DESCONFIANÇAS...
Um silêncio desconfortável se gerou entre os seis... silêncio esse quebrado por Hermione, longos segundos depois:
- Remo... - Começou ela. - Que razões são essas que vocês tê para achar que o V... Voldemort está de volta? Quer dizer, para além da cicatriz do Harry...
Lupin respirou fundo, antes de responder:
- Dementadores. - Harry sentiu um arrepio na espinha ao escutar aquela palavra. Remo continuou. - Vocês sabem que os Dementadores são seguidores naturais de Voldemort. O ano passado, quando ele voltou, vários Dementadores se juntaram a ele. Quando ele resolveu fazer a sua retirada estratégica, desaparecendo para parte incerta, levou com ele vários Comensais da Morte e Dementadores.
Harry, Ron e Hermione bebiam as palavras de Remo Lupin, quase sem respirar. Ele prosseguiu:
- Acontece que, essa noite, o Mundungus Fletcher apareceu na sede da Ordem, desesperado, afirmando que tinha visto um Dementador rondando Beco Diagonal. No começo, nós não acreditamos... vocês sabem como é o Mundungus. Para além do mais, estava podre de bêbado... Típico! Achamos que tudo não passava de mais uma maluquice dele...
- Maluquice daquela cabeça-de-vento. - Interrompeu Tonks.
- Mas o Dumbledore resolveu, pelo sim, pelo não, lhe dar um crédito de confiança. - Continuou Lupin. - Quando chegou a Beco Diagonal deparou com um Dementador prestes a beijar o Sr. Olivaras. O coitado está em choque até agora.
- Portanto, como vocês podem ver - Concluiu Mary. -, temos razões para acreditar que Você-Sabe-Quem anda por aí. Quer dizer, se tem Dementadores soltos...
- ...desconfiamos que eles o estejam seguindo, ou então preparando o terreno para o seu regresso em grande estilo. - Interrompeu Tonks, com um tom de voz levemente irônico.
- Essa história da sua cicatriz só veio confirmar o que nós temíamos. - Suspirou Lupin, em jeito de conclusão.
O silêncio desconfortável voltou a reinar. Harry nunca chegara a acreditar verdadeiramente na hipótese de Voldemort ter desaparecido para sempre e que não precisaria de matar ninguém para poder viver, mas agora, que o momento parecia se aproximar galopando, sentia uma profunda angústia invadi-lo.
Contudo, os dias foram passando, as semanas se seguiam e nada de notícias do senhor das trevas.
- Talvez fosse falso alarme... -Comentava Ron. Porém, Harry sabia que o amigo acreditava tanto nisso quanto ele. Todavia, tentava se abstrair dos maus pensamentos, tentando ocupar a mente com algo muito mais alegre: os treinos de Quadribol. Desde que voltara a assumir o seu lugar no time da Grifinória, Harry dava ainda mais valor ao Quadribol (se é que isso era possível). Só lamentava que, por sua causa, Gina tivesse sido obrigada a deixar o time. A irmã de Ron também não escondia a sua tristeza por ter perdido o lugar e tinha até ponderado a hipótese de jogar pela Corvinal, substituindo Cho Chang... mas é claro que sabia que tal coisa jamais seria possível.
Contudo, Gina parecia realmente sincera quando parabenizara Harry pelo seu regresso ao time.
- Parabéns, Harry. - Dissera ela, com um largo sorriso e um brilho de alegria nos olhos azuis. - Sei que perdi o lugar, mas você pode acreditar que estou realmente muito feliz por você. Sei muito bem a importância que você dá ao Quadribol... e você bem precisa dele; é um escape para você!
Gina tinha razão. O Quadribol era muito mais do que apenas uma paixão para Harry. Era o seu refúgio. Quando estava lá em cima, voando na sua vassoura e tentando localizar o pequeno Pomo de Ouro, esquecia todos os seus problemas.
Os seus pensamentos foram interrompidos pela voz indignada de Ron; para não variar, discutia com Hermione:
- Você... você... você está louca?! - Virando-se para Harry, continuou. - Você ouviu isso, Harry? Ela está louca.
Hermione bufou:
- Louca, não. Só estou atenta, que é uma coisa que você nunca conseguiu estar em caso algum, Ronald!
- Hermione, essa sua implicância com a Mary não tem a menor razão de ser! - Exclamou Ron, com um tom de voz ligeiramente desesperado.
- Ah, não? - Hermione parecia furiosa. - Só porque ela é a sua querida prima e você tem a intuição de uma oliva, você já acha que eu é que implico com ela sem razão! Ela é esquisita, Ron, ela desaparece de vez em quando e reaparece com ar cansado, sem dar satisfações... Eu não ia me admirar nada se ela fosse uma Comensal da morte!
- Hermione! - Interrompeu Harry, indignado. Raramente se envolvia nas discussões entre os dois amigos, mas, naquele momento, achou que ela estava a ir longe demais. - A Professora Hollow faz parte da Ordem da Fénix!
- Sim, e pode ser uma espiã! - Exclamou Hermione, com ar triunfante, enquanto Ron revirava os olhos e respondia:
- Ela é minha prima, Hermione. Eu a conheço desde que nasci!
- Conhece tão bem que fica todo vermelho sempre que a vê e só consegue gaguejar!
Imediatamente, as orelhas de Ron ficaram cor-de-rosa e foi a vez de Harry protestar:
- Ela é a melhor amiga da Tonks, há anos!
- O Pettygrew também era um dos melhores amigos do seu pai e olha só o que aconteceu! - Berrou Hermione, para logo empalidecer ao olhar para a expressão transtornada de Harry. - Des... desculpe, Harry... Eu me excedi.
- Você se excedeu mesmo. - Murmurou Harry, com voz sumida.
- Oh, Harry! - Exclamou a amiga, com lágrimas nos olhos. - Desculpe, por favor, diz que me perdoa!
- Você está perdoada.
Mas Harry não quis continuar mais tempo junto dela.
- Vou me deitar. - Harry retirou-se, em direcção ao dormitório masculino, enquanto ouvia Hermione choramingar:
- Ai, Ron, que mancada!!
Ao longe, ainda conseguiu ouvir a voz do amigo:
- Não se preocupe, Hermione. Amanhã, ele já vai ter esquecido... mas foi mesmo uma grande mancada!
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Harry se deitou, furioso. Sabia que Hermione estava com ciúmes de Mary e sentia que isso fazia com que ela tomasse atitudes que nada tinham a ver com a Hermione sensata e equilibrada que ele conhecia.
Nos últimos tempos, a amiga tinha se tornado ligeiramente insuportável, com o seu constante mau-humor e agora... agora tinha sobrado para ele! Claro, bem-feito, quem o mandou interferir numa discussão entre ela e Ron? Mas, caramba, não podia deixar passar tamanha injustiça em relação a Professora Hollow!
Mas... e se não fosse uma injustiça? Se fosse muito mais do que apenas ciúmes da parte de Hermione? E se Mary fosse, realmente, uma traidora, como Pettygrew? Onde iria a professora, quando desaparecia?
De repente, sentiu uma vontade enorme de ter uma Penseira, como Dumbledore. Aqueles pensamentos não saíam da sua cabeça e se tornava muito difícil esvaziar a mente, para poder descansar.
A pouco e pouco, porém, foi conseguindo, até que, finalmente, adormeceu.
N/A- Sei que esse capítulo e o próximo estão mais para novela mexicana ou filme italiano do que para uma aventura de "Harry Potter", mas são essenciais... e, bom, uma fanfic é uma fanfic e, para quem se queixava de que essa estava demasiado canon... voilá! eheh
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