Mapa dos Marotos, parte II
Quando
finalmente chegou a casa, Harry dirigiu-se para o seu quarto. Apesar da
insistência da mãe, recusou-se a juntar, argumentando que tinha almoçado
bastante bem e que, por isso, não tinha fome. Não deixava de ser verdade,
afinal tanto ele como Draco tinham ingerido grandes quantidades de doces
durante todo o dia, mas o que Harry realmente desejava fazer era arquitectar um
plano que permitisse a ambos jogarem Quidditch, e o mais depressa possível. Não
era tarefa fácil, afinal o Quidditch era um desporto de bruxos que praticado no
mundo trouxa levantaria muitas suspeitas. Era necessário encontrar um local
onde os dois jovens feiticeiros pudessem montar as suas vassouras sem correrem
o risco de serem vistos. A missão complicava-se ainda mais quando aquele mundo
era totalmente, ou quase, desconhecido para Harry. Não o mundo dos trouxas, mas
a própria cidade onde estavam. Inspirou fundo e sentou-se em frente ao
computador. Tinha aprendido com o primo Dudley como mexer nessas estranhas
máquinas, além de saber manejar, razoavelmente bem, a internet. Era essa
estranha ferramenta que Harry iria usar para descobrir mais acerca da cidade de
Cascais.
Mas foi
quando Harry pronunciou o nome da cidade que caiu em si. Muito provavelmente,
não estava em Inglaterra. Jamais tinha ouvido o nome da cidade antes, e
contudo, ele fluiu da sua boca como se sempre estivesse habituado a
pronuncia-lo. Foi com um tremendo susto que descobriu que Cascais era em
Portugal. “Não é possível!”
De facto,
nada parecia bater certo. Harry não sabia português e, até ao que tinha
conhecimento, Draco não entendia, também, a língua de Camões. Então, como era
possível que tanto um como outro conseguissem comunicar com os habitantes
portugueses? Era de facto estranho, mas agora que Harry sabia que Dumbledore
estava por trás de tudo aquilo, não achou que fosse impossível. Certamente,
seria mais um dos muitos feitiços que tinham sido feitos em redor daquele caso.
E Harry
parou então para pensar o que seria que prenderia a atenção de gente como
Dumbledore, que envolvesse enigmas, que tivesse que ser resolvido em Portugal e
que fosse relacionado consigo e com o seu, até há pouco tempo atrás, maior
inimigo. Devia ser algo de facto grandioso, algo muito importante, pois o caso
tinha contornos enigmáticos. Enigmáticos era mesmo a palavra certa. O pior é
que Harry não fazia mesmo ideia do que pudesse ser.
Concentrando-se
de novo na pesquisa que estava a efectuar, resolveu procurar mapas da cidade.
Assim, pensou, talvez conseguisse encontrar um local para praticar o tão
adorado desporto de modo a não chamar a atenção dos trouxas. De início,
desanimou. Os mapas existentes eram antigos ou, na melhor das hipóteses,
estavam em mau-estado. Quando estava prestes a desistir, encontrou um mapa
perfeito. Era de 2004, e o desenho estava perfeito. Sorriu, satisfeito. Com
alguma dificuldade, imprimiu o documento. Iria analisá-lo fora do computador.
Apesar de tudo, aquele objecto era como que um corpo estranho. Preferia, ainda,
os métodos tradicionais, pelo menos no mundo em que vivia.
Sentou-se
na secretária com o mapa colocado à sua frente. Cascais não era pequeno, nada
que se parecesse. Era até uma das cidades maiores do centro de Portugal,
segundo tinha lido num dos muitos sites em que tinha procurado os mapas. Tentou
então, e em primeiro lugar, localizar a zona de Cascais em que se encontrava.
Não sabia o endereço de casa, não sabia o endereço do Colégio. “Assim vai ser díficil”. E então, um
ponto verde iluminou-se no mapa. Sobre ele formaram-se as palavras “Mansão
Malfoy”. Um pouco mais afastado, mas
ainda na periferia do primeiro ponto, outro surgiu. Este, de tons avermelhados,
e com a denominação de “Lar dos Potter”. Harry sorriu. De facto, aquela ajuda
tinha aparecido na altura certa. E não pode evitar um sorriso, lembrando-se de
Dumbledore. Aquele mago tinha ideias geniais e era um bruxo formidável. Harry
admirava-o muito, e olhava para ele como o pai, avô e tio que nunca tinha tido.
Quando tinha problemas, era a ele que recorria. Mas parecia que o feitiço se
tinha virado contra o feiticeiro: Fora Dumbledore que o metera naquela alhada.
Mas, mesmo assim, quando necessitava, lá aparecia a ajuda, quase divina. Como
naquele momento.
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Draco
estava deitado na sua cama. Era uma cama confortável, de óptima qualidade. No
entanto, e segundo a opinião do louro, não era em nada comparável à sua
verdadeira cama. A que estava no mundo dos bruxos. Contudo, não sabia se
realmente desejava voltar para o seu verdadeiro mundo.
Claro,
sentia muita falta dos luxos a que estava habituado. Todas as suas vontades
eram acedidas pelo pai. Recebia todos os mimos imagináveis da mãe. Mas a
convivência com o Potter tinha-lhe iluminado um pouco a mente: Será que ele
queria mesmo matar pessoas? Seguir o rumo de seu pai? Durante todos os seus
anos de vida, sempre foi esse o objectivo por que se regeu. Foi para isso que
nasceu, foi educado e cresceu. Era agora um jovem adolescente que se aproximava
a passos largos do “grande momento”, como lhe chamava o pai. Agora, longe de
Lucius, parecia não lhe agradar a ideia. Mas sabia que não podia negar o fardo
que lhe tinha sido destinado. Talvez por isso, não desejasse voltar. Queria
descobrir o enigma, claro. Afinal, a sua curiosidade estava aguçada ao limite.
Mas se pudesse continuar no mundo trouxa, no final de tudo aquilo, Draco não se
importaria.
Naquele
momento, deu por si a pensar noutra razão para não querer regressar: Harry.
Estava a agradar-lhe muito a relação de amizade que se estabelecia a passos
largos entre ambos. Se voltassem a onde pertenciam, certamente que aquela
amizade acabaria ali. Primeiro, porque seus pais achariam ridícula a ideia.
Depois, porque Ron e Hermione (blargh), teriam a preferência de Harry, lógico.
Por
momentos ficou enjoado. Não se reconhecia naquela postura. Aquele Draco não era
o Draco mau, frio, calculista e presunçoso que todos conheciam e evitavam o
mais possível. Adorava espalhar o temor em Hogwarts, assustando os alunos do
primeiro ano no corredor. Agora, não acharia isso divertido.
Tudo
aquilo o intrigava imenso. Os enigmas, o envolvimento de Dumbledore e Snape,
Ginny Weasley, algo em comum com o Potter e a sua súbita mudança de
comportamento e personalidade. “É culpa
desse velho tonto, com certeza! Jogou algum feitiço em mim…”
Claro que
muita da personalidade Malfoy continuava vincada. Afinal, por muito que mude,
uma pessoa mantêm sempre as suas características. O sarcasmo e o inconformismo,
pelo menos, continuavam bem presentes no corpo e mente de Draco.
E era esse
inconformismo que o impedia de parar quieto um segundo. Pensava em alguma forma
de ajudar na investigação. Não sabia o que Harry tinha feito, por isso não se
aventurou. Olhou o relógio. Já era tarde. Marcava 00.17. Certamente os pais já
estavam deitados. Levantou-se então. Iria descer à sala para pegar as
vassouras. Com tudo aquilo havia se esquecido de algo muito importante,
indispensável ao desenvolvimento do caso. Calçou os chinelos impecavelmente
arrumados junto ao pé da cama e desceu as escadas. Distraído e devido à falta
de luz, tropeçou no último degrau e caiu. A sorte era que os seus “pais” tinham
sono pesado. Nenhum dos dois se mexeu, sequer, aquando da queda do loiro.
Foi então
ao local onde Harry lhe tinha indicado as vassouras. E de facto, lá estavam
elas, brilhando como Draco nunca tinha visto vassouras brilharem.
Questionava-se como é que a mãe, tendo que passar por ali para subir para o
quarto, não as havia visto. Isso não era importante agora. Pegou nelas e subiu
as escadas. Estava maçado e precisava descansar. O dia seguinte seria um dia
certamente importante, pelo menos ele assim esperava. Deitou-se e apagou a luz.
Numa casa não muito distante, um moreno com uma cicatriz na testa fazia o
mesmo.
---
Custou-lhe
levantar-se. Havia tido pesadelos toda a noite. Não se recordava bem com o que
tinha sonhado. Lembrava-se vagamente de ter sonhado com duas jovens, de aspecto
feliz e que conversavam à beira de um lago. Subitamente, tudo escureceu. E não
conseguia lembrar-se de nada mais. Para Harry, aqueles sonhos eram importantes.
Como quase sempre que sonhava, tinha a certeza que eles lhe queriam transmitir
alguma mensagem.
Domingo,
pensou. Recordou-se de Hermione e Ron. Que estariam os amigos a fazer?
Sentiriam a falta dele? Caso estivesse junto deles, estariam com certeza os
três a estudar. Não por vontade dos garotos, como é lógico. Mas Hermione
insistia muito com eles, queria que estes levantassem as notas. E, realmente,
os seus planos de estudo tinham dado certo. A excepção era, claro, Poções.
Quanto mais faziam um esforço para com a disciplina, mais Snape embirrava com
tudo o que eles faziam. Parecia que era de propósito. E à hora de almoço, os
três amigos iriam certamente criticar alguém. E esse alguém seria certamente Draco Malfoy.
Mas como
não estava em Hogwarts, nem tinha como companheiros Ron ou Hermione, o cenário
que se lhe afigurava era bastante diferente. Iria estar com Draco, sim, mas
unidos em prol do mesmo objectivo.
Desceu à
cozinha onde encontrou ambos os “pais” a tomar o pequeno-almoço. Juntou-se a
eles, enquanto que o pai lia, em voz alta, entre dentadas numa tosta com
manteiga e golos num sumo de laranja, uma notícia qualquer relacionado com
assaltos a joalharias. Não era assunto que interessasse a Harry particularmente,
mas, para ser simpático para com aquelas pessoas que tão bem o haviam recebido,
entrou na conversa. O seu pai levantou-se pouco depois. Mesmo ao Domingo
trabalhava. Era um homem muito atarefado, mal parava em casa.
Harry
ficou junto da mãe. Segundo esta, Draco iria lá a casa por volta das 13.00.
Ainda faltavam 3 horas para tal, e por isso, resolveu ajudar a simpática
senhora com as lides da casa. Era algo a que estava muito habituado e onde se
sentia bastante à vontade. Depois de concluída a tarefa, e quando o relógio já
marcava as 12.45, subiu ao quarto. Pegou no mapa que tinha descoberto no dia
anterior, com o intuito de procurar um local para praticaram Quidditch, mas
deixou-o cair tal foi a surpresa: O pontinho verde, antigamente colocado por
debaixo da “Mansão Malfoy”, movimentava-se para o “Lar dos Potter”. Aquele mapa
funcionava como um grande tesouro que Harry tinha, o “Mapa dos marotos”.
Indicava onde as pessoas estavam. Neste caso, onde Harry e Draco estavam. E foi
seguindo o mapa que Harry adivinhou quando é que a campainha da sua casa
tocaria…
N/A: Quero agradecer a todos o apoio que
me tem dado. Estou com ânimo para continuar a escrever, agora que peguei nela
de novo e me lembrei de todos os projectos e ideias que tive para esta fic. Não
a vou abandonar como cheguei a pensar a algum tempo atrás.
Perguntaram-se
se já sabia algo acerca da transmissão da novela no Brasil. Bem, as informações
que tenho são poucas, muito poucas, mas posso dizer que é transmitida pela TV
Bandeirantes. O horário é que não sei. A novela não é passada com as vozes
originais, é dobrada por brasileiros pois algumas expressões são divergentes e
poderiam não entender.
Mas, e
volto a repetir: Até este capítulo, nada do que aconteceu está relacionado com
o enredo da novela. É tudo fruto da minha imaginação. Só os desenvolvimentos
futuros terão ligação com ela. E ainda falta acontecer muita coisa até lá!
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