Capítulo 6: mamãe, não quero i

Capítulo 6: mamãe, não quero i



-Bem....está pronto?
-C-claro! Estou pronto sim!
-Tem certeza de que você está bem mesmo?
-Estou ótimo! Não pareço estar ótimo?

Shigure estava trêmulo dos pés à cabeça, com os lábios arroxeados e a cara branca como a de um cadáver. Ele e Cho Chang estavam parados próximos à porta da sala de aula de Feitiços. Durante todo o trajeto desde o Salão Comunal até ali, Shigure ficou dizendo a si mesmo “ah, imagina, não tem com o que me preocupar! Está tudo sob controle! Eu não preciso temer nada!”. Mas à medida que se aproximava de seu destino, as frases de otimismo já não surtiam efeito e ele começou a olhar a tentadora janela do corredor, perfeita para o caso de ele precisar vomitar com urgência, como ele achava que em breve precisaria. Mas admitir essa fraqueja diante de Cho Chang? Jamais!
-Eu acho melhor a gente entrar logo, sabe? – disse Cho.
-O que? Mas jááá? Mas ta cedo ainda, o dia está tão bonito, ta tão fresquinho aqui fora. Deve estar um calorão lá dentro hehe
-Shigure, o professor acabou de entrar! Estamos atrasados!
-Ele entrou? Nossa, você acredita que ele é tão pequeno que eu nem vi?? Bom.....er......acho que temos mesmo.....quer dizer.......é, temos........
Shigure fez todos os sinais de boa sorte que ele conhecia antes de entrar na sala.
A sala estava agitada. Alunos da Grifinória e da Corvinal conversavam entre si em alto e bom som. Cho e Shigure escolheram propositalmente uma carteira bem ao fundo da sala, mas isso não evitou de chamar a atenção de alguns alunos próximos. Os alunos cochicharam entre si quando viram Shigure e ele não conseguiu evitar de ouvir partes das conversas:
-Ei, Amanda, quem é aquele ali? – perguntou uma grifinória.
-Sei lá! Nunca vi!
-Como nunca viu? Ele é da sua casa!!! – disse outro grifinório.
-É, mas até ONTEM ele não era u.u
-E se tem alguém que entende dos garotos de sua própria casa, este alguém é Amanda hihih – comentou outra menina da Corvinal.
-Eu acho que não entendi - respondeu Amanda.
-Er....digo.....ops, disfarça, eles tão nos olhando!!!!
Cho percebeu os olhares e cochichos dos alunos, mas não disse nada. Mesmo porque, nesse momento o professor subia em sua mesa e se agitava com sua vozinha esganiçada em busca da atenção da turma:
-Muito bem, turma!!! Classe!!! Atenção agora! Classe!!!! CLASSE!!!!! OLHEM PRA MIM PORRA!!!!! Er......digo.......ótimo, assim está melhor! Como vocês já devem saber, hoje nós vamos aprender o complexo feitiço para rasgar livros ao meio com precisão!
-O que??? Pra que alguém ia querer fazer isso com um livro??? – perguntou incrédulo Shigure para Cho, mas ela apenas deu de ombros.
- Eu darei para cada um de vocês um livro destes, bem grosso. Este aqui é (puf puf) o que os trouxas chamam de (puf puf) (blam!) “lista feletônica”. Realmente não sei para que serve, não tem graça nenhuma ler nomes e números, mas se os trouxas gostam....- dizia o professor depois de se esforçar para levantar a lista telefônica e coloca-la em cima da mesa.
Shigure percebeu que livros os alunos iriam utilizar para rasgar ao meio (“mas que coisa mais.....mais........IDIOTA!!!” pensava Shigure). Entre eles identificou três Bíblias, quatro listas “feletônicas”, um exemplar de “O Senhor dos Anéis – volume único” e um Guiness Book velho.
-Podemos então? – continuou o professor – Certo, depois de mim: burnizunga percevatis!!! – e a lista telefônica do professor ganhou um talho digno de uma faca elétrica. Shigure ainda não via a menor utilidade naquilo, mas todos os alunos se esforçaram em seguida para obter os mesmos resultados. Ele observava Cho Chang ao seu lado concentrada no feitiço “complexo”. Ela tinha um exemplar do livro de Bioquímica gigante e Shigure arregalou os olhos quando viu o desperdício.
-Meu deus........eu precisava desse livro.......- murmurou ele.
-Você disse alguma coisa? – perguntou ela, desviando a atenção do livro.
-Ahn??? Não, não disse nada, pode continuar hehe.
Ela sorriu e continuou tentando. Ele ainda não conseguia realmente entender de que servia aquele feitiço idiota mas esqueceu disso tudo por um momento, enquanto observava Cho concentrada no feitiço. Ela estava com as sobrancelhas numa expressão de seriedade e a cada vez que tentava e não conseguia exercer a tarefa, soltava pequenas exclamações como “droga...”, “não!” mas com um charme irresistível. Pelo menos era o que achava Shigure, que não conseguia tirar os olhos dela. Até que...
-Er....você não vai.....não vai treinar o feitiço também? Eu acho melhor você pegar sua varinha! – disse ela, tirando-o do seu estado de hipnose e levando sua mente a um pensamento muito mais perturbador.
-Ahn.....eu acho que eu não preciso realmente, quer dizer....- ele baixou a voz – não sou aluno de verdade, lembra? – ele estava com o coração disparado. Mais cedo ou mais tarde ela ia perceber que ele era um trouxa comum e sem graça. Todos eles iriam perceber. E o que ele faria depois??
-É.......isso lá é verdade, mas eu acho que você deveria pelo menos disfarçar!
-Nah...ninguém está olhando e o professor já sabe da minha condição então.....bem......então ele não vai chamar minha atenção, certo? – disse ele, tentando dar um ar o mais displicente possível às palavras.
-Se você diz......- e voltou ao seu feitiço.
Shigure estava realmente preocupado.
-Classe? Ótimo, ótimo, assim já está bom, como vocês já devem saber. Classe!!! CLASSEEEEE!!!!! OLHEM AQUI!!!!!! AQUIIIIIII!!!!!!!!!! – gritava o professor Flitwick – Todos prontos para a nossa próxima lição? CLASSEEEE!!!!!!
Shigure tinha certeza de que estava perdido.

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Enquanto isso, na Batcavern.....digo, nas Masmorras.......(é que é tão parecido...)

- Você já sabe o que tem que fazer, certo?
-Aham! Quando você entrar pela porta de maneira triunfante, com suas vestes negras como a noite flutuando atrás de você e eu saio das sombras com uma cara de “dama-de-honra-de-casamento-entendiante” e começo a jogar pétalas de rosas pelo seu caminho! E aí quando você chega lá na frente da sala, eu faço uma reverência profunda e digo “Sua Alteza, Professor Sever...”
-QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ DIZENDO MENINA? – interrompeu um nervoso prof Snape – Você vai é ficar quietinha sentada naquele canto, bem aquele ali, aquele escuro e você vai fingir que você morreu ali! Não quero ouvir nem o som da sua respiração! Fui claro??
-Ah não, minha idéia é muito mais interessante! Você será devidamente homenageado e eu devidamente útil!!! – Sibila tentava convencer o professor enquanto olhava discretamente para o canto sujo e cheio de teias de aranha ao qual o professor se referiu.
-Nem-pen-sar .
-Tá bom! Então fazemos diferente! Você entra na sala abrindo a porta assim, com um estrondo! Aí todos os aluninhos do primeiro ano pulam de susto em suas cadeiras e olham assustados para a porta. E o que eles vêem na porta?? Ahn?? Professor Snape, uma sombra, um espírito negro flutuando em direção à sua mesa e eu atrás, segurando suas vestes como se fossem um véu de noiva! Que tal?? Ia causar um impacto......
O professor pareceu surpreendentemente considerar o que a Sibila havia sugerido por um segundo. Mas então falou:
-É impressão minha ou você tem uma fixação em cerimônias matrimoniais? Damas de honra.....véus de noiva........isso é ridículo.
-Ok, podemos mudar isso também!! Já sei!!! Eu posso me vestir toda de preto também, aí entro atrás de você e serei um “Mini-Snape”!!!! Nossa, todo mundo vai ter inveja de você por você ter o seu próprio “mini-Snape”!!! Vai causar a maior sensação!!
-Você quis dizer “mini-mini-mini-mini-micro-nano-Snape tamanho PPP”.
-
-Vai discordar?
-Mas e daí?? Quanto menor, mais fofo! E ele ainda anda e fala!! Vai ser um sucesso!!!
-Fala até demais.
-Podemos dar um jeito no desgraçadinho!
-O “desgraçadinho” é você mesma, se me lembro bem...
-Oh.........(pausa)..........eu sabia...........
Nisso, eles ouviram os inconfundíveis sons de alunos de 11 anos indo para a aula, ou seja, muitos gritos, correrias, risadas, ruídos suspeitos...
No mesmo momento, Sibila entrou em desespero:
-NÃO ME DEIXA LÁ NO CANTINHO, POR FAVOR!!! – gritava ela agarrando as vestes do professor – LÁ É FEIO, FRIO, SUJO E.......E.......e.....e ó!!! Eu prometo que fico quietinha sentada na sua mesa.....er.....ahn.......DESENHANDO!!!! Que tal??
-Tem certeza de que você tem idade para estar numa faculdade?
Mas antes que ela pudesse responder, uma enchente de crianças inundou a sala de aula! Elas cascatearam pela porta, gritando, correndo, jogando objetos estranhos umas nas outras, rindo e gargalhando enquanto passavam por baixo e por cima das mesas antes se acomodarem. E em seguida faziam barulhos infernais com seus caldeirões e com o resto do “kit-poções”. Neste momento, Sibila pôde entender muitos “porquês” de Severus Snape.
-Maldição! Elas viram você!!! – dizia irritado Snape. As crianças continuavam com sua bagunça particular sem nota-los – Agora serei obrigado a usar você durante a aula . Não dá mais tempo de esconde-la....maldição....
-Isso quer dizer que não preciso mais ficar no cantinho???
-Isso quer dizer que você vai pegar aquele pergaminho em cima da minha mesa, passar por aquela porta e trazer os objetos indicados na lista imediatamente. Enquanto isso – disse ele olhando à maneira de um Mártir para a classe – eu lido com as criaturas.
Quando Sibila chegou à porta da sala indicada, a turma repentinamente aquietou-se. Ela olhou para trás e não viu nada de ameaçador nas mãos de Snape, como imaginou que teria para que a turma ficasse tão quieta assim. Mas ela lembrou que era de Snape que estávamos falando.
Quando entrou na sala, ela ficou simplesmente abobada. Milhares de vidros rotulados em prateleiras brilhavam com seus conteúdos bizarros. A maioria dos conteúdos ela não era capaz de identificar, mas não perdeu mais tempo e começou a procurar os ingredientes da lista.
Poucos minutos de procura depois, ela entrava em desespero novamente. Os vidros minuciosamente alinhados com os rótulos para frente estavam nada mais nada menos do que arrumados em ordem alfabética na diagonal, dividindo-se os reinos e espécies químicas dos conteúdos de trás para frente e com uma ligeira inclinação de 43°. Sibila desabou de joelhos no meio da sala, evidentemente desanimada. Não fazia idéia nem do que eram aqueles ingredientes da lista (casca de girassol ralada em losangos, Anandaris Major subespécie S, jojofinhas maduras versão 7.5 , etc) e agora não conseguia entender nem como começar a procurá-los.

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Entretanto, em outra sala, durante outra aula, Shigure estava também desabando. Não no chão, mas sobre a carteira. Não de desespero, mas de tédio. A aula de Flitwick foi a coisa mais frustrante que ele já experimentou na vida. Ele estava completamente impotente durante toda a aula, vendo todo mundo fazer coisas maravilhosas com as varinhas e destruindo objetos úteis para ele (“eu não acredito que eles destruíram aquele livro de bioquímica, eu não acredito!!!!” ele ainda se lamentava). Pior de tudo foi enrolar Cho, primeiro dizendo que ele não estava com vontade no momento de praticar feitiços; depois que ele na verdade havia amanhecido meio...indisposto e sentia seus poderes enfraquecidos (também pudera, depois de tanta coisa ter acontecido!) e finalmente resolveu assumir que sua varinha não estava com ele quando ele acordou aquela manhã em Hogwarts.
Cho não o questionou mais depois disso, porém Shigure sentiu-se não apenas culpado por ter enganado Cho, mas principalmente preocupado com a idéia de que todos pensavam que ele e Sibila eram bruxos! Será que ninguém percebeu que eles eram simples trouxas???? O que acontecerá quando eles descobrirem que se enganaram? Isso fatalmente vai acontecer, pensava Shigure, uma hora eles vão perceber! Isso se Sibila não desse com a língua nos dentes antes. O pensamento despertou em Shigure uma urgência de encontrar logo a irmã e alerta-la da situação.
-Cho...ahn...vamos ter aula de poções hoje? – perguntou Shigure assim que saíram da traumatizante aula de feitiços.
-Hmmm.....hoje não. Amanhã sim! Por que? Ansioso?
-Não exatamente....quer dizer, eu acho que não vou poder fazer muita coisa sem minha varinha. Mas estou curioso pra saber como Sibila está se saindo! Você sabe...ela não é muito esperta e Snape nem um pouco tolerante, aquele maldito.....
-Haha, é verdade, ele é uma peste, o Snape. Interessante, você é observador! Nem teve aula com ele ainda e já fala mal dele como todos os outros alunos de Hogwarts!
Shigure se condenou mentalmente pela falha que cometeu. Ele precisava tomar muito mais cuidado com o que falava sobre os “personagens”.
-Ah!!! Olha, minhas amigas estão logo ali!!! Vamos, vamos, eu vou te apresentar a elas!!! – disse alegremente Cho enquanto puxava Shigure pelo braço em direção a um grupo de quatro meninas mais adiante.
As meninas estavam compenetradas em alguma conversa séria e Shigure notou que elas lançavam olhares furtivos em sua direção. Quando notaram que ele e Cho se aproximavam, as garotas ficaram estranhamente inquietas. Shigure reconheceu imediatamente duas das garotas, ela dividiam o dormitório com Cho e SIM, elas o reconheceram também. “Fodeu - -“”, pensou ele na mesma hora.
-Gente, gente! Oi!!! Esse aqui é o Shigure!!! Ele é um aluno novo, acabou de chegar em Hogwarts! – tagarelava Cho, sem perceber a tensão das amigas,
- Er.........oi? – disse ele, constrangido.
-Você.........quer dizer..........- arriscou uma delas – você não é........
-Você não é o cara que invadiu o dormitório feminino hoje de manhã??? – uma delas tomou coragem e completou a frase da amiga.
-Eu....er.......eu........- começou Shigure, mas foi interrompido por Cho.
-Sim, é ele mesmo. E ele não invadiu o dormitório! Acontece que ele foi transferido e chegou ontem aqui na escola, de noite, bem tarde! E por não conhecer bem o lugar ainda, acabou errando o seu próprio dormitório, foi isso! u.u
As garotas olharam desconfiadas de Cho para Shigure e disseram:
-Transferido??
-Chegou aqui à noite???
-E como é que ele iria errar o caminho do dormitório masculino??
-PIOR, como ele conseguiu subir a escada????????
O grande temor de Shigure aconteceu! “Elas são burras demais pra lembrar da escada” diz McGonagall! “Pois bem, o que eu faço agora professora????” pensou ele. Mas antes que Shigure pudesse sequer pensar no que dizer, as garotas já o metralhavam com mais comentários:
-Isso significa que as escadas já não são mais seguras!!!
-Quer dizer então que qualquer tarado da nossa casa pode ir nos visitar no meio da noite agora???
-Ah, dependendo do tarado, eu até ia gostar hehehehehehehe.
-Camille, você é nojenta .
-Ah não, nem venham de hipocrisia! Imaginem Milo Bankerson, aquele gatíssimo fofíssimo do sexto ano aparecendo na cama de vocês no meio da noite!!!
-Camille , ele é da Lufa-Lufa.
-Ah é....
-Mas peraí gente, só um homem muito corajoso tentaria passar pelas escadas até conseguir chegar nos dormitórios femininos!!!
-É verdade! Ele deve ter sofrido horrores naquela escada!
-E o coitado achando que teria que passar por isso todos os dias, já que ele pensava que era o dormitório masculino!
-Pobrezinho!!!!!
-É mesmo, pobrezinho!!!! Que obstinação!
E de repente Shigure passou de tarado inescrupuloso para mártir de coração puro. Definitivamente ele devia desculpas à professora McGonagall.

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No acervo de coisas esquisitas de poções, Sibila fazia “minha mãe mandou” para escolher que potes levar para o professor quando avistou em um canto alguns livros empilhados. Ela teve uma súbita idéia (e como essas coisas aconteciam muito raramente, ela não podia perder a chance). Começou a folhear os livros. Eram todos livros de poções, de vários anos diferentes. Alguns estavam usados e rabiscados, outros rasgados. Um deles tinha mensagens obscenas escritas na capa e outro tinha desenhos em quase todas as páginas, a maioria satirizando os professores e ingredientes (seeempre de forma obscena, óbvio).
Mas eis que ela encontra o que estava procurando! Sim! Lá estava “o livro do príncipe mestiço”! (não, o livro que PERTENCEU ao “príncipe mestiço”) Estava com o nome naquela caligrafia típica do Snape, exatamente como era descrito no livro (no enigma do príncipe, no enigma do príncipe!). Porém, no momento em que ela começou a folhear o livro, ouviu Snape explodindo pela sala:
-QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO???
Sibila ficou tão assustada, tanto com o repentino aparecimento do professor quanto pelo fato de ela estar vendo justo AQUELE livro, que jogou o livro longe e começou a pedir mil desculpas ao professor. Começou, aliás, a pedir desculpas até por coisas que ela não tinha feito ou que fizera, mas que nada tinham a ver com o professor.
-Do que é que você está falando, menina??? Eu preciso dos ingredientes com urgência! Vim conferir se você ainda vivia ou se eu teria que ter o trabalho de tirar o seu corpo inútil daqui!
Sibila, apesar de estar assustada por fora, não deixou de pensar internamente “uaaau! Ele se preocupa comigo! XD”.
Sem esperar mais reação da garota, o professor se dirigiu irritado às prateleiras e foi pegando cada ingrediente com confiança e precisão. Parecia que ele conhecia tão bem os locais onde estava cada coisa que ele seria capaz de achar tudo de olhos vendados. Sibila o amaldiçoou internamente.
-Tsc, tsc...uma tarefa tão simples....- disse ele olhando daquela forma sarcástica para ela, usando aquele tom de voz sarcástico e Sibila amaldiçoou-o novamente (com sarcasmo). NÃO ERA uma tarefa simples. Ele arrumava os ingredientes daquele jeito por querer, para torturar os alunos em detenção, provavelmente.
Sem escolha, Sibila seguiu Snape para fora da saleta e para dentro do inferno infanto-juvenil. Sem autoridade à vista, as crianças voltaram a pular por cima das mesas, fazer feitiços sacanas, pintar as paredes, os meninos faziam feitiços para levantar as saias das meninas e as meninas gritaaaavam e gritaaaaavam.......Sibila pôde jurar que viu alguém dando um salto mortal lá no fundo da sala.
Felizmente, quando avistaram Snape, voltaram aos seus caldeirões e mantiveram-se ocupados decentemente. Snape disse à Sibila:
-Tenho meus temores em lhe passar a próxima tarefa....- disse ele pensativo, mas logo disse – ah, dane-se. Vá passando pelas carteiras e veja que cor estão as poções.
-E quando eu vir que cor estão, eu faço o que?
-Se estiver bege, está certo, se estiver gelo, está errado.
-Gelo tipo “gelada” ou gelo tipo “branco sujo”? – perguntou ela, séria.
O professor olhou para ela um momento antes de continuar.
-Branco sujo?? Desde quando “gelo” é branco sujo??? – perguntou ele, indignado.
-Claro que é!!! Ta bom, é cinza clarinho, pronto!
-Que absurdo! Claro que não é cinza! Gelo é gelo! É meio parecido com marfim só que mais claro!
-Marfim??? Marfim é amarelo claro!
-Por Merlin! Que sacrilégio! Amarelo claro! Marfim é um bege claro puxando para o cinza bem claro.
-Não, peraí, isso já é cinza-cor-de-terra!!! Não confunda as coisas!!
-Que diabo de cor é essa???
-Ué? É tipo....tipo.......tipo marfim com marrom acinzentado, só que mais claro! É tipo gelo!!!!
-Isso não é gelo!
-Ah ta, sabichão! Então como é gelo??? (cruzando os braços)
-GELO É GELO E PONTO! – gritou ele, revoltadíssimo. A turma parou por um momento para olhar para o professor – e vá logo fazer o que mandei! Inferno! – e deu as costas para ir até a escrivaninha.
Quando estava dando o primeiro passo para ir até a turma, Sibila parou, virou para o professor e perguntou:
-Er....o que é bege pra você?
Snape lançou um olhar tão significativo que Sibila não teve dúvidas mais: bege era bege e gelo era gelo.
Andando timidamente pelas carteiras e vistoriando os caldeirões, Sibila se sentia a criatura mais idiota e vesga do universo (nem ela sabia o porquê do “vesga”, mas ela se sentia assim de qualquer jeito). Tentava sorrir para cada aluno cujo caldeirão ela espiava, mas sabia que só estavam saindo sorrisos amarelos e sem graça. Os alunos, por sua vez, tinham reações variadas. Alguns pareciam que nem a viam ali, outros pareciam que a odiaram desde o primeiro momento e que iriam odiá-la para sempre. Outros sorriam para ela, displicentes. E para ela todas as poções tinham uma única cor: branco. Em um dado momento, passando por entre os alunos, ela entreouviu comentários cochichados.
- Quem? Quem é essa aí?
-Sei lá! Mas que interessa?
-É! Vamo lá, feitiço da saia curta nela!
E antes que Sibila pudesse fazer qualquer coisa, lá estava sua saia, flutuando no ar no estilo “Mérilin Môrou”, porém Sibila nada tinha de graciosa na cena. Ela começou a gritar enquanto tentava, em vão, manter a saia abaixo do umbigo, pelo menos. Todas as crianças começaram a rir e a apontar para ela enquanto ela girava e se retorcia para lutar contra a saia, mas nada adiantava. Até que ela desistiu:
-TÁ BOM! VEJAM!!! VEJAM!!!! – gritou ela, erguendo os braços para o alto e deixando a saia fluir livre como um pássaro – BANDO DE CRECHE DE NUNCA VIU UMA CALCINHA!!!!! VOCÊS VÃO MORRER VIRGENS!!!! OUVIRAM BEM???? ISSO É UMA PRAGA DE SIBILA SOUMA!!!!! – gritava ela enquanto encarava cada pirralho remelento da sala – VOCÊ AÍ!!!! – ela apontou para um pobre coitado inocente e rechonchudo, escondido num canto escuro e triste da sala, que observava o desespero de Sibila com compaixão nos olhos – O SEU PINTO VAI CAIR!!!!!!!!!!!!!!!
-M-m-mas...mas....mas eu não f-fiz na-naaa-na-daaaa!! – e o coitado ainda era gago.
-NÃO INTERESSA!! EU QUERO QUE O SEEEEU PINTO CAIA DE PODRE!!!! – e nisso ela apontou um dedo inquisidor para o garoto. Quando fez isso, porém, algo incrível aconteceu. A parede logo atrás do pobre garoto deu um estrondo e uma das pedras rachou ao meio, Muito pó e pedacinhos de pedra caíram em cima do garoto assustado e pálido. A sala inteira mergulhou num silêncio mortal. Nem o professor Snape ousou quebrar o silêncio, embora ele estivesse a meio caminho de onde a confusão ocorria, com a varinha na mão.
-Uaaaaaau O .O – disse um dos garotos que começou a confusão.
-Vocês viram o que ela fez??? – disse o outro.
-E sem varinha!!!!!!!!!!!
-IRAAAAAAADO!!!! – eles exclamaram juntos.
Sibila, quando saiu do choque, olhou para o próprio dedo, maravilhada. Começou a sacudi-lo com força para ver se funcionava outra vez, mas nada aconteceu. Então, Snape resolveu interferir, finalmente. Não disse nada, apenas agarrou Sibila pelo “cangote” e carregou-a para fora da sala.
Quando estavam no corredor, bem longe dos ouvidos ávidos dos alunos, Snape disse, ou melhor, berrou:
-VOCÊ FICOU MALUCA??????
-NÃO!!!! Q-quer dizer, eu não, o meu dedo sim...- e ela continuava a estudar o próprio dedo.
-NÃO VENHA COM GRACINHAS! VOCÊ PODERIA TER MACHUCADO SEVERAMENTE AQUELE ALUNO!!!
-Mas eu não fiz por quereeeeeer T.T – choramingava ela – simplesmente.......simplesmente.........saiu!!! E agora não consigo fazer funcionar de voltaaaaa!!! (sacudindo o dedo)
- Nunca pensei que iria dizer isso, mas ainda bem que a sua mira é praticamente inexistente! Se você tivesse acertado aquele aluno, provavelmente teria matado!!!! Você está aqui em Hogwarts ILEGALMENTE!! Será que você compreende a complicação em que se meteria e......QUER ME ESCUTAR?????
-Não posso agora!!! Eu preciso descobrir como fiz aquilo! – disse enquanto dava tapinhas no dedo “mágico” – Deixa eu ver, o que eu disse mesmo quando aquilo aconteceu? Ah, lembrei: EU QUERO QUE O SEU PINTO CAIA!!!!!
Ela apontou um dedo para a parede, mas nada aconteceu.
-Escute aqui sua irresponsável, eu... – mas o professor foi interrompido por Sibila.
-Aaaah, mas claro! Como eu sou burra! Claro que não ia funcionar! A parede não tem pinto há há há! Mas você tem: EU QUERO QUE O SEU PINTO CAIA!!!!! – e apontou rapidamente o dedo para o professor.
Um jato invisível passou rente à cabeça do professor e rachou mais uma pedra na parede atrás dele. O professor permaneceu imóvel, olhos arregalados em choque.
-Nossa....eu preciso treinar essa mira desesperadamente! Segunda vez que eu acerto o lugar errado! Mas pelo menos agora eu já sei o macete pra funcionar há há há ahn...er.......professor? Você está bem?
Snape estava respirando com dificuldade. Voltando à si, agarrou os cabelos curtos de Sibila e puxou-a para bem perto do rosto dele ameaçadoramente. Sibilando perigosamente, ele disse:
-Nunca.......nunca mais........está ouvindo? Nunca-mais-faça-isso. Nun-ca-ma-is! Você não quer eu seja seu inimigo... – e soltou Sibila com um tranco violento. Sibila, assustada, segurou instintivamente a cabeça no local onde Snape agarrou enquanto ele caminhava determinado de volta à sala de aula sem olhar para trás. Com lágrima nos olhos pelo susto, Sibila pensou “OH MY GOD!!!!!!!! QUE HOMEM!!!!!!!! XD”.
Mas logo outro pensamento preencheu sua cabeça normalmente vazia. Como aquilo aconteceu?? Por que? O QUE ACONTECEU afinal?? Snape agiu como se ela tivesse feito aquilo de caso pensado mas é óbvio que ela jamais imaginaria que um raio invisível e destrutivo sairia do seu dedo. Observando o estrago na pedra da parede ela percebeu que realmente aquilo foi perigoso e percebeu também que errou a cabeça dos seus dois alvos por um triz.
Se encolheu contra a parede e escondeu o rosto nas mãos.
-Minha nossa.................eu......eu.............eu sou um monstro!!!! (pausa) QUE TESÃÃÃÃÃO!!!!!!!!!!!! XD – disse ela rindo sozinha – Agora eu vou me vingar de todos os homens malvados desse planeta! Todos! É só eu apontar meu dedo para eles e dizer “Rá! Eu quero que o seu pinto caia, seu maldito!” e pronto!!!! A cabeça deles explode! É só eu treinar mais, é claro.
Ela começou a saltitar em direção à sala de aula novamente mas então subitamente lembrou do rosto ameaçador do professor. Levou a mão à cabeça instintivamente outra vez e achou melhor ficar por ali mesmo, no corredor. A animação tinha se esvaído.


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-...e então ela disse que tinha inveja do meu cabelo e bla bla bla......
-....mas eu não sabia que aquela marca era tão ruim e bla bla bla
-....e eu espero que as férias cheguem logo pois vou para bla bla bla....
-.....eu sabia que ela era falsa, desde o início mas bla bla bla......
Era o que Shigure conseguia distinguir da conversa unilateral que as quatro amigas de Cho agora travavam com ele ao mesmo tempo, enquanto caminhavam de braços dados com ele (contra a sua vontade , claro). Shigure não fazia idéia do que se tratava a grande liquidação da loja Cenwyin´s Bell nem que gosto tinha “frique-fraques recheados, a mais nova sensação!” muito menos quem era Magareth Helingway, a Falsa, mas tentava educadamente acompanhar as garotas na conversa. Cho Chang caminhava silenciosa atrás do grupo inusitado de garotas tagarelas. Parecia extremamente tímida agora, notou Shigure.
Durante todo o trajeto até a próxima aula (transfiguração) Shigure tentou dar um jeito de incluir Cho na conversa ou de se livrar daquelas garotas fúteis, mas não conseguiu nem uma coisa nem outra. As garotas grudaram nele.
A aula de Transfiguração foi um suplício ainda maior que a de Feitiços. Afinal, as quatro pentelhas fizeram Shigure sentar junto delas (Cho sentou-se logo atrás deles todos) e não pararam de tagarelar a aula inteira. Ao menos não tiveram tempo para notar que Shigure não tinha varinha e não fazia nada durante a aula, o que deixou Shigure aliviado por certo tempo.
Estava preocupado com Cho. Ela continuou lá atrás, sentada e quieta, fazendo com perfeição sua lição de transfiguração.
A professora McGonagall também estava estranha (segundo as garotas). Ela estava estranhamente tolerante com conversas hoje, não chamou a atenção das garotas nem 50 vezes durante a aula. Ela devia estar de bom humor, pensaram as garotas. Mas Shigure sabia que a professora tinha que chamar a menor atenção possível para cima dele. Ele lançava o tempo todo olhares de desculpas e suplício para a professora enquanto estava no meio das garotas pentelhas.
Quando estavam novamente nos corredores, após a aula, do mesmo jeito meloso (as quatro de braços dados com Shigure no centro), subitamente uma coruja simpática e azulada sobrevoou as garotas e deixou cair um pedaço de papel. Uma delas leu e disse alegre às outras:
-AAAAAAAAAAAIIIIIIIII XD!!!!!!!!!!! VOCÊS NÃO VÃO ACREDITAR!!!!
Todas ficaram alvoroçadas para saber.
-Serenety Smoghur vai desfilar na sala comunal com as novas peças de primavera-verão que ela comprou e quer que a gente vá lá ver e babar!!!! NÃO PODEMOS PERDER DE JEITO NENHUM!!!
-DE JEITO NENHUM!!! – responderam as outras três em uníssono e como num passe de mágica, as quatro garotas evaporaram do local, correndo em direção à torre da Corvinal.
Shigure sentiu o ar fresco da tarde, desprovido de fragrâncias adocicadas-nauseantes femininas e se deu conta de que estava sozinho com Cho. Ele tentou puxar conversa.
-Ahn.......suas amigas são......ahn.......são muito......comunicativas hehe.
Ela olhou timidamente para ele antes de responder.
-É....elas falam bastante né?
Silêncio.
-Elas não são muito inteligentes também.....- continuou ela.
-Hmmm....bem, eu....
-Não precisa ter medo de falar a verdade.
-Bom...já que é assim.....é, elas são bem burrinhas mesmo hehehe.
-Elas são umas antas, pra falar a verdade. Que negócio era aquele de “desfile coleção primavera-verão”??
-Eu pensei que......bem.......quer dizer.....se você quisesse ir.......bom, eu não queria prender você aqui.......
-De jeito nenhum!!! – ela olhou surpresa para ele – Você achou que eu iria querer ir na porcaria do desfile? Claro que não! Infelizmente, até entre os gênios da Corvinal existem as maçãs podres hehehe.
Shigure se sentiu mais aliviado ao ver o sorriso de Cho e continuou.
-Você parecia abatida já hoje, na aula.....
-Ah.....- ela desviou o olhar - ....não é nada.....quer dizer, eu me sinto um pouco.....reprimida por elas. Entende? – ela olhou para ele com uma expressão ligeiramente angustiada.
-É, eu entendo. Como falam......- disse ele, arregalando os olhos.
-Demais.
-Terrivelmente demais!
-Inacreditavelmente em excesso!
-Dolorosamente até! Sério, eu não sei se a minha audição não foi permanentemente prejudicada pela sessão de hoje!!! – disse Shigure, segurando as orelhas. Cho riu do comentário.
-Eu não duvidaria nada! Quer passar na enfermaria, só pra conferir? – disse ela, zombeteira.
-Pra Madame Pomfrey achar um tumor maligno inexistente no meu ouvido e me obrigar a ficar preso por lá? De jeito nenhum! Prefiro ser surdo e livre!
Assim, sem se dar conta e rindo à toa, os dois caminharam juntos pelo corredor rumo ao Salão Comunal.

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Olhem só, sexto capítulo já! Que chique!
Ok, eu sei, eu sei, aquela parte da Sibila dando sugestões de entradas triunfais para o Snape..... sim, eu não resisti e utilizei as idéias da senhorita Vivi, que fez as “80 maneiras de se irritar Severus Snape” do site sonserina.com. XD É que foram tão boas as idéias dela que me senti compelida a repeti-las aqui hahahahah Mas ó, não foi plágio ta? Hauahuahauahu Vão lá ler que é muito, muito engraçado.

QUEM TÁ LENDO AINDA ESSE FANFIC LEVANTA A MÃO!!!

Não esqueçam de recomendar este fic para seus amiguinhos, crianças!

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