O casamento e a maior idade

O casamento e a maior idade



Eles acabavam de descobrir que o vilarejo reconstruído foi o mesmo em que Harry havia morado antes de seus pais morrerem. Foi com imenso choque que ele, Harry recebeu essa notícia.
- Harry, você está...hum...ok? – perguntou Hermione um pouco hesitante.
- Cara, você está pálido – disse Rony meio assustado.
Harry porém não dizia nada. Não conseguia dizer nada. De repente uma dúvida meio que por meio da intuição chegou à sua mente:
- Hermione, aí no jornal diz se foi o Ministério que reconstruiu este vilarejo?
- Não. É exatamente por isso que noticiaram isso. – e ela começou a ler a notícia:

“O Departamento de Construções Mágicas anunciou ontem que não foi o responsável pela reconstrução do vilarejo bruxo nas proximidades de Godric’s Hollow, ‘até porque – diz o chefe do departamento, Audrico Explenderi – esse é um lugar do qual nós procuramos distancia, devido ao seu passado tão sombrio’. O ministro da magia já mandou o Quartel General dos Aurores investigar o local afim de verificar se há vestígios de bruxaria das trevas.”

Hermione congelou por um instante com um olhar longe, deixando Harry e Rony meio atônitos e deslocados. De um pulo só ela se pôs de pé e olhando firmemente para Harry falou:
- Pegue todos os Profetas Diários que você tiver aí.
Obedecendo à amiga, Harry e Rony subiram até o quarto de Duda, que agora há algum tempo pertencia a Harry e foram recolhendo todas as páginas de jornais que encontraram. Enquanto isso, eles conversavam sobre o que poderia estar pensando Hermione e o que queria exatamente dizer aquela matéria.
- Nossa cara, a Hermione assusta a qualquer um desse jeito. – falou Rony enquanto abria o malão de Harry para olhar se havia mais algum jornal dentro.
- É. Onde será que ela quer chegar?
- Não faço nem idéia.
Os dois desceram o mais rápido que puderam. O coração de Harry estava a mil. Sentia que estava prestes a descobrir algo realmente importante.
- Aqui – Harry entregou os jornais à menina que ainda parecia assustada – é tudo que achamos – completou contendo sua respiração ofegante.
- Certo. Agora vamos fazer o seguinte: vamos procurar qualquer matéria relacionada à reconstrução desse tal vilarejo. Harry, me de aqui o Profeta de Quinta. Provavelmente nele saiu algo relacionado à investigação.
Já era quase a hora do almoço, ou seja, hora dos Dursley retornarem, e a única coisa que eles haviam achado foi uma nota no jornal de terça-feira sobre a reconstrução de tal vilarejo. Algo do tipo: o vilarejo de Godric’s Hollow foi reconstruído. É, pelo visto o ministério anda realmente fazendo um bom trabalho.
- Nada. Nem uma palavra a respeito. – falou Harry inconformado.
- Calma – tranqüilizou-o Hermione – quem sabe no jornal de hoje?
- Bom, de qualquer jeito acho melhor subirmos. Meus tios não vão gostar muito de ver-nos aqui.
Os três garotos subiram para o quarto de Harry carregando os jornais. Hermione que já era maior de idade conjurou duas camas pequenas e baixas para ela e Rony. O quarto ficou um pouco apertado, mas naquele momento nada disso importava. Não demorou muito e ouviu-se o barulho de carro estacionando no jardim dos Dursley. Logo ouviram-se também a voz de tio Valter e tia Petúnia:
- Está vendo Valter? Já cheguei atrasada para preparar o almoço! – reclamava a tia
- Não tenho culpa Petúnia. – defendia-se o tio.
- Harry, você não vai nos apresentar aos seus tios? - perguntou Hermione – acho melhor sermos apresentados do que descobertos.
Apesar de muito contrariado, Harry teve que concordar com a amiga. Seria muito maior o choque se tia Petúnia fosse limpar o seu quarto e de repente se deparasse com dois estranhos. Ele desceu as escadas seguido por Rony e Hermione.
- Ah, tio Valter...esses dois são os meus amigos dos quais eu lhes falei. Rony e Hermione.
- Ah... – o tio olhou com um pouco de aversão, mas não quis parecer mal educado – sim.
Tia Petúnia entretanto pareceu bem mais educada:
- Ah...olá. – disse tentando parecer adorável – vocês...ham...estão com fome? O almoço já vai sair.
- Ah, não se incomode senhora.- falou Hermione
Os três subiram as escadas incrédulos. Harry não acreditava que a tia estivesse oferecendo almoço para gente que ela vinha anos querendo distancia. E o tio, então? Nem gritara. Nem ao menos foi rude! Rony e Hermione, porém, não pareciam achar os tios do amigo tão maus assim como havia dito o garoto.
- Eles até que parecem bem legais – comentou Hermione quando enfim chegaram ao quarto de Harry.
- Eu...não tenho palavras...eles simplesmente...- tentava dizer Harry.
- Ah Harry, vamos lá, eles até que estão se esforçando – disse Rony.
Hermione sentou-se em uma das camas que havia conjurado e tirou os materiais para escrever uma carta do malão. Rony, lá da sua cama, esticava-se para tentar ler o que a garota escrevia, enquanto Harry continua não acreditando na cena que tinha acabado de presenciar. Seus tios, que sempre o trataram como um lixo, haviam deixado sem maiores problemas que os seus dois melhores amigos ficassem uma semana hospedados em sua casa e ainda fossem bem recebidos.
- O que é que você está tentando fazer – surpreendeu Hermione a Rony que quase caiu da cama de susto.
- Nada – respondeu o garoto fechando a cara para a amiga. – só estava vendo se você estava escrevendo alguma cartinha de amor pro Vítor Krum.
- Não, não estou – respondeu Hermione corando numa mistura de vergonha e raiva – estou comunicando aos meus pais onde estou e como estou. Acho que você devia fazer o mesmo.
- Bobagem. Eles já sabem onde estou. E sabem também que eu estou bem. – respondeu o garoto com desleixo – Harry, vamos jogar uma partida de xadrez de bruxo?
Algumas partidas de xadrez e uma hora depois eles desceram para o almoço, que por sinal não contava com a presença de Duda e foi muitíssimo silencioso até a hora em que aconteceu uma das coisas que o tio de Harry mais odiava. Uma coruja entrou pela janela da cozinha e pousou em cima da tigela de salada trazendo o Profeta Vespertino amarrado em uma das pernas.
- O que foi que eu já lhe disse? – perguntou o tio Valter tentando conter a voz frente às visitas.
- Desculpe. É que eu não posso controlar a hora em que elas chegam e...
- Não pense que porque nós recepcionamos bem os seus amiguinhos que nós amolecemos a forma como te tratamos, rapaz. – falou ele agora já não conseguindo esconder a raiva que insistia em aparecer na sua voz.
- Sim, senhor – respondeu Harry olhando para Hermione e Rony discretamente. Os dois pareciam ter parado de comer e estavam meio que congelados.
- Agora termine o seu almoço e vá já para o quarto. – disse o tio parecendo um pouco mais calmo.
Harry não esperou acabar o almoço. Primeiro porque não estava mais suportando aquele clima de tensão e segundo porque mal podia esperar para ver se o Profeta noticiara alguma coisa sobre o Godric’s Hollow. Os amigos pareciam ter pego o seu pensamento e não comeram tudo que haviam posto no prato só para subirem correndo.
- Então? – perguntou Hermione ansiosa enquanto Harry vasculhava o jornal.
- Nada aqui,...mortes...e...ei, espere. Acho que tem alguma coisa aqui sim:

“As investigações efetuadas no vilarejo de Godric’s Hollow não resultaram em nada. Nenhum bruxo das trevas foi capturado, nenhum artigo, nada. Há ainda porém vestígios de que Comensais da Morte estiveram ali na noite retrasada num antigo bar no qual costumavam se encontrar. As investigações foram concluídas ontem por volta das seis da tarde. As vendas das propriedades, que no momento encontram-se vazias, começará a ser feita a partir da segunda-feira, no Departamento de Vendas do Ministério da Magia.”
- Está vendo? Não encontraram nada de errado. Tempo perdido – disse Rony para Hermione.
- Ah me dá isso aqui. – disse a garota com impaciência tomando o jornal da mão de Harry bruscamente e sumindo por de trás dele, como era de seu costume fazer.
A garota passou o resto da tarde lendo e Harry e Rony jogando xadrez de bruxo. Lá pelas sete da noite tia Petúnia os chamou para tomar café, mas os garotos não estavam muito afim.
Os dias quentes de verão que se seguiram trouxeram consigo um tédio quase insuportável. Não havia nada para fazer, já que afinal eles não podiam nem sair na porta de casa. O Profeta continuava a noticiar mortes e prisões. Em quatro dias, a coisa mais interessante que noticiou foi:

“O ex-ministro da magia, Cornélio Fudge foi solto hoje pela manhã após ser julgado inocente. Fudge se declara aliviado: ‘não me agrada muito a idéia de estar rodeado de criminosos e menos ainda de ser vigiado por criaturas tão horrendas quanto os Dementadores’.

- Harry! – falou Hermione de repente – hoje é seu anivesário!
- É mesmo. – lembrou-se Rony. – parabéns cara.
- Obrigado – falou Harry ainda recuperando-se do susto que Hermione o havia dado.
- Agora você já é maior de idade – disse Hermione parecendo indecisa quanto ao significado disso e deixando que isso transparecesse na voz.
- É. Faz o seu primeiro feitiço agora que já é maior e conjura um bolo para comemorarmos. – falou Rony sem reparar na voz da amiga o tom de alarde.
- Harry, à meia noite de hoje o encantamento se completa. – ressaltou a garota.
- Eu sei. – respondeu o garoto empregando um certo tom de vitória na voz.
- Eu não sei se isso é bom ou ruim. Quero dizer – apressou-se Hermione a completar – é ótimo que você se livre dos seus tios, não é? Agora nós sabemos que eles são horríveis, mas...agora você não está mais protegido de Voldemort.
- Mas em compensação agora ele já pode aparatar e conjurar feitiços sozinho – observou Rony tentando aliviar o clima.
- É. E o melhor: vou poder me vingar de Voldemort.
Na sexta de noite os três garotos partiram em suas vassouras, cada um escoltado por um membro da Ordem: Hermione por Tonks, Harry por Lupin e Rony pelo pai. Em algumas muitas horas aterrissaram no quintal da Toca. Harry pode observar que os preparativos para o casamento de Gui e Fleur estavam bastante adiantados. Eles correram pra dentro da casa, acatando a sugestão do Sr. Weasley de não se meterem muito na arrumação, porque a Sra. Weasley estava muito nervosa, ultimamente.
Hermione pôs-se logo a ajudar Gina e a Sra. Weasley. Quando os olhares de Gina e Harry se encontraram ele teve a sensação de que iria abraça-la e beija-la, porém, recorreu ao bom-senso e não fez isso.
- Harry, querido. – cumprimentou a Sra. Weasley sem parar o que estava fazendo – seja bem-vindo.

Na manhã seguinte todos estavam muito ocupados. Alguns conjuravam arranjos sobre as mesas, outros ajudavam a Sra. Weasley a fazer o almoço, alguns checavam os meios de transportes: a lareira, o campo de pouso das vassouras, etc., enquanto que outros, tais como Harry e Rony, tiravam gnomos dos jardins, como já tinham feito há cinco anos atrás, quando estavam prestes a regressar a Hogwarts como segundanistas.
Rony passou praticamente toda a tarde falando de Hermione. Coisas como: “você observou que quando ela chegou aqui ela passou a ficar mais distante de mim, digo, de nós?” ou ainda “quero ver só que roupa a Hermione vai usar hoje. Ela fez a maior propaganda pra Gina. Ouvi com as orelhas extensíveis.”. Harry já não agüentava mais.
Por volta das seis da tarde todos foram se arrumar. E menos de uma hora depois quase todos estavam prontos, menos Gina, Hermione e Fleur. Naturalmente Fleur tinha motivo. Além de ser a noiva, a garota era também muito vaidosa. Gina e Hermione porém, eram totalmente o oposto de Fleur: não eram vaidosas e nem muito menos eram as noivas.
Minutos depois, Harry e Rony juraram que havia realmente valido a pena esperar pelas duas: Gina vestia um lindo vestido violeta, comprido e leve, ele dava a impressão de que a garota flutuava sobre os altos saltos que calçava. Nos longos cabelos ruivos usava um arranjo de flores brancas e violetas. Hermione usava um vestido cinza e longo combinado a um sapato também alto. Os cabelos, geralmente tão volumosos, pareciam não serem os mesmos. Estavam praticamente lisos. Harry e Rony, assim como todos na sala, ficaram sem palavras.
A cerimônia começou por volta das sete e meia da noite. Harry nunca havia ido a nenhum casamento, mas sabia que certamente aquilo estava muito longe de ser um casamento semelhante ao casamento trouxa. Pra começar, quem celebrava a cerimônia eram os pais dos noivos, no caso, o Sr. Weasley e o mãe de Fleur, enquanto que a mãe do noivo o conduzia para o altar em sintonia com o pai da noiva, que também a conduzia para o altar. Dizeres como: “você jura ser fiel?” ou “jura apoiar este seu cônjuge?” faziam parte da cerimônia. Depois tinha o fato de que os noivos trajavam roupas muito exageradas. Fleur, por exemplo, vestia um longo e justo vestido envolto por plumas muito brancas. E Gui usava um terno preto, de aparência pesada e com detalhes brilhantes nas barras das mangas.
Os recém casados foram trocar de roupa enquanto os convidados esperavam no salão de festas recém conjurado pela Sra. Weasley.
Harry, Gina, Hermione e Rony sentaram-se a uma mesa um pouco mais distante. Rony ainda não conseguia tirar os olhos de Hermione. Harry, porém, lamentava não poder namorar Gina. Os quatro ficaram em silêncio. E então, começou a tocar uma música lenta e romântica, que fez com que Rony subitamente convidasse Hermione para dançar. Convite este que ela aceitou prontamente, ainda que surpresa.
- Vamos, uma dança não fará mal – falou Gina em pé na frente de Harry. O garoto não pôde resistir.
A festa continuava animadíssima, mesmo sendo muito tarde e metade dos convidados já terem ido embora. Novamente os quatro garotos encontravam-se sentados em silêncio, até que Harry, observando que Rony ainda não tirava os olhos de Hermione, o chamou em um canto para conversar, o que alias parece ter sido ótimo para as meninas, que assim que os dois meninos deram as costas começaram a conversar incansavelmente.
- Rony, porque você não pede a Hermione logo em namoro?
- Que? – Rony pareceu sair de um transe como se alguém tivesse jogado-lhe um balde de água fria.
- Ta na cara que você gosta dela. Só fala nela. Só olha pra ela. E ao que me parece, ela também gosta de você.
- Você acha mesmo?
- Não. Eu tenho certeza. – e dizendo isso, Harry voltou para a mesa, onde a conversa entre Gina e Hermione cessou instantaneamente.
Rony continuou alguns segundos parado no lugar em que tinha conversado com seu melhor amigo, mas, mesmo tendo os olhos fixos na mesa, demonstrava ter o pensamento em outro lugar.
- Gina – chamou Harry numa tentativa de facilitar as coisas para o amigo – vamos pegar uma bebida?
- Ah – disse Gina pondo-se de pé ao entender o que o amigo queria dizer – vamos.
No início Hermione não entendeu muito bem, mas quando olhou para Rony e viu que ele vinha em sua direção percebeu que Harry e Gina tinham armado para ela e ele.
- É...- começou o garoto sem jeito – Hermione, eu...estava pensando...sabe, é que...eu gosto de você, acho que você sabe disso (disse ele em um tom quase inaudível) e eu tava pensando se você não gostaria de, sei lá, namorar comigo...
- Ah! – Hermione pareceu surpresa, embora já tivesse percebido segundos antes o que aconteceria – eu...- ela olhou então para o casal que acabara de casar e que agora cumprimentava os convidados. Eles pareciam tão felizes...e ela pensou que poderia ser feliz assim também – quero! – disse por fim.
Rony então foi se aproximando devagarzinho e os dois pareciam próximos demais para resistirem a um primeiro beijo.

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