A terceira jogada



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Foi um dia realmente longo aquele. Quando Harry e Hermione deixaram a sala precisa, uma sensação incômoda os acompanhou por todo o trajeto até a torre da Grifinória. Era difícil prever o que aconteceria, contudo ambos sabiam que errar em um jogo como aquele representaria uma derrota bem mais difícil e dolorosa do que a perda de simples medalhas. Com as mãos entrelaçadas, permitiram que o caminho os guiasse enquanto se olhavam, entre uma curva e outra, sem esconder a apreensão.

― Harry, parece bobagem, mas queria que estivéssemos em minha casa hoje - a morena falou enquanto parava de frente para o buraco do retrato.

― Eu também. Na verdade, nunca precisei tanto de uma noite como aquelas que passamos - Potter a encarou demoradamente nos olhos, ao mesmo tempo em que sentia a face de Hermione ruborizar. - Daremos um jeito nisso ainda hoje - completou o garoto decidido, antes de pronunciar a senha e seguir para o salão comunal, mantendo as suas mãos unidas às da namorada.

No salão grifinório, apesar do adiantado da hora, ainda permaneciam todos os integrantes da AD e o Weasley recém chegado, que tinha Gina abraçada ao peito apertadamente.

― Calma, Gina! Se continuar assim, vou começar a achar que você é mamãe e tomou poção polissuco só para ficar grudada em mim, sem que eu reclamasse... - Fred fitou a irmã com carinho, beijando-lhe a testa. Todos na sala sorriram, inclusive, a ruiva, que desenhou na mente a imagem da mãe abraçando os gêmeos, enquanto os dois reclamavam falsamente da troca de seus nomes por ela.

― Bem, se eu fosse mamãe, não teria adiantado muito, porque você reclamou do mesmo jeito - retrucou Gina, fingindo estar chateada e arrancando com isso uma risada marota do irmão. Era a primeira vez, em muitas horas, que os membros da AD riam também. A entrada de Harry e Hermione foi logo percebida por todos. Fred deixou Gina por um minuto para falar com os dois, percebendo uma diferença na maneira como esses entraram na sala.

― Vocês... - Fred observou o casal com o riso estampado no rosto, enquanto os via confirmarem com a cabeça. - Bom, Jorge e eu havíamos apostado que isso iria acontecer, mas agora ele me deve duas caixas de cerveja amanteigada e dez garrafas de hidromel da Madame Rosmerta.

― Vocês apostaram sobre o meu relacionamento com o Harry? - Hermione se mostrou chocada.

― Ora, apenas suspeitávamos que houvesse algo e somente vocês não se davam conta disso. Jorge achava que só ficariam juntos depois que terminassem Hogwarts, mas para mim seria ainda aqui. Agora, tenho de encontrar Jorge o mais rápido possível - Fred parecia imaginar o choque do irmão quando soubesse que teria de pagar todas aquelas garrafas de hidromel.

― Oh, Fred! - Gina se aproximou do ruivo e o cutucou dolorosamente no abdômen, enquanto esse soltava um ganido de dor.

― Acho que temos de encontrar Jorge rápido mesmo, Fred, mas não por isso - Rony falou sombriamente, trazendo todos de volta a realidade que os tinha unido naquela noite.

No mesmo momento, Fred foi invadido pela tristeza que tentava evitar. Desde que chegou ao castelo, as lembranças dos momentos alegres que passara ali, sempre em companhia de Jorge, tinham afastado a dura realidade de que seu irmão havia sido preso pelos Comensais. Fez-se um silêncio consternador na sala. Gina procurou abrigo nos braços de Dino e, quase de forma inaudível, chorou com o rosto escondido entre o ombro do garoto, que a envolveu prontamente.

― Luna, fica com a Gina lá em cima? - Dino se voltou para Lovegood.

― Claro - anuiu a menina de olhos azuis penetrantes, que os seguiu.

― Você precisa descansar - aconselhou Thomas ao pé da escadaria que dava acesso ao dormitório feminino. Ele beijou carinhosamente a ruiva que, após um abraço intenso, subiu as escadas sem resistência, acompanhada por Luna.

Dino tornou à sala comunal emudecido pela preocupação com Gina. Feria-lhe demasiadamente vê-la naquele estado, no entanto ele tinha certeza de que repousar seria o melhor remédio. Talvez o único que teria algum efeito naquela situação.

Lá, Fred ainda lamentava os últimos acontecimentos. A separação de Jorge foi sentida como se não fosse esperada. Ele tinha a impressão de que uma parte de si havia sido arrancada bruscamente e o seu maior desejo era, sem dúvidas, recuperá-la.

― Eles poderiam ter capturado nós dois ao mesmo tempo, mas eu vim para ajudar vocês. Não era certo deixar o Rony segurando tudo isso sem estar por perto e Jorge ficou na loja. Sabíamos que seria mais perigoso se os Comensais desconfiassem que nós já conhecêssemos a ameaça. Pouco depois que cheguei a Hogsmeade, alguns integrantes da Ordem me trouxeram para cá, explicando o que aconteceu com Jorge e papai - confessou o ruivo com pesar.

― Ainda bem que não foram vocês dois, Fred - Potter falou solidariamente, enquanto segurava o ombro do ruivo. - Temos você para nos ajudar a trazer o Jorge de volta.

Fred agradeceu o gesto de Potter balançando a cabeça. Ele encarou Ronald por alguns segundos e, ao notar o semblante inquieto do irmão, percebeu que esse suportou durante um bom tempo um pesado fardo sozinho. Foi então que recordou a remessa da caixa de gemialidades.

― Rony, a encomenda que eu e Jorge mandamos chegou? - perguntou Fred. Ron, no mesmo instante, lembrou-se do incidente com a coruja e dos perigosos enxaguantes bucais do Dr. Dentão, entretanto optou por deixar as reclamações para outro momento.

― Chegou sim, mas a verdade é que eu não sei usar o que há nela, nem muito menos ensinar a utilizar - afirmou Rony, aflito. - Afinal, o que é tudo aquilo?

Algumas coisas em que eu e Jorge estávamos trabalhando - admitiu o gêmeo, que ao observar a feição reprovadora da namorada de Harry, emendou: - Não tínhamos a intenção de vendê-las na loja, Hermione, mas sabíamos que seria realmente útil trabalhar em algo contra as Artes das Trevas, uma vez que Você-Sabe-Quem retornou.

― Bom, não deixa de ser perigoso, Fred - Mione advertiu num tom mais compreensivo, contudo realista. - Você e Jorge desenvolvem realmente magia muito avançada com seus inventos, mas deveriam desconfiar que isso atrairia, mais cedo ou mais tarde, a atenção dos bruxos das trevas. Parece que alguém descobriu o que vocês estavam fazendo. Precisaremos saber de tudo para entender o porquê de Jorge e você terem se tornado alvo desse interesse tão grande de Voldemort - ponderou a morena finalmente.

A face da maioria dos presentes se contorceu, demonstrando evidente incômodo com a pronúncia do nome do Lorde das Trevas. Tencionando minorar aquela sensação dos amigos, Longbotton sugeriu:

― Bem, Fred, você poderia nos ensinar como usar essas coisas amanhã na próxima reunião da AD.

― Sim, seria perfeito, Neville. Mas é melhor discutirmos qualquer coisa só amanhã - enfatizou Lilá, ao observar a face completamente esgotada dos Weasley. - Acho que por hoje já passamos por emoções demais.

― Façamos o seguinte então - disse Harry -, vamos descansar agora e amanhã nos reunimos na sala da AD. Fred, você pode dormir no meu lugar lá em cima. Hoje ficarei aqui mesmo, na sala comunal - avisou o moreno, enquanto apreciava a namorada sem esconder certa atração. Assim que sugeriu que não dormiria no próprio quarto, olhares curiosos de todos fitaram Potter, que teve sua coloração instantaneamente modificada para um acentuado tom escarlate. Lilá deu uma risadinha discreta para Hermione, que acompanhou o namorado na mudança de cor.

― Creio que Fred precise mais de uma cama do que eu, hoje - explicou o garoto visivelmente constrangido. Os remanescentes da AD subiram para os dormitórios calados. Era inegável que todos precisavam descansar do dia intenso que tiveram. Acreditando, ou não, nas palavras de Potter, deixaram-no sozinho com Hermione.

― Não acredito você que fez isso - com a face surpresa, Mione falou mais para si do que para Harry.

― Eu disse que daria um jeito de ficarmos juntos hoje.

― Você sabe que não pode subir ao dormitório feminino - Hermione disse, com um traço ligeiramente frustrado na voz.

― Eu não posso subir, Mi, mas você pode descer - Potter informou com uma alegria que lembrava a dos grandes descobridores diante de algo realmente novo. - Tomamos um banho, pegamos alguns cobertores e ficamos juntos. Ninguém desce para a sala comunal antes das seis horas, portanto, podemos dormir aqui e não estaremos violando regra alguma. Ao menos nenhuma de que eu saiba - encerrou o maroto, um pouco receoso.

Hermione observou Harry com uma expressão ambígua e interrogativa. Tomou a direção da escada sem pronunciar uma palavra sequer e, naquele momento, o moreno pareceu se arrepender do que dissera.

― Está esperando o quê para ir se arrumar? - questionou Mione, com um ar levemente mandão. - Não quero ficar muito tempo aqui embaixo sem você, Harry - a resposta não poderia ter sido melhor.

Ambos tomaram rumos diversos, mas não demoraram em tornar ao salão comunal. Potter chegou primeiro; tinha os cabelos ainda molhados do banho e o peito somente coberto pelo roupão azul que combinava com a calça listrada do pijama. Ele depositou alguns cobertores sobre o confortável sofá, bem como alguns travesseiros. Acrescentou um pouco da lenha, arrumada pelos elfos domésticos, à lareira e, enquanto fitava o ir e vir das chamas, Potter aguardou ansiosamente a chegada de Hermione.

Ela estava simplesmente linda. Uma camisola lilás cobria seu corpo quase sem tocar a pele. Havia um quê indecifrável nos olhos dela e o próprio modo como caminhava até Harry aparentava ter algo que exigia ser desvendado. Por alguns instantes, o tempo parecia ter parado e a própria respiração de Potter também. A garota se aproximou de forma lenta, mas devastadora e ele a recebeu entre os braços como se tudo aquilo de que precisasse na vida estivesse ali, diante dos seus olhos verdes.

― Você está... - Harry murmurou baixinho alguma coisa no ouvido de Hermione, que a fez estremecer e também sorrir. Ele a beijou com carinho, intensidade e, sem perder o contato entre os lábios, libertou-se do roupão, caminhando até o sofá.

― Pensei que fossemos dormir - lembrou Hermione, enquanto retirava, cuidadosamente, os óculos da face de Harry.

― Podemos fazer isso também - Potter riu de modo levado, enquanto conjurava um feitiço para que somente a luz da lareira se mantivesse acesa. - Mas não precisa ser agora.

Antes do dia nascer, os elfos iniciaram a limpeza do castelo, a fim de que, quando os alunos acordassem, tudo estivesse pronto. Coube, por sorte, a Dobby fazer a arrumação do salão comunal de Grifinória. A pequena criaturinha empilhou alguns livros esquecidos sobre as mesas, retirou o lixo do salão, acrescentou mais toras de madeira ao lado da lareira e, apenas aí, deu-se conta da presença de Harry e Hermione ainda dormindo. Hermione se encontrava deitada sobre o peito desnudo de Potter, envolvida em seus braços. Ambos tinham o rosto sereno e feliz, como se, mesmo em sonho, continuassem na presença um do outro. Talvez sonhassem com aquilo que mais desejavam e quem sabe um dia poderia acontecer.

Os olhos esbugalhados e verdes de Dobby pareceram saltar das órbitas. A criaturinha dava pulos desesperados, balançando as orelhas de morcego como se aquela fosse a melhor forma encontrada para decidir se acordava Harry e Mione.

― Harry Potter, meu senhor! O senhor precisar levantar! Logo vai amanhecer, meu senhor, e não ficaria bem se o encontrassem aqui assim!

Harry e Hermione despertaram sobressaltados, fitando Dobby que agora se recriminava por ter acordado os dois.

― Dobby mau! Dobby mau! - guinchou o elfo para si próprio, enquanto apanhava um dos livros sobre a mesa, objetivando atirá-lo contra si mesmo. Potter correu até o elfo e o tomou o livro rapidamente, antes que a criaturinha concretizasse seu intento.

― Dobby, por favor, já disse que você não precisa se punir, lembra?

― Ah, meu senhor, o Dobby sabe, mas sempre se esquece disso. É que já está amanhecendo, senhor, e todos ficariam sabendo do que houve entre você e a sua senhora - o elfo abaixou as orelhas, encabulado.

― Mas, Dobby, não aconteceu nada entre nós! Apenas dormimos no salão comunal - Hermione percebeu aquilo que o elfo tinha entendido.

― Bem, se a garota do senhor Harry Potter diz... De qualquer jeito, não seria bom que o Dumbledore soubesse e ele certamente saberá se os outros alunos os virem aqui - explicou o elfo, ainda nervoso.

― Você fez bem em nos acordar, Dobby! - Harry falou entre risos, ao ver a cara de Hermione, quando foi chamada de “a garota do senhor Harry Potter”. - Provavelmente, perderíamos a hora... mas, pode ficar tranqüilo, Mione já vai subir para o quarto dela e o professor Dumbledore não está no castelo...

― Não, Harry Potter, meu senhor, o professor Dumbledore chegou ao castelo há pouco e foi direto para a sala do professor que fugiu - informou Dobby.

― Para a sala de Snape? - inquiriu o moreno.

― Sim, meu senhor, ele está lá - confirmou a criaturinha. - Acho que vou deixá-los a sós. O senhor ou sua senhora desejam mais alguma coisa?

― Não, Dobby, e mais uma vez, muito obrigado, por mim e pela minha garota!

Dobby saiu do salão comunal extremamente feliz em ter ajudado Harry Potter e deixou Hermione atônita por completo. A garota ensaiou falar duas ou mais palavras de agradecimento ao elfo doméstico, contudo o modo como a situação se apresentou, aos olhos de Dobby, conseguiu fazê-la se envergonhar. Potter notou perfeitamente o que se passava, abraçou Mione pelas costas, beijou-lhe a nuca de maneira carinhosa, virando-a de frente para ele.

― Mi, não precisa se preocupar. Dobby não falará para ninguém.

― Mas, Harry, nós não fizemos nada!

― Mi, acho que fizemos alguma coisa sim ou “a garota do senhor Harry Potter” se esqueceu de ontem? Eu passei uma das melhores noites ao lado da pessoa que amo e não posso chamar isso de “nada” - persistiu o garoto, enquanto puxava Hermione para um longo beijo. Logo, a morena se permitiu envolver pelo gesto do namorado que, em seguida, acrescentou: - Viu como isso não pode ser chamado de “nada”?

Hermione somente conseguiu concordar com a cabeça, após recobrar os sentidos. A verdade é que, para ela, também tinha sido uma noite importante. As peças do jogo vinham sendo ordenadas para o confronto e ambos sabiam que momentos como aqueles já estavam escassos e desse modo continuariam até tudo se encerrar. Ela ajudou Harry a arrumar o sofá do salão comunal e, atendendo a um pedido dele, tomou o rumo do dormitório feminino.

O moreno, por sua vez, trocou rapidamente de roupa e seguiu para a sala de Snape. Se Dumbledore estava ali, ele também precisava estar. De forma igualmente célere, Potter caminhou pelos corredores da escola até se deparar com aquele que dava acesso às masmorras. Sem se anunciar, entrou na sala gélida ainda em tempo de ver Alvo conjurando um feitiço sobre um pedaço de pergaminho que pendia sobre a mesa de Severo, ao lado de uma ampulheta.

Aparecium! - O conteúdo do papel se revelou.

― Professor? - Harry arriscou informar que já se fazia presente ali há algum tempo.

― Harry, imaginei que viesse logo. Assim que cheguei, um desejo de andar pelo castelo fez com que eu fosse pessoalmente à cozinha apanhar um chá e, veja só: lá, encontrei Dobby. Tinha certeza de que se ele o visse, contaria que eu havia chegado e para onde eu havia ido - Dumbledore apanhou o pergaminho, antes em branco, passando a examiná-lo atentamente. Nele, agora, restavam evidentes os rabiscos de uma escrita fina e apressada.

― Professor Dumbledore, acredito que já saiba sobre o Snape...

― Professor Snape, Harry, professor Snape... e sim, já sei sobre o incidente.

― Mas, professor Dumbledore, como posso chamar de professor alguém que traiu a confiança do senhor? - Potter perguntou, no mesmo instante em que Alvo ainda analisava com curiosidade a ampulheta que pendia sobre a mesa. Os olhos do velho bruxo pareceram brilhar com intensidade quando escutou as palavras de Harry. Dumbledore fitou o garoto por entre os oclinhos de meia lua, entregou-lhe o pedaço de pergaminho, que ainda segurava, e o encorajou a lê-lo. Potter reconheceu a letra tão logo a viu:


Professor Dumbledore,

Peço desculpas por simplesmente não ter conseguido. Foi mais forte do que eu.

Severo Snape.



― Professor, então eu tinha todas as razões para desconfiar do Snape. Ele mesmo assumiu que não merecia a confiança do senhor e para piorar ainda colocou em risco a vida de Jorge por não avisar a todos sobre o que sabia!

― Harry, nem toda poção que cheira mal é presságio de envenenamento. Bem como, por mais doce que seja o aroma dela, isso não significa que estejamos livres de uma morte amarga assim que a provemos. O professor Snape, Harry, não feriu Arthur e, até prova em contrário, goza da minha inteira confiança.

Potter encarou Alvo com uma expressão de incredulidade e ceticismo. Não era possível, pensava Potter. Após Snape ter admitido que não havia conseguido resistir, Dumbledore ainda permanecia firme em crer na honestidade e fidelidade do professor.

― Não espero que me entenda agora, Harry. Contudo, os longos anos me ensinaram que o modo como vemos as pessoas reflete muito mais daquilo que desejamos ver do que daquilo que verdadeiramente elas são. O professor Snape apenas me disse que não conseguiu algo e não posso condenar alguém por somente ter falhado.

― Mas, professor...

― Harry, acredito que o professor Snape não tenha sido o único motivo que o trouxe aqui - Dumbledore olhava o garoto em sua frente com os olhos azuis calmos, porém transparentes em demonstrar que aquele assunto, por hora, estava encerrado.

― Sim, na verdade, estava preocupado com o senhor e Hagrid... Há dias não os vejo - a voz do garoto saíra um pouco magoada. Ele passara dias pensando no que poderia ter afastado o professor Alvo de Hogwarts num momento daqueles, assim como se questionando silenciosamente se ambos estariam bem.

Dumbledore sentiu, mais uma vez, os olhos claros cintilarem de emoção, tomou o assento na mesa de Snape e pediu a Harry que fizesse o mesmo em uma poltrona de chitz que acabara de conjurar. O garoto se sentou com o coração acelerado pelas tantas perguntas que desejava fazer, no entanto continuou calado.

― Harry, está tudo bem com o Hagrid. Nesses últimos meses ele tem vigiado os arredores da casa de senhorita Granger para garantir a segurança da família dela.

― Professor, então Voldemort pretendia alguma coisa? - Potter perguntou aflito.

― Tive informações de um suposto plano com a finalidade de atacar os Granger, Harry. No entanto, tantos têm sido os projetos de Voldemort que é preciso questionar se realmente sabemos o que ele está planejando. Convém que a senhorita Granger não seja informada sobre isso, pois, como disse, tudo é muito incerto e já existem coisas demais a preocupando no momento.

Potter pareceu ficar repentinamente vermelho com a afirmação de Dumbledore, entretanto o professor prosseguiu:

― Quanto a mim? Durante todas essas semanas, tentei descobrir mais alguma coisa sobre a Poção da Felicidade e agradeço sua preocupação - Alvo falou num tom paternal e amigo.

― Professor, parece que Voldemort não está interessado mais nessa poção...

― Acho que é exatamente isso que ele quer que pensemos, Harry. Voldemort começou um jogo e no primeiro lance demonstrou que tinha interesse na poção. Depois, deixou-se flagrar em inúmeros planos diferentes, alguns envolvendo uma ameaça à vida de pessoas queridas. Era lógico que isso nos faria crer numa mudança dos planos iniciais dele, todavia o surgimento de outras metas de Voldemort não implica o desaparecimento da primeira.

― Professor, o senhor descobriu algo sobre a Poção da Felicidade? - o garoto perguntou esperançoso.

― Infelizmente, muito pouco, Harry. Realmente seus pais tomaram o cuidado de não deixar mais que o necessário sobre a poção. Isso me faz acreditar em alguma finalidade oculta dela que, talvez, o próprio Tiago e Lílian desconheciam. Apesar disso, a última atitude de Voldemort leva a crer que ele precisava de Jorge e Fred - o professor tornou a pegar a ampulheta que se encontrava sobre a mesa de Snape e concluiu: - Só nos resta aguardar.

― Professor, o senhor poderia me responder uma última pergunta?

― Espero que possa, Harry - Dumbledore estimulou o garoto.

― O senhor Malfoy e Draco... acredito que eles têm algo haver com isso tudo também...

― Alguns membros da Ordem já foram destacados para seguir o senhor Malfoy, Harry, e acredito que, durante um bom tempo, Draco ficará fora de ação. Os machucados que ele sofreu têm respondido ao tratamento de Papoula, mas com um espaço de tempo maior... - Dumbledore sorriu para Harry e se levantou, guardando a ampulheta e a carta de Snape nas vestes. - Bom, já está na hora, vamos ao salão principal. Há tempos que não faço o desjejum no castelo e o chá que tomei já faz parte de um passado do qual meu estômago não se lembra.

Harry riu do comentário espirituoso de Dumbledore e o acompanhou quieto por todo percurso. Pelas frestas das janelas do castelo, um vento forte acariciava a barba branca do velho bruxo, que parecia ainda mais sábio, enquanto caminhava com o olhar tranqüilo entre as curvas dos corredores. Alvo tomou seu lugar à mesa dos professores, no salão principal, e Harry se sentou ao lado de Hermione entre os grifinórios.

A garota tinha o rosto tenso com o sumiço de Harry, entrementes, quando o viu chegar, à companhia de professor Dumbledore, compreendeu que estava tudo bem e sua respiração correu aliviada. Ela havia sentido algo realmente estranho depois que subiu para o dormitório, entretanto nada de ruim havia acontecido até ali. Deveria ser somente uma má impressão.

O correio matinal invadiu o salão depositando em frente da garota de Harry uma cópia do Profeta Diário. Hermione folheou as páginas com avidez, procurando alguma novidade, contudo nenhuma esteve presente naquela edição. Potter a observou, preocupado, e atravessou os braços em volta dela, trazendo-a para mais perto de si.

― Mi, aconteceu alguma coisa?

Antes que a garota pudesse responder, uma última coruja negra e agourenta entrou pelo teto do salão comunal e voou até o local onde Harry e Hermione se encontravam. A própria ave retirou com o bico afiado uma carta em pergaminho escuro e a depositou entre o casal, alçando vôo logo em seguida. Todos que estavam perto podiam jurar que o pássaro tinha olhos avermelhados como sangue e uma expressão humana demais para ser somente um animal. Potter fez menção de pegar a carta, porém foi impedido por Dumbledore, que pediu, de forma imediata, para que os alunos deixassem o salão principal, seguindo os monitores de suas respectivas casas.

― Minerva?

― Sim, Alvo - a professora aparentava ter compreendido o que aconteceu.

― Minerva, por favor, assegura que nenhum estudante se perca. McGonagall e os outros professores saíram apressados do salão principal, procurando orientar os monitores, a fim de que, o quanto antes, todos estivessem longe dali.

― Harry, senhorita Granger, precisamos conversar.

Seja lá qual fosse o significado daquilo, não era prenúncio de coisas boas e indicava que a terceira jogada havia sido feita.


Continua...


Arwen Undómiel Potter

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Fanfic escrita por Arwen Undómiel Potter
Capítulo revisado pela beta-reader Andy “Oito Dedos”

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Agradecimentos:

Meus queridos,

Mais uma vez, muito obrigada por esse apoio tão intenso que todos têm me ofertado para tornar essa fic sempre melhor!!! Confesso a todos que esse foi um capítulo difícil e não somente por causa do computador... Não quero fazer previsão de quantos capítulos ainda restam (prefiro aproveitar a presença de todos), mas sei que, em breve, a ficção terminará e eu só posso agradecer a todos que se mantiveram presentes até aqui e continuarão, enquanto o último capítulo não vem!!! Sinceramente, muito obrigada!!!! Quando comecei a fic não imaginava que ela fosse tomar as proporções que agora tem e sei, perfeitamente, que isso só foi possível, porque vocês acreditaram nela, pediram e me fizeram crescer, caminhando passo a passo com vocês!!! Agora, vamos aos agradecimentos dos meus amados comentadores:

Querida DANNY EVANS, não precisa agradecer o que falei de você (foi muito bom dizer, pela pessoa que você é aqui!!!!! Eu que agradeço seu carinho e sua presença. Que bom que gostou do capítulo 26!!!! Também estou triste com o rapto de Jorge (agora só resta torcer...). Quanto ao Snape? Veremos, mas acredito que sua inteligência apontou para um caminho... Um super beijo para você e fica com Deus também!!!!

FRED, pode deixar que continuarei postando, querido!!! Obrigada por ler!!! Beijos.

MRS. RADCLIFFE, computador com problema é terrível mesmo, querida, mas tenho feito o possível para não prejudicá-los. Fico feliz que tenha gostado da capa do capítulo 27. Os Malfoy juntos realmente geram um efeito, não é? É verdade, o rapto de Jorge é preocupante e, por mais que se soubesse da ameaça, não deixamos de nos chocar ao saber que ele corre tanto perigo agora! Você captou a essência das atitudes do senhor Weasley! Certamente, qualquer pessoa em sã consciência não enfrentaria o Snape, mas um pai não encontra limites, quando se trata de defender os filhos!!! Beijos para você também e obrigada por continuar presente!!!

DIANA POTTER minha querida, não precisa se sentir envergonhada!!! Sempre me sentirei grata cada vez que você aparecer, assim como entenderei quando não o fizer!!! Esteja tranqüila que não fico zangada com você!!!! Às vezes, também demoro para aparecer na sua fic maravilhosa (ENTRE O AMOR E O ÓDIO). Mesmo assim, logo que posso, retorno a ela (sempre muito feliz em voltar!!!). Espero ter matado um pouquinho da sua ansiedade pelo capitulo 27 e repito: jamais ficaria chateada com você, minha querida!!! Um beijão.

RAAH BLACK, que maravilha você ter amado o capítulo 26, querida!!! É sempre muito bom saber se está gostando, porque isso é o que move minha escrita. Há grande importância para mim, quando você se manifesta. Na verdade, somente assim posso saber se caminho no compasso certo. Portanto, não me cansaria nunca de te escutar!!! Obrigada por tudo que você tem feito por essa fic, Raah!!! Um super beijo.

Meu querido OTAVIO BACH, você tem ajudado tanto em tudo!!! Sei que fiz bons amigos com essa fic e você é um deles!!!! Deixa-me imensamente feliz perceber que gostou tanto dessa ficção (a ponto de desejar outras escritas por mim...). Espero fazer jus a esse voto tão generoso de confiança, escrevendo ainda mais!!! Beijos, querido!!!!

GABRIEL MICHELOTTO, continuei, querido!!! Obrigada por pedir a continuidade!!!! Beijos para você.

ANA_WEASLEY_BLACK, olá querida!!!! Claro que me lembro de você!!!! Como poderia esquecer? Fico muito contente em saber que acha a história cativante (muito feliz mesmo!!!). Saiba que não há o que desculpar, pois sei que, sempre que puder, aparecerá!!! Quer dizer que você acha parecida com Tiago e Lily... (que bom/ adoro os dois!!!!). Quem sabe um dia tento escrever algo nessa linha? Ainda não fiz nenhuma outra ficção (essa é minha primeira), mas esteja certa que considerarei carinhosamente a sua sugestão!!!!! Um beijão, querida!!!!

FLAVIA FABIANO, não há o que desculpar, minha linda!!! Deixa-me alegre saber que leu os capítulos 25 e 26, assim como fico feliz por estar gostando da ficção!!!! Encontramo-nos em breve!!! Um beijo grande.

MARCIA SILVA, muito obrigada, querida!!! É bondade sua!!! Assim que pude, atualizei!!! Espero que tenha aproveitado esse capítulo!!! Beijos para ti!!!

KARINA LOVEGOOD, puxa!!! Obrigada, querida!!! Estou feliz por você achar que a história está, a cada dia, melhor!!! Sei que tudo só se tornou possível, porque houve quem acreditasse na ficção (pessoas como você!!!). Valeu mesmo por tudo!!! Beijos.

Minha querida PROSERPINE GRANGER, você sabe que se eu contar tudo, perderá a graça. Daí, minha cautela... Pois é, o Arthur foi imprevidente em enfrentar Lúcio, mas a preocupação com um filho é capaz de cegar um pai... Já o Rony? Bem, ele não quis machucar Lilá (e ainda bem que não feriu mesmo...). Ele também não desejava brigar tanto com Gina, contudo, aconteceu... Há situações que simplesmente fogem ao controle e para tudo existe uma razão... Apenas, por vezes, teimamos em não enxergá-la. Estou falando demais novamente... (risos). A frase de Malfoy, por sua vez, foi construída para que alguém, como você, a observasse de modo atento... Confesso que a sua interpretação está correta!!! Lúcio se refere sim a traição aos bruxos de sangue puro e, para essa história, é suficiente isso (quem sabe a ambigüidade da frase seja esclarecida num outro momento, ou numa outra história?). A propósito, você tem um raciocínio muito raro... já pensou em que área vai seguir profissionalmente? Espero ter satisfeito parcela da sua curiosidade!!!! Agradeço muito as orações pelo meu pai (mesmo se fosse para que eu atualizasse rápido/risos). Vibrações positivas são sempre bem vindas!!!!! Ah, comecei a ler DESCOBERTAS (a sua fic)!!!! Ainda não deu para comentar, mas tenha certeza de que o farei (é que fico pouco tempo na internet sem o meu computador...). Tornarei, logo que puder!!!! Um beijão para você, garota!!!

LARISSA querida, estou alegre que goste dessa fic!!! Saiba que não a deixaria morrer (risos). Realmente não desejo ser ré numa ação de indenização (risos). Aliás, quem desejaria? Assim que concluí o capítulo, postei-o!!! Obrigada por acompanhar e até o capítulo 28!!!!

Minha querida LARISSA BATISTA, reitero que não há o que desculpar!!!! Compreendo a ausência e fico feliz com o retorno!!!! Agradeço o que sempre faz por essa ficção (desde que ela nasceu/risos), assim como o super apoio que me dá!!! Um grande beijo, querida!!!!

Querida ANA LÍVIA, que bom que gostou do capítulo 27!!! Sei que agora já tem a certeza de que Jorge foi o gêmeo capturado. Os Malfoy são realmente demais... Estou contente por ter conseguido passar para você aquilo que o senhor Weasley sentia!!! E agradeço que se alegre comigo pela recuperação do meu pai!!!! Encontro você no capítulo 28!!!! Beijos.

CAROLINE MARQUES, tentei não demorar a atualizar, querida!!! Espero que não a tenha feito esperar tanto... Alegra-me que tenha gostado do capítulo e do ar um pouco dark que a ficção ganhou. Na verdade, esse ar escuro dá tanto trabalho (risos) que a maior recompensa é saber que você gostou e os outros também!!!! Dificilmente Arthur deixaria de buscar as respostas com Snape (e como foi importante que ele procurasse as respostas...). Retirei meu computador do técnico que estava, mas acredito que só terei condições de levá-lo para conserto no mês que vem. Até lá, continuarei escrevendo no pc de amigos, sempre que der... Ah, obrigada pelo carinho e por se alegrar comigo pela recuperação de meu pai!!! Um beijo grande para ti!!!!

Minha querida ALINE BRAGA, não me canso de dizer que você é simplesmente um doce!!! Já disse no orkut e repito que sempre entenderei quando não puder aparecer (embora saiba que sentirei sua falta!!!). Também adoro o companheirismo e amor que há entre os Weasley (eles estão passando por momentos difíceis e sei que esse amor vai ajudá-los). Saiba que nunca estarei cansada para escutar o que quer que seja de você!!!! Se for um parabéns tão amigo e honesto (como o seu!!!), só me sentirei ainda mais estimulada a escrever!!!! Se for uma crítica, ficarei extremamente grata, porque dela também se faz o aprimoramento e apenas assim é possível crescer!!!! Saiba que foram pessoas como você que fizeram dessa ficção o que ela é!!!! Sou eu quem agradeço por tudo, Aline!!!! Um beijo imenso, fica com Deus e até logo (ou, quando você puder!!!!!).

BRUNA S. C, minha querida autora de COLD FEELINGS!!!! Adorei esse seu comentário (risos). O “sem palavras para descrever” foi assumido como cansaço (realmente criativo o sentido que deu a frase). Fico muito feliz que esteja gostando e agradeço o seu esforço em ler a historia, mesmo quando cansada!!!! Estou alegre que goste dos enigmas daqui (porque talento para enigmas eu sei que você tem... estou com uma pulga na orelha imensa por causa da sua fic!!!!!). Acredito, como você, que os personagens estão amadurecendo... Veremos o que vai acontecer!!! Obrigada mesmo, Bruna!!!! Beijos.

A TODOS, meus agradecimentos sinceros por terem tornado possível essa fic, que não teria razão de ser sem vocês!!! Obrigada pelas presenças, comentários, votos e/ou e-mails!!!! Vocês são maravilhosos!!!!!

Um grande beijo em todos, fiquem com Deus e até o nosso próximo encontro,

Arwen Undómiel Potter.

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