Drago dormiens nunquam tittila
O restante
dia passou-se normalmente. Sempre com os fios ao pescoço, os dois jovens
passearam pela cidade, fizeram algumas compras, sendo que o registo de doces
adquiridos foi enorme e visitaram o Jardim Zoológico (Harry fez questão de o
mostrar a Draco, pois não existia nada do género no mundo bruxo), apesar de ao
início o louro se mostrar relutante para com a ideia. Estava ainda pouco
convencido com o facto de ter de conviver com trouxas e de ter de agir como
tal. Estava também zangado consigo próprio por lhe agradarem algumas coisas que
tinha conhecido do mundo trouxa, como o computador, o sumo de manga ou o
tullicreme. Talvez por isso não tivesse concordado com a ideia do rapaz moreno
que o acompanhava. No entanto, acabou por aceitar a proposta e admitiu depois a
Harry, que havia gostado muito da visita.
Quando por
volta das 7 da tarde regressaram a casa, exaustos mas felizes, não esperavam
certamente o cenário com que se depararam: Virgínia Weasley estava sentada num
dos sofás da sala da Mansão Malfoy. Draco, visivelmente furioso mas também
incrédulo, estreitava os olhos. Harry, por sua vez, parecia extremamente
apático. A garota, apercebendo-se da presença de alguém mais na sala,
levantou-se do sofá e olhou para porta.
Viu os
dois garotos, sorriu e disse:
- Antes de você começar a perguntar, Malfoy…
Estou aqui apenas por obrigação. Saiba desde já que não é prazer nenhum pisar o
chão de sua casa.
- Boa tarde para você também.
- Boa tarde. Oiçam: Eidderf me pediu
para lhes dizer uma coisa. Eu não entendi muito bem, mas ela não me explicou
mais nada. Até anotei aqui num papelzinho para não me esquecer: “Drago dormiens
nunquam tittilandus”
E agora eu tenho de ir. Adeus!
Deu um
beijo na face de Harry, acenou e saiu, sem mais explicações. O moreno se virou
para o loiro, que exibia uma expressão confusa na face:
- Esse é o lema de Hogwarts…
- Eu sei… Mas que será que Eidderf
sabe sobre Hogwarts? Ou porque será que ela pediu a Ginny para nos dizer o seu
lema? É algo que eu já sei de trás para a frente e de frente para trás…
- Bem, eu não sei. Mas acho que é
melhor nos começarmos a debruçar sobre a nossa tarefa, pois quero descobrir
isso tudo o mais depressa possível.
- Eu também. Podemos ir para o seu
quarto, onde temos todo o material?
- Claro! Até porque aqui não
estaríamos à vontade, pode aparecer alguém a qualquer momento.
Os dois
rapazes subiram então para o quarto, passando antes pela cozinha onde
cumprimentaram Milla e a avisaram da sua chegada. Harry pegou em todos os
pergaminhos e na pasta, dirigindo-se de seguida para a secretária de Draco.
Sentou-se na cadeira vaga, ao lado de Malfoy e depositou o material que tinha
em mãos em cima da mesa. Draco pegou num dos pergaminhos, o último ao qual tinham
tido acesso, e releu-o, de uma ponta à outra. Harry, por seu turno, relia os
mais antigos, na ânsia de encontrar qualquer pista, por mais pequena que fosse.
Estava tão concentrado na leitura que quase caiu da cadeira quando o loiro
gritou:
- JÁ SEI!
- Já sabe o quê? O que temos de
fazer em conjunto e que ambos gostamos?
- Não… isso ainda não! Mas descobri
quem é DHAD! É tão lógico, Potter…
- Fala logo quem é, está me
deixando curioso!
- Pensa comigo: A pobretona veio
aqui em casa falar o lema de Hogwarts, certo?
- Certo… mas o que isso tem a ver
com…?
- Calma, uma coisa de cada vez!
Agora pensa em alguém cujo nome começa com as iniciais AD?
- Isso é fácil! Albus Dumbledore!
- Bingo! Então pensa: D - Director
H - Hogwarts, A- Albus D- Dumbledore!
- É MESMO! Como é que eu não pensei
nisso antes? Era tão fácil…
- Então uma coisa já sabemos: É
Dumbledore quem nos envia essas cartas, é ele quem está por detrás de tudo
isso…
- Se pensarmos bem, e agora que já
temos esse conhecimento, é bastante lógico. Quem mais nos enviaria juntos para
o mundo trouxa, a fim de descobrirmos algo? Seus pais que não seriam…
- É, só aquele velho bobo mesmo!
- Malfoy! Não xinga Dumbledore
perto de mim, por favor! E evita xingamentos em relação à Ginny também.
- Ué, não sei porquê! Eu só falo a
verdade!
- Malfoy!
- Pronto, está bem! Já cá não está
quem falou!
- Bom. Agora me lembrei de outra
coisa: Lembra de Eidderf falar que quem nos matriculou no Colégio da Barra foi
um homem de cabelos negros?
- Lembro, porquê?
- Só pode ser Snape! Ele e
Dumbledore são amigos, um trabalha para o outro, faz todo o sentido que Snape
colabore com Dumbledore…
- É, você tem razão! Então graças a
essa pobr… Graças à Weasley, descobrimos dois factos importantes!
- Como você pode ver, ela não é tão
insignificante assim. Mas e que tal agora deitarmos mãos à obra e descobrirmos
rápido a resolução da primeira tarefa?
- Me diz o que temos de fazer
então, senhor sabichão. Sou todo ouvidos…
E caíram
os dois na gargalhada. Era incrível como em apenas 1 dia e meio aqueles dois
garotos, que tanto se odiavam, se pudessem dar tão bem. De facto, eles eram
muito parecidos. Teimosos, orgulhosos, persistentes. Só que um tinha uma visão
pacífica, enquanto que o outro, talvez influenciado pela família, fosse mais “dark”. Mas de facto, e tinham de admitir, estavam gostando
da companhia um do outro. Harry disse então, entre risos, para elaborarem uma
lista com as principais coisas que gostavam de fazer. Draco anuiu com a cabeça
e então os risos cessaram. Cada um conjurou uma pena e um pergaminho com as
suas varinhas, e preparam-se para escrever. No entanto, foi apenas se
concentrar no assunto que Harry percebeu que a resposta era óbvia, óbvia
demais.
- Quem sabe a resposta agora sou
eu!
- Haha,
não acredito. Você nem escreveu nada ainda?
- Pois não, mas pensei. E não tem
nada mais claro que isso: Ambos adoramos Quidditch!
- Palmas para você, Potter! Não
andou roubando meus neurónios, não? Desde ontem que você anda pensando!
Quidditch, é claro! Mas agora me fala onde você vai arrumar
sua vassoura, minha vassoura e um lugar onde possamos jogar sem que os trouxas
nos vejam. Ou você acha que eles não iriam achar estranho?
- Claro que achariam estranho,
aliás, achariam muito estranho. Mas com certeza local a gente arranja. Agora a
história das vassouras é mais complicada. Será que se a gente fizer como quando
precisamos da varinha elas aparecem?
- Não sei não, Potter! Acho óbvio
de mais. Dumbledore é velho, mas é inteligente. Acho que ele não faria isso.
- Mas não custa tentar… Vou experimentar,
afinal, “quem não arrisca, não petisca”!
Então
Harry fechou os olhos, concentrando-se na sua vassoura, em dias confiscada pela
sapa da Umbridge. Desejava-a com toda a força que se podia imaginar, mas nada.
Não acontecia nada.
- Você tinha razão. Não será assim
que as teremos em mão.
- Potter, eu já lhe falei uma vez:
Eu tenho sempre razão.
- Tá, Malfoy, tá… Eu não vou
contrariar você, não ganharia nada com isso.
Continuaram
a conversa, tentando arranjar meios de alcançarem as suas vassouras. O que é
certo é que não chegaram a nenhuma conclusão, pois a conversa foi interrompida
a meio. A mãe de Draco chamava por Harry, avisando-o que o seu pai o esperava,
para o levar para casa. Harry pegou nos pergaminhos, arrumou-os dentro da pasta
e entregou esta a Malfoy. Depois, alcançou a sua mochila escolar e se dirigiu
para o hall de entrada da mansão, sendo seguido por Draco.
- Foi bom tê-lo aqui connosco,
Harry! Estamos esperando você para a semana!
- Claro, Dona Milla. Com certeza eu
estarei aqui semana que vem!
- Que bom! Vá, se apressa, seu pai
está esperando você.
- Eu acompanho Harry lá fora, mãe!
- Draco disse, ao
ver um sinal do moreno.
Harry se
dirigiu para fora da mansão, onde seu pai o esperava, mas teve tempo ainda de
dizer a Draco:
- Nossas varinhas estão na sua
sala, encostadas ao sofá!
- Como isso é possível? Ainda há
pouco não estavam lá, quando conversámos com a Weasley!
- Vai ver elas só apareceriam
quando a gente descobrisse o mistério… e no local onde nos foi fornecida a
pista.
- Então tá, eu vou
tentar levá-las para o meu quarto, e escondo-as lá. Amanhã, peço para minha mãe
me levar na sua casa. Faço um feitiço nas varinhas, para elas ficarem pequenas
e colocou-as dentro de uma mala. Depois a gente desfaz o feitiço e acha um jeito
de jogar.
- Ok, combinado!
Harry
acenou um adeus para o loiro, cumprimentou o pai e entrou no carro. Estava
feliz por terem descoberto o enigma. Sabia que muitas mais coisas viriam por
aí, mas o facto de terem resolvido, num dia só, 3 mistérios diferentes o
deixava confiante, que brevemente, teriam a solução do problema em mãos.
Faltavam certamente ainda vários mistérios, e teria ainda de investigar mais
sobre Eidderf. Certamente a directora sabia mais do que parecia. E
intuitivamente, agarrou no fio e apertou o coração de ouro contra o peito.
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