Capítulo - II



Capítulo – II

Ali embaixo reinava o mais completo silêncio. Draco parou na porta do elegante e discretamente iluminado bar do hotel, deixando que ela entrasse primeiro.

– Dois Whiskys de Fogo – disse ao garçom, sentando-se ao lado de Gina, esticando as pernas e observando-a com visível curiosidade. – Por que vocês estavam brigando, Weaslay? Seu querido Potty, parecia querer estrangular você!

Para que diabos o Malfoy quer saber disso! – pensou Gina. Só havia uma maneira de descobrir!

– Isso te interessa Malfoy?

– Quem sabe. – respondeu polidamente, meio que encerrando o assunto – Quando os whiskys chegaram, Draco tirou uma nota do bolso e dispensou o garçom, sugerindo-lhe que esquecesse o troco. Sem deixar de olhar nos olhos dela, prosseguiu: Ginevra Weasley, vinte e seis anos, comerciante de antigüidades trouxas, importante acionista da Auror Security, cujo pai fundou com o famoso Harry Potter, seu atual e desde sempre amor juvenil – sorriu sarcasticamente – . E antes que você me morda – concluiu –, quem contou foi Adelle, numa de suas intermináveis conversas, escutei apenas por educação.

E pensava que Adelle fosse sua amiga! Ela simplesmente fora capaz de fornecer toda sua vida para o intragável do Malfoy! Ela só poderia estar louca! Ai meu Merlin, só espero que ela não tenha sido capaz de comentar as minhas intimidades.. Argh, só de pensar em o Malfoy sabendo... Vou matar Adelle!

Tentando conter a raiva, que ele obviamente notara, Gina observava a maneira como ele segurava seu copo, aquecendo o líquido entre as mãos. Ele parecia completamente à vontade. E continuava indiferente. Ótimo. Ela estava cansada de ouvir cantadas vazias, de homens que só a viam como um objeto sexual. E lógico que ela nunca iria querer que Malfoy a assediasse e tentasse levá-la para cama. Ir para cama com Malfoy? Que idéia mais sórdida! Ihh Gina, você tem cada pensamento ..hum 1 1!

­– Bem, porque você e o maravilhoso Potter estavam brigando?

– Porque você não vai cuidar da sua vida? Olha Malfoy eu não sei qual esse seu interesse súbito em mim! Acho que você simplesmente esqueceu que eu sou uma Weasley Imunda.. – disse levantando-se irritada em direção da porta.

– Calma, Weasley eu só estava tentando manter um diálogo como um adulto, simplesmente porque tivemos pequenos atritos no passado, não significa que teremos que ser inimigos para sempre! Não precisa agir como uma garota de 14 anos Weasley! Não sei se você percebeu mais não estamos mais em Hogwarts.

– Gina se surpreendeu! Mas também, quem iria imaginar que algum dia Malfoy pudesse ser gentil (não, gentil é demais), no máximo educado com ela, e ainda se interessasse em querer descobrir sobre sua vida! Mas, ele tinha razão, eles não estavam mais em Hogwarts e ela não precisava ser tão arisca. Quem sabe ele só quisesse conversar mesmo.. e não podia negar que ele sabia ser muito atraente quando queria! (Aii Merlin.. Já to achando ele atraente.. calma Gina calma Gina!)!

– Desculpe Malfoy, ando um pouco estressada! – disse ela com um sorrisinho amarelo.

– Tudo bem, podemos começar de novo! – falou ele polidamente, levantando-se e estendendo a mão. – Boa noite senhorita, me chamo Draco Malfoy.

Gina achou aquela atitude um pouco estranha, mas resolveu descontrair.

– Boa noite, Senhor Malfoy. Chamo-me Ginevra Weasley.

– Posso me sentar com a senhorita? – perguntou ele meio debochado.

– À vontade. – falou apontando para cadeira.

– Espero não estar incomodando.

– De modo algum, me acompanha? – falou Gina apontando para a bebida.

– Obrigado.

– Então...

– Então ... Creio que estava numa festa, por que saiu dela?

– Um cavalheiro me convidou para um drink e tive a bondade de aceitar.. a festa estava acabada para mim..

– Posso saber porque?

– Bem.. Tive o desprazer de brigar no meio dela..

– E porque vocês estavam brigando? – pegando a oportunidade de deixar o teatrinho de lado.

– Hum... não fui eu quem começou, ele veio dizendo que enquanto Adelle e Marcos já comemoravam o quinto aniversário de casamento nós chegaríamos aos noventa anos antes de comemorar o primeiro. Não admito esse tipo de pressão. – Sentindo que a raiva ameaçava voltar à tona, Gina apanhou o copo e começou a girar o conteúdo em seu interior.

– Parece que você não tem pressa de marcar a data – Draco deduziu – Há quanto tempo estão noivo?

– Não estamos noivos. Nunca estivemos, nunca estaremos. – Gina suspirou e bebericou seu whisky, sentindo-o descer pela garganta e começar a desatar o nó de tensão que sentia no peito. – Por que você esta tão interessado?

– Não estou ... particularmente. – O elegante sacudir de ombros realmente sugeria indiferença. – E só um interesse comum pelas pessoas... seus motivos, a maneira como agem em diferentes circunstâncias...

Oh... – Parecendo interessada, Gina tomou outro gole dewhisky e concedeu um sorriso fugaz. – Por quê? Você por acaso virou Assistente Bruxial Malfoy?escribruxo talvez?

– Muito mais chato. – Ele provocou. – Sou a Defensor Security. Algo bem parecido com a Auror Security. Uma grande chateação, como você concorda.

Gina ergueu as sobrancelhas. Será que Adelle teria contado também seu dilema com Harry e sua mãe? Talvez. O que explicaria esse comentário sobre chateação. Mas ela já ouvira falar da Defensor Security, uma empresa multinacional, imensa, especializada em produtos futuristas de magia avançada, que projetava e fabricava inventos de autodefesa, bem diferente da Auror Security. E se ele era a Defensor, então devia ser quase um gênio... Nunca imaginara que Malfoy fosse de trabalhar, sempre pensara nele como um riquinho mimado!

– Mas eu pensava que seu sonho era se casar com o Potter, certo? – a pergunta interrompeu os pensamentos de Gina, que torceu o nariz.

– Errado. E Difícil é convencê-lo disso. Desde que minha mãe e ele decidiram que para o bem da empresa devíamos nos casar, ele está me deixando louca. O problema – Gina suspirou – é que ele é muito antiquado e convencional. A empresa vem sempre em primeiro lugar, porque proporciona não apenas uma fonte de ajuda para as pessoas se defenderem, mas o marco contra a derrota de Voldemort. E se para manter a empresa entre família a única soluçãoé Harry ter que se casar comigo , com certeza ele não irá desistir. Sabe, eu gosto muito dele, fomos grandes amigos, mas esse negócio de defesa subiu à cabeça dele. Devido à todas das perdas que ele teve, ficou um tanto quanto duro, não é mais o Harry por quem me apaixonei. – confessou Gina timidamente.

Ela engoliu o que restava do seu whisky. Pousou o copo na mesa, irritada outra vez.

– Talvez ele ame você. Não seria esse o motivo de tanta persistência?

– Amor! ­­– a voz de Gina subiu alguns decibéis. – Harry ama a Auror Security, Defesa contra arte das trevas e Quadribol. Nesta ordem.

– Tem certeza? Draco falava baixo, enquanto seus olhos cinza a observavam dos cabelos ruivos muito lisos até a ponta dos pés, detendo-se brevemente nos pontos de interesse. – você parece inteligente, tem um rostinho encantador, um corpinho maravilhoso. E não me leve a mal – advertiu sem alterar o tom de voz ao perceber a súbita suspeita no olhar dela. – estou falando como mero observador.

Gina começou a achar muito estranho. Malfoy que nunca a olhara na cara para dizer algo que não fosse um insulto, lhe enchendo de elogios. Não que ela estivesse interessada em ouvir essas coisas dele, mas...

Aí tem coisa.. – pensou Gina meio encabulada.

Gina voltou a falar depois de um certo mal-estar provocado por aquele olhar, aquele tom de voz, as coisas que ele tinha dito. Coisas parecidas com corpinho maravilhoso ele estava cansada de ouvir.

– Então você não está apaixonada pelo Potter e não pretende se casar com ele apenas para manter a firma sob os cuidados exclusivamente dele. – prosseguiu sempre com a mesma equidade. – Provavelmente já disse isso a ele, em vão. –Suponho que não aja mais ninguém...

Gina confirmou, com uma rápida sacudidela de cabeça e outro sorriso fugaz.

– Então se quer se livrar dele, é melhor ficar longe.

– Já pensei nisso.

– Não muito a sério...

Espertinho. Ele parecia conhecê-la um pouco demais para o gosto dela. Gina levantou-se sem pressa, alisando o vestido sobre os generosos quadris antes de pegar a bolsa.

– Não, não muito a sério. Por que eu deveria? Estou bem aqui, meu negócio vai bem. Por que eu deveria deixar esta cidade? Foi bom falar com você, mas agora vou indo. Peça desculpas a Adelle e Marcos por mim quando voltar à festa.

Talvez tivesse jogado aberto demais com Malfoy. Mas confiar nas pessoas era um de seus defeitos mais antigos. Ela também raramente guardava suas opiniões para si mesma. E nunca reprimia seus sentimentos. Uma atitude saudável talvez, mas que às vezes lhe causava problemas. Desta vez não, Gina pensava, enquanto ele a seguia pelo átrio do hotel em direção à saída.

– Não vai aparatar?

Ao contrário de tantos outros, ele não havia se oferecido em levá-la em casa, o que provocou um misto de alívio e impaciência, e a levou a sorrir, desta vez mais amplamente.

– Não, não é preciso. Moro sobre a loja, bem perto daqui. – Gina estendeu-lhe a mão, que ele segurou e apertou rápida e polidamente, nem demais nem de menos. – Espero que você se divirta enquanto estive por aqui – acrescentou, subitamente relutante em encerrar a conversa. – E você, onde está morando? Não conseguiu se conter.

– Por aí. Desde que me formei, levo a vida carregando malas para algum lugar.

Ele parecia aborrecido. Com ela? Provavelmente. E daí? Bem, hora de ir embora. Um último sorriso, desta vez comedido, e Gina se voltou, atravessando a porta giratória e respirando o ar puro da noite.

Gina esqueceu Draco Malfoy ao dobrar a esquina, àquela a rua estava no mais completo silêncio. O único ruído audível era dos seus saltos contra as pedras do pavimento. Seu coração bateu mais forte, como sempre, ao avistar sua lojinha. A luz da únicalamparina de iluminação pública que havia por ali estava refletida nos muitos e minúsculos vidros da vidraça fechada.

Em Hogsmead havia dezenas de vielas que levavam uma rua a outra, que permitiam aos pedestres que as conhecessem deslocar-se rapidamente. E, para Gina, Sweet Shut era de longe a mais bonita. Exceto pelo poste de iluminação, devia parecer ainda hoje como tinha parecido em tempos medievais.

Pegando a varinha na bolsa, Gina entrou, checou todos os bruxilarmes antes de ziguezaguear pela loja, iluminada apenas pela tênue luz amarela de uma vidraça de que guardava um lindo vaso antiqüíssimo.

Como sempre, teve vontade de ficar por ali, admirando todas aquelas coisas maravilhosas, coisas que seriam suas por tão pouco tempo. Gina sempre sentia certa agonia quando vendia alguma coisa, o que, ela própria reconhecia, era uma sensação estranha para uma comerciante.

Sorrindo, Gina checou os ferrolhos na porta da oficina nos fundos, subiu a estreita escada de caracol que levava a seu apartamento.O dia seguinte seria domingo, dia que ela invariavelmente passava com a mãe. Mas não estava nem um pouco ansiosa.

Gina estava sonhando com um homem alto, de indolente olhos cinza quando uma buzina começou a soar...

– Que horas você acha que são? – resmungou

– Nove e meia, querida. – Adelle riu, com a cabeça em chamas na lareira da sala de Gina. – Sempre achei que você acordasse cedo.

– Dia útil sim, Domingo não – Gina resmungou, recostando-se na poltrona.

Geralmente, às oito, ela já estava acordada em seu único de folga na semana, mas nesse dia tinha se permitido dormir um pouco mais. Talvez seus sonhos a tivessem deixado inquieta, por alguma estranha razão...

– Onde você e Draco se meteram ontem à noite? – Adelle queria saber, – Harry ficou muito bravo quando descobriu que você havia evaporado. Achei que devia te avisar. Mas não a censuro. Se fosse solteira, eu teria feito a mesma coisa. Ele é tão bonitão, não é? E não é só bonito, é inteligente, rico. Tenho inveja da mulher que conseguir fisgá-lo.

Adelle estava passando dos limites, será que ela se lembrava de quem as duas estavam falando? ..

– Adelle, você está falando do MALFOY! Ele seria o último homem do mundo com quem eu me envolveria! Até parece que você enlouqueceu... MALFOY Adelle.. MALFOY.. o GROSSO, NOJENTO, RIQUINHO MIMADO DA SONSERINA.. MALFOY ADELLE.. E VOCÊ NÃO DEVERIA TER FALADO DA MINHA VIDA PARTICULAR PARA ELE.. – esbravejou Gina.. há muito a amiga precisava de uma sacudida para deixar de ser fofoqueira...

– Calma Gin, eu sei quem é o Malfoy. Só que não estamos mais na escola Gin, deixa de ser infantil. E você não pode negar que o Draco ficou um pedaço de mau caminho.. e que pedaço! Estou até tentando convencer Marcos a sair uns dias para pescar . Talvez na Escócia, Ou no Pólo Norte... – Continuava rindo. – Mas é sério Gin, deixa de chilique, acordou mal-humorada hoje, hein? Bem, eu só vim te avisar que o Malfoy voltou a festa e disse que você havia ido para casa, que tivera um dia cheio e estava com dor de cabeça... hummm, sua danadinha!

Malfoy sendo diplomático, pensou Gina, olhando no relógio . Quase dez horas.

– E quando contei a Harry, ele ficou furioso. Você vai ter que encontrar uma boa desculpa para ter desaparecido com o Malfoy. Agora tenho que ir, Marcos está me chamando. – Beijos! – disse desaparecendo da lareira antes de Gina revidar.

Aii, Adelle e essa sua boca grande, agora estou numa enrascada enorme! Como vou explicar a Harry que saí com o Malfoy? E minha mãe? Ela vai me matar! Preciso correr. Mamãe vai me esfolar viva!

Cedo ou tarde, Molly Weasley acabaria lhe proporcionando alguns dissabores no Domingo... diria que era tolice, egoísmo, ela se recusar a pelo menos considerar as insistentes propostas de Harry. Gina pensava, desanimada, enquanto vestia uma saia de lãzinha creme, botas de couro e uma blusa amarela estilo cossaco que realçava sua elegante cintura.

Utilizou pouca maquiagem. Um batonzinho cor de cobre e pronto. Deixou os cabelos soltos. Esparramados.

Pendurou a alça da bolsa no ombro, Gina saiu em direção a escada. Fazia tempo que tinha desistido de tentar agradar a mãe, porque para ela tudo que a filha fazia estava sempre errado. Com o pai era diferente. Para ele, sempre foi sua princesinha. Sua morte, quando Gina tinha dezessete anos, havia sido um duro golpe. Atualmente, nove anos depois, ela ainda sentia sua falta.

Quando Gina estava no meio da escada, a lareira começou a apitar. Voltou correndo, e se fosse Harry, ansioso para extravasar sua raiva pelo que tinha havido na noite anterior, ela lhe diria que não queria vê-lo nunca mais, em qualquer circunstancia imaginável, e que faria o que quisesse com as ações da Auror Security que seu pai lhe deixara, até as venderia, se tivesse vontade, para qualquer um que quisesse comprá-las...

Na pressa, Gina caiu sobre uma mesa de abas dobráveis, espalhando pelo chão a coleção de almofadas de alfinete vitorianas que estava sobre ela, o que a deixou ainda mais brava ao caminhas até a lareira.

– Está irritada porque? Caiu da cama Weasley?

Era Malfoy com aquela voz arrastada que lhe causava uma estranha calma. Algo como derramar ungüento sobre uma ferida, Gina pensou. E sorriu.

– Não, numa mesa.

– Você está muito ferida?

Apesar da piadinha, ele parecia realmente se importar.

– Só em minha dignidade. O que posso fazer por você? – tarde demais, arrependeu-se da formalidade, mas respirou aliviada quando ele não julgou a pergunta uma indireta.

–É sobre seu problema, aquele sobre o qual conversamos ontem à noite. Adelle me contou mais sobre ele no café da manhã. Ela acha que é muita gente fazendo pressão, que você não resistir por muito tempo e vai acabar concordando com o casamento. E, antes que você me diga para cuidar da minha própria vida, quero dizer que tenho uma solução perfeita.

– Tem mesmo? – Gina ampliou o sorriso ainda mais. Ela própria não conseguia pensar em solução nenhuma, exceto bater o pé e se recusar a fazer o que não queria. Mas estava disposta a ouvir o que ele tinha a dizer, mesmo que para isso precisasse se atrasar. Gostara da companhia dele na noite anterior, não podia negar, do modo como a tinha ouvido enquanto ela desabafava, de seus comentários sensatos e objetivos. Fazia anos que ano discutia problemas com alguém que não tivesse um interesse pessoal na discussão, uma visão preconcebida. Desde que seu pai havia morrido. Ele sempre a estimulava a falar de seus problemas, mostrando-lhe como resolvê-los logicamente.

– Tenho. – a voz profunda e aveludada garantiu. – Vamos jantar essa noite...

– Não é possível – Gina interrompeu, surpresa por lamentar ter interrompido, considerando que mal conhecia Malfoy, e sabia de antemão que fosse qual fosse sua solução não daria certo. – Sempre passo os domingos com minha mãe. – justificou-se, não que tivesse que justificar nada para ele, mas não precisava ser mal-educada. – Você não pode me dizer agora? Ou é segredo de estado?

– Pela lareira? – ele perguntou divertido (ela ficou abobada nunca havia visto um sorriso tão deslumbrante.) e ela achou que ele talvez tivesse razão. – pego você as sete horas.

– Você não sabe onde moro.

– Eu descubro. E não me deixe esperando – ele advertiu –, ou vai perder uma proposta que eu talvez não esteja disposto a repetir.


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N/A: Bom gente, essa é minha primeira fic, então peço que vcs desculpem os erros de edição e etc!

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