você precisa de mim?
-Para impedir que ele contrarie o destino. É tudo o que eu posso dizer.
-E quem é ele?
-Você sabe. E você sabe que ele estará tão longe quanto você daqui a algum tempo.
-Eu... – ela respirou fundo. – E se eu não concordar?
-Você já concordou antes mesmo que eu lhe perguntasse. – ela sorriu e Lílian, involuntariamente, se viu desviando o olhar para o colar em suas mãos.
-O colar...? Mas... – Lílian respirou fundo, lembrando-se das palavras dela, das de Thiago e das estranhas reações que sentia ao olhar para aquele colar. Tornou a suspirar e, calmamente, voltou o olhar para a garota. – Posso saber o seu nome?
-Eu já tive muitos nomes ao longo da minha existência, mas, se quiser, pode me chamar de Agatha, mas, creio eu, você não irá se lembrar dele.
-Se você está dizendo que eu não vou me lembrar, então, por que está me contando isso?
-Porque eu espero que se lembre.
-E como eu serei útil para fazer o que deseja, Agatha?
A loira tornou a sorrir.
-Possessione, bellu Lilium...
Lílian abriu os olhos, assustada. Empertigou o corpo, que havia pendido um pouco para a frente e, com um longo suspiro, observou o colar que estava em seu colo. Ele não lhe dava tanto medo quanto outrora.
-Eu acho que cochilei... – ela falou num meio sorriso antes de inspirar fundo. – É melhor eu guardar isso e ir dormir.”
Aquela sensação era estranha: sentir cada parte do seu corpo e não poder movê-lo, ao mesmo tempo em que lhe algo lhe dizia que ainda estava dormindo, ou, talvez, num estado indefinido entre a lucidez e a inconsciência.
Ela sabia que aquele deveria ser mais um daqueles estranhos sonhos, do qual ela pressentia que não iria se recordar quando acordasse. Ouvira falar que, todas as noites, as pessoas sonham e os sonhos, por vezes, são esquecidos pela mínima ação do despertar; mas, saber que não se lembraria antes mesmo de começar o sonho, era realmente inusitado.
Aos poucos, o breu em que se encontrava fora tomando formas e cores. O chão aos seus pés se tornou algo mais concreto e, num leve piscar de olhos, abaixou a cabeça e viu-se coberta por um manto branco, uma túnica suave a esconder-lhe a nudez do corpo.
Lílian respirou fundo, reconhecendo aqueles campos que lhe lembravam vagamente um grande tabuleiro de xadrez, alternando entre verde e uma cor quase azulada. Apreciou a vista por breves momentos e esperou.
-Você não pode arrancá-lo. – uma voz soou meio etérea atrás de si e ela voltou-se rapidamente para a pessoa que acabava de subir no topo da colina na qual ela se encontrava. – Do mesmo modo, de nada adiantaria, pois, a essa altura, ele não passa de um mero objeto.
Lílian desviou os olhos da mulher e voltou-se para os campos.
-Eu quero parar... – ela falou num murmúrio. – Eu já estou cansada disso tudo, Agatha. – Lílian podia não estar olhando para ela naquele momento, mas sabia que ela sorria. Como todas as vezes.
-Minha criança... – ela falou num ar doce, ao que Lílian sentiu os dedos frios dela afastar algumas mechas do seu rosto, deslizando de leve pela sua bochecha. A ruiva se esquivou da carícia e suspirou profundamente.
-Não me trate desse modo. – rebateu num ar frio. – Eu quero parar. Quero que você saia de mim; quero ter minha vida de volta.
-Se você continuar apertando o colar, vai se machucar ainda mais, Lílian. – Agatha advertiu seriamente, mas Lílian ignorou o fato da sua mão direita ter começado a sangrar sem nenhum motivo aparente. – Suas amigas vão ficar preocupadas.
-Por que você está fazendo isso? Por que fica mostrando para o Thiago aquelas coisas? – ela questionou, voltando o olhar para encará-la firmemente.
-Ele quer ficar com você, Evans, aqueles são apenas avisos prévios para que ele perceba que o desejo dele não pode se concretizar. Isso trará a ruína para o nosso mundo.
-Você não pertence a esse mundo, então, por que se preocupa tanto com ele?
-Porque eu agora sou tão vítima quanto você um dia será. Usei o dom que tinha para atender ao egoísmo do ser humano, agora estou pagando pelo meu erro.
“Hogwarts, Setembro de 1976, Sala Comunal da Grifinória.
Lílian observou Lisa se espreguiçar de uma forma manhosa, desviando o olhar da lareira e mirando as outras amigas com certa atenção. Colocando as mãos sobre os lábios, ela escondeu um bocejo e escorregou os pés para fora da poltrona que ocupava. A ruiva apenas passou a página do livro sem nenhum interesse, ao que a metamorfomaga se levantou sem pressa.
-Já vai subir? – Ana questionou, intrigada, ao que Lisa apenas assentiu com a cabeça.
-Estou um pouco cansada; vocês não vem?
-Ainda está um pouco cedo. – a morena falou, sorrindo docemente. – Não estou com sono. – confessou, fazendo com que a garota voltasse o olhar para as outras duas, numa pergunta muda.
-Vou estudar mais um pouco. – Lílian confessou, sorrindo para a amiga, antes de lançar um olhar de soslaio para Thiago, que observava um pequeno objeto escondido entre suas mãos de modo atento.
-Alice...? – Lisa chamou a loirinha, fazendo-a erguer a cabeça de um enorme pergaminho que analisava e franzir o cenho. – Vai me abandonar também? – gracejou ela, fazendo as outras duas rirem um pouco.
-Ah... eu tenho que terminar alguns exercícios, Lisa. – Alice respondeu, um tanto quanto envergonhada. – Você não se importa, não é?
A garota encolheu os ombros e por fim, suspirou.
-Talvez seja uma boa idéia me recolher mesmo. – ela confessou, lançando um olhar emburrado para um grupinho de garotas que lhe lançavam olhares fulminantes e cochichavam algo entre si. – Parece que existem pessoas que ainda não aceitaram certo tipos de relacionamentos. – Lisa concluiu num tom de voz alto, antes de se despedir das amigas e se tomar rumo ao dormitório a passadas rápidas. – Francamente! – as amigas ainda puderam ouvi-la dizer, ao que elas riram baixinho.
-É o Thiago quem vai nos dizer quando podemos ir para o dormitório? – comentou Ana, baixinho.
-Sim. – Lílian confessou, tornando a lançar um olhar para o rapaz, que agora ria sem nenhum motivo aparente. – Espero que eles não demorem muito. – a ruiva soltou um longo suspiro. – Estou com um pouco de sono.
Os minutos se passaram sem que as garotas se dessem conta. Logo, Thiago viera ao encontro delas, avisando sobre o fato de Sirius já ter conversado com a Lisa ( como ele soubera disso era um mistério para as três ), antes de subir para o seu dormitório se espreguiçando demoradamente. Pouco depois as três amigas seguiram o mesmo rumo, ainda podendo encontrar uma Lisa sorridente admirando um buquê de rosas que adornava o seu criado-mudo.
-Elas não são lindas...? – Lisa comentou e dentro de pouco tempo, Alice, Ana e ela engataram uma conversa animada, sendo vagamente ouvida e participada por Lílian, que sentia-se cada vez mais sonolenta, as pálpebras já muito pesadas.
Depois de um tempo em silêncio, desejou boa noite às amigas e enclausurou-se em sua própria cama, fechando o cortinado ao seu redor.
As vozes das amigas, agora, estavam quase imperceptíveis. Lílian respirou fundo e desabou de bruços na cama, enterrando o rosto no travesseiro, soltando um longo suspiro por estar sem vontade de ajeitar-se melhor.
Fechou os olhos e não soube ao certo quando foi que o sono chegara, só tendo consciência do fato quando sentiu uma sensação estranha de ter se jogado de um precipício e agora estar caindo a alta velocidade. Foi, então, que a viu...
Lílian estava novamente no quarto de Thiago, a observar o quadro de Vivian ressonando tranquilamente. Por mais estranho que isso poderia parecer, a ruiva sabia que aquilo era um sonho. Um sonho sem ser. Como se estivesse sobre o efeito do Illudere. De repente, a lembrança de alguns meses atrás lhe veio à tona e ela piscou demoradamente. De chofre, virou-se de costas para o quadro de Vívian e inspirou profundamente, encontrando uma mulher de longos cabelos dourados a sorrir para ela.
-Agatha... – ela assentiu em resposta. – Então, quer dizer que... – ela respirou fundo. – O que você quer...? Onde estou?
-Você está na sua cama, Lílian, ainda na mesma posição que se lembra de ter ficado antes de cair em sono profundo. – ela aproximou-se mais de Lílian ao que ela recuou alguns passos, temerosa. – E, no entanto, também está aqui. Comigo.
-Onde é que você está? – ela se retesou um pouco quando suas costas encontraram o quadro de Vivian atrás de si. – Tome distância, Agatha.
-Não precisa ter medo de mim, criança. – ela sorriu de modo quase indolente. – E você sabe onde estou... – ela tocou de leve o coração da ruiva com a ponta dos dedos. – Eu estou dentro de você.
-Você tentou aparecer para o Thiago, não é? – ela falou, um pouco ofegante. – Era você a mulher que ele disse que viu na minha execução do Illudere.
Agatha não disse nada, mas ela soube que era verdade devido ao olhar que ela lhe lançava.
-Você precisa de mim agora, suponho. – ela falou num suspiro. – Por que você me escolheu?
-A pergunta correta não seria essa, Evans. – Agatha respondeu num ar sereno. – O fato é que eu não escolhi você. Foi você quem se envolveu nesse destino e permitiu-se ser a escolhida. – a loira se afastou dela.
-E por que você precisa de mim para falar com o Thiago?
-Porque você foi a única que me permitiu comunicar com ele. – ela suspirou profundamente. – Desde que a Vivian morreu minha essência estava guardada naquele quadro e só me foi permitido comunicar-me com ele somente uma vez... pela Sarah. E não mais. Talvez para avisar para o Alan o que eu sabia e ainda sei; talvez por ter sido a coisa certa a fazer. – O caso é que, pouco depois de você ter chegado a essa casa, Thiago conseguiu captar duas lembranças minhas e onde eu estava localizada. E, só pelo fato de você ter estado presente entre nós, eu consegui falar com ele, através da própria Vivian. – ela parou de falar por alguns instantes e encarou Lílian de modo penetrante. – Você é importante, Lílian. Você, de alguma forma, fez-se importante.
-E por que você quer falar com o Thiago?
-Porque eu quero que ele saiba o peso da decisão dele quando a hora chegar. E sei que, de alguma forma, você é um fator essencial para isso. – ela piscou de modo demorado e pôs-se a frente da ruiva, encarando-a de modo incisivo. – Agora, minha criança, você precisa relaxar...”
-E qual seria seu erro, Agatha?
-Mudar o destino.
Silêncio. Lílian passou a mão que estava sã pelos cabelos num ar meio impaciente. A ruiva percebeu Agatha aproximar-se ainda mais de si, porém preferiu fingir que não notara, ignorando-a por completo.
-O que você fez mais cedo foi errado, Lílian. E você sabe disso.– a ruiva sorriu de modo satisfeito em resposta.
-Imaginei que você diria isso, mas, eu simplesmente não quis que você mostrasse aquilo, seria doloroso demais para ele. – ela voltou-se para Agatha, esboçando um ar triste. – Isso vai mesmo acontecer, não é?
-Não era para você ter visto. – Agatha rebateu com um longo suspiro. – Mas isso pode servir para que você entenda que o que Thiago Potter quer é uma ilusão.
-Ele não vai desistir; você sabe disso. – Lílian rebateu firmemente.
-E o que você quer, Lílian Evans?
“Hogwarts, Setembro de 1976, Dormitório Masculino.
O quarto dos marotos estava estranhamente silencioso àquela hora da noite, e o fato dos quatro ainda manterem-se completamente acordados fazia com que esse fato se tornasse ainda mais excêntrico. Entretanto, nenhum deles parecia incomodado com isso. Remo e Tiago tinham suas atenções voltadas, cada um em sua respectiva cama, para um grosso livro. Já Pedro rabiscava algo em um pergaminho surrado, como se não tivesse nada melhor para fazer. E Sirius, por sua vez, estava debruçado na janela do dormitório, observando o céu num ar distraído, como se esperasse que alguma coisa acontecesse.
Alguns minutos se passaram até que Thiago deixasse escapar um longo suspiro e fechasse o livro, sem ânimo, voltando-se para Sirius com um olhar interessado. Sorriu, de leve, ao notar que o amigo parecia apreensivo. O outro, por sua vez, pareceu notar que era observado, pois virara-se para o rapaz de cabelos arrepiados com um olhar intrigado.
-Posso saber o motivo da graça? – Sirius questionou, arrancando um riso de Thiago. Remo lhe lançara um olhar atravessado, num ato mudo de repreensão pela súbita quebra do silêncio.
-Você está nervoso. – Pontas avaliou, passando a mão pelos cabelos e se sentando na cama. Pedro, ao notar que um diálogo seria iniciado, abandonou o pergaminho como se há muito desejasse fazer isso.
-Eu não estou nervoso. – desconversou Almofadinhas, visivelmente desconcertado.
-Certo, e o Thiago é uma toupeira cega. – gracejou Remo, desistindo da leitura, esboçando um tênue sorriso ao notar o olhar visivelmente ofendido do amigo em meio aos risos dos outros dois.
-Sabe, eu não gostei da comparação. – resmungou em resposta.
-Bom, Pontas, levando-se em conta que você realmente parece uma toupeira cega quando está sem óculos... – Remo comentou descontraído, antes de rir com os outros dois marotos.
-Sabe, eu não gostei do seu bom-humor.
-Não era para você gostar. – Remo respondeu, risonho, antes de encarar Sirius com um olhar mais sério. – Então, Sirius, vai nos dizer o que tanto te incomoda? – o maroto automaticamente parou de rir, e esboçando um ar meio indiferente, limitou-se a encolher os ombros.
-Você não está pensando em desistir, não é? – comentou Pedro num tom alarmado. – Não depois de...
-Não é isso, Rabicho. – ele suspirou. – É que...
-O pensamento de, a partir de agora, passar a usar uma ‘coleira’ está me sufocando. – comentou Thiago como quem não quer nada. – Sabe, eu tenho receio de não conseguir conviver com essa situação, como sinto que o Pontas conseguiria se estivesse no meu lugar. – ele sorriu largamente quando Sirius olhou feio para ele. – Mas não se preocupe, Sissi, eu sou um bom conselheiro.
-Acho que o Aluado se encaixaria melhor nessa opção... Thiaguito.
-E eu ainda aqui, todo preocupado, tentando ser prestativo... – o moreno fingiu revirar os olhos. – Mas, não se preocupe, ainda vamos honrar os marotos, não, Pedro? Estamos solteiros, e com muito orgulho!
-E onde fica Lílian Evans nessa história?- Pedro questionou entre confuso e alegre. Remo e Sirius prenderam o riso ao notar a visível perda de animação de Thiago, lançando um olhar falsamente emburrado para o amigo.
-Bom, a depender do ponto de vista, eu sei bem onde ela pode ficar. – ele sorriu de modo maroto, recebendo uma travesseirada em resposta e a risada-latido de Sirius ecoar pelo recinto.
-Ah, pare de devanear com Lílian e faça algo de útil! – murmurou, jogando o Mapa do Maroto em cima da cama de Thiago, que acabava de ajeitar os óculos, que se entortaram com o impacto do travesseiro em seu rosto. – Marotos, não me esperem. – disse num ar tipicamente arteiro, fazendo Thiago revirar os olhos e os outros dois rirem.
-Vai pela sombra! – Thiago comentou, risonho, antes do rapaz fechar a porta do dormitório calmamente. Logo depois, lançou um suspiro pesaroso para o Mapa do Maroto a sua frente.
-Grande trabalho... – resmungou e, com um aceno na varinha, fez o mapa dobrar-se com extrema agilidade, de modo a somente deixar visível a área que o pontinho intitulado Argos Filch agora transitava, e uma mais separada, onde o Sirius Black estava. – Alguém pode me fazer companhia antes que eu morra de tédio?
-Sinto muito, Pontas. – Remo comentou num meio sorriso. – Nós tiramos na sorte e, infelizmente, você perdeu.
-É uma pena... – completou Pedro, rindo. – Pense pelo lado bom, você pode espiar a ruivinha, não?
-Ela não está fazendo ronda hoje. – o rapaz encolheu os ombros e suspirou. – Bem, a Lílian, aparentemente, já estar dormindo, já que o pontinho dela se encontra no dormitório. – murmurou, abrindo um pouco o mapa, para mostrar a torre Grifinória. – Quanto ao Sirius, ele já está a caminho da Precisa.
-Você não vai ficar narrando tudo o que acontecer, vai? – Remo perguntou, desanimado.
-Não sei. – Thiago murmurou num dar de ombros. – Hogwarts à noite é tão monótona, às vezes... não tem nenhum casal excêntrico para que eu possa rir da cara hoje. – ele sorriu marotamente. – A não ser o Sirius e a Lisa, é claro.
-Deixa só o Sirius ouvir você falando isso... – Remo soltou, risonho, antes de voltar a atenção para o seu livro.
Depois do que pareceu ser horas, Thiago notara que seus amigos já haviam caído no sono, deixando-o somente em companhia de Apollo, cuja feição enfezada indicava não estar nos melhores dias. Havia um bilhete já escrito, amarrado a sua pata, e ele encarava o dono com certa censura por não deixa-lo entregar o mesmo de uma vez para poder ir embora. Aparentemente, ele preferia aproveitar a noite fazendo coisas melhores.
Thiago, contudo, apenas ria da feição irritada da coruja, que se mostrava cada vez mais carrancuda, as penas se arrepiando consideravelmente. Até que, ainda rindo, ele reparara que Filch estava começando a patrulhar o corredor em que Sirius e Lisa estavam. Bastou apenas uma troca de olhares para que o animal sacudisse as asas e alteasse vôo em direção a janela. Esboçando um ar satisfeito, Thiago se espreguiçou longamente e bocejou.
-Malfeito Feito. – murmurou, fazendo o mapa fechar-se sozinho e com um novo aceno de varinha fê-lo voar até o seu malão, trancando-o em seguida.
A súbita e quase imperceptível movimentação no dormitório pareceu despertar Remo, que erguera a cabeça do travesseiro e observou meio desnorteado Thiago, que acabava de se enfiar debaixo das cobertas. O moreno, ao notar que tinha atenção de Remo sobre si, sorriu para o amigo, que apenas resmungou algo desconexo e voltou a dormir. Rindo de leve, Thiago fechou o cortinado e aconchegou-se um pouco mais, a fim de arranjar uma posição confortável para dormir.
Poucos minutos depois que o silêncio tornara a imperar sobre o dormitório, um novo ruído, dessa vez de passos, o quebrara. Remo praguejou baixinho contra o seu próprio sono leve e suspirou, passando a mão pelos cabelos antes de avistar um Sirius sorridente remexer no seu malão enquanto cantarolava algo baixinho. Já meio desperto, Remo revirou os olhos e ergueu-se pelos cotovelos, a fim de observar o amigo melhor.
-Pelo visto a noite foi boa, não? – comentou num ar meio divertido. O sorriso de Sirius apenas se alargou quando seu olhar se encontrou com o do amigo.
-Melhor, impossível. – falou de modo pomposo. – Mas, aparentemente, eu não serei o único a falar de encontros por aqui. – ele sorriu marotamente ao que Remo esboçou um ar intrigado, estando um pouco mais desperto.
-Por que você está dizendo isso, Almofadinhas?
-Sabe aquela garota que largou um “Preciso falar com você” na cama do Pontas? – Remo apenas assentiu. – Parece que ela deu as caras novamente. E dessa vez marcou um encontro com o Thiago, hoje à noite. O Pontas está lá embaixo, esperando só dar o horário para ir se encontrar com ela. – Sirius parou de falar um pouco, notando que Remo observava o cortinado fechado da cama de Thiago com uma sobrancelha arqueada; quando a atenção do rapaz voltou para si, prosseguiu.. – Bom, nos falamos melhor amanhã e veremos no que isso vai dar. Boa noite, Aluado. – falou num meio sorriso ao notar o longo bocejo que o amigo tentara ocultar com a mão sobre a boca.
-Boa noite, Almofadinhas.”
Lílian não respondeu a um primeiro momento. Apenas tornou a observar os campos com um olhar perdido durante o que lhe pareceu ser longos minutos.
-Eu não quero e nem desejo que ele ache que eu sou um peso para ele, e que tudo o que vir a acontecer um dia ele ache que seja culpa dele. – ela respirou fundo, ao começar a falar. – Mas não sei se realmente desejo contrariar o destino. Você devia parar, Agatha; continuar dessa maneira é como forçar o Thiago a fazer algo que você queira; e creio que ele tomará a decisão correta, pelo menos para ele. – Lílian parou de falar por alguns instantes, antes de se virar por completo para Agatha. – Mas, se é o seu desejo continuar, faça com que sua presença faça com que ele se sinta seguro, e não ameaçado. Você pode não esclarecer as coisas, decerto por ser proibida de fazê-lo, mas isso não significa que você não possa ajudar, da sua maneira.
“Hogwarts, Setembro de 1976, Sala Comunal da Grifinória
Lílian desceu as escadas do seu dormitório a passos suntuosos e silenciosos.Quem a visse de longe, não poderia notar nenhuma diferença sutil na monitora Grifinória, mas, se observasse com mais atenção poderia perceber com profunda estranheza que seus olhos outrora verdes estavam negros e os cabelos esvoaçavam de modo quase imperceptível, mesmo que não tivesse nenhuma brisa forte o suficiente para realizar aquele ato.
Soltando um longo suspiro, a ruiva alcançou o primeiro degrau e lançou uma olhadela pelo recinto, parando-se por alguns instantes na escadaria que dava para o dormitório dos garotos. Sorriu.
Ainda emanando certa imponência, a ruiva dirigiu-se aos degraus que dava para a ala masculina da torre, mas antes que pisasse os pés no mesmo, virou-se bruscamente para a direção do buraco do retrato da Mulher Gorda e estreitou os olhos, deixando-a num aspecto ainda mais excêntrico e intimidador.
-Illusione. – sua voz não soara maior do que um leve murmúrio, ao passo que ela tomava um rumo contrário ao que pretendia inicialmente, esboçando um sorriso mais do que satisfeito ao notar que a sua aparência estava mudando. Mas, não era os olhos de Lílian, os seus olhos que a viam dessa maneira. Era os olhos de dois outros.
O vento frio que irradiara do encantamento que ela proferira pareceu ultrapassar o retrato que guardava aquele recinto e, respirando fundo, a garota fez um gesto com a varinha de Lílian para que o retrato se abrisse ao passo que estendia o outro braço, como se esperasse algo.
Segundos depois, a coruja de Thiago Potter pousara no seu braço e a mão que ela ainda segurava a varinha da ruiva passou a acariciar com carinho as penas negras do animal. Sorriu. Para Sirius e Lisa, aquele sorriso era o sorriso astuto de Thiago Potter.
-Tsc,tsc... que coisa feia. Isso é hora de ficar fora da cama, crianças? – questionou num ar divertido com a voz de Lílian. Para o casal, aquele era Thiago Potter falando.
Agatha observou Lisa prender o riso ante o seu comentário antes de arrastar um Sirius meio contrariado para dentro da sala comunal.
-Obrigado por estragar a minha festa mais uma vez, Pontas. – ela ouviu Sirius resmungar e meneou a cabeça, voltando o olhar para a coruja do rapaz.
Agatha fixou seus olhos nos do animal por breves instantes; logo depois, a feição divertida de Thiago transformara-se numa surpresa, porém, o pé que a coruja estendia para Agatha não havia nada; mas, aos olhos de Sirius e Lisa, ela lhe estendia um pergaminho. Um pergaminho para Thiago Potter.
-Thiago? – a voz de Lisa lhe chegou até os ouvidos num questionamento calmo, no entanto, havia um quê de preocupação em sua voz.
Agatha estreitou os olhos, observando a coruja de modo mais penetrante. Alguns instantes depois o animal levantou vôo e se empoleirou no corrimão, começando a ajeitar as penas de modo pomposo, apesar de seus olhos perspicazes observar cada movimento que a ruiva fazia.
-Thiago...? – a voz de Sirius chegou até seus ouvidos e, automaticamente, ela voltou o olhar para eles.
-Sirius, parece que a resposta veio mais cedo do que eu esperava. – ela disse, querendo sorrir, já sabendo que fazer gestos para que sejam imitados por o que a mente do casal agora captava não se fazia mais necessário.
-Que resposta? – Lisa questionou num tom que denota curiosidade.
-Suspeitamos que o Pontas tenha uma admiradora. E parece que ela acaba de marcar um encontro...
Agatha ouvia a tudo atentamente, porém, seu olhar se voltara mais uma vez para a coruja, que a espreitava com seus olhos dourados. Alguns instantes depois, tornou a voltar o olhar para Sirius, ao notar que ele havia dito algo.
-Como...?
-Apollo estava em meio ombro todo o tempo. – ele respondeu calmamente, esboçando um ar pensativo. – Não tinha como simplesmente alguém colocar o pergaminho no pé dele, sem que tivéssemos percebido. Pelo menos, não alguém vivo.
Agatha permaneceu em silêncio.O olhar da coruja era ainda mais penetrante, como se soubesse perfeitamente o que ela estava fazendo... e o que faria.
-Talvez, seja lá quem tivesse mandado esse pergaminho, pediu para um fantasma fazer? – deduziu Lisa pensativa. – Lembra do vento frio que sentimos, Sirius? Isso é coisa de fantasma.
-Seja o que foi que tenha acontecido, uma coisa é certa: ela não quer que os outros saibam do encontro. – Agatha se pronunciou num ar meio vago. – Isso é só entre mim e ela.
A garota sentiu o corpo se retesar um pouco, ao passo que ouvia Lisa falar algo num tom divertido. Sentiu uma leve tontura acometê-la, mas procurou manter-se firme. Respirou fundo quando ouviu a moça dirigir a palavra a Thiago novamente.
-Pretendo. – ela falou num tom sério. – Preciso constatar se minhas suspeitas estejam corretas.
Agatha percebeu que sua influência sobre Lílian se enfraqueceu consideravelmente. Com um profundo suspiro, desabou no sofá, um tanto quanto abatida.
-O caso é saber se ela é mesmo uma garota. – ela sentiu os lábios de Lílian formarem as palavras, mas soube perfeitamente que não foi por um comando dela.
Automaticamente, Agatha voltou o olhar para o casal a sua frente, como se esperasse alguma reação pasma de ambos. Suspirou aliviada ao notar que Lisa apenas fitou Sirius de modo confuso e o mesmo deu de ombros, após um breve revirar de olhos. Certamente também não fazia a menor idéia do significado daquela frase e, principalmente, de quem realmente a falara.
-Você vai ficar aqui até dar o horário do encontro, suponho. – Sirius comentou, ainda dirigindo a palavra a Thiago. A ruiva apenas limitou-se a assentir, fazendo com que Thiago Potter fizesse o mesmo.
Lisa e Sirius, então, desejaram “Boa Noite” a ele e se dirigiram aos seus respectivos dormitórios, após um beijo enérgico. Vendo-se sozinha novamente, a ruiva fechou os olhos e afundou no sofá, seu corpo descrevendo um breve arco, indo de encontro ao assento do móvel.
Lílian abriu os olhos num sobressalto, como quem acabara de acordar de um pesadelo. Num gemido, afastou os cabelos do rosto e ergueu-se na cama de modo preguiçoso, respirando fundo para controlar a respiração. Ainda um tanto quanto desnorteada, ergueu os orbes esverdeados, mas, ao notar que não estava onde bem pensava que estaria, sentiu seu coração falhar por breves instantes e um grito querer escapar da sua garganta.
Como um animal acuado, arrastou-se até a cabeceira da cama, quando reparou que Agatha estava sentada numa poltrona a sua frente e que ela estava de volta ao quarto de Thiago Potter.
-Por que você fez isso, minha criança? – ela perguntou em tom de repreensão. – Você podia entrar em coma. Você não deve interferir quando eu estou agindo.
-O que diabos você fez comigo? – ela ofegou um pouco, encolhendo-se ainda mais quando a mulher se levantara. – Por que você agiu daquela maneira com a Lisa e o Sirius?O que raios é você?
-Uma pergunta que já foi respondida, Lílian Evans, creio que eu não precise responder novamente. – ela falou num ar mais sério ainda, antes de sua feição se tornar mais branda. Um sorriso cândido voltando a povoar a sua face. – E eu já disse que não precisa me temer. Eu não vou lhe fazer mal.
-Eu não quero saber se você quer me fazer mal ou não. – ela falou num murmúrio, enterrando os dedos nos rubros cabelos e encolhendo-se ainda mais na cama. – Eu quero que você saia de dentro de mim.
-Subir as escadas do seu dormitório dessa maneira pode acabar machucando você, Lílian.
-Pouco me importa! – ela alteou um pouco a voz, cerrando os olhos com força.
-Ir para lá não significa que você fique imune a mim, Lílian. – Agatha falou num tom brando. – Eu já estou em você, isso é um fato.
-E é um fato que eu quero que você volte para o inferno. – ela grunhiu de forma grosseira, ligeiramente ofegante. – Eu não permiti que você usasse de mim como bem e a hora que quisesse; e você estar aqui não significa que lhe dá o direito de fazer isso.
-Lílian, não seja tão teimosa...
-Eu quero que você suma da minha frente. – ela falou num tom de voz firme. – Eu quero que você nunca mais apareça. Eu quero que... – as palavras se perderam em seus lábios quando sentiu um toque frio sobre os seus cabelos e o colchão afundar ao seu lado. – Sai daqui... – ela completou, a voz ligeiramente fraca.
-Eu não saio. – ela falou num tom que soara um tanto quanto engraçado e teimoso. Lílian achou que ele ficava excêntrico nela. – Estamos ligadas de alguma forma, Lílian, não há como voltar atrás.
A ruiva notou que ela lhe ergueu o rosto num gesto um tanto quanto maternal. Fechando os olhos de leve, Agatha depositou um beijo na testa dela e, sem que a ruiva permitisse, aninhou-a em seus braços e suspirou. Lílian sentia suas forças se esvaírem de modo mais intenso, fazendo-a desistir de lutar contra isso, limitando-se apenas a entregar-se à leve sensação de torpor que lhe invadira o peito.
-Ad somniare volvitat, bellu Lilium...
Foi a última coisa que Lílian ouviu antes de tudo escurecer por completo.”.
-Você deseja que eu continue, Lílian Evans?
A garota apenas repirou fundo e encolheu os ombros.
-Eu sei o que vai acontecer. – a ruiva falou, pesarosa. – Só que somente me recordo quando estou aqui. Com você. Nossas mentes, de certa forma, ficam ligadas. Como você sou eu e, ao mesmo tempo, eu sou você... suas lembranças são minhas e as minhas são suas. – ela sorriu, de leve. – Você tem medo de deixar de existir, Agatha?
-Por que a pergunta? – Agatha questionou num ar sério. Lílian esboçou um ar gentil ao notar o que ela havia sentido.
-Não; não tem. – ela respirou fundo. – Foi porque, por um momento, eu imaginei que, se eu chegar a morrer ou não aceitar que você permaneça no meu corpo, você deixaria de existir.
-Talvez. – a loira respondeu num ar sério. – Nunca se sabe. Talvez eu voltei para o lugar que anteriormente ocupava, ou, talvez, finalmente consiga transitar do mundo dos vivos para o mundo dos mortos.
-Mas, se você não tem medo de morrer, por que você ainda continua aqui?
-Porque tive medo um dia e fiz o possível para que isso jamais se realizasse. – Agatha confessou num tom sério. – Estou pagando o preço da minha escolha agora.
““Hogwarts, Setembro de 1976, Dormitório Masculino.
Quando ela tomou consciência de onde estava realmente, percebeu que sua mão estava crispada sobre o cortinado da cama, já podendo encontra-lo um pouco entreaberto; meio inconformada, a moça soltou o ar lentamente pela boca, fechando a cortina em seguida.
Lançou uma olhadela pelo recinto antes de caminhar a passos suaves em direção à porta do dormitório mais uma vez, ignorando o olhar que sentira de uma das amigas de Lílian sobre si.
Sem pressa, Agatha tornou a percorrer o trajeto que fizera a alguns instantes atrás, esperando que não encontrasse mais nenhum tipo de interferência. Ela não se surpreendeu ao se deparar com a coruja de Thiago no mesmo lugar em que a vira pela última vez. Sorriu quando seus olhos se fixaram nela, estudando-a minuciosamente antes de levantar vôo e pousar calmamente em seu ombro.
-As pessoas deviam prestar mais atenção nos animais, eles dizem muita coisa. – ela murmurou, acariciando de leve as penas negras da coruja antes de subir as escadas que davam acesso a ala masculina da torre.
Agatha parou de andar quando a coruja soltou um breve pio. Sorrindo, ela abriu a porta do dormitório ao mesmo tempo em que a coruja alteava vôo e saia pela janela situada no fim do corredor.Ela adentrou o recinto em profundo silêncio. Com os olhos meio cerrados, ela observou cada um dos cortinados fechados com extrema cautela, parando numa das camas centrais. Poucos instantes depois, a garota estava abrindo o cortinado da mesma, deparando-se com Thiago a ressonar, tranqüilo.
Num gesto altivo, a garota sentou na cama do rapaz, admirando o seu rosto sereno por alguns instantes. Logo depois, recolheu as pernas para cima da cama e fechou o cortinado ao redor dos dois.
-Silentiu. – ela murmurou, enquanto se ajoelhava ao lado do rapaz, sentando encima das próprias pernas.
Lentamente, ela correu os dedos pelo rosto dele, contornando sua face antes de, num gesto gentil, segurar a cabeça dele com ambas as mãos e recostar sua testa a dele num suspiro.
Thiago tremeu um pouco enquanto ela encarava as pálpebras fechadas com seus olhos tão negros quanto a noite que agora caía. Agatha inspirou profundamente, enterrando de leve os dedos nos cabelos dele, ao passo que os seus caiam como uma cascata sobre ambos os rostos.
- Sanctu Ya’aqob, accordat.
Como se tivesse atendido ao pedido da moça, Thiago, automaticamente, abriu os olhos, inspirando de forma falha e arqueando um pouco o corpo para frente. Ela pressionou um pouco mais a cabeça dele entre suas mãos, a fim de mantê-la mais firme, ao notar que ele, inconscientemente, fizera menção de livrar-se dela.
-Oculus, universale januella, quid in tuo mente intrat permitteri. - ela sussurrou, ligeiramente ofegante. Thiago contorceu-se ainda mais, arregalando os olhos enquanto suas mãos apertava as cobertas firmemente.
-Você não pode fazer isso... – sua voz não passara de um mover de lábios.
Os lábios da ruiva se abriram num largo sorriso.
-Eu já estou fazendo isso, Sanctu Ya’aqob. – ela rebateu, baixinho. – Você precisa parar de resistir... você precisa para de alimentar esse bloqueio em sua mente.
O corpo de Thiago pareceu relaxar um pouco, apesar de se mostrar um pouco tenso e ser, de vez em quando, acometido de leve arqueios que o faziam se aproximar cada vez mais do rosto de Lílian.
Lentamente, a garota soltou a cabeça dele e se afastou, contudo, não rompeu o contato visual entre eles. Adquirindo um porte mais ereto, a ruiva tocou com o dedo indicador e o médio na região situada entre as sobrancelhas do rapaz, o chamado “terceiro-olho”, fazendo-o soltar um leve gemido de dor.
-Illusione. – ela murmurou num ar sério e, instantes depois, diversas cenas povoaram a mente do rapaz.
Sala Comunal... Apollo... o bilhete... Sirius e Lisa... a Torre de Astronomia.
-Acho que é a mim quem você procura, não é, Thiago Potter? – Lílian murmurou, com a respiração rasa. – Com medo?
-Agatha...? – ela sentiu os lábios dele moverem-se naquele nome, no entanto, em sua mente, aquela voz soara num tom audível e receoso. Os seus olhos castanho-esverdeados encaravam as íris negras de Agatha quase sem piscar.– Foi... foi você quem mandou aqueles dois bilhetes para mim?
-Você quer tanto saber...
-Claro que eu quero saber. Se não quisesse, decerto que não perderia meu tempo estando aqui.
Agatha estreitou ligeiramente seus olhos, pressionando ainda mais a região que tocava com os dois dedos.
-Uma mente povoada de dúvidas, Sr. Potter... – ela murmurou ao que Thiago respirou de modo ruidoso, arregalando um pouco mais os olhos ao passo que sua mão apertava cada vez mais as cobertas que lhe encobriam. O suor começou a brotar dos seus poros.
-V-você está lendo a minha mente? – as palavras, somente as palavras, formaram-se novamente em seus lábios;sua respiração ficava cada vez mais rasa.
-Sonhos... Receios... Medos... Alegrias... Tristezas... – ela proferia aquelas palavras lentamente, ao mesmo tempo em que o tronco de Thiago elevava-se ainda mais, forçando-a a ampara-lo com uma das mãos no meio das costas enquanto permanecia inerte.
-P-pára com isso... – ele pediu de modo fraco, as lágrimas descendo silenciosamente pelo canto dos olhos.
-Amor... – murmurou baixinho, sentindo-se um pouco fraca. – Um nome...
-Pára! – a sua voz soou firme seguida de um fechar brusco dos seus olhos. Aquele gesto provocou-lhe um leve convulsionar antes de desfalecer por completo nos braços da ruiva com um último tremer.
Os lábios de Lílian se curvaram num breve sorriso enquanto que os olhos negros de Agatha lançavam um olhar terno para o rapaz, depositando-o na cama com o maior cuidado possível.
-Evans...
-O que raios é você? – ele questionou depois de alguns instantes, sua voz soando muito fraca ao passo que ele virava o rosto para o lado, contorcendo-o numa feição de dor; suas pálpebras tremiam. – Pretende me matar...?
-Se você esperasse eu terminar, certamente não estaria assim agora. – a ruiva respondeu num meio sorriso, observando-o inspirar profundamente. – Desculpe, mas essa foi a única forma de obter as respostas para as minhas dúvidas.
-Dúvidas...? – ele questionou entre um gemido. – E quanto as minhas? – o rosto de Lílian se abriu num sorriso, prevendo o que ele iria perguntar. – Quem é você?
-Você mesmo já disse a resposta para a sua pergunta, Thiago Potter.
-Então... – sua voz soou um tanto quanto pensativa. – Você é mesmo Agatha.”
-Pagando o preço da sua escolha? – Lílian repetiu num tom meio alarmado. – Quer dizer então que você vai passar toda a eternidade... assim?
-A imortalidade é ansiada por muitos, Evans, mas nenhum deles sabem o preço que esse desejo acarretará para a sua própria existência. Muitos agem sem escrúpulos para obtê-la, destruindo a vida de outros por causa da sua própria ganância e egoísmo.
Lílian esboçou um ar intrigado, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu-se afetada pelo olhar que Agatha lhe lançara e respirou fundo.
-Acho que entendi o que você quis dizer. – ela falou com certo desânimo. – Mas o que eu não entendo é o fato de você ser, aparentemente, tão forte e não poder fazer nada para mudar esse quadro futuro. Por que isso tudo?
-Porque eu não sou a pessoa ideal para isso, Lílian. E eu posso dizer que até mesmo Thiago Potter é tão vítima quanto nós nessa história.
“Hogwarts, Setembro de 1976, Dormitório Masculino.
-Você estava lendo meus pensamentos...? – a pergunta lhe viera com certo receio. Os lábios de Lílian deixaram escapar um longo suspiro enquanto piscava demoradamente antes de responder.
-Não é preciso ter muito trabalho para fazer isso depois que se faz a primeira vez... – ela avaliou, observando a feição dele ficar um pouco séria; Agatha facilmente previu que ele deveria estar se sentindo contrariado com a sua confissão.
-E o que te dá o direito...
-Não se preocupe, não contarei a ninguém as coisas que eu descobri... – ela o interrompeu calmamente, calando-se por alguns instantes antes de prosseguir. – Potter, o que você sente pela Evans?
Os olhos de Thiago cerraram-se ainda mais com o questionamento dela. A feição de Lílian transformou-se de serena para sisuda ao notar que ele cada vez mais tentava fechar a sua mente para ela.
-Acho que não preciso me dar ao trabalho de responder. – Agatha estreitou os olhos quando reparou que um sorriso debochado se formara em seu rosto.. – Pode vasculhar a minha mente para obter uma resposta.
-Seu próprio subconsciente não permite... – ela avaliou numa calma sobrenatural. – Você se empenha tanto em esconder o que sente realmente por ela, que é impossível ver esse seu lado em sua mente.
Tanto o Thiago da ilusão quanto o Thiago que agora estava a sua frente, deitado na cama, esboçaram sorrisos triunfantes.
-O que você sente por Evans, Potter? – ela questionou novamente, sem demonstrar os ares de impaciência que estavam começando a abala-la.
-Vai me contar o que você quer de mim? – a voz cada vez mais firme do rapaz lhe soara levemente debochada.
-Eu quem faço as perguntas aqui, Potter. – ela rebateu de modo incisivo. Segundos depois, os seus dedos novamente atingiram o “terceiro olho” do rapaz, pressionando-o com força. Thiago arfou de dor, seus olhos se abrindo bruscamente, emanando um brilho incomum. Fúria. – Ama ou não ama, Potter. – ela inquiriu pausadamente.
-O que te faz pensar que eu vou me dar ao trabalho de responder a todas as suas perguntas, se você não responde as minhas? – Thiago questionou num tom meio ruidoso, porém não menos intimidante. – Você não manda em mim, Agatha. – os olhos dele se reviraram um pouco.
-Não me subestime. Você pode ter poderes, mas não se iguala aos meus. – ela sussurrou de modo ameaçador. – Ama ou não ama, Potter. – ela repetiu, comprimindo os dedos ainda mais.
-Para que você quer saber? – a voz dele não passava de um mover de lábios agora. Seu corpo se arrepiou por inteiro.
-Não faz parte do seu destino ficar com Lílian Evans.
-Eu não acredito no destino. Portanto, pouco me importo com ele. – Thiago esboçou um ar aliviado quando ela diminuiu a pressão sobre o local. – O que você quer de mim? – ele repetiu a pergunta, com uma voz rouca.. – Além de saber sobre a Lílian, é claro.
A mesma tontura que a acometera a instantes atrás, tornou a vir com força. Lily ofegou um pouco antes de menear a cabeça bruscamente e voltar a encarar Thiago. Os olhos outrora negros ficaram ligeiramente verdes por um curto período.
-Você cometeu um profundo erro se apaixonando por essa garota, Thiago. – ela respondeu num suspiro. – Você verá as conseqüências dos seus atos no futuro. Lembre-se dos seus sonhos, é tudo o que eu posso te dizer. – ela completou antes de tirar os dedos do terceiro olho de Thiago por completo, sentindo-se novamente zonza. Lílian estava voltando a si.
Mas, antes mesmo que pudesse se afastar, sentiu a mão de Thiago fechar sobre o seu pulso, tanto no sonho quanto na realidade, impedindo-a de cortar a ilusão. Lílian esperou, ainda na mesma posição, ao passo que Agatha voltava o olhar para ele com os olhos em chamas.
-C-como... Como você sabe dos meus sonhos? – ele questionou, confuso. Lílian o fitou e percebeu que o maroto tinha fechado os olhos novamente. Sorriu.
-Eles se tornarão reais se você não tomar a decisão correta.
Ambos ficaram lívidos por longos minutos. As pálpebras de Thiago tremeram furiosamente e Lílian pôde reparar que os cílios estavam um pouco molhados.
-Ela... ela vai...
-Ela não será a única. – ela respondeu, sem emoção.
-E aquele garoto que eu vi, quem é ele? É o meu filho? Eu preciso saber. – ele questionou rapidamente, Lílian suspirou aliviada ao notar que ele soltara o seu pulso. Sem pensar duas vezes, puxou o cortinado dele lentamente e se levantou. Colocou algo no bolso da capa pendurada na cabeceira, observando-o falar mais uma vez, para depois se afastar por completo. – Você sabe... O que o futuro reserva... o que o futuro me reserva. – sua voz não passara de um sussurro rouco. – Eu sei que você sabe.
-Sim, eu sei. Você... – ela sua voz falhou por alguns instantes, como se algo a impedisse de dizer o que quer que pretendia falar. Arregalou de leve os olhos escuros, levando a mão aos lábios, descendo até o colar que adornava seu pescoço. A ruiva apoiou-se na porta, sentindo-se ligeiramente sem ar. – pela estrela do mundo bruxo. – completou numa voz falha, fechando a porta ao passar, a ponto de ainda ouvir o rapaz murmurar a palavra “Estrela”.
Ofegante, Lílian recostou-se à porta do dormitório e fechou os olhos, como quem tenta controlar a própria respiração e os batimentos cardíacos que estavam descompassados.
-Sanctu Ya’aqob, per absolutu accordat. – ela sussurrou, de olhos fechados, sabendo que segundos depois Thiago Potter estaria acordando assustado, em sua cama. Logo depois, o corpo de Lílian pendeu para frente, descrevendo um arco suntuoso e ir de encontro ao chão.
Pela terceira vez aquela noite, Lílian abrira os olhos num sobressalto. E, pela terceira vez aquela noite, reconheceu-se nos aposentos de Thiago Potter. Aos poucos, os sentidos voltaram e, quando tomou ciência de que estava aninhada nos braços de alguém, separou-se do mesmo de modo brusco. Ofegante, mirou o rosto pálido de Agatha, que a encarava com censura.
-Você novamente? – ela grunhiu, irritada. Uma sombra de sorriso passou pelos lábios da loira.
-Sim, sou eu novamente. – ela levantou-se da cama e se afastou um pouco da ruiva. – E, novamente, lhe digo que o que você fez foi muito arriscado, Lílian.
A ruiva abriu a boca para protestar, mas Agatha foi mais rápida.
-E não venha me falar que você não sabia o que estava fazendo, porque eu sei muito bem que você sabe. Sei também que você presenciou tudo o que aconteceu entre mim e Thiago Potter.
-O que foi aquilo que você fez com ele? – ela perguntou, meio surpresa. – Você reagiu de modo diferente para entrar na mente dele. Sua ilusão foi forjada de forma diferente da que você fez com Sirius e Lisa.
-Porque a mente dele estava bloqueada. Sarah a bloqueou a uns meses atrás. Ela vem fazendo isso regularmente.
-Sarah... a mãe do Thiago? – Agatha assentiu lentamente. – E por que ela está fazendo isso?
-Você está fraca, Lílian, é melhor você descansar.
-Por que ela fez isso? – ela questionou pausadamente, encarando Agatha de modo desafiador. – Já que não há como te expulsar de mim, ao menos, quero entender algumas das coisas que estão acontecendo.
-Ela não quer que eu fale com Thiago, porque há algo que ela esconde dele. Os dois escondem dele, mas ela não quer que ele saiba agora.
-E você vai dizer a ele...?
-Não posso. – ela respondeu, simplesmente. – Agora, Lílian, até breve. – e, então, tudo escureceu.
Demorou um tempo para Lílian recobrar a sensibilidade no corpo e perceber que ele estava dolorido. Soltando um leve lamurio, reconheceu o chão frio sob a sua face. Abrindo os olhos preguiçosamente, ela afastou as mechas ruivas que lhe caiam pelo rosto e se levantou com certo esforço. Os olhos estavam semi-cerrados, como se o fato de mantê-lo abertos a incomodasse.
Esfregando o rosto, a ruiva respirou fundo, analisando o local com cautela. Reconheceu as portas dos dormitórios grifinórios, mas algo lhe dizia que não deveria estar ali.
Preferindo seguir seus instintos a averiguar melhor a situação, ela caminhou pelo corredor e rumou para a sala comunal. Já um tanto trôpega de sono, a ruiva desabou no primeiro sofá que encontrou, caindo num sono sem sonhos instantes depois.”
-Se o Potter é tão vítima quanto nós, como você mesma disse, por que você o persegue tanto? – Lílian questionou lançando um olhar sisudo para ela. – Por que essa vontade de fazer com que ele aceite o fato de que não está no destino dele ficar comigo? – a ruiva respirou profundamente. – Não seria mais fácil deixar que tudo se ajeite por si só? Afinal, se tudo está fora dos eixos, creio que o próprio destino se encarregará de pôr as coisas em ordem novamente.
-O mais certo a se fazer muitas vezes não gera o caminho mais fácil, Lílian. – Agatha respondeu de modo sereno. – É só isso que eu posso dizer.
“Hogwarts, Outubro de 1976, Dormitório Feminino.
Lílian acordara particularmente cedo naquela manhã fria e quase tempestuosa de outubro. Espreguiçando-se sem pressa, sentiu certo alívio ao notar que havia tido uma boa noite de sono, e que estava deitada em sua cama.
Com sutileza, tirou as cobertas de cima do seu corpo, arrepiando-se brevemente, procurou de modo rápido seu roupão e o vestiu, praguejando baixinho por causa da sua frieza. Logo depois, se levantou da sua cama e, com cuidado para não acordar suas amigas, vasculhou sua mochila a procura de algum livro qualquer e sentou-se numa das janelas, a fim de passar o tempo até que as garotas acordassem. Quando um novo arrepio percorreu seu corpo, ela arrependeu-se de ter saído da cama, mas estava com preguiça demais para voltar a ela, pensamento este que a fizera rir, baixinho, pois bastavam poucos passos para que estivesse novamente enfurnada nelas.
Suspirando, abriu o livro de poções onde estava o marcador e começou a lê-lo atentamente. Não demorou muito para que ela começasse a bocejar e dispersar-se de sua leitura. Num gesto manhoso, recostou a testa no vidro e fechou o livro sobre o seu colo, passando a admirar a chuva grossa que começava a cair lá fora. As pálpebras pesaram...
“O futuro me apavora...”
Ela pulou de susto e acordou. Pondo as mãos no peito, ela olhou ao seu redor a procura do dono daquela voz, mas não encontrou.
-Potter? – ela insistiu, mas não obteve resposta. Arqueou a sobrancelha, intrigada. Provavelmente, fora coisa da sua imaginação.
-Isso é interessante, não? – uma nova voz se fez presente e Lílian reprimiu um grito de susto. Virou o rosto de modo brusco e reconheceu Agatha novamente, a sua frente.
-O que você quer agora...? – ela questionou, intrigada. Ao chegar à conclusão de que não ia obter resposta alguma, bufou de raiva e proseguiu. – E o que é interessante?
-Interessante notar que, ao ter desbloqueado a mente dele uma vez, agora ela está inteiramente aberta a você.
-Eu não fiz nada daquilo. – Lílian protestou, rancorosa. – Foi você quem agiu por mim.
-Estamos compartilhando do mesmo corpo agora, minha criança. – ela falou num ar sereno. – Sua mente, consequentemente, também está ligada à de Thiago Potter.
-Se você está aqui, julgo que precise de mim mais uma vez... – ela falou sem pestanejar. – Vai me apagar novamente? – completou num ar irônico, sentindo-se um pouco entorpecida. – Ou terei que me deslocar até o dormitório dele, correndo o risco de ser vista?
-Não, Lílian, deslocar-se daqui não é mais necessário. Apenas permita que eu tome o controle por completo... – ela sorriu a falar. –Dormiri, Lillium, dormiri solusmente... – e, como se aquelas palavras soassem como uma breve canção de ninar, Lílian fechou os olhos e suspirou longamente.”
Lílian não insistiu, tão pouco falou outra coisa, optando, por fim, permanecer em silêncio. Agatha pareceu pensar o mesmo e apreciar aquela falta de conversa entre ambas, fazendo com que continuassem assim, lado a lado, observando o horizonte com os olhares meio perdidos.
Depois de um tempo que pareceu ser horas para Lílian, ela sentiu a mão de Agatha segurar o seu pulso de modo delicado e virá-lo, deixando à mostra o pequeno corte, com o sangue já seco, que ela tinha na palma da sua mão.
-Como está? – ela questionou quando percebeu que tinha o olhar da ruiva sobre si. – Dói muito?
-Isso não é importante. – Lílian falou num ar sério, puxando delicadamente a mão para perto de si. – Eu não sabia que aqueles contornos prateados machucavam tanto. – ela riu, de leve. Agatha meneou a cabeça em resposta.
-Vívian me disse a mesma coisa. – ela falou e Lílian piscou os olhos, surpresa.
-Ela já tentou tirar o colar?
Agatha apenas assentiu ao que Lílian mordeu o lábio inferior, como quem receia dizer algo.
-Sim, você está certa. As palavras dela davam a entender que ela acompanhara o crescimento dos descendentes através do quadro. – Agatha respondeu, fazendo Lílian ficar ligeiramente constrangida. – Mas, como eu disse, a Vivian morreu muito velha, por minha causa.
-E quando você os conheceu? – a ruiva questionou, de imediato. – Como você conheceu a Vivian e os pais de Thiago, no caso.
-A resposta mais certa seria como e por que eles me encontraram.
“Hogwarts, Outubro de 1976, Dormitório Feminino.
-Eu não quero ver a Lily morta. Eu prefiro...
“Ir primeiro?”
-Sim.
Aquelas vozes lhe chegavam como quem está consertando uma transmissão de rádio mal sintonizada...
“Faria de tudo para protege-la?”
-Sim.
Familiares... familiares... aquelas vozes lhe eram familiares. Em meio a todo aquele breu que a cercava, aquelas vozes lhe eram familiares.
“Morreria. Mataria a si mesmo se assim desejasse? Se o fato garantisse a segurança dela?”
-Sim.
Foi então, com um grande clarão, que tudo ficara nítido. Lílian piscou diversas até tudo entrar em foco. Observou atentamente o corpo etéreo de Agatha em frente a Thiago Potter. Os olhos negros dela estavam abertos, envolto em chamas, fixos no moreno sentado no parapeito da janela do seu dormitório; seus cabelos loiros se esvoaçavam como uma longa cortina posta ao vento. Thiago, contudo, tinha os olhos fechados, feição serena, como se dormisse ou meditasse.
“Você está mais próximo da sua escolha do que imagina...”.
Lílian aproximou-se mais da cena, com certa cautela, tentando entender o que estava acontecendo. Já havia presenciado Agatha e Thiago, juntos, mas nada tão nítido nem tão real quanto agora. Ela não estava somente onisciente ao fato, estava também onipresente a ele.
-O que disse...? O que você quer dizer com isso? – ela ouviu Thiago questionar, confuso.Aparentemente, o rapaz não tinha plena consciência de que eles estavam envoltos em uma ilusão; uma espécie de encontro mental, e que o ato de falar era dispensável naquele momento.Sorriu, mas, em seguida, viu o corpo de Thiago ir de encontro ao chão, e sentiu tudo rodar...
Os olhos de Agatha se fixaram nela como a imperiosidade de uma águia. O corpo de Lílian se retesou e ela arregalou os olhos, aflita. Uma notícia.Um grito. Consolo. Som de tropeços. Determinação. Medo. Um grito único...
-Lily... – aquela voz lhe soou ligeiramente distante. – Lily... LILY!
A ruiva acordou num pulo, notando o rosto redondo e sereno de Alice a sua frente. Num longo suspiro, esfregou o rosto e juntou um pouco as sobrancelhas, numa expressão intrigada.
-O que foi, Alice? – a amiga pareceu sorrir, aliviada.
-Você acabou cochilando, estava tendo um pesadelo. – foi a voz sonolenta de Lisa quem respondeu ao seu lado. Foi então que Lílian atentou ao fato de que Lisa e Ana também estavam a sua frente. – Você acordou todo mundo no quarto.
-Acordei...? – ela sentiu-se por completo constrangida. – Oh, céus, me desculpem, eu... eu não quis...
-Relaxa, Lily, a gente entende. – Alice falou num tom amável. – Agora, que sonho foi esse, Lils?
Lily esboçou um ar pensativo, tentando forçar-se a se lembrar, mas nada lhe veio. Com um longo suspiro, ela encolheu os ombros, observando Ana pegar o seu livro de poções, caído no chão.
-Eu disse alguma coisa...? – ela questionou, intrigada, fitando cada uma das faces das amigas com certa ansiedade.
As três trocaram um olhar significativo. Lisa encolheu os ombros e Alice suspirou. Lílian revirou os olhos e recorreu a Ana.
-Você chamou pelo Thiago, Lílian. – a morena respondeu, lhe entregando o livro calmamente. – Você pedia para ele não morrer.
Um súbito silêncio se abateu pelo recinto. Lisa sorriu um pouco e deu uma desculpa qualquer para se afastar. Alice fez o mesmo e Ana continuou a encarar Lílian firmemente.
-Eu... – a ruiva começou, incerta. – Eu não sei o que pode ter sido...
-Você pode ter tido uma lembrança do que aconteceu com vocês no seu bairro, Lily. – Ana falou num ar cordial. – Não se preocupe com isso. Vamos, desça daí e troque de roupa, já devem ter começado a servir o café da manhã.”
-E você poderia me responder isso? – Lílian soltou numa sobrancelha arqueada.
Agatha pareceu analisar a pergunta de modo minucioso. Por fim abraçou a si mesma e mirou o céu, sem pressa.
-Suas lembranças são minhas lembranças... – Agatha falou num ar sereno. – Não percebe por si mesma, Lílian? – ela a observou meio de esguelha, ao que a ruiva negou. – Eles queriam algo e eu podia dar a eles. Simples assim. – Lily não aparentou estar satisfeita com a resposta, por isso, Agatha prosseguiu. – A Vivian estava viva na época, os pais de Thiago me conheceram com pouco tempo de casados.
-E os pais do Alan? Eles não estavam vivos na época?
-Não. A causa da morte dos pais de Alan Potter me é desconhecida. – ela deu de ombros. – O caso é que Vivian estava viva, moribunda, mas ainda viva.
-E você a possuiu? – Lílian avaliou num suspiro. – Como fez comigo?
-Sim. Eles precisaram de mim e eu precisava de alguém para ficar ao lado deles. O que selamos tirou muito de mim antes mesmo de poder realiza-lo.
-Você precisou ficar ao lado deles assim como você precisa ficar ao lado de Thiago agora?
Agatha sorriu.
-Os sentidos diferem, mas, ao mesmo tempo, se ligam. – o olhar que a loira lhe lançava era ligeiramente terno. – Agora, preciso ir. - ela tornou a tocar na mão ferida de Lílian e suspirou. – Bona noche, Lillium.
Lílian fechou os olhos tão logo tudo escureceu, ao reabri-los, reconheceu-se de volta ao seu dormitório, ainda na mesma posição que se encontrava ao perder a consciência.
Piscou os olhos de modo pesado e ergueu-se da cama, afrouxando o aperto sobre o pingente do colar. Sua mão estava um pouco dormente, e ela a fechou e a abriu várias e várias vezes até que o sangue voltasse a circular normalmente. Não havia nenhum vestígio de corte na mesma, mas ela não tinha muita certeza de que poderia ter mesmo um corte. Achou o pensamento meio inusitado e meneou a cabeça bruscamente.
Ergueu-se calmamente do chão e, num gesto manhoso, enroscou-se para dentro das cobertas e suspirou, apreciando o momento.
-Bona noche, Agathé. – as palavras se formaram nos seus lábios sem que ela percebesse, mas, um tanto quanto sonolenta demais para notar isso, Lílian não deu muita importância para o fato enquanto tentava achar uma posição confortável para dormir.
“Hogwarts, Outubro de 1976, Jardins.
-Vamos para o castelo, já está um pouco frio, não acham? – Lily questionou esfregando as mãos. Mesmo a chuva já tendo cessado e ela estar com as roupas já secas, ela ainda sentia o corpo gelado de frio. Logo, sentiu o olhar intrigado de Thiago sobre si.
-Não está tão frio assim, está?
-Não para você, que estava voando e gritando com todo mundo. – ela falou num revirar de olhos, sentiu o corpo ainda mais frio, mas sabendo que aquela sensação não era de algo comum.
-A Lily sempre foi assim, Thiago. – ela ouvi Ana dizer num meio sorriso. – Nunca foi de agüentar temperaturas frias.
Lílian sorriu, agradecida, caminhando em profundo silêncio, prestando atenção na conversa que os amigos estavam tendo sobre o treino, tentando esquecer os calafrios cada vez mais freqüentes que lhe assolavam o corpo, ao mesmo tempo em que sentia o olhar do maroto de óculos acompanhando cada movimento seu.
O andar lhe ficava cada vez mais difícil de se realizar e, sem ao menos saber o motivo, sentia-se meio sonolenta. As vozes dos outros se perdiam em sua mente...
-Lily, você tem certeza de que está mesmo bem? – a voz de Thiago a despertou do seu leve transe. Ela o encarou por alguns instantes e assentiu levemente.
-Já vai passar. – ela reforçou ao notar que ele não parecia muito satisfeito com a resposta muda dela.
Seus olhos lacrimejaram um pouco e o enxergar lhe parecia cada vez mais difícil, ao sentir a primeira vertigem, Lílian parou abruptamente. A seu ver, Thiago a seguiu, mas ao encará-lo, viu tudo nublar e seus lábios formarem um meio sorriso involuntário.
-Lily...? – ela ouviu Thiago a chamar, baixinho.
-Parece que ficamos para trás, Thiago... – ela sentiu seus lábios formarem a frase sem que tivesse sido seu comando, mas não teve muito tempo para se assustar com o fato. A imagem do corpo de Thiago descrevendo uma curva inerte até o chão misturou-se à voz de Lisa e ao estranho lugar que agora estava: um breu total; porém, ela ainda tinha a capacidade de enxergar a si mesma, como se, de repente, seu corpo pudesse emitir luz própria. Sua cabeça latejou e imagens confundiam-se em sua mente. Imagens da mente de Agatha.
“Quem é você? Você é um anjo?”
“Cale-se, Agatha! Nós já ouvimos demais...”
“Se você é um anjo, onde estão suas asas?”
“Ele não merece isso...”
“Eu acho que as perdi. Agora, posso saber por que você está chorando, pequena Lily?”
“Não adianta ficar lamentando o passado agora, Sarah. Não há como voltar atrás e mudar as coisas.”
“C-como você sabe o meu nome?”
“Eu não estou tão certa de que estou realmente arrependida.”
“Eu sou um anjo, lembra? Eu vim te tirar daqui, Lily...”
As trevas que a envolvia tomou novamente cores e formas. Um pouco desnorteada, Lílian notou que estava segurando a mão de Thiago firmemente e, ao que lhe pareceu, ele estava deitado numa maca.
-Feche os olhos novamente, Thiago... Você não quer descobrir alguma coisa? – mais uma frase involuntária, fruto da influência de Agatha sobre ela.
A imagem mudou e Lílian, num piscar de olhos, viu-se próxima olhando para as costas de Thiago e a si mesma deitada numa maca. Tremeu involuntariamente ao encarar os seus próprios olhos entreabertos tão opacos. Seu corpo permanecia inerte.
“-Ela disse que eu queimei o cabelo da boneca dela; ela me disse que eu fiz isso com eles... ela me disse que eu sou uma anormal.
-Você não tem culpa de nada.
-Se eu não tenho culpa de nada e ela está errada, por que eles não acordam? ”
-Ele não pode ver isso... – ela murmurou com os olhos marejados. – Você não pode pressiona-lo dessa maneira, Agatha...
“-Lily...Lily, querida... seus pais morreram.
-Você está mentindo.
-Eu queria que isso fosse uma mentira para não te ver sofrer dessa maneira...
-Isso... isso não é verdade.
-A culpa... a culpa é toda minha. Ele quer me atingir através de você.”
-Eu... eu não posso deixar... – ela prosseguiu com a voz embargada, fechando os olhos e respirando fundo. – Pára...
“-Pare, pare de me olhar como se você tivesse pena de mim. Eu não preciso da sua compaixão, Thiago.
-Lily, eu...
-E eu não quero ser mais um peso para você. Vá embora!”
-Você tem a mesma frieza dela... – Lílian abriu os olhos e suspirou aliviada, crendo que Thiago não vira as mesmas cenas que ela chegou a ver. – Então, isso quer dizer que... – ela notou a Lílian deitada na maca encará-la de modo repreensivo. Sorriu.
-Eu disse que você daria um belo rapaz, Thiago... – ela murmurou e Lílian soube que ela, certamente, estava se referindo a uma lembrança do passado dela.
“Eu estou mais perto do que você imagina...”
A voz dela ecoou dentro de si e Lílian piscou, atordoada. Notou o corpo de Thiago se retesar e ele dar alguns passos para trás, murmurando algo. Lílian caminhou um pouco pelo recinto, aproximando-se da cena a passos largos. Tentou tocar no rapaz, mas se surpreendeu ao notar que seu braço passara por dentro do corpo dele, sendo incapaz de tocá-lo. Suspirando, mirou o rosto dele e percebeu que os olhos dele chisparam brevemente.
– Saia do corpo dela, agora. – o tom que ele usara soou como uma ordem. Lílian meneou a cabeça, tal como fez Agatha. Se as coisas fossem tão simples assim, ela já teria conseguido há muito...
-As coisas não são tão simples como você imagina, Thiago. Isso era para acontecer. Foi a decisão dela, você não pode impedir isso.
-É ela quem está dizendo. Eu não desejei nada disso. – a ruiva se justificou, como se o rapaz fosse capaz de ouvi-la.
-Não creio que a Lily tenha desejado isso. – ele concluiu de modo firme e Lily o observou, atordoada.
-Thiago, você...
“Ele não pode ouvir você... a ligação é só entre mim e ele” a resposta automaticamente veio ao passo em que Lílian via que Agatha dissera algo a Thiago e lançava um olhar para as mãos, ainda entrelaçadas, antes de solta-la calmamente. Lílian suspirou, conformada.
-Ela não quer ser um peso para você, Thiago.
-Mas... como?
-Eu já me comuniquei com ela em sonhos. Ela não pode saber o que você tem de fazer...
-Mas, quem sabe, um dias as peças do quebra-cabeça se encaixem. Eu já sei de algumas coisas, Agatha. – ela falou ao mesmo tempo em que Thiago dizia algo.
-... não deva ser modificado. – ela tornou a sorrir e menear a cabeça. – E não está nele você ficar com Lílian Evans.
“De que adianta só saber algo em sonhos, Lily?”
-Você mesma me disse que eles podem ser lembrados por mim, um dia... e não pode ser somente o seu nome que eu possa me lembrar. – ela sorriu. – Coisas horríveis podem estar aguardando por mim, no futuro, mas eu creio que consiga enfrentar tudo com força, coragem e determinação.
-Você não pensará assim quando a hora chegar... – ela não soube dizer se aquilo fora dito para ela ou para Thiago. Talvez para ambos.
Lílian sentiu uma leve tontura a seguir e observou, meio sem rumo, Thiago amparar a si mesma encima da maca. Aparentemente, o próprio Thiago parecia ter voltado a si e pôde ver um largo sorriso povoar seus lábios enquanto a tinha em seus braços.
-Ela disse a você, não foi? – ela ouviu-se dizer com a voz falha.
“Por que você veio, Thiago, por que se arriscou dessa maneira...?”
Era estranho assistir Thiago puxando o seu “outro eu” para um abraço reconfortante e protetor. Sorriu.
“Porque eu te amo. E eu prometo...
-Eu prometo, Lily, eu não vou deixar que nada de mal lhe aconteça... – ela o observou dizer num murmúrio, apertando-a mais contra si.
“Você já fez a sua escolha...?”
Lílian piscou atordoada e, então, entendeu. Tudo estava lá, bem a sua frente, mas ela era incapaz de enxergar. E, ao notar a si mesma, abraçada a ele, percebeu o que Agatha queria, implicitamente, dizer quando confessou-lhe que ela era importante...
Aquela escolha também era dela.”
N/A/ Lisa entrando de fininho, olhando a tudo e a todos com certo quê de ansiedade / Hum, será que esse capítulo ficou mais "entendível"? Bom, espero que tenham conseguido discernir - pelo menos mais ou menos - o que era ilusão do que era real. Y.Y. Bom, se não... mandem um aviso para mim que eu - um fracasso de escritora - tento explicar para você.
Fora isso, Lisa Black vem aqui apresentar um mini-dicionário de frases excêntricas que encontramos ao longo desse capítulo. XD.
Antes de mais nada, eu não sou expert nenhuma em latim - como eu gostaria de ser... Y.Y-, então, a ordem das frases e as conjugações não são cem por cento seguras, o.k.? Mas, acho que dá para levar.../ se esconde / Então, podemos dizer que são expressões latinas à la Lisa Black. / risos /
Eu queria fazer uma coisa mais bonitinha, tudo numerado, mas eu, meu teclado e meu word não nos entendíamos muito bem, e eu só conseguia "elevar até a terceira potência". / risos / Por fim, resolvi levantar a bandeira e optei por só numerar aqui. / risos /
1.Possessione, bellu Lilium - Possessão, belo Lírio.
2. Illusione - Ilusão.
3. Ad somniare volvitat, bellu Lilium - Bom, ao pé da letra significa "A sonhar volte, belo Lírio", eu troquei as ordens porque o latim - o mais antigo, no caso - costuma não seguir essa ordem ( sujeito-verbo-objeto ): objetos indiretos e adjuntos adverbias sempre costumam vir na frente, então, podemos dizer que a melhor tradução para essa frase de ordem incerta é "Volte a sonhar, belo Lírio".
4. Silentiu - Silêncio.
5.Sanctu Ya’aqob, accordat. - Posso dizer que isso aqui foi uma bela mistura. Hehehe. O nome do Thiago não tem origem latina, e sim hebraica, então, eu me vi num grande problema. / risos / Segundo o livro de nomes para bebês que eu tenho aqui, o nome é um falso diminutivo de Santo Iago. O nome Iago tem origem hebraica ( Ya'aqob ), então, eu o peguei e juntei com o Santo ( Sanctu ) latim. / risos / Eu achei que fica uma boa sonoridade, então, ficamos com um "Santo Iago, acorde." ou simplesmente "Thiago, acorde.".
6. Oculus, universale januella, quid in tuo mente intrat permitteri. - Literalmente falando: "Olhos, universal janela, que em tua mente entre, permite" Idem ao comentário número 3. Bom, até que nessa ordem tem certo sentido, mas a minha intenção com essa frase é dizer: "Olhos, janela universal, permite que entre em tua mente."
7.Sanctu Ya’aqob, per absolutu accordat. – "Santo Iago,por absoluto acorde ." , ou, simplesmente ,"Thiago, acorde por absoluto".
8. Dormiri, Lillium, dormiri solusmente... – "Dorme, Lírio, dorme somente...", ou, simplesmente, "Dorme, Lírio, somente dorme... ".
9. Bona Nocte, Lillium. – Boa Noite, Lírio.
10. Bona Nocte, Agathé – Outra mistura... huahahaha. O nome Agatha deriva do grego – Agathé – que significa bondosa... / sim, bondosa... rs /, então, misturei com o latim... / risos / ficando, então, “Boa Noite, Agatha”.
Então, é isso. XD. A partir do próximo capítulo as coisas vão se normalizar um pouquinho em Hogwarts... hehehehe. Agatha vai tirar umas férias... / risos /
Beijos!!!!
Comentários (11)
Eu realmente estou amando sua Fic, mas até agora por quê o Tiago e a Lilian ainda não se acertaram??E quando eles vão se acertar?
2012-02-28Caraca, Sérioq ue tem capítulo novo? Nem consigo acreditar! Obrigada Lisa! A gente esperou por tantos anos! Mas vale a pena esperar, porque vc é simplesmente incrível! E, se algum dia for lançar um livro de verdade, com uma história sua, venha aqui e nos informe, ok? Porque durante esse tempo que você estava sumida, eu procurei escritoras brasileiras chamadas "Letícia" (apesar de, infelizmente, não saber seu sobrenome) pra saber se você não tinha lançado um livro seu, pq, eu te prometo: Eu ficarei mais do que feliz de comprar qualquer coisa escrita por você. Esperando por mais, sempre. Obrigada! =)
2011-07-20nossa parabéns,realmente sua fic é fantastica ! se algum, dia a tia jo escolhesse alguem para escrever junto com ela,esse alguem seria voce !voce escreve muito bem,ja pensou em ser escritora?? devia rsrs bjos e por favor posta logo nao deixe seus fas morrerem !!!
2011-07-07Morrendo aqui. Essa é a fic mais perfeita que eu ja li da Lily e do Thiaguito. rsrsrs (olha a intimidade) Serio Lisa,(será que posse te chamar de maninha a final, Lisa Black e Larry Black ) não desiste cara to muito muito viciada na sua fic. Meu quase dei um troço quando vi que vc não tinha postado mais. Maninha posta mais. (cara de choro).
2011-07-02Meu Deus sua fic é tão perfeita. Quando você vai postar de novo? Eu estou LOUCA para saber. Não deixa seus fãs esperando não.
2011-06-26Nãao desiste Lisa ! Posta mais !
2011-06-13Adorei, to doida para ler o proximo cap., vc escreve muito bem mesmo entao quando tu postara a continuaçao?????
2011-06-12Lisa q bom q vc voltou! amo tanto suas fic e fiquei super triste qndo vc parou de escrever! agora vou ler a fic toda de novo pq naum me lembro de algumas coisas!obrigada por voltar!p.s - vc vai continuar relatos dos marotos tbm?bjos!
2011-04-29não li o capítulo ainda e na verdade, estou em choque. depois de quase 4 anos você apareceu de novo. eu não tenho palavras, de verdade. só digo que sou sua fã, mesmo. há quatro anos eu esperava o seu retorno. eu nem peguei a melhor época dessa fic, mas saiba, se você olhar a sua conta antiga do hotmail, você vai saber que eu já tinha esperado. e ainda estou na sua comunidade do orkut. ''Eu leio 'Te amo Lily'. " e "Fics da Lisa Black." ainda vou ler o capítulo (como disse, estou em choque) mas é bem isso. espero que você volte mesmo a escrever. e entendo sua situação, não quero parecer que estou/estava cobrando algo de você, afinal, escrever é para se divertir, não uma obrigação, por mais que sentisse sua falta, eu (e todos os seus fãs) compreendem. obrigada por voltar a escrever.
2011-04-13Cade o proximo capitulo?
2011-04-09